As dez perguntas selecionadas para o presidente da FPF após três anos de mandato

Pergunte ao presidente da FPF. Crédito: FPF/divulgação

O presidente da FPF, Evandro Carvalho, respondeu dez perguntas enviadas por torcedores ao site oficial. Os questionamentos foram devidamente selecionadas pela assessoria de imprensa da federação. No ar, nenhuma sobre a polêmica eleição da entidade.

No vídeo com 13 minutos de duração, marcando os três anos do dirigente à frente da federação, Evandro comentou sobre futebol do interior, futebol de várzea, torneio de regional de juniores, mudança no regulamento Estadual, etc.

No post, o vídeo completo. Abaixo, um breve resumo de cada pergunta.

1º) O que pode ser feito para viabilizar o calendário para os times do interior no segundo semestre?
Aumento de torneios intermunicipais, entre seleções municipais e entre clubes amadores, com até 50 equipes envolvidas.

2º) Como a FPF ajuda os clubes a se estruturarem mais e a se tornarem mais profissionais?
Entrega de certificados de clubes formadores e melhoras em estádios do interior.

3º) Qual é a importância de ter um clube do estado na Série A?
É fundamental porque propicia uma alavancagem de pelo menos R$ 30 milhões.

4º) Há algum projeto para o Estadual com 12 times com todos se enfrentando?
No atual cronograma nacional, é impossível. É preciso adotar o modelo de classificação por fase.

5º) A FPF poderá apoiar o América na disputa da Copa SP Sub 20 de 2015?
O América, semifinalista do Estadual júnior, disputará o Nordestão da categoria. Na Copa SP, só existem três vagas.

6º) O que vem sendo feito em relação aos campeonatos de várzea?
A FPF fez um convênio com a Prefeitura do Recife, no valor de R$ 800 mil, para revitalizar 62 campos.

7º) Como está a o Campo do Cacique, no bairro da Madalena?
É um dos 12 campos de várzea em obras. A ação será retomada em novembro.

8º) Algum dia o Campeonato Pernambucano poderá ser disputado em grupos?
Segundo Evandro Carvalho, somente se os clubes indicarem no conselho arbitral da edição de 2015, em outubro.

9º) A FPF poderá retomar algum dia a Copa Pernambuco, valendo vaga na Série D ou mesmo na Copa do Brasil?
Segundo ele, foi assim na Taça Miguel Arraes de 2014 (primeiro turno). O 1º turno poderá ser rebatizado para Copa Pernambuco, com vaga na Série D.

10º) No início do mandato, houve a promessa de um torneio como a Copa SP…
Segundo a FPF, foi criada agora, com a Copa Nordeste Sub 20, com dez anos no estado, sendo 7 equipes de Pernambuco e 13 dos demais estados.

Uma assembleia geral eletiva na segunda quinzena de setembro. De 2014 ou 2015

Edital de convocação para a eleição presidencial da FPF. Crédito: FPF/reprodução

A eleição presidencial da FPF será realizada às 16h do dia 22 de setembro.

Na pauta, a votação para o quadriênio 2015-2018, com a convocação já feita para os 93 filiados, entre clubes e ligas municipais. O pleito vem sendo marcado pela antecipação da votação, na visão da oposição.

Tudo causa da assembleia geral eletiva que deu um 5º mandato a Carlos Alberto Oliveira, em 16 de setembro de 2010. No fim daquele evento, na sede da federação, na Boa Vista, uma medida extraordinária foi sugerida por Paulo Wanderley, então mandatário timbu e que também presidiu a assembleia.

A ideia era aumentar em uma temporada o mandato, para que o dirigente (já falecido) passasse o centenário da FPF como presidente, em 2015.

A ideia foi aprovada por 92 filiados – só o Sport esteve ausente.

Perguntando na época se o ato seria anti-estatutário, Paulo Wanderley respondeu o seguinte: “A decisão da assembleia geral é soberana”.

Quatro anos depois, já sob o comando de Evandro Carvalho, o ato foi deixado de lado – sem alarde. A alegação é de que a decisão valeria na figura de “Carlos Alberto”, e não para o “presidente”. Então, seria obrigado a cumprir o estututo.

É uma interpretação do processo, claro, mas há controvérsias.

O estatuto oficial preza pela realização da assembleia geral eletiva na segunda quinzena de setembro após o quadriênio – desconsiderando, naturalmente, o ano extra. Com pelo menos dois nomes na oposição (Geraldo Cisneiros e Romerinho Jatobá), esse buruçu deve se arrastar na justiça… 2014 ou 2015?

