Quando o marketing clubístico passa do ponto

Comunicado da Brahma ao Sport

Um vídeo vinculado à cervejaria Brahma causou bastante polêmica no Recife neste fim de semana. A peça, na verdade, faz parte de um canal patrocinado pela empresa, o BrahmaFla, no Facebook, voltado obviamente para os torcedores do Flamengo.

Como o comunicado acima deixa claro, vários clubes têm o mesmo canal, todos eles criados pela marca. Inclusive o Sport, suposto alvo do vídeo (assista aqui).

De toda a forma, devido ao mal-estar, sobretudo nas redes sociais, o vídeo acabou sendo retirado da página oficial no Youtube e um comunicado foi publicado em seguida.

Impasse à parte, o que fica claro é a necessidade de um maior cuidado das empresas em relação ao futebol, que mexe com a paixão de muita gente.

Qualquer expressão não tão bem empregada acabará desencadeando algo maior. Neste caso, chegaram a atestar o vídeo como preconceituoso. Para o blog, não chegou a tanto. Porém, faltou respeito ao Sport. Por parte da Brahma, titular do projeto, claro.

As brincadeiras no futebol são normais, mesmo que fora do ponto, mas ficam restritas às torcidas. Neste caso, foi uma suposta torcida, com a chancela da cervejaria.

Acabou sendo um marketing às avessas.

Alta definição no placar eletrônico

Placar eletrônico da Ilha do Retiro em 2012. Foto: Sport/divulgação

Ainda em caráter experimental, o Sport estreou o seu novo placar eletrônico na Ilha do Retiro, que é, na verdade, um telão de LED, em alta definição.

É um novo estágio nos estádios do Recife. Daquelas plaquinhas manuais na década de 1960 ao primeiro placar eletrônico do estado, no Arruda, com lâmpadas amarelas com os nomes dos times, em 1980. Agora, um modelo que transmite a partida e os bastidores.

Um pouquinho de avanço eletrônico não faz mal ao futebol local…

O Náutico inaugurou o seu placar eletrônico (só texto) em 2007. O Santa teve um telão em 2001, na primeira geração, e deverá instalar um modelo semelhante ao da Ilha.

Até porque, além de informações, o equipamento exibe os patrocinadores… Cash.

Um pontinho na tabela e muita raça na camisa

Série A 2012: Sport 1 x 1 Flamengo. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Era uma partida cercada de desconfiança.

O cenário, com a perda do título estadual em casa, no aniversário, a saída do técnico e do camisa 10, além da ausência de reforços de impacto, não era animador para o Sport.

Foi uma uma semana inteira assim, imaginando a postura do Leão na volta à Série A.

Uma conversa aqui e outra ali e nada de otimismo. Os dias foram passando, o novo técnico não chegou a tempo de comandar um treino sequer. Assim, o Rubro-negro foi para a estreia na base do improviso, contra o Rubro-negro carioca, há quase um mês sem jogar e também em uma temporada turbulenta.

Mas, ainda assim, um adversário municiado de atletas como Ronaldinho Gaúcho, Vágner Love, Léo Moura e Kleberson. Time experiente. Ilha do Retiro vazia? Os flamenguistas vieram em peso. A massa do Sport não deixou por menos e o estádio recebeu 28.636 pessoas. Clima quente na noite deste sábado.

E uma surpreendente atuação dos donos da casa, com o time no limite técnico. No primeiro tempo, o goleiro Paulo Victor fez três ótimas defesas. Paulo Victor, o goleiro do Flamengo. Sim, o Sport apresentou um bom futebol.

Parecia disposto a esquecer o revés estadual. Por mais que o time apresentasse algumas lacunas, como Thiaguinho na criação e Rithelly na cabeça de área. Na etapa final, o volume em campo se transformou em gol. Um belo gol.

Num contragolpe pelo lado direito, aos 12 minutos, Moacir bateu cruzado. Acabou acertando o zagueiro, mas a bola sobrou para Marquinhos Gabriel, que dominou e bateu com muita categoria, no ângulo direito do goleiro.

Só não havia gás para tudo isso. Com o passar do tempo a postura agressiva foi virando uma cadência e no fim acabou com o desgaste em campo, seguido de desatenção.

Vágner Love, que havia perdido um gol feito aos 20, não perdeu a segunda chance, aos 28. Se aproveitou de uma falha de marcação do Sport e tocou no cantinho de Magrão. Depois, o Fla evoluiu. O Sport até acertou o travessão, mas ficou nisso, 1 x 1.

