De votação em votação, a arena do Sport vai sendo articulada para deixar o papel

Projeto da Arena do Sport. Crédito: Sport/divulgação

Orçado em R$ 750 milhões, o projeto rubro-negro para construir uma arena e um complexo imobiliário na Ilha do Retiro vem sendo uma das grandes batalhas do clube. Há quase três anos o Sport se articula para viabilizar o projeto.

Idealizado em meados de 2007, a arena só foi lançada oficialmente em 17 de março de 2011. Inicialmente seria apenas um estádio, criado pela DDB/Aedas. Evoluiu nos meses seguintes para uma mudança completa nos 110 mil metros quadrados do clube, incluindo empresariais e um shopping, já sob outro escritório de arquitetura e tendo a Engevix como investidora.

Além disso, precisou passar pelo crivo da direção leonina, por uma assembleia de sócios e agora, enfim, pelos colegiados formados pela prefeitura da capital e pela sociedade civil, meio a meio, uma vez que o projeto estava acima do 20 mil metros² de área construída. Bem acima, na verdade. Serão 338 mil m².

Nesta última, em uma análise extremamente lenta, o clube precisou ter paciência. Mas entre ajustes e conversas, o sonho vai se tornando realidade.

Eram duas pautas com instituições metropolitanas. Não houve unanimidade alguma nas votações. Porém, a maioria prevaleceu.

Em 19 de novembro, a Comissão de Controle Urbano (CCU) aprovou por 7 x 4. Agora em 20 de dezembro, na segunda e última comissão, o Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) também deu o seu aval, 13 x 5.

No início de 2014 o projeto será novamente votado pelos sócios, paralelamente à busca pelas burocráticas licenças de demolição e construção junto à prefeitura. E o ano da Copa, das novas arenas, deve mesmo marcar o fim da velha Ilha…

Os estádios pernambucanos em preto e branco

Em tempos de Arena Pernambuco, com o já famoso Padrão Fifa, os demais estádios do futebol local ficaram alguns degraus abaixo. Entretanto, os quatro maiores palcos têm muita história para contar. Nos jogos realizados, claro, e nas várias caras que Ilha do Retiro, Aflitos, Arruda e Lacerdão já tiveram.

Sim, pois se a arena em São Lourenço da Mata foi inagurada com a sua versão definitiva, os demais estádios receberam inúmeras ampliações até os formatos atuais.

Ilha do Retiro – 1955

Inaugurado em 1937, o estádio do Sport recebeu seus primeiros degraus no ano seguinte. Para o primeiro Mundial no Brasil, em 1950, a reforma foi completa, ampliando a capacidade para 20 mil pessoas. Cinco anos depois, no cinquentenário do clube, mais dois lances de arquibancada foram erguidos.

Ilha do Retiro em 1950, antes da Copa do Mundo. Foto: Arquivo

Aflitos – 1968

O estádio alvirrubro, em atividade desde 1917, recebeu a sua grande reforma na década de 1960, quando todos os setores da arquibancada foram erguidos. No ano do hexa, o Eládio apresentava um formato que duraria até 1996, quando passou por uma remodelação, até 2002.

Estádio dos Aflitos em 1968. Foto: Arquivo/DP/D.A Press

Arruda – 1970

Os primeiros jogos do Santa Cruz em seu estádio, que sucedeu o velho alçapão coral, no mesmo terreno, aconteceram em 1965. Até em 1972, o José do Rego Maciel ganharia o seu primeiro anel completo. Foram etapas paulatinas até a Copa da Independência. Dois anos antes da Minicopa a capacidade já era de 20 mil pessoas.

Estádio do Arruda, ainda em obras, em 1970. Foto: Diario de Pernambuco/arquivo

Lacerdão – 1977

Antes da denominação “Luiz Lacerda”, o estádio do Central foi chamado de Pedro Victor de Albuquerque. Nada de tobogã ou arquibancada superior de cadeiras alvingeras. O palco caruaruense era bem acanhado, mas já era, naquela época a maior do interior.

Estádio Lacerdão, em Caruaru, em 1977. Foto: Sérgio Pepeu/arquivo pessoal

A distribuição os estádios da RMR via Google Maps

Arruda, Arena Pernambuco, Ilha do Retiro e Aflitos no recife, via Google Maps

Os quatro maiores estádios da região metropolitana tem à disposição 162.097 lugares nas arquibancadas, cadeiras e camarotes.

