Do Recife às Eliminatórias. Brasil, Bolívia, Togo, Guiné, Venezuela e Costa Rica

Leomar, Juan Arce, Peña e Rodney Wallace jogando nas seleções do Brasil, Bolívia, Venezuela e Costa Rica

O futebol pernambucano nunca emplacou um jogador em uma Copa do Mundo, mas já tem um histórico de convocações efetivas para as Eliminatórias, em quatro das últimas cinco edições. Até hoje foram oito nomes, sendo dois brasileiros, dois bolivianos, um togolês, um equato-guineense, um venezuelano e um costarriquenho. Cinco do Sport, um do Náutico e um do Serra Talhada. Após três temporadas de hiato no cenário local, o lateral rubro-negro Rodney Wallace foi lembrado para o qualificatório da Concacaf, mas como meia. Presente desde 2011, atuou 18 vezes em sua seleção, com 3 gols marcados.

Antes dele, Bosco e Leomar, convocados para a Seleção por Candinho e Leão, respectivamente, Arce, Chumacero, Peña e dois brasileiros naturalizados. Hamilton, de Togo, e Danilo, de Guiné, ambos para a disputa na África. Em relação ao Mundial propriamente dito, Náutico e Santa Cruz chegaram bem perto de uma convocação. Em 1966, o alvirrubro Nado entrou numa pré-lista de 44 nomes para a competição na Inglaterra, mas acabou ficando fora. Em 1978, o tricolor Nunes, também atacante, entrou na convocação final de Cláudio Coutinho, mas foi cortado antes da viagem à Argentina por causa de uma lesão.

Copa do Mundo 2002, no Japão/Coreia do Sul
Bosco*, goleiro do Sport (Brasil)
Jogo: Venezuela (6 x 0, 08/10/2000)
* Não entrou em campo

Leomar, volante do Sport (Brasil)
Jogo: Peru (1 x 1, 25/04/2001)

Copa do Mundo 2010, na África do Sul
Juan Arce, atacante do Sport (Bolívia)
Jogos: Paraguai (0 x 1, 05/09/2009) e Equador (1 x 3, 09/09/2009)

Hamilton**, volante do Sport (Togo)
Jogo: Marrocos (1 x 1, 06/09/2009)
** Teve problemas na documentação e não atuou 

Copa do Mundo 2014, no Brasil
Danilo Clementino, goleiro do Serra Talhada (Guiné Equatorial)
Jogo: Cabo Verde (4 x 3, 24/03/2013)

Chumacero, volante do Sport (Bolívia)
Jogos: Equador (1 x 1), 10/09/2013)

Peña, meia do Náutico (Venezuela)
Jogo: Paraguai (1 x 1, 11/10/2013)

Copa do Mundo 2018, na Rússia
Rodney Wallace, lateral-esquerdo do Sport (Costa Rica)
Jogos: Haiti (06/09/2016) e Panamá (09/09/2016)

O cinturão mundial do futebol, desde 1872

"Campeonato Mundial Oficioso de Futebol"

No boxe, a disputa pelo título mundial parte de uma premissa simples e tradicional. Há um campeão, detentor do cinturão de uma associação, que coloca o status em jogo a cada luta. Ganhando ou empatando, segue como campeão. Em caso de derrota, o cinturão passa a ter um novo dono, e assim sucessivamente. Vamos então a um exercício de ficção. E se o futebol adotasse a ideia? Oficialmente, a Fifa jamais cogitou. Desde 2003, porém, existe um levantamento do tipo. Tudo começou, na verdade, em 1967, quando a Escócia venceu a Inglaterra em Wembley por 3 x 2. No mesmo palco, um ano antes, o English Team havia conquistado a sua única Copa do Mundo. Provocando, os vizinhos (e rivais) alegaram tomada de posse do título mundial. A partir dessa polêmica, o jornalista Paul Brown resolveu colocar a ideia no papel, na revista Four Four Two, mas voltando ainda mais no tempo. Para produzir o banco de dados, ele levou em conta como “disputa de título” o primeiro jogo internacional oficial, coincidentemente, um amistoso entre Inglaterra e Escócia no distante 30 de novembro de 1872.

Considerando aquela partida no Scotland Cricket Ground, em Glasgow, assistida por quatro mil espectadores, o título mundial oficioso entre seleções ficou em jogo nada menos que 898 vezes até o início da Copa América de 2015, incluindo três jogos em Pernambuco. Acredite, o Brasil chegou à disputa no Chile como “atual campeão”. Durante o Mundial de 2014, o Uruguai chegou com a marca, mas acabou perdendo o “cinturão” para a surpreendente Costa Rica, no Castelão. Os costa-riquenhos mantiveram o título contra Itália (1 x 0, na Arena Pernambuco), Inglaterra (0 x 0) e Grécia (1 x 1, também em São Lourenço da Mata), até cair diante da Holanda, nos pênaltis. A Laranja Mecânica ficou pouquíssimo tempo, passando a vez já na fase seguinte, ao ser eliminada pela Argentina na semifinal.