“Vou ter uma guerra em cima de mim. Já sei disso”. Por um Estadual no meio da pré-temporada, segundo Evandro

O presidente da FPF, Evandro Carvalho. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

“Eu quero que alguém me diga como se faz um campeonato de futebol com apenas 12 datas. Me diga você”.

Durante uma conversa por telefone, o presidente da FPF, Evandro Carvalho, não fez a menor questão de esconder a insatisfação com o calendário da CBF para 2015. O dirigente tem na confederação uma aliada a toda prova, ou quase isso, pois desta vez criticou a entidade, algo raríssimo em sua gestão.

Na ligação, tive que responder à indagação. Considerando que o Pernambucano tem doze clubes, poderia ser disputado com um turno completo, de onze rodadas, e uma decisão em jogo único entre os dois primeiros colocados.

A resposta foi imediata, quase esperando o formato…

“A gente também pensou esse regulamento aqui, mas onze jogos num turno e final de um jogo dexaria campeonato ridículo. É um absurdo! Os grandes (do Recife) vão jogar só uma vez? Cadê os clássicos, a renda? Essa situação (doze datas) vai dar muito trabalho para a gente conseguir um caminho legal. A CBF cedeu ao Ministério Público, ao Clube dos 13, ao Bom Senso FC, a todo mundo, mas acabou prejudicando os clubes pequenos.”

Questionado pelo blog se lutaria para ganhar mais algumas datas, ao menos para uma fase preliminar envolvendo os times intermediários, o mandatário não só confirmou o pleito como disse o que o aguarda…

“O ano do futebol profissional não pode começar só em 1º de fevereiro. Isso só funciona para os maiores times do país, que já estão até negociando amistosos internacionais. Enquanto isso, os pequenos não têm como ficar um mês sem atividade (a pré-temporada oficial será de 7 a 31 de janeiro). O menor contrato possível com um atleta é de três meses de duração. Os clubes não vão aceitar fazer isso para jogar só onze vezes. Não tem como! Vou lutar para ter jogos em dezembro e janeiro (como em 2013/2014, com a Taça Miguel Arraes). Vou ter uma guerra em cima de mim. Já sei disso…” 

A preocupação do mandatário deve-se à própria imagem, com a possível repercussão negativa de jogos no meio da pré-temporada país afora.

Apesar da norma exposta no novo calendário, o raciocínio de Evandro até faz sentido, sobretudo para os clubes menores. Impor o período de férias em dezembro é uma restrição às Séries A e B e aos melhores das Séries C e D. Isso contempla cerca de 50 times, num universo de 684 agremiações brasileiras em atividade. Atualmente, 16 mil dos 20 mil jogadores federados ficam seis meses parados, num estudo do próprio movimento Bom Senso (veja aqui).

Em seguida, Evandro, claro, valorizou o seu peixe…

“No Brasil, só dois campeonatos estaduais são rentáveis. São Paulo e Pernambuco (por causa do Todos com a Nota). Sem campeonato, não tem como manter os times do interior. Os times do Clube dos 13 (grupo que nem existe mais, mas numa afirmação válida para os grandes do Brasil) só pensam na sobrevivência deles.”

Vale destacar que o estado só terá doze datas por causa do Nordestão, que será realizado paralelamente. Na maior parte do país serão 19. Porém, apenas três pernambucanos disputarão as duas competições (Sport, Náutico e Salgueiro). Ou seja, o Santa só terá doze jogos até o Brasileiro…

Seguindo o prazo dado do Estatuto do Torcedor, a FPF tem até o fim de outubro para apresentar uma solução para a 101ª edição do Estadual. O presidente da federação encerrou a entrevista com uma sentença.

“O mínimo para um campeonato é ter 15 datas. Menos que isso não se faz”.

Ou seja, o mínimo seria justamente o regulamento adotado em 2014, com turno único e semifinal e final, ambos em ida e volta.

A última vez que um campeão pernambucano jogou no máximo doze partidas foi em 1943, quando o Leão foi campeão com apenas oito jogos, mas num torneio confuso, com oito jogos não realizados e no qual o Timbu pediu a desfiliação.

Você concorda com Evandro? Como você faria um torneio com 12 jogos?

