Vagas no Nordestão e na Copa do Brasil, a disputa de Santa e Náutico pelo 3º lugar

Jogos pelo Estadual 2017: Náutico 1x1 Santa Cruz e Santa Cruz 1x2 Náutico. Fotos: Peu Ricardo/DP (Arena) e Ricardo Fernandes/DP (Arruda)

Nem em Copa do Mundo a disputa pelo 3º lugar é atrativa. Em Pernambuco, o confronto foi criado em 2013, com o objetivo de definir o terceiro representante do futebol local no Nordestão e na Copa do Brasil do ano seguinte. Pelo vigor do regional, técnico e econômico, a medalha de bronze passou a ter valor, assim como a certeza na copa nacional, sem depender das vagas via ranking nacional, divulgado pela CBF apenas em dezembro, após o Brasileiro.

Creio que Santa Cruz e Náutico, envolvidos no primeiro clássico nesta fase, devam encarar o confronto pensando estritamente no planejamento de 2018. Mesmo que nos últimos quatro anos os jogos, na véspera das finais, tenham sido marcados por disputas insossas, a começar pelo público presente. Desta vez, ida na Arena Pernambuco e volta no Arruda – devido ao melhor saldo dos corais, 8 x 5, após a igualdade na campanha, com 19 pontos e 5 vitórias cada.

Considerando as primeiras cotas de 2017, o jogo vale no mínimo
R$ 600 mil – Copa do Nordeste
R$ 300 mil – Copa do Brasil

Os vencedores da disputa pelo 3º lugar no Estadual
2013 – Náutico (vs Ypiranga, 1 x 1 e 3 x 0)
2014 – Salgueiro (vs Santa Cruz, 1 x 1 e 2 x 1)
2015 – Sport (vs Central, 5 x 0 e 0 x 0)
2016 – Náutico (vs Salgueiro, 1 x 0 e 3 x 0)

Por fim, a agenda do Troféu Gena, o simbólico título em homenagem ao centenário do Clássico das Emoções, em 29 de junho. Com a disputa, chegou-se a oito jogos confirmados nesta temporada. Além dos quatro realizados, mais dois jogos pelo bronze estadual e dois pela Série B.

Troféu Gena*
7 pontos – Náutico (2v, 1e, 1d)
4 pontos – Santa (1v, 1e, 2d)
* Em homenagem ao centenário do clássico, somando os duelos em 2017

Sport empata com o Náutico na arena e vai à final pelo 41º título pernambucano

Pernambucano 2017, semifinal: Náutico 1x1 Sport. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

A vantagem do empate bastou ao Sport. Num clássico equilibrado e nervoso, o leão ficou no 1 x 1 com o Náutico e se classificou à final do Campeonato Pernambucano de 2017. Na arena, o rubro-negro manteve a escrita. Foi o 5º mata-mata contra o timbu desde a implantação do formato com semifinal e final, em 2010, sempre obtendo sucesso. Agora, pega o Salgueiro numa decisão inédita, onde manterá o perfil deste confronto, com força máxima

No jogo de volta, só um desfalque. O mesmo, Ronaldo Alves. Mas ao contrário da ida, com amplo domínio leonino, quando o placar de finalizações foi 19 x 6, desta vez foi 7 x 9. Em vez de um timbu tentando se organizar na defesa, basicamente, o que se viu foi um time postado à frente. Marcou bem a saída de bola e atacou em velocidade, sobretudo com Erick. Liso, o atacante de 19 anos foi o melhor na primeira etapa. Aos 8, fez fila e mandou de longe, acertando a trave de Magrão. Rápido, ainda foi derrubado próximo à área, em dois lances de perigo. A bola parada, de fato, era um ponto forte com Marco Antônio – que marcara na Ilha. E assim saiu o gol do mandante, aos 31 minutos. O camisa 10 cobrou escanteio e Giovanni escorou de cabeça. O gol igualava o confronto, levantando de vez a torcida timbu na arena.

