Por Blatter, tecnologia no futebol em 2014

Robô

Há um ano, a International Board, órgão regulador das regras do futebol desde 1882, iniciou os testes com equipamentos eletrônicos na linha do