Falta bastante para o Sport se tornar competitivo no Brasileirão de 2012. Fato.

Mas pelo menos em um critério o time parece ter se superado: raça. Já é alguma coisa.

Série A 2012: Sport 1 x 1 Flamengo. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

A idolatria de Ronaldinho, desproporcional ao gás em campo

Ronaldinho Gaúcho chega no Aeroporto dos Guararapes. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Melhor jogador do mundo em 2004 e 2005, eleito pela Fifa, Ronaldinho Gaúcho foi apontado como um dos maiores craques do futebol brasileiro em todos os tempos.

O ponto alto da carreira, contudo, se tornou uma fração de tempo entre tantos episódios à parte do que o profissionalismo exige, sobretudo na questão física.

E vieram os (maus) resultados, tomando a Seleção Brasileira como exemplo.

Apagado no Mundial de 2006, mais ainda nos Jogos Olímpicos de 2008.

Na Copa do Mundo de 2010 acabou fora da lista. O mesmo ocorre na Olimpíada de 2012.

Ou seja, a curva se apresenta de forma descendente na Canarinha.

Financeiramente, não. O seu salário no Flamengo é de R$ 1,8 milhão. Um cash potencializado pelo gigantesco poder de mídia do meia-atacante, centro dos holofotes.

É um dos principais focos de torcedores, pautas e polêmicas no país.

Em campo, ainda procura corresponder a expectativa depositada pelo clube carioca. Passividade para cair na marcação, poucas arrancadas e finalizações.

Uma ou outra pedalada, firula e só. Bem abaixo do potencial de um atleta de 32 anos.

A chegada de Ronaldinho no Recife para a abertura da Série A, com dois seguranças particulares do time carioca, não foi força de expressão. Era questão de necessidade…

A idolatria ainda existe, como ficou claro com a presença dos torcedores do Fla aqui no Nordeste. Resta saber até quando o futebol terá gás para acompanhar esse nível.

Ronaldinho Gaúcho chega no Aeroporto dos Guararapes. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Cota de TV: base (70%), performance (15%) e audiência (15%)

Cotas de TV do Campeonato Inglês da temporada 2011/2012. Crédito: Futebol Finance

As cotas de televisionamento do Campeonato Brasileiro apresentam uma diferança enorme entre os 20 times. O que não é novidade, claro. Vale, portanto, apresentar o modelo da liga nacional mais rica do planeta, a Premier League, da Inglaterra.

Na recém-encerrada temporada 2011/2012, o campeonato inglês rendeu quase um bilhão de libras esterlinas aos clubes. Convertendo, uma soma de R$ 3 bilhões.

No quadro do Futebol Finance, acima, os valores recebidos pelos 20 times da elite britânica, em libras. O sistema é prático: 70% da cota em partes iguais, 15% pela classificação e 15% por audiência, com o mínimo de 10 jogos ao vivo e o máximo de 26.

Neste modelo, o Wolverhampton, rebaixado como lanterna, recebeu 39 milhões de libras, o que corresponde a 64,4% da receita do Manchester City, o campeão.

Em 2012, o Brasileirão marcará o início das supercotas da televisão, com negociações isoladas, clube por clube. O Flamengo terá a maior cota da Série A, de R$ 84 milhões. No lado oposto da tabela, o Náutico, com uma receita de R$ 18 milhões.

Ou seja, o Timbu receberá na competição 21,4% da cota do rubro-negro carioca. O football foi importado em 1894. Quando acontecerá o mesmo com o modelo de gestão?

Náutico x Flamengo: cota de TV distante, patrimônio próximo

Estádio dos Aflitos

Flamengo e Náutico são os clubes com as receitas de televisão mais distintas  para a Série A 2012. O Fla receberá R$ 84 milhões, contra apenas R$ 18 milhões do Alvirrubro.

O Alvirrubro tem um patrimônio líquido de R$ 108 mi. O do Fla é de R$ 146 mi. Ou seja, enquanto a receita de TV do Flamengo é 366% maior, o patrimônio líquido é 35% maior.

De acordo com os balanços financeiros dos dois clubes, com exercício até 31 de dezembro de 2012, o imobilizado do Timbu é de R$ 170 milhões, enquanto o do Rubro-negro carioca é de R$ 448 mihões. No entanto, esse número foi reavaliado na última temporada. Até 2010, o imobilizado do Fla seria de R$ 201 milhões.