Pernambucano 2017, semifinal: Náutico 1x1 Sport. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Porém, a festa mudou de lugar dois minutos depois, com as arquibancadas do setor norte vibrando com o gol de Matheus Ferraz. O contestado zagueiro, o 4º na fila de Ney Franco, acabou ganhando nova chance após os vetos a Ronaldo Alves e Henríquez. Em cobrança de falta de Fabrício, subiu mais que dois marcadores. Dali até o intervalo, o domínio passou a ser rubro-negro, trocando passes e saindo com calma, orientado por Diego Souza.

No intervalo só houve uma mudança, com Lenis no lugar de André, em jejum há oito partidas. O objetivo era aumentar o escape do time, a partir da velocidade do colombiano. Já Milton Cruz só foi mexer com 17 minutos, acionando Maylson (pedido pela torcida) no lugar de Dudu, numa tentativa de dar força ao meio-campo, com os três volantes leoninos presentes – curiosamente, Rithely foi o de menor intensidade (CK?). Acabou sendo um tempo com menos oportunidades, sendo a melhor com Rogério, lançado pro Raul Prata (que acabara de entrar). Ficou cara a cara com Tiago Cardoso, mas chutou em cima do goleiro. No fim, com Náutico insistindo na bola aérea, Matheus Ferraz apareceu novamente. À parte dos erros em seu histórico, ele tem, sem dúvida, essa jogada como ponto forte. Ofensiva e defensivamente.

Pernambucano 2017, semifinal: Náutico 1x1 Sport. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Juninho marca duas vezes no finzinho e Sport vence o Náutico de virada na Ilha

Pernambucano 2017, semifinal: Sport 3 x 2 Náutico. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

O quadro se repetiu, com o prata da casa Juninho sendo acionado no lugar de André no segundo tempo. Com a milionária contratação passando em banco – desperdiçou três chances incríveis, mas foi útil no esquema – o atacante de 18 anos foi chamado por Ney Franco. Contra o Campinense, marcou o único e importante gol leonino no primeiro jogo do confronto, contra o Joinville, recebeu ótimo passe de Rithely e finalizou quase sem espaço, e agora contra o Náutico foi ainda mais avassalador. O Sport perdia o clássico até os 45 minutos do segundo tempo, no jogo de ida da semifinal do Estadual.

Em plena Ilha, a torcida alvirrubra celebrava o silêncio do público mandante. Apesar do 2 x 1, os leoninos haviam dominado, finalizando bastante contra a meta de Tiago Cardoso – com ótima atuação até então, mostrando o porquê de sua contratação. Após disputar algumas jogadas longe da área, uma vez que também atua como meia, Juninho acabou sendo orientado a ficar na área. No primeiro lance, iniciado por Everton Felipe (que também entrou no decorrer), a jogada prosseguiu com Rogério, num cruzamento na medida. De cabeça, com força, o empate. Na pressão do estádio, numa festa já invertida, o rubro-negro manteve o rival alvirrubro em seu campo, trocando passes nos descontos, buscando espaço para a última tentativa.

Pernambucano 2017, semifinal: Sport 3 x 2 Náutico. Foto: Rafael Martins/DP

Após o escanteio conquistado por Lenis, Everton Felipe cobrou baixo, como de costume, mas Juninho se antecipou a João Ananias, girou e finalizou. Em menos de dois minutos, da derrota à vitória, 3 x 2. Juninho chegou a 5 gols em 14 jogos como profissional. Começo promissor, pressionando André, com os mesmos 5 gols nesta volta. Sobre o resultado, o leão, que ganhou o primeiro clássico no ano, tem o empate a seu favor, num momento em que vem ganhando casca em mata-matas. Entretanto, terá que corrigir os problemas defensivos. De posicionamento, de rebotes e até mesmo de escalação – caso Ronaldo Alves siga fora. Em quatro jogos seguidos na Ilha (Campinense, Danubio, Joinville e Náutico), só não tomou gol em um.

