As exigências para o licenciamento dos clubes da Série A a partir de 2017

Taça de campeão brasileiro da Série A. Crédito: CBF

A partir de 1º de janeiro de 2017, os vinte clubes da Série A deverão cumprir um caderno de encargos técnicos para poder confirmar a presença na competição, à parte da classificação nos gramados. A CBF vem produzindo o documento, uma espécie de licenciamento, para atender às mudanças recentes na legislação, tanto no Estatuto do Torcedor quanto no Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut).

Entre as demandas mínimas de infraestrutura para os clubes, com o objetivo “fortalecer” o campeonato e cumprir metas sociais, estão estádios e centros de treinamento, além da ativação da categoria de base para a disputa de torneios nacionais. O licenciamento terá que ser renovado anualmente, mesmo que a agremiação já tenha regularidade na elite. O presidente da FPF, Evandro Carvalho, já recebeu o calhamaço com a primeira versão da norma – ainda em discussão – e adiantou ao blog os principais tópicos: 

1) Estádio próprio ou contrato de pelo menos três anos com algum estádio. Em ambos os casos, uma capacidade mínima de 15 mil lugares.

2) Centro de treinamento, a partir de dois campos oficiais (105m x 68m) e com vestiários. Autorizado o aluguel de CTs.

3) Departamento médico com acompanhamento de janeiro a dezembro, incluindo médico, dentista e psicólogo. 

4) Categoria de base, com pelo menos um nível (Sub 17 ou Sub 20). 

5) Departamento de futebol feminino 

Devido ao tempo escasso do projeto, é possível a existência de uma “carência” para algumas medidas, com prazos mínimos de implantação. Além disso, o dirigente pernambucano acredita que as divisões inferiores terão especificações mínimas adequadas aos respectivos níveis. Como, por exemplo, um centro de treinamento mais modesto ou a retirada da exigência do futebol feminino. Faz sentido, uma vez que as exigências do Brasileirão tendem a ser bastante puxadas para equipes presentes nas Séries C e D.

Analisando o caderno de encargos, veja como estaria hoje a situação dos quatro clubes pernambucanos com calendário completo em relação ao Brasileirão.

Sport
Estádio – ok (32 mil lugares, particular)
CT – ok (5 campos)
DM – ok

Base – ok
Feminino – não 

Santa Cruz
Estádio – ok (60 mil lugares, particular)
CT – não
DM – ok
Base – ok
Feminino – ok

Náutico
Estádio – ok (46 mil lugares, parceria num contrato de 30 anos)
CT – ok (5 campos)
DM – ok

Base – ok
Feminino – ok

Salgueiro
Estádio – não (12 mil lugares, alugado junto à prefeitura)
CT – não
DM – ok

Base – ok
Feminino – não 

Náutico apresenta a 6ª arena no Grande Recife. Futuro dos Aflitos ou sonho?

Arena do "Projeto Casa", do Náutico, apresentado em 2015. Crédito: Náutico/divulgação

Uma arena com 30 mil cadeiras, todas cobertas, além de camarotes e restaurantes panorâmicos. Há dois anos, o projeto, cuja única imagem vazada lembra o Independência, em Belo Horizonte, vem sendo idealizado no Náutico, uma ambição apresentada somente nos últimos dias da gestão de Glauber Vasconcelos. O presidente no biênio 2014/2015 sempre foi um entusiasta do “retorno aos Aflitos”, em busca de uma brecha no contrato com a Arena Pernambuco. Até hoje, não encontrou e o clube segue amarrado por 30 anos.

Mesmo sem encontrar uma saída legal, foi encomendado junto ao arquiteto Múcio Jucá uma ideia de reorganização dos Aflitos, mantendo o estádio lá. Denominado de Projeto Casa, o plano ainda teria duas quadras, um parque aquático, um empresarial, um hotel e até uma praça para a comunidade. Custo? Ainda não se sabe, mas calcule o de sempre, acima de R$ 300 milhões. A receita viria da parceria com uma construtora (três teriam se interessado). Nada muito diferente da situação imaginada pelo Sport, cujo projeto travou na crise.

