Durante a partida entre Sete de Setembro e Porto, na abertura da segunda divisão pernambucana de 2017, a TV Criativa, de Caruaru, acionou um drone sobre o campo do Gigante de Agreste. Enquanto a bola rolava em Garanhuns, em 17 de setembro, o equipamento ia gravando imagens da partida em ângulos bem diferentes. Com pouco mais de três minutos de edição, o vídeo do sobrevoo mostra até a reação do público nos rasantes…
O vídeo traz uma certa nostalgia com o maior estádio do agreste meridional, há sete anos fora da elite. E para quem não o conhecia, vale a pena ver.
O Sete de Setembro é um dos clubes mais tradicionais de Pernambuco, sendo proprietário do segundo maior estádio do interior, o Gigante do Agreste. No entanto, está há bastante tempo à margem. Já são sete anos perambulando na segunda divisão. Na estreia de 2017, em nova tentativa de retorno, o alviverde de Garanhuns passou por um episódio insólito. Recebeu o Porto de Caruaru, com a torcida local marcando presença: 2.328 torcedores, número bem superior à maioria das partidas da primeirona. Já o time, nem tanto. Embora tenha contado com o seu principal reforço, o atacante Araújo, de 40 anos, o próprio clube explicou a bronca em sua página oficial no facebook.
“A estreia na Série A2, contra o Porto, infelizmente foi com derrota. O time perdeu pelo placar de 2 x 0, com gols de Erikys e Alisson. O Porto soube tirar proveito dos desfalques do time setembrino. É que o Sete contou com apenas 11 jogadores, divididos entre titulares e reservas, sem ninguém no banco. Esse fato ocorreu devido aos problemas para a regularização dos jogadores – alguns deles não foram liberados a tempo pelos clubes.”
Pois é. Durante o hino, já estavam em ação todos os jogadores em condições. E o Sete ainda desperdiçou um pênalti e teve um gol anulado. Dia difícil.
Eis a escalação inacreditável na súmula oficial da partida…
No Gigante do Agreste, o combalido Sete de Setembro venceu o Petrolina por 1 x 0. Só não caiu para a 2ª divisão do Pernambucano porque o Vera Cruz não saiu de um empate com o Porto, também jogando em casa. No fim, mesmo número de pontos (20). O representante de Garanhuns suou frio… Mas ficou, em 10º lugar.
19 de abril de 2009.
No ano passado, um empate com o Central, fora de casa, salvou o Sete de Setembro mais uma vez. De novo na última rodada do Estadual. O seu rival direto na briga contra o rebaixamento, o Serrano, venceu o Petrolina por 1 x 0, em Serra Talhada. Esse pontinho em Caruaru valeu o ano para o Lobo Guará. A colocação? 10º, é claro.
11 de abril de 2010.
Depois de “tentar” bastante, o Sete caiu, por antecipação. Perdeu do Sport por 1 x 0, na Ilha, e levou junto o município do Agreste Merdidional. Como a AGA não se inscreveu na Série A2 desta temporada, Garanhuns está fora da elite em 2011.
Lacuna grande, pois a cidade é uma das mais ricas do interior pernambucano. Mas, na prática, não havia muito o que fazer. O Sete não vem recebendo apoio da cidade.
Nos 65 jogos disputados nas últimas três edições, foram apenas 11 vitórias, 24 empates e 30 derrotas. Um aproveitamento de 29%. Foram 66 GP e 98 GC (SG -32). Números suficientes para tirar do mapa da bola os 120 mil habitantes de Garanhuns.
Uma hora o time ia desabar. Estive lá no começo do ano vi de perto que a estrutura e o time já deixavam a desejar (veja AQUI). Infelizmente, a expectativa se concretizou.
Perderam todos, o Sete, Garanhuns e o Pernambucano. Todos foram rebaixados.
Recife – Fim do giro pelo interior pernambucano… Foram 1.958 quilômetros circulando em busca de informações sobre seis times do interior, a partir do País de Caruaru.
Uma viagem repleta de curiosidades e que serviu para conferir in loco a paixão dos torcedores pelos times intermediários, e também a luta de seus dirigentes para montar um time para o Estadual
Abaixo, as impressões sobre os clubes, seguindo a ordem da apuração:
Central – Continua sendo o “primo rico” entre os intermediários. Terá a maior folha, de cerca de R$ 130 mil (e único acima de R$ 100 mil). Porém, a pressão pelo 1º título pernambucano sufoca o clube. O embate político atrasou bastante a preparação da Patativa, que foi o último time a se mexer. Por outro lado, a torcida alvinegra vem ganhando as ruas de Caruaru. A confiança no regulamento com semifinal é enorme.
Porto – Palavra-chave: motivação. A prisão do presidente José Porfírio em 2009, acusado de sonegação fiscal, quase fechou o clube, mas ele solto e o investimento voltou. O Porto parece ser o time mais fácil de comentar. Um time repleto de ex-juniores. Fato comum desde 1994! Sobre o CT Ninho do Gavião, com 5 campos: sensacional! Nível de Série A. E muitos lá sequer têm um CT…
Ypiranga – Uma máquina, no papel. Afirmação sem trocadilho com o mascote do clube. Rosembrick, Wilson Surubim, Edu Chiquita, Bebeto… Nomes pra lá de conhecidos no futebol pernambucano. A Máquina de Costura formou o grupo mais qualificado no interior. Repito: no papel. Vai ser difícil arrancar uma vitória no Limeirão. Em Santa Cruz do Capibaribe, o sonho é apagar 2006 da memória.