Quanto ao alvirrubro, fica a lamentação após jogar com muita disposição defensiva. A zaga cortou cruzamentos, dividiu jogadas, rasgou, os volantes ocuparam os espaços no meio e os atacantes tentaram prender a bola. Foi a tática de Milton Cruz. Teve poucas chances, mas construía uma vitória justa. Sem contar o gol anulado de Everton Páscoa, quando estava 1 x 1. Embora torcedores e parte da imprensa considerem que a partida teria chegado aos 3 x 1, pois o gol de Anselmo saiu dois minutos depois, não me parece correta a leitura de que o lance seguiria da mesma forma caso o primeiro o gol tivesse sido valido. De toda forma, a queixa é justa, pois foi o lance capital da partida, mal assinalado. E o jogo na Arena promete…

Pernambucano 2017, semifinal: Sport 3 x 2 Náutico. Foto: Rafael Martins/DP

Análise da semifinal pernambucana de 2017 – Náutico com reorganização tática

Pernambucano 2017, 6ª rodada: Náutico 2 x 1 Sport. Foto: Paulo Paiva/DP

Pressionado por títulos, num jejum de quase 13 anos, o Náutico apostou bastante no primeiro semestre, tanto no Estadual quanto no Nordestão. Após um bom início, caiu bastante de rendimento, resultando numa eliminação precoce na Copa do Brasil, que custou R$ 375 mil ao clube. A consequência direta foi troca de técnico, saindo Dado Cavalcanti e chegando Milton Cruz. Com pouco tempo, o novo profissional reorganizou a equipe. Não deu tempo de evitar outra queda, no regional, mas trouxe fôlego à fase decisiva local.

Na semifinal, cujo formato chega à oitava edição, o time alvirrubro só avançou em duas oportunidades, em 2010 e 2014. Ao vencer Sport e Santa em sequência nesta temporada, o Náutico trouxe um fato novo à torcida – afinal, não ganhava há quase três anos do leão e havia perdido de forma categórica do tricolor na última semi. Parte disso deve-se a Erick, prata da casa. Aliás, outros jogadores oriundos do CT Wilson Campos compõe o time, saindo do padrão de temporadas anteriores, sem sucesso. Para a fase decisiva, a velocidade deve ser uma boa arma. Até mesmo pelo desgaste dos principais rivais, que estarão envolvidos em outras competições. Tempo, terá.

Desempenho na semifinal (2010/2016): 6 participações e 2 classificações
Vs Sport na semifinal: 2 confrontos (2011 e 2012) e 2 eliminações

O esquema tático timbu tem uma espécie de losango no meio-campo. Rodrigo Souza voltou a ser o primeiro volante, onde sempre rendeu mais. 

Formação básica do time titular do Náutico no Estadual de 2017. Crédito: this11.com com arte de Cassio Zirpo/DP

Destaque
Marco Antônio. O meia é o único do elenco que já foi campeão pelo alvirrubro, em 2004. No ano passado, a sua chegada quase resultou no acesso. Neste ano, cumpre o papel de comandar o time, mais recuado, mais cadenciado.

Aposta
Erick. O atacante de 19 anos veio da Copa SP, ganhou uma chance e não largou. Hoje, é o principal nome no ataque, rendendo inclusive nos clássicos (3 gols). Essa personalidade já o transforma em revelação do Estadual.

Ponto fraco
Defesa. A dupla de zagueiros ainda não encaixou, sobretudo por causa de Ewerton Páscoa, que não traz segurança. No gol, Tiago Cardoso vem oscilando, mas espera-se dele o desempenho em mata-matas visto no rival.

Campanha no hexagonal (10 jogos)
18 pontos (2º lugar)
5 vitórias (2º que mais venceu)
3 empates (3º que mais empatou)
2 derrotas (3º que menos perdeu)
15 gols marcados (3º melhor ataque)
9 gols sofridos (3ª melhor defesa)

Melhor apresentação: Náutico 2 x 1 Sport, em 5 de março, na Arena.

Náutico vence o Santa pela 2ª vez seguida e forma o Clássico dos Clássicos na semi

Pernambucano 2017, 10ª rodada: Santa Cruz x Náutico. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Demorou, mas enfim acabou o hexagonal do Estadual de 2017. Foi mais um clássico esvaziado, desta vez entre Santa e Náutico, no Arruda, mas até valia algo. O resultado definiria o chaveamento da semifinal. Enfrentar o o calor de Salgueiro na volta ou um clássico contra o Sport? A dúvida permaneceu nas duas torcidas do primeiro ao último minuto nesta segunda. A escalação do Náutico, porém, indicava um time à parte de qualquer dúvida. Embora desfalcado de Maro Antônio, suspenso, jogou com tranquilidade, com o meio-campo de campo bem reativo. Seguiu buscando a velocidade de seus jovens valores. Abriu o placar aos 18 minutos, numa jogada trabalhada. Trocando passes, Dudu avançou pela esquerda e tocou voltando, com Erick batendo no contra-pé do goleiro Jacksson.