No caso do Náutico, entra na soma o terreno (R$ 115 mi), estádio dos Aflitos (R$ 15 mi), garagem de remo (R$ 1,4 mi), ginásio (R$ 5 mi), piscina (R$ 6 mi), centro de treinamento (R$ 6,3 mi), entre outras posses menores. Confira o balanço timbu aqui.

Os bens do clube do Rio de Janeiro são: estádio da Gávea (R$ 223 milhões), um edifício (R$ 137 mi) e o Projeto Vila Olímpica (R$ 75 mi) e alguns bens de menor porte (totalizando R$ 12 mi). Veja o balanço do Urubu aqui.

Sede do Flamengo. Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem

Oscar Scolfaro há 30 anos

Série A 1982: Sport 2 x 1 Flamengo. Foto: Edvaldo Rodrigues/Diario de Pernambuco

Completa 30 anos neste sábado um dos jogos mais polêmicos da história do futebol pernambucano. Que poderia ter mudado a história do futebol brasileiro…

Sport e Flamengo se enfrentaram na Ilha do Retiro, bem diferente da atual – não havia sequer as gerais -, no jogo de volta das oitavas de final do Campeonato Brasileiro.

Três dias antes, no Maracanã, o Fla, então campeão mundial, havia vencido por 2 x 0.

O Leão precisava ganhar por dois gols de diferença para avançar na competição. Vencer, o time pernambucano até venceu, por 2 x 1, gols de Betinho (foto) e Edson.

Chegou a marcar o terceiro, anulado de forma inacreditável pelo árbitro Oscar Scolfaro.

Confira no vídeo abaixo, da Rede Globo, e relembre a confusão…

Depois, o Fla se tornaria o campeão brasileiro de 1982. Venceria de novo em 1983…

Os dois clubes, protagonistas de uma polêmica ainda maior (1987), voltam a se enfrentar no dia 20 de maio, na primeira rodada da Série A de 2012. Na Ilha.

Adeptos do Trio de Ferro ganham R$ 2,2 bilhões por mês

O dado acima não está ligado aos clubes, mas aos seus aficionados…

Mensalmente, os 4,3 milhões de torcedores de Sport, Santa Cruz e Náutico ganham, segundo a pesquisa da Pluri Consultoria, R$ 2,25 bilhões. Na média, R$ 524 (veja aqui).

Deste montante, rubro-negros, tricolores e alvirrubros teriam um potencial de consumo mensal sobre produtos envolvendo os clubes de R$ 43 milhões. Razoável?

O número corresponde a exatamente 1,9% do faturamento geral da torcida.

Ao contrário do número de adeptos, presente entre os 20 maiores do país, o trio do Recife fica abaixo deste nível considerando as torcidas de maior renda.

Confira o gráfico sobre o poder de consumo de cada clube clicando aqui.

Pesquisa sobre a renda mensal das torcidas brasileiras em 2012. Crédito: Pluri Consultoria

A força das torcidas brasileiras dentro e fora de casa

Torcida brasileira. Foto: CBF/divulgação

Dado interessante sobre o estudo das massas da Pluri Consultoria. Polêmica à parte sobre a maior torcida, o trabalho mostra a tendência dos clubes em seus estados e fora.

O Sport, por exemplo, tem mais torcedores em Pernambuco que Fluminense e Botafogo no Rio de Janeiro. Fora do limite estadual, a virada no placar…

Fora de seus estados, Flamengo e Corinthians têm somados 32,7 milhões de aficionados. Ao todo, 60% das duas torcidas são fora do estados de origem. Força da mídia?

Confira o estudo completo clicando aqui.

Torcidas brasileiras, segundo a Pluri Consultoria

Tabela detalhada da Série A 2012

Após a tabela básica, a CBF divulgou a tabela completa do Brasileirão de 2012. Aos centenários clubes pernambucanos, horários incomuns na abertura.

O Náutico jogará num sábado, em 19/05, às 21h. Jogará outras quatro vezes neste horário no 1º turno. No domingo, no dia seguinte, o Sport jogará às 18h30…

A tabela da Série A apresenta a estrutura de transmissão das partidas na televisão, nas redes aberta, fechada e pay per view. Apesar de contar com dois clubes na elite, Pernambuco terá város fins de semana sem a exibição na TV aberta…

A CBF divulgou também o regulamento da competição. Confira aqui.