E os hermanos, como se sabe, foram superados pela Alemanha. Assim, os germânicos conseguiram um feito raro neste contexto, ao ganhar a Copa do Mundo e a Copa Alcock. Sim, o troféu do “UFWC” tem nome, em homenagem ao inglês que instigou o primeiro amistoso internacional da história. Entretanto, passado o Mundial, a Alemanha perdeu da própria Argentina na “revanche” em Dusseldorf. E o Brasil? Pois é. O time de Dunga ganhou o Superclássico das Américas por 2 x 0, em Beijing, vencendo mais sete vezes até o campeonato sul-americano. Até hoje, 50 países se revezaram no Unofficial Football World Championship, incluindo zebraças como Antilhas Holandesas (1963), Zimbábue (2005) e Coreia do Norte (14 jogos entre 2011 e 2013!).

O maior campeão mundial não oficial da história é a Escócia, com 86 vitórias. Explica-se. Até a Copa do Mundo de 1950, os quatro países que integram a Grã-Bretanha só jogavam entre si, na Home International Championship. Tropeços contra seleções “forasteiras” ocorreram poucas vezes, com o cinturão voltando rapidamente para o quarteto. A situação só mudou em Belo Horizonte, no estádio Independência, com uma das maiores surpresas da história do Mundial, com o time amador dos Estados Unidos vencendo a Inglaterra por 1 x 0. Curiosamente, os norte-americanos perderam o título não oficial no Recife, na partida seguinte da Copa de 1950. Numa Ilha do Retiro com 8 mil pessoas, incluindo o então presidente da Fifa, Jules Rimet, o Chile fez 5 x 2, mantendo a série durante dois anos, até perder da Canarinha em Santiago (no “primeiro título” verde e amarelo). Pentacampeão mundial oficial, o Brasil figura apenas em 6º no ranking oficioso, atrás de Escócia, Inglaterra, Argentina, Holanda e Rússia, incluindo os dados da extinta União Soviética.

Ranking mundial "não oficial" de Seleções até 12/06/2015

Costa Rica derruba bolsa de apostas e embola o grupo dos ex-campeões

Copa do Mundo de 2014, fase de grupos: Uruguai 1 x 3 Holanda. Foto: Fifa

Era difícil não enxergar a Costa Rica como o saco de pancadas do Mundial.

Foi o quarto integrante de um grupo com três ex-campeões mundiais, algo inédito na história do torneio. A dúvida era sobre quem sobraria no grupo D entre os tradicionais Itália, Inglaterra e Uruguai.

Na análise prévia, todos venceriam a Costa Rica e depois se matariam. Faltou combinar com representante da América Central, que destruiu quase todas as bolsas de apostas. No bolão do jornal, eu havia colocado Uruguai 2 x 0…

A Celeste ainda saiu na frente, com Cavani cobrando pênalti no primeiro tempo. Na segunda etapa, uma virada relâmpago, em três minutos, e um tiro de misericórdia no finzinho, 1 x 3.

Em Fortaleza, a primeira grande zebra da Copa 2014. O velho aprendizado de que futebol é mesmo no campo…

Copa do Mundo de 2014, fase grupos: Uruguai 1 x 3 Costa Rica. Foto: Fifa

Investimento de R$ 23 milhões nos CTs até a Copa, com ou sem seleções

Centro de treinamento Wilson Campos, do Náutico, em junho de 2014. Fotos: Site Oficial do CT/facebook

O investimento de alvirrubros e rubro-negros em seus centros de treinamento nas últimas três temporadas passa de R$ 23 milhões.

Num aparelhamento paulatino desde 1999, o Centro de Treinamento Wilson Campos, na Guabiraba, recebeu R$ 7 milhões no período. Partindo quase do zero, o Centro de Treinamento José de Andrade Médicis, em Paratibe, recebeu um aporte de R$ 16 milhões.

Campos com dimensões 105m x 68m, estrutura para atletas, com sala de musculação, alojamentos, refeitórios, piscinas e áreas médicas, e imprensa, com sala de conferência e centro de mídia.

Até verba da prefeitura do Recife entrou na história, com a pavimentação dos acessos e o sistema de iluminação de um gramado em cada CT.