O esboço do Campeonato Pernambucano de 2015, dividido em três etapas

Bancada do presidente da FPF, Evandro Carvalho. Foto: FPF

O incomum formato do Campeonato Pernambucano, iniciado em dezembro do ano anterior à edição vigente, foi implantado nesta temporada.

As equipes do interior começaram a jogar em 8 de dezembro de 2013, enquanto os grandes só entraram em 9 de fevereiro de 2014, dois meses depois.

No entanto, desde a concepção deste regulamento houve a dúvida sobre como seria a realização do Estadual caso um grande tivesse que disputar a primeira fase, paralela à reta final do Campeonato Brasileiro.

Bastaria não obter a classificação ao Nordestão no ano anterior e o buruçu estaria armado. Dito e feito, logo na pioneira edição desta fórmula.

Como o Santa Cruz terminou em 4º lugar no certame local, o clube não conseguiu a vaga à Copa do Nordeste de 2015.

Disputará o Troféu Miguel Arraes (o 1º turno estadual)? Não exatamente…

Ao blog, o presidente da FPF, Evandro Carvalho, adiantou que já foi criado um esboço para evitar que isso aconteça – valendo também para Náutico e Sport em caso de fiasco no Estadual dos próximos anos.

Assim, o Campeonato Pernambucano de 2015 terá um regulamento diferente pelo quarto ano seguido, bem diferente do que preza o Estatuto do Torcedor.

A partir de agora, o time que disputar as Séries A, B ou C já garantirá a presença na segunda fase local, mesmo fora do Nordestão.

A 1ª fase agora só tem um sentido: oferecer um lugar na Série D. Todos os envolvidos passariam automaticamente à 2ª fase, se juntando ao time de uma divisão superior que esteja fora do regional. Aí sim, uma etapa classificatória (e com chance de rebaixamento).

O Campeonato Pernambucano de fato, incluindo os participantes do regional, seria portanto a terceira fase (anteriormente era a segunda).

Só depois viria o mata-mata tradicional, com semifinal e final.

Sobre o número de partidas e datas, a FPF deve divulgar mais detalhes até setembro. Contudo, o esboço já está na mesa… Passa no arbitral?

Assembleia do Nordestão desconsidera a ata geral e faz 8 x 1 contra a proposta da FPF. O Santa Cruz está fora de 2015

Copa do Nordeste

No início de junho, a poucos dias da abertura da Copa do Mundo de 2014, os presidentes das nove federações estaduais do Nordeste se reuniram na sede da CBF, no Rio de Janeiro.

Em pauta, as diretrizes do Nordestão de 2015, que irá sofrer uma reformulação.

A aguardada adesão dos clubes do Piauí e do Maranhão está mais do que confirmada, mas o formato desrespeitou a ata votada em 17 de fevereiro, com uma (grave) consequência direta ao futebol pernambucano.

Há cinco meses, participaram representantes dos 16 times do regional de 2014, os presidentes das federações, o mandatário da Liga do Nordeste, Alexi Portela, e a direção do canal Esporte Interativo, com direito à foto oficial (abaixo).

Naquela ampliação do regional, de 16 para 20 clubes, a divisão seria a seguinte:

3 vagas – Bahia e Pernambuco
2 vagas – Alagoas, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe
1 vaga – Maranhão e Piauí
1 vaga – Atual campeão nordestino
1 vaga – Ranking da CBF, válido apenas para os times da região

Agora, esqueça esse modelo.

O presidente da FPF, Evandro Carvalho, confirmou ao blog que ao apresentar o formato na assembleia, acabou tendo uma surpresa na votação…

“Os presidentes das federações da Bahia e do Ceará acharam que Pernambuco ficaria muito forte com essa divisão de vagas e acabaram votando contra. Todos os outros estados seguiram o caminho. Meu voto foi o único nessa opção”.

Ou seja, derrota por 8 x 1 numa votação sobre uma ideia consumada, documentada. Nos bastidores, a política ignorou completamente a ata.

O estado teria quatro clubes em 2015, pois o Sport, campeão nordestino desta temporada, “abriria” uma vaga extra, no caso ao 4º lugar do Estadual, o Santa Cruz. Fora da competição, o Tricolor deixará de arrecadar no mínimo a cota de R$ 350 mil da primeira fase. Campeão, o Leão recebeu R$ 1,9 milhão.