Sete de Setembro – Me pareceu a equipe mais fraca. Condiz com o perfil dos últimos 2 anos, quando o time ficou em 10º lugar nas duas oportunidades. Será que o raio vai cair pela 3ª vez? É o que deseja a torcida de Garanhuns. Lá no estádio Gerson Emery, um setembrino me disse o seguinte: “O Sete não pode cair. Seria uma desmoralização para uma cidade desse tamanho ficar fora da elite”. Ele tem razão.
Araripina – Um Barueri que fala oxente. Um clube com menos de 2 anos e que já está na 1ª divisão. Um estádio bem cuidado e uma folha de R$ 80 mil, muito acima dos recém-promovidos. A explicação é bem simples: o Araripina conta com amplo apoio da prefeitura, que banca mesmo. O secretário de Esportes da cidade é o principal dirigente do clube. A diferença em relação ao Barueri: em PE, a torcida vai até em treino!
Salgueiro – A maior surpresa (negativa) da viagem. Apesar de ter mantido a base de 2009 – quando foi 4º lugar -, o único representante do estado na Série C começa a agonizar com a falta de recursos. A folha é 1/3 do valor do ano passado. Alheia a isso, a torcida do Carcará (cuja organizada é a “Fúria do Sertão”) conta os minutos para o campeonato. A movimentação na sede mostra que o Cornélio de Barros ficará cheio.
O título do post se refere apenas à viagem… O Estadual ainda vai começar. 😎
Araripina – Fundado em 2008, o Araripina surpreendeu já no passado, quando ficou com o vice-campeonato da 2ª divisão do Estadual.
Mais surpreendente, porém, foi o estado do gramado do estádio municipal Chapadão do Araripe, elogiado por jogadores e técnicos adversários.
Em pleno Sertão… Conferi de perto e é mesmo inegável: é um verdadeiro tapete. Diariamente, são nada menos que 60 mil litros de água sobre a grama esmeralda.
Antes da chegada do Diario ao município sertanejo, 2 técnicos de outros times do Campeonato Pernambucano já haviam citado para a reportagem que o campo do Araripina seria mesmo o melhor do interior.
“O gramado do Ypiranga foi totalmente reformado. Será um tapete. Você vai ver. Só não vai ficar melhor que o do Araripina, que está mesmo na frente dos outros”, disse Rubens Monteiro, treinador do representante de Santa Cruz do Capibaribe.
“Já falaram muito mal do gramado do Gigante do Agreste, mas a diretoria do Sete de Setembro investiu muito para que nesse ano a gente receba elogios. Não é mais aquele piso duro. Está muito bom. Só não vai ficar melhor que o do Araripina”, afirmou Antônio Zaluar, comandante do Sete de Setembro.
Coincidentemente, ambos deram essas declarações na terça-feira. 😯
Nesta quarta, o técnico do Araripina, Williams Rodrigues (foto) também deu a sua opinião: “Aqui, a bola nao quica. Desliza. José Joaquim (vice de futebol da FPF) veio aqui, viu e disse que pra dormir no campo só faltava um lençol”.
Mas nem tudo é perfeito, é claro. As 6 torres de iluminação do estádio já foram instaladas, mas sem os refletores (na Segundona, o time só jogou à tarde). A diretoria do debutante garante que tudo ficará pronto até o primeiro jogo do time em casa, em 17 de janeiro, contra o Ypiranga. A prefeitura irá gastar R$ 200 mil com a iluminação.
Em 2006, os alemães criaram uma ideia adotada desde o primeiro momento pela Fifa. Durante a Copa do Mundo, os germânicos lançaram a “Fan Fest”. Eram verdadeiras arenas virtuais, com telões, pontos de venda de produtos alusivos à competição, bares, praça de alimentação e programação cultural. Ao todo, as arenas da Fan Fest reuniram 18 milhões de torcedores. Nada menos que 6 vezes mais que o total de ingressos vendidos nos 64 jogos do Mundial vencido pela Itália! 😀
Com tamanho sucesso, a Fifa expandiu o plano. Na Copa da África do Sul, no ano que vem, oito cidades espalhadas pelo mundo receberão uma arena virtual oficial da Fifa. Uma delas será o Rio de Janeiro, agora cidade olímpica, que terá um megatelão montado na praia de Copacabana. A capacidade será de 20 mil pessoas, e a programação irá das 10h da manhã até meia-noite. Muita, muita festa…
E para 2014, a novidade chegará a Pernambuco. Com o objetivo de descentralizar a Copa do Mundo no Recife, a organização pernambucana irá criar a sua própria Fan Fest. Inspirado 100% no modelo alemão, o projeto pernambucano vai contemplar 4 cidades no interior: Gravatá, Caruaru, Garanhuns e Petrolina.
Bem que poderia ser montada também uma arena virtual em Porto de Galinhas… 😎
“No estádio da Cidade da Copa, no máximo 45 mil pessoas vão poder ver o jogo. Queremos que esse evento seja expandido para outras áreas, e esses locais poderão absorver mais uma parcela do público interessado na Copa”, afirma Zeca Brandão, que coordenou o projeto da Cidade da Copa, em São Lourenço e orçado em R$ 1,59 bilhão.
Abaixo, um vídeo com a Fan Fest de Berlim, em 2006.