Os três mais tradicionais ficam em áreas centrais do Recife. A nova arena, em São Lourenço da Mata, fica a 19 quilômetros do Marco Zero.

Através do Google Maps é possível destacar a distância dos quatro palcos em relação ao restante da cidade. Autoridades vislumbram o futuro no zona oeste.

Arruda – 60.044
Arena Pernambuco – 46.214
Ilha do Retiro – 32.983
Aflitos – 22.856

Confira a imagem em uma resolução maior aqui.

Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva já em atividade no Recife

Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva, na sede da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), no bairro de São José, no Recife. Crédito: Google Street View/reprodução

A estrutura de segurança no futebol pernambucano ganhou uma delegacia exclusiva. Oficializada em 21 de junho, através do Diário Oficial do Estado, a Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva já está em atividade.

Sediada no bairro de São José, na sede da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), a nova unidade da polícia civil pernambucana foi criada com um objetivo claro, segundo o artigo 8º da lei de nº 15.026.

Compete em especial:

a) prevenir e reprimir, com exclusividade no município do Recife e Região Metropolitana, as agressões à ordem pública oriundas de torcidas organizadas em grandes eventos esportivos;

b) desenvolver, quando a apuração exigir uniformidade de ação ou maior especialização, concorrentemente com as Delegacias Circunscricionais do Estado de Pernambuco, ações de investigação policial, pertinentes a delitos relacionados a eventos esportivos ou outros em que se realizem competições, demonstrações e/ou treinamentos, quando tenham ligação ou em razão da atividade esportiva.

Vale lembrar que o futebol pernambucano já contava, desde 2006, com o Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo do Torcedor (Jetep), com instalações nos três maiores estádios recifenses. Até hoje, o juizado já registrou cerca de 200 processos cíveis e 1.500 processos criminais.

A ideia é que a delegacia e o juizado trabalhem em conjunto. E que os infratores sejam realmente punidos, pois o Ministério Público de Pernambuco levantou 800 crimes, nos últimos cincos anos, envolvendo supostos integrantes das três principais uniformizadas do estado. Nota-se que a nova delegacia terá trabalho.

Mercado paralelo ao lado do Padrão Fifa

Comércio paralelo de bebidas próximo à Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Pres

Uma cena bem comum nos arredores dos principais estádios pernambucanos é a presença do extenso mercado paralelo. O clássico isopor com cerveja e refrigerante. A loura gelada sai bastante, até porque o consumo dentro dos estádios é proibido através de uma lei estadual.

Há também a venda de sanduíches, espetinhos, bandeiras e camisas falsificadas, com os varais amarrados nos postes. No Arruda, na Ilha do Retiro e nos Aflitos o cenário era produzido horas antes dos jogos, com pouca fiscalização. Aos poucos, a “tradição” se estende à Arena Pernambuco.

Comércio paralelo de bebidas próximo à Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Pres

Sim, tradição, pois o torcedor gosta de jogar conversa fora com os amigos antes das partidas. No novo empreendimento, numa área ainda desabitada em São Lourenço, os jogos do Náutico começam a contar com esse mercado paralelo.

Os quiosques oficiais da Itaipava, patrocinadora do estádio, contam apenas com cerveja sem álcool. Ainda sem popularidade, a bebida vai perdendo para a concorrência no entorno, com ambulantes às margens da BR-408, como mostra o registro do repórter João de Andrade, do Diario. Lá, o consumo rola solto.

Quiosque oficial da Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

Limitação de dois mil ingressos para os visitantes no duelo internacional

Copa Sul-americana 2013: Náutico x Sport. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

O clássico pernambucano pela Copa Sul-americana terá uma limitação diferenciada em relação à quantidade de ingressos para as torcidas visitantes.

Nos torneios nacionais a carga é de 10% dos estádios. No Campeonato Pernambucano o número sobe, por força de uma regra da FPF, para 20%. No torneio da Conmebolm contudo, não há um percentual, mas sim um dado fixo independentemente do tamanho do estádio.

Os clubes são obrigados a ceder 2 mil bilhetes ao clube visitante. O número só aumenta na semifinal e na decisão, com o dobro de entradas.

Regulamento da Copa Sul-americana 2013

Portanto, cai por terra qualquer possibilidade de torcida única a inédita versão internacional do Clássico dos Clássicos.

Considerando as capacidades oficiais da Ilha do Retiro e da Arena Pernambuco, com 32.983 e 46.214 lugares, os números de ingressos para as torcidades visitantes correspondem a 6,0% e 4,3%, respectivamente.