No modelo aprovado, Pernambuco e Bahia seguem com três vagas, enquanto os demais têm duas, incluindo as federações incluídas. Eis os classificados:

Pernambuco – Sport, Náutico e Salgueiro
Bahia – Bahia, Vitória e Serrano
Alagoas – Coruripe e CRB
Ceará – Ceará e Fortaleza
Maranhão – Sampaio Corrêa e Moto Club
Paraíba – Botafogo e Campinense
Piauí – River e Piauí
Rio Grande do Norte – América e Globo
Sergipe – Confiança e Socorrense

Desta forma, o campeão regional segue sem vaga automática – um erro que fez com que o Campinense, campeão em 2013, ficasse ausente este ano por não ter conseguido a vaga no Estadual.

“Quando os outros presidentes tiveram a perspectiva de que Pernambuco e Bahia já têm três vagas, eles alegaram que o campeão do Nordeste ficaria entre os dois em 90% das vezes, dando sempre uma vaga a mais e enfraquecendo os outros. Na consequência disso, o Santa Cruz está fora. “

O novo formato deve ser com 5 grupos de 4 times, passando às quartas de final os líderes e os três melhores segundos colocados. Depois, mata-mata.

Apesar do revés político, a FPF ao menos realizará em setembro o sorteio do torneio. Fortaleza e Salvador foram as sede em 2012 e 2013, respectivamente.

No sorteio, por sinal, a saia justa parece certa… basta lembrar da ata rasgada.

Reunião na FPF sobre a Copa do Nordeste 2015. Foto: FPF/Site Oficial

FPF embolsa R$ 751 mil no Estadual, com o “maior público do país”

Evandro Carvalho entrega a Magrão a medalha de campeão pernambucano de 2014. Foto: Imprensa FPF/Flickr

“Dever cumprido. Chegamos ao final de um campeonato num ano complicado de calendário. Graças a Deus, tudo bem, com a maior média de público do Brasil. Um sucesso.”

A declaração às rádios do presidente da FPF, Evandro Carvalho, foi dada durante a entrega do troféu e das medalhas de campeão do 100º Estadual, no gramado da arena.

Ali, o dirigente já sabia que a final havia registrado 30.061 torcedores, sendo a única partida com mais de trinta mil pessoas entre todos os 140 jogos realizados na emblemática competição local.

O mandatário da federação também tinha consciência da média de 6.318 pessoas por jogo, num dado que, francamente, não pode ser levado a sério nesta temporada, tamanha a quantidade de denúncias de públicos fantasmas no interior.

Apesar disso, aconteceu o esperado sobre os números nas arquibancadas.

Evandro promoveu o público fictício da competição, oficialmente o maior entre os estaduais de 2014, mesmo com o número local sendo o segundo mais baixo desde 2009. Vale destacar que, independentemente do público presente no campo, a FPF tem direito a 8% dos ingressos registrados no borderô.

Ao todo, o Campeonato Pernambucano gerou uma arrecadação de R$ 9.391.936. A federação embolsou R$ 751.354. Realmente, foi um sucesso.

Médias de público do Campeonato Pernambucano de 1990 a 2014

A censura da FPF ao jornal que cobre o campeonato estadual desde 1915

Censura. Crédito: Erik Drooker (www.drooker.com)

O jornalismo esportivo lida diariamente com algo bem mais específico comparado às outras editorias… A paixão.

A partir dela, defender a uma bandeira torna-se um ideal pra vida toda, imutável.

Com ou sem razão, sobretudo.

A paixão do torcedor e a paixão dos dirigentes. Neste segundo caso, a paixão costuma ser um perigoso escudo.

Há quem diga que a imprensa de um estado deve defender os seus clubes.

Sem demagogia, o jornalismo é pautado pela informação. Não é publicidade.

Atualmente, num viés mais moderno, a informação vem agregada de opinião, análise, tudo para construir um conteúdo diferenciado.

Acima disso, o óbvio. É preciso informar com fatos, evidências e tudo mais o que possa dar substância ao texto.

Agradar ou não é outro departamento, e não o do jornalismo sério, diga-se.

Portanto, no momento em que um árbitro revela uma suposta orientação superior à parte das regras do futebol, como não repercutir isso?

Quando se percebe, há três anos, que os estádios estão vazios e com os borderôs dizendo exatamente o contrário, como não investigar?

As respostas foram duas, mas foram legítimas.

Baseadas em depoimentos, imagens e documentos, num trabalho de reportagem.

Por isso, surpreendeu a postura do presidente da FPF, Evandro Carvalho, de se negar a conceder entrevistas aos repórteres do Diario de Pernambuco, do qual faço parte há dez anos. Não só ele como todos os funcionários da federação, vetados.