O objetivo dos clubes era – além de oferecer o que há de mais moderno aos seus próprios atletas – receber bem as seleções durante o Mundial de 2014.

A agenda estava fechada:
CT do Náutico: Costa do Marfim, Itália, Croácia e Estados Unidos.
CT do Sport: Japão, Costa Rica, México e Alemanha

No entanto, o estado  – que já não recebeu delegação alguma na fase de treinamento pré-Copa – poderá ver os países apenas no treino oficial na Arena Pernambuco, na véspera das respectivas partidas.

As portas estão abertas para a Copa do Mundo, mas talvez sem inquilinos. Independentemente disso, o legado é real e isso é o mais importante.

Centro de Treinamento José de Andrade Médicis, do Sport, em junho de 2014. Fotos: CT do Sport/facebook

A origem do público na Arena Pernambuco no Mundial, jogo a jogo

As cinco partidas na Arena Pernambuco na Copa do Mundo de 2014 receberão 203.025 pessoas. A imensa maioria será formada por estrangeiros, 59%.

Confira então a origem do público jogo a jogo, em dados oficiais, sendo quatro na fase de grupos e um nas oitavas de final. Tanto na divisão entre as pessoas que adquiriram bilhetes na região metropolitana do Recife quanto no exterior.

Teoricamente, o número de pessoas presentes poderia ser até maior. Contudo, por questões de segurança, numa exigência da Fifa, a capacidade do estádio em São Lourenço da Mata caiu de 46.215 para 40.605 espectadores.

14/06 (22h) – Costa do Marfim x Japão

Origem dos torcedores na Arena Pernambuco

20/06 (13h) – Itália x Costa Rica

Origem dos torcedores na Arena Pernambuco

23/06 (17h) – Croácia x México

Origem dos torcedores na Arena Pernambuco

26/06 (13h) – Estados Unidos x Alemanha

Origem dos torcedores na Arena Pernambuco

29/06 (17h) – Oitavas de final (1D x 2C)

Origem dos torcedores na Arena Pernambuco

A origem dos ingressos da Copa para os jogos em Pernambuco. A maioria é gringa

Divisão dos torcedores na Copa das Confederações. Crédito: Secopa/PE

Apenas 40 mil ingressos, de um total de 200 mil, foram vendidos para recifenses, considerando os cinco jogos do Mundial na Arena Pernambuco.

O dado corresponde a 20% de todos os bilhetes colocados à disposição pela Fifa em São Lourenço da Mata. O número foi informado de forma oficial pelo secretário extraordinário da Copa no estado, Ricardo Leitão.

A quantidade de entradas à disposição é menor que a capacidade máxima do empreendimento, devido às questões de segurança exigidas pela Fifa para o evento de 2014. A arena local, por exemplo, caiu de 46.214 para 40.605 assentos, totalizando 203.025 pessoas presentes.

Obviamente, uma mesma pessoa pode comprar mais de um ingresso. Mas, contando o número absolutos, vamos aos ingressos por região:

Recife – 40.605
Litoral Sul – 5.075
Litoral Norte – 4.060
Zona Oeste – 1.015
Interior – 7.105
Outros estados – 25.378
Estrangeiros – 119.784

Pois é. Quase 60% dos ingressos locais para a Copa de 2014 foram parar nas mãos dos gringos, a grande maioria formada por norte-americanos.

Em 2013, na Copa das Confederações, foram apenas 4.084 estrangeiros…

As boas-vindas do Sport antes de abrir os portões do centro de treinamento na Copa

Sport publica mensagens de boas vindas para as seleções da Copa 2014 no Recife. Crédito: Site Oficial o Sport

A Arena Pernambuco receberá oito seleções distintas para a disputa da fase de grupos da Copa do Mundo de 2014.

Estados Unidos, Costa do Marfim, Itália, Alemanha, Croácia, Costa Rica, México e Japão. Equipes envolvidas nos quatro jogos agendados em junho.

Logo após o sorteio, o Sport publicou em seu site oficial e em suas contas nas redes sociais imagens de boas-vindas para esses países, nas línguas dos visitantes. No mínimo, uma ação gentil do rubro-negro.

E vale lembrar que o centro de treinamento do Leão, assim como o CT do Náutico, receberá seleções para os treinamentos na véspera das partidas.

Definido como Campo Oficial de Treinamento (COT), o local ainda carece de uma pavimentação do acesso, já articulada para janeiro. Que a obra seja finalizada até o Mundial. As delegações agradecerão ainda mais ao Sport…

América 17 – Chuva de respeito em Salta

Copa América 2011: Venezuela 3x3 Paraguai. Foto: AFA/divulgação

Buenos Aires – Recorde de gols na fase de grupos da Copa América. Foram seis tentos em Salta, nesta quarta, em um movimentando Venezuela x Paraguai.