Em desvantagem, o desfalcado Santa – que “limpou” os amarelados na rodada anterior – passou a ter mais posse, mas sem encontrar espaço. Quando acelerou um pouco, criou boas chances, sobretudo com Wiliam Barbio, em sua melhor atuação pelo tricolor. Só lamentou a atuação de Tiago Cardoso, também em uma de suas melhores atuações pelo alvirrubro. Só no início do segundo tempo o Santa justificou de forma prática a melhora em campo, empatando com Everton Santos, após cruzamento de Barbio. O atacante, talvez a peça mais contestada no ataque titular, chegou a 5 gols no Estadual. Tornou-se artilheiro isolado.

Pernambucano 2017, 10ª rodada: Santa Cruz x Náutico. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Entretanto, o que poderia sinalizar um protagonismo coral ficou naquilo. O lance acordou o Náutico, com Milton Mendes exigindo bastante a compactação da equipe. Acompanhando o jogo pela tevê era possível ver o meio-campo preenchido a todo momento, contendo o mandante. A quinze minutos do fim, o lance capital, bem discutível. O árbitro Péricles Bassols enxergou pênalti de Wellington Cézar em Erick. Dudu chamou a responsabilidade na cobrança. Bateu, mas Jacksson defendeu. Porém, o atacante deu sorte no rebote, marcando um gol chorado. O gol da segunda vitória seguida do alvirrubro sobre o rival tricolor nesta temporada, 2 x 1.

Com isso, o Náutico alcançou a vice-liderança da competição e terá pela frente o Sport. Em dois jogos pelo hexagonal, uma vitória timbu e um empate. Quanto ao Santa, em 4º lugar, enfrentará o líder Salgueiro. Neste formato do estadual, o tricolor conquistou cinco títulos. Em nenhum deles liderou a fase classificatória. Será que esse retrospecto faz diferença na leitura deste jogo?

Troféu Gena*
7 pontos – Náutico (2v, 1e, 1d)
4 pontos – Santa (1v, 1e, 2d)
* Em homenagem ao centenário do clássico, somando os duelos em 2017

Pernambucano 2017, 10ª rodada: Santa Cruz x Náutico. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Empate com o Belo Jardim adia a vaga antecipada do Náutico à semi. E só

Pernambucano 2017, 8ª rodada: Náutico 1 x 1 Belo Jardim. Foto: Rafael Martins/DP

Eliminado de forma precoce na Copa do Brasil e no Nordestão, deixando de ganhar R$ 825 mil apenas com as cotas da segunda fase, o Náutico só terá o Estadual até o dia 12 de maio, até o início da segundona. A competição local volta a ser o foco alvirrubro, tentando quebrar um jejum de quase treze anos. A exigência é grande, mas o próprio foco precisa ser reajustado após o mau momento nos outros torneios. Contra o Belo Jardim, uma vitória simples classificaria o time por antecipação à semifinal. Tomando um gol a seis minutos do fim, o Náutico ficou num empate em 1 x 1.

Apesar das vaias dos 1.507 espectadores, o tropeço na Arena Pernambuco não influencia em nada a participação na semifinal – não há milagre que faça o Central vencer três vezes seguidas. Então, a análise poderia partir para o rendimento do time, que atuou com a formação titular. De fato, não foi bem. Finalizou poucas vezes diante de um adversário frágil e coletivamente não agradou. Contudo, atuar numa intensidade abaixo seria até compreensível 64 horas após a saída da copa regional. E o peso do jogo diz muito, vem sendo assim também com os rivais. A esta altura do hexagonal, a pontuação só serve para embaralhar o G4, sem uma vantagem concreta em disputa.

Por isso, num intervalo de 48 dias, o clube de Rosa e Silva tem, à vera, apenas quatro apresentações. Só no mata-mata. Aí, sim, haverá cobrança…

Pernambucano 2017, 8ª rodada: Náutico 1 x 1 Belo Jardim. Foto: Rafael Martins/DP