O dirigente se queixa que o jornal está “querendo acabar com os times  do interior” ao publicar reportagens sobre os públicos fantasmas no campeonato local. O jornal e o blog (relembre aqui e aqui).

O futebol pernambucano, como se sabe, é subsidiado pelo estado desde 1998. Os programas Todos com a Nota e Futebol Solidário ajudaram a trazer de volta os torcedores, aumentando bastante os públicos.

Nos últimos anos, porém, o sistema vem falhando bastante no interior, com jogos desertos e rendas consideráveis. É dever do jornal ficar alerta a isso, até porque, vale lembrar sempre, é uma verba pública em questão.

em 2013 o governo do estado injetou R$ 13 milhões, via TCN. É justo e necessário que exista uma contrapartida dos clubes, com seus torcedores presentes. Hoje, na prática, só ocorre na capital, que conta com um sistema digital de controle.

Assim, as denúncias foram feitas. As atitudes foram escassas.

Já a irritação na federação passou do ponto, com a censura.

O ato de silêncio veio uma semana após uma pressão desnecessária da entidade através de e-mail da assessoria à direção do jornal.

Entretanto, tudo foi bem apurado e checado. E devidamente autorizado pelos editores.

Os públicos fantasmas existem, queira o presidente da FPF ou não.

O futebol do estado continua sendo a pauta esportiva principal do Diario, com notícias sobre esquemas táticos, contratações, regulamentos, públicos, arbitragem e, claro, denúncias.

Francamente, o Diario de Pernambuco cobre o Campeonato Pernambucano desde 1915, e não será Evandro Carvalho quem irá mudar isso…

Finais do centésimo Pernambucano nos dias 16 e 23 de abril, quarta e quarta

Medalhas de campeão e vice do Campeonato Pernambucano de 2014. Crédito: FPF/divulgação

O calendário do futebol pernambucano vem tendo um ano difícil em 2014.

Pela concorrência da Copa do Nordeste, torneio de maior importância, e pelo número reduzido de datas, devido à Copa do Mundo no país.

Por isso e com um representante local, o Sport, chegando à decisão regional e já garantido no mata-mata local, a agenda do clube terá nada menos que 8 partidas em 19 dias, como mostra a reportagem no Superesportes (veja aqui).

Procurado pela reportagem, o presidente da FPF, Evandro Carvalho, afirmou que não poderia esticar o Estadual – cuja data oficial da final é 13 de abril – por causa de uma determinação da CBF, por mais que não exista documento algum (público) com tal norma. Uma data a mais desafogaria a situação.

Como as Séries A e B do Campeonato Brasileiro começam no fim de semana seguinte, por que não usar a quarta-feira entre o estadual e o nacional? Adiar o jogo do Leão da Copa do Brasil seria a solução, pois o torneio tem mais datas, mas o mandatário da federação se mostrava irredutível.

Nos bastidores, porém, o dirigente parece ter compreendido a situação e a decisão do centésimo Campeonato Pernambucano terá uma nova data.

O blog recebeu a informação de que a direção de futebol da entidade já realizou um encontro com os clubes para ajustar a tabela.

Atualização do post, após reunião da CBF, FPF, FCF e emissoras no Rio.

02/04 (quarta) – Sport x Ceará (final do Nordestão, ida)
06/04 (domingo) – Semifinal do Estadual (ida)
09/04 (quarta) – Ceará x Sport (final do Nordestão, volta)
09/04 (quarta) – Lagarto x Santa Cruz (Copa do Brasil, 1ª fase, ida)
09/04 (quarta) – Náutico x Sergipe (Copa do Brasil, 1ª fase, volta)
13/04 (domingo) – Semifinal do Estadual (volta)
16/04 (quarta) – Final do Pernambucano (ida)
19/04 (sábado) – Santa Cruz x ABC (Série B, 1ª rodada)
19/04 (sábado) – Bragantino x Náutico (Série B, 1ª rodada)
20/04 (domingo) – Santos x Sport (Série A, 1ª rodada)
23/04 (quarta) – Final do Pernambucano (volta)

Brasília x Sport, marcado para o dia 17 de abril, passou para o dia 30.

Em vez dos dias 11 (sexta) e 13 (domingo), como se projetava, com a partida de ida fora da grade de transmissão da Globo Nordeste, o título será disputado nos dias 16 e 23, em duas quartas-feiras, às 22h, nos horários da televisão.

