Giampaolo Pozzo, o poderoso chefão de três clubes. De olho em Pernambuco

Giampaolo Pozzo, dono da Udinese

Formar atletas, garimar talentos e negociar percentuais. O grande vetor financeiro do futebol se tornou o único objetivo de empresários mundo afora.

Na Europa, é cada vez mais comum ver clubes tradicionais parando nas mãos de ricaços, mesmo de outras nacionalidades. A meta é quase sempre a mesma. Começam adquirindo ações até a fatia majoritária. Pois bem. Imagine então, um empresário dono não só de um clube, mas de três! Haja business.

O italiano Giampaolo Pozzo já era um homem rico aos 45 anos, nos idos de 1986, em Udine. Aí, teve uma ideia singular. Resolveu comprar o time da própria cidade, a Udinese. Comprou, investiu, tirou o clube do buraco e aos poucos montou uma superestrutura. Nada de centros de treinamento gigantescos. O seu plano foi criar uma verdadeira rede de contatos e olheiros nos continentes.

Passou a investir bastante em jovens atletas bem antes do boom vigente. Entre erros e acertos, o lucro. Surgiram nomes como Sensini, Oliver Bierhoff, Amoroso, Iaquinta, Pizarro, Quagliarella, Di Natale e Alexis Sánchez.

Watford, Udinese e Granada

O seu ideal diz tudo: “Buy low, sell high”. Compre barato, venda caro.

É verdade que denúncias de negócios suspeitos não passaram batidas. A mais grave delas em 1990, quando precisou se afastar da presidência – por mais que a canetada final tenha continuado. Dando sequência o tino nos negócios futebolísticos, Pozzo comprou o Granada da Espanha em 2009. Avançou nos flancos até o mercado inglês em 2012, comprando mais um clube, o Watford. De cara, a promessa de investimento de 15 milhões de libras esterlinas.

Com três times distribuídos nos maiores centros econômicos do futebol europeu, Giampaolo Pozzo, hoje com 72 anos, criou pontes de negociações. Atletas em início de carreira assinam por períodos mais curtos, para ganhar cancha. Em seguida vão para outra experiência, em outro time do “portfólio”.

Paralelamente a isso, os seus olheiros vão estendendo os campos de visão. Chegaram até Pernambuco. Com Douglas Santos, indo para o Granada, de olho na Udinese e sonhando com o Watford… Sob ordens de Pozzo.

Giampaolo Pozzo, dono da Udinese, do Granada e do Watford

Douglas Santos, a possível maior venda do Náutico. Saberemos no balanço

Lateral-esquerdo Douglas Santos, do Náutico, convocado à Seleção Brasileira em 2013. Foto: Simone Vilar/Náutico

Aos 19 anos, o lateral-esquerdo Douglas Santos parte para a Europa. O jogador, valorizado com a convocação para o time principal da Seleção Brasileira, foi negociado com o Granada da Espanha. Na coletiva que marcou o anúncio do negócio, a direção do Náutico não revelou o valor e ainda mandou um recado.

“O valor só será informado no próximo balanço oficial do clube”. 

A próxima auditoria deverá ser divulgada apenas em abril de 2014…

No entanto, na imprensa europeia foi comentada uma cifra: 2,35 milhões de euros. Assim, Douglas se tornaria o jogador mais valioso do Timbu, superando o atacante Anderson Lessa, negociado em 2010.

O ala tinha contrato com o Náutico até 2016, cujo percentual dos direitos econômicos era de 60%. Ou seja, o clube teria recebido 1,41 milhão de euros.

Há tempos o blog lista as maiores transações dos times do estado em valores absolutos. São dois critérios: o valor em dólar, para tentar uniformizar as transferências via taxas de câmbio, e o percentual recebido pelos clubes locais.

Portanto, a venda de Douglas Santos entraria com 60% do valor, ou US$ 1,815 milhão, abaixo apenas de Jackson (1998), Ciro (2012) e Rômulo (2012). Ele foi o 24º do futebol local a ser negociado por pelo menos um milhão de reais.

Ou possivelmente R$ 4.091.154… Desfalque no campo, reforço no balanço.

MiAs vendas milionárias do futebol pernambucano. Crédito: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press