O time da camisa vinho tinto abriu o placar logo aos 5 minutos, em um chutaço de Rondon. Mostrando personalidade, como nas rodadas anteriores, a Venezuela, outrorora saco de pancadas do continente, seguiu criando chances e aquase ampliou.

Em uma reação com bolas paradas, o Paraguai virou para 3 x 1, mas o adversário foi buscar o empate aos 44 e 47, com Miku e Perozo, em um eletrizante 3 x 3.

Decepção para os oito mil torcedores do , que tomaram o estádio – apesar da classificação das duas seleções. Com uma vitória e dois empates, a Venezuela encerra a 1ª fase com uma bela campanha. Agora, vai por uma inédita semifinal.

Essa mudança, em uma década, foi provocada pelo investimento no futebol local, com atletas estrangeiros – sobretudo argentinos. Ainda assim, o país é o único membro da Conmebol onde o futebol não é o esporte mais popular. Lá, perde para o basebol.

Após o empate, o técnico Cesar Farias, do país de Hugo Chavez, disse na lata:

“A Venezuela grita para toda a America do Sul por respeito no futebol.”

Nos últimos oito jogos pela Copa América, a seleção só perdeu uma vez… Pois é.

Copa América 2011: Venezuela 3x3 Paraguai. Foto: AFA/divulgação

Agulha argentina no palheiro

Copa América 2011: Argentina 3x0 Costa Rica, na Fan Fest em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – A pauta era assistir ao decisivo jogo da Argentina na Fan Fest. Ver de perto o receio de uma torcida tão fanática, próxima de um fracasso histórico, em casa.

A apreensão era enorme na Plaza San Martin, diante do telão, a 770 km do estádio. Muitos ensaiavam músicas como se estivessem lá, na “cancha”.

Aplausos, “alento”, tudo à distância. As camisas da Albiceleste estavam presentes, assim como as faixas da Adidas nos agasalhos da AFA, quase um sinônimo de Argentina.

Provavelmente, eu não era bem-vindo ali. Então, fiquei caladinho. No máximo, balançava a cabeça a cada boa jogada do time Messi, além de um ou outro vídeo.

O clima foi dissipado pela boa vitória dos hermanos sobre a Costa Rica.

Na volta para o hotel, a cerca de 500 metros, passei numa loja de conveniência na esquina – por sinal, quase toda esquina tem uma por aqui. O vendedor, com fone de ouvido, escutava a resenha pós-jogo. Concentradíssimo.

Com a quantidade de gente se dispensando e comemorando a classificação, o comerciante perdeu a paciência, de forma curiosa. Tirou o fone e soltou a pérola.

“Meu Deus. Isso tudo por que ganhamos da Costa Rica, e jogando em casa? Futebol é muito mais do que isso. Acordem!”

Certamente,  aquele hincha foi o argentino mais consciente da noite…

América 14 – Um dia de Messi para Messi

Copa América 2011: Argentina 3x0 Costa Rica. Foto: AFA/divulgação

Buenos Aires – O jogador mais pressionado desta Copa América chama-se Lionel Messi.

Melhor do mundo nas últimas duas temporadas e jogando em casa, o camisa 10 da Argentina vinha sendo bastante criticado pela torcida e pela imprensa local.

Precisou o dios Maradona intervir e dizer que “bancava” o jogador para a situação se acalmar. Jogando em Córdoba, diante de 54 mil pessoas, a Argentina teria na noite desta segunda-feira o seu epílogo em busca da classificação às quartas de final.

Só o pensamento de uma queda precoce já causava asco nos hermanos.

Mas foi uma jornada tranquila, devido à “presença” de Messi. O craque do Barcelona – autor de 53 gols em 55 partidas na temporada 2010/2011 – cansou entortar a zaga da Costa Rica, de municiar o ataque, de prender bem a bola. Cansou de ser diferenciado…

Messi pode não ter balançado as redes, mas ajudou bastante para que a Albiceleste deslanchasse, com duas assistências. Dois gols de Aguero e um de Di Maria e um justíssimo 3 x 0, no maior placar até aqui no torneio continental.

A vaga na quartas de final está garantida, na 2ª posição. Agora, isso não importa mais. Será “outro” campeonato. O técnico Sergio Batista ganhou fôlego junto aos hinchas.

Messi ganhou confiança, foi ovacionado. A Argentina ganhou cara de time…

Copa América 2011: Argentina 3x0 Costa Rica. Foto: AFA/divulgação