As datas vão invadir o Brasileiro, mas ao menos os clubes terão datas livres entre os jogos. Já a emissora que detém os direitos poderá exibir as finais do Nordestão e do Pernambucano, em sua grade tradicional.

Quando uma entrevista derruba um árbitro sob pressão

Comunicado da FPF sobre a arbitragem no Estadual de 2014. Crédito: Site Oficial da FPF

A notícia do dia era a volta de Cláudio Mercante aos clássicos pernambucanos. Após três anos afastado, contabilizando 31 clássicos no hiato, o árbitro voltava a ser confirmado para um partida de grande porte no estado.

A pauta jornalística era ouvir o juiz, saber sobre o seu momento na carreira, com a regeneração no quadro de árbitros da Federação Pernambucana de Futebol.

Ao repórter João de Andrade Neto, do Diario de Pernambuco, Mercante concedeu uma entrevista e se mostrou tranquilo com o retorno. Na conversa, no entanto, revelou detalhes surpreendentes sobre o seu afastamento em 2011.

Cláudio Mercante“Errei e reconheço isso. Mas na época trabalhávamos com muita pressão e não poderíamos expulsar ninguém no começo do jogo. E infelizmente aconteceu aquele lance (Thiago Mathias derrubando Bruno Mineiro na meia-lua, nos primeiros segundos da primeira final do Estadual). Deveria ter aplicado a regra e expulsado o jogador do Santa Cruz. Mas existia essa determinação da diretoria de não expulsar nenhum jogador no início das partidas. Se fosse o contrário, se fosse com um zagueiro do Sport, também não expulsaria. Essa partida me marcou porque não pude aplicar a regra do jogo. Mesmo assim levei o restante da partida bem emocionalmente. Do contrário poderia fazer mais besteira durante o jogo”.

Era óbvio que as palavras resultariam em inúmeras opiniões e consequências. Presidentes do Santa, Sport, da FPF, comissão de arbitragem, ex-diretores etc. A indignação tinha mão dupla. Pela veracidade ou não das declarações.

Na sexta, a FPF divulgou um comunicado da Comissão Estadual de Arbitragem (Ceaf-PE) recomendando que os árbitros não sejam mais entrevistados.

Foi um indício de que a escala estava por um triz. A pressão sobre a atuação de Mercante seria imensa, sem direito erro. Neste sábado, a 24 horas da partida, o afastamento oficial. Segundo a entidade, o pedido foi do juiz (veja aqui).

É possível afirmar que Cláudio Mercante passa a ser um nome riscado nos clássicos? Na verdade, já era. Ainda mais agora, após as revelações sobre os supostos bastidores do futebol local. Tudo a partir de um trabalho jornalístico…

Atualização: Gilberto Castro Júnior foi o nome sorteado em caráter de urgência.

Portas abertas na maior geladeira da história de Pernambuco

Geladeira. Crédito: Consul/divulgação

O árbitro Cláudio Mercante voltou a figurar na escala de um clássico.

A FPF confirmou Mercante no jogo Náutico x Santa Cruz, domingo, na arena.

O juiz esteve em campo pela última vez, num embate envolvendo os grandes clubes do estado, em 2011. Em 8 de maio daquele ano, na Ilha, ele apitou a primeira partida da decisão do campeonato estadual, entre Sport e Santa.

Logo nos primeiros segundos, a maior polêmica do jogo, com a não expulsão de Thiago Matias, num lance dissecado até hoje – inclusive pelo blog, aqui.

Após muito tempo recluso, apitando apenas as divisões menores e jogos de pouco apelo, eis a nova chance para Mercante.

O árbitro sai da maior geladeira já imposta no futebol local, considerando os três clássicos da capital. Foram disputados 31 desde aquele dia.

2011 – 3 clássicos (Estadual e Série B)
2012 – 12 clássicos (Estadual e Série A)
2013 – 9 clássicos (Estadual e Sul-Americana)
2014 – 7 clássicos (Estadual e Nordestão)

Após a divulgação da escala, Mercante foi entrevistado pelo repórter João de Andrade Neto, do Diario de Pernambuco. Reconheceu o erro há três anos e revelou a pressão para não expulsar ninguém no começo do jogo, por parte do então presidente da FPF, o finado Carlos Alberto Oliveira.

Hoje, se diz tranquilo para recomeçar de verdade… Mas já falou demais.