Política alvirrubra à parte, uma vez que a arena surgiu na véspera de uma eleição, focada entre atuar numa versão modernizada dos Aflitos ou arrendar a área para gerar receita através de um centro comercial, o fato é que este foi o sexto projeto de uma arena para o Grande Recife. O próprio Alvirrubro já havia lançado um há seis anos. O consórcio incluiria a Camargo Corrêa, a Conic Souza e a Patrimonial Investimentos. Contudo, foi abortado em 17 de outubro de 2011, data da assinatura do contrato para mandar os jogos em São Lourenço.

Relembre as cinco arenas anteriores na região metropolitana…

Arena Timbu
Local: Engenho Uchôa (Recife)
Data: 18/11/2009
Capacidade: 30.000
Custo: R$ 300 milhões

Arena Timbu. Crédito: Náutico/divulgação

Arena Sport
Local: Ilha do Retiro (Recife)
Data: 17/03/2011
Capacidade: 45.000
Custo: R$ 400 milhões (depois, o complexo subiu para R$ 750 milhões)

Arena Sport. Crédito: Sport/divulgação

Arena Pernambuco
Local: Jardim Penedo (São Lourenço da Mata)
Data: 15/01/2009
Capacidade: 46.214
Custo: R$ 532 milhões (toda a Cidade da Copa custaria R$ 1,59 bilhão)

Arena Pernambuco. Crédito: Odebrecht/divulgação

Arena Coral
Local: Arruda (Recife)
Data: 28/06/2007
Capacidade: 68.500
Custo: R$ 190 milhões

Arena Coral. Crédito: Santa Cruz/divulgação

Arena Recife-Olinda
Local: Salgadinho (Olinda)
Data: 29/05/2007
Capacidade: 45.500
Custo: R$ 335 milhões

Arena Recife-Olinda. Crédito: divulgação

Contratado para fazer o Projeto Casa, Múcio Jucá também foi o responsável pela criação da Arena Recife-Olinda, engavetada após o lançamento, por parte do governo do estado, da Arena Pernambuco, o único estádio construído, ainda carente de um plano de mobilidade e longe de uma boa taxa de ocupação

Em busca do gramado perfeito, com direito a “selo de qualidade” da CBF

Representantes de Náutico, Santa e Sport no seminário da CBF sobre gramados. Foto: FPF/divulgação

A CBF já articula uniformizar as dimensões dos gramados das duas principais séries do Campeonato Brasileiro. A partir do pedido do técnico Levir Culpi, que contou com a aprovação da categoria, seria estabelecido o mesmo padrão das arenas da Copa do Mundo, 105m x 68m. Além do tamanho, há outro fator importante neste tema: a qualidade do piso. Daí, participação maciça dos pernambucanos no Seminário de Preparação de Gramados, no Maracanã, ministrado pela engenheira agrônoma Maristela Kuhn, que trabalhou durante toda a preparação do Mundial 2014, nos estádios e centros de treinamento.

No embalo do curso, a CBF lançou o “ranking nacional de gramados”, com uma qualificação oficial – futuramente, pode se tornar até uma exigência para algum jogo de maior peso. Ideia já repassada aos administradores dos estádios de Sport, Santa, Náutico e Vitória, convidados entre os clubes das Séries A e B e os dez primeiros do ranking feminino – hexa estadual, o Vitória é o vice-líder.

Há muito a se fazer nessas bandas. São várias nuances, como tipo de grama (bermuda celebration), corte (de 18 a 25 milímetros), irrigação (automatizada) e drenagem (a vácuo). Somado a tudo isso, claro, o tamanho do campo de jogo. Entre os palcos presentes, somente a Arena Pernambuco está de acordo.

8.250 m² (110m x 75m) – Ilha do Retiro
8.190 m² (105m x 78m) – Arruda
7.665 m² (105m x 73m) – Aflitos
7.350 m² (105m x 70m) – Carneirão
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Pernambuco

Qual clube tem mais chance de obter o “selo de qualidade” em 2016?

Seminário sobre gramados na CBF em 2015. Foto: Fernando Torres / CBF