Qualquer carga acima disso terá que ser através de um acordo entre as diretorias de Náutico e Sport. Ainda em relação aos ingressos, vale informar a capacidade mínima de público nos estádios da Copa Sul-americana.

10.000 – 1ª e 2ª fases
20.000 – Das oitavas à semifinais
40.000 – Final

Confira o regulamento completo do torneio clicando aqui.

Uma rodada de casa cheia no futebol pernambucano, com dados sob análise

Náutico 3 x 0 Internacional, Sport 2 x 0 Oeste e Santa Cruz 0 x 2 Baraúnas. Fotos: Ricardo Fernandes e Paulo Paiva, ambos do DP/D.A Press

Náutico, Santa Cruz e Sport jogaram em casa na mesma rodada pelo Campeonato Brasileiro, cada um em sua respectiva divisão.

Sport 2 x 0 Oeste, Série B – sexta-feira, 21h
Náutico 3 x 0 Internacional, Série A – domingo, 16h
Santa Cruz 0 x 2 Baraúnas, Série C – domingo, 19h

Somando o borderô das três partidas, o número de torcedores foi considerável, com mais de 60 mil pessoas e uma regularidade impressionante. Os dados foram parecidíssimos. Vale a ressalva dos pontos contrários em cada estádio.

No jogo do Leão, apenas 8 mil bilhetes do Todos com a Nota, contra 15 mil dos dois rivais. No caso timbu, a distância do estádio e o preço dos ingressos, mais caros. Enquanto isso, o jogo da Cobra Coral foi exibido na televisão aberta.

Ou seja, os percalços só valorizam ainda mais os dados.

Público
Arruda – 21.213
Ilha do Retiro – 19.571
Arena Pernambuco – 19.488

Total: 60.272 torcedores
Média: 20.090 torcedores

Em relação à renda, nota-se uma vantagem bem maior na partida em São Lourenço da Mata. Além dos ingressos tradicionais, pesa o valor pago pelo governo do estado na campanha do Todos com a Nota para as partidas realizadas na arena, com R$ 25 por cada entrada. Na Ilha e no Arruda os bilhetes promocionais são subsidiados por R$ 13 e R$ 10, respectivamente.

Renda
Arruda – R$ 231.340
Ilha do Retiro – R$ 284.670
Arena Pernambuco – R$ 517.280

Total: R$ 1.033.290
Média: R$ 344.430

Em outras arenas do país têm sido comum a divulgação de rendas milionárias, com públicos entre 30 mil e 50 mil espectadores. Na Arena Pernambuco o fenômeno começa a se tornar real. Por enquanto ainda apenas com o Náutico…

Náutico 3 x 0 Internacional, Sport 2 x 0 Oeste e Santa Cruz 0 x 2 Baraúnas. Fotos: Ricardo Fernandes e Paulo Paiva, ambos do DP/D.A Press

Os maiores shows do mundo nos estádios pernambucanos

Palco para shows na Arena Pernambuco. Foto: Daniel Leal/DP/D.A Press

A Arena Pernambuco foi concebida no formato “multiuso”, para receber jogos de futebol e shows de grande porte em curtos intervalos de tempo. O primeiro evento musical do empreendimento, agendado para 3 de agosto, será o “Maior Show do Mundo”, com destaque para a gravação do dvd de Cláudia Leitte.

A estrutura será preparada para cobrir o gramado em poucas horas, aumentando o fluxo de pessoas para até 55 mil, entre campo e arquibancadas. A curiosidade foi a montagem da estrutura metálica do palco, mesmo com o jogo Náutico e Internacional, em 28 de julho, liberando o gramado, mas isolando o setor norte do estádio. É o primeiro caso do tipo no estado.

Palco para o show de Paul MacCartney no Arruda, em 2012

A maior multidão em um show local nos últimos tempos aconteceu no Arruda, com dois shows do ex-beatle Paul McCartney. No primeiro, quase 60 mil pessoas tomaram o campo e os dois anéis de arquibancada. A do jogo jogo ficou praticamente livre pela organização do roqueiro, mas o estádio não recebeu jogos no período. A trave, por exemplo, precisou ser retirada.

O aluguel do Mundão custou R$ 1 milhão. Confira como ficou a lotação aqui.

Palco de show na Ilha do Retiro. Crédito: Twitter/sportrecifeA A Ilha do Retiro já recebeu uma edição do “Maior Show do Mundo”, em 2011. Na ocasião, o campo rubro-negro também foi interditado, mas no lado sul. Foi o primeiro grande show no estádio em uma década.

O estádio, cujo aluguel por uma noite rendeu R$ 400 mil ao clube, recebeu 40 mil pessoas no evento. Veja a projeção com a casa cheia aqui.

Show de Faringes da Paixão, nos Aflitos. Crédito: Youtube/reprodução

O estádio dos Aflitos ainda não foi alugado para um grande show. Contudo, na última rodada da Série B de 2011, quando o Timbu confirmou o vice, um palco foi armado para o show de Faringes da Paixão, na comemoração do acesso, com aproximadamente 20 mil pessoas presentes no jogo.

Arena Pernambuco, Aflitos, Arruda e Ilha do Retiro no videogame

Patch da Arena Pernambuco, Aflitos, Arruda e da Ilha do Retiro para o PES 2013. Crédito: Montagem sobre imagens do Youtube

A cada temporada, novos estádios são licenciados e digitalizados nos games de futebol mais populares do mercado, as franquias Fifa Football e Pro Evolution Soccer, com milhões de usuários mundo afora.

Até hoje, nenhum estádio pernambucano ganhou uma versão oficial. No Brasil, nos jogos mais recentes, apenas Vila Belmiro e Morumbi ganharam modelos destacados. Há dez anos o Maracanã também teve espaço nos jogos.

Nem por isso os gamemaníacos perderam a chance de disputar alguns jogos virtuais nos Aflitos, Arruda, Ilha do Retiro e na Arena Pernambuco, recém-inaugurada. Na edição de 2013 é possível num caminho paralelo.

Através de “patchs”, atualizações não oficiais produzidas pelos próprios jogadores, os estádios foram criados, somados aos gritos de guerra dos clubes e narrações nacionais, também populares nesses arquivos complementares.

No patch do PES 2013 os quatro estádios estão disponíveis, além do Santa Cruz, que não havia sido licenciado, ao contrário dos rivais. Sobre os quatro palcos, impressiona o nível gráfico dos Aflitos e da Arena, carregados de detalhes, numa obra de Eduardo Côrte-Real, torcedor timbu.

Assista aos vídeos dos quatro estádios. Num futuro breve, quem sabe todos eles não ganham desenhos das próprias produtoras, Konami e EA Sports.

Arena Pernambuco (Eduardo Côrte-Real)

Aflitos (Eduardo Côrte-Real)

Arruda (BMPes)

Ilha do Retiro (ProtagonistaGames)

Ordem invertida na Ilha. Primeiro o gramado, depois a drenagem

Sistema de drenagem da Ilha do Retiro em 2013. Foto: Brenno Costa/DP/D.A Press

O gramado da Ilha do Retiro foi trocado em janeiro de 2012.

Eram trinta anos desde a última mudança no campo rubro-negro.

O longo tempo levou o piso a um desgaste pleno, apesar da manutenção.

Adubo, irrigação, reposição. Bastava um erro e pronto. Não por acaso o campo chegou a ter sete tipos diferentes de grama…

Mas, ao custo de R$ 300 mil, todo o gramado foi trocado.

Num apressado processo que durou 59 dias, apenas um grama passou a ter vez nos dez mil metros quadrados da área, a bermuda.

Porém, houve uma falha grave, questionada na época…

E o sistema de drenagem? Os alagamentos recorrentes do campo de jogo deixavam claro que todo o sistema estava saturado.

O departamento de engenharia do Sport sabia disso e avisou.

No entanto, havia a certeza de que o estádio viveria seu último ano, uma vez que a arena leonina seria aprovada pela prefeitura da capital.

Por isso, acabou havendo uma economia no sistema de drenagem. Mas as chuvas continuaram castigando o estádio. E a arena continuou travada…

Lembraram, então, da velha necessidade, tão antiga quanto o gramado.

Por R$ 100 mil, um reparo com 1,6 mil metros de tubos e 200 conectores.

O trabalho foi finalizado e poderemos ver a partir de agora a diferença entre um novo sistema e um sistema saturado.

As marcas no campo são as cicatrizes da inversão na ordem das obras. A drenagem, atrasada em um ano e meio, deveria ser anterior ao gramado…

Ilha do Retiro alagada em 2013. Foto: Brenno Costa/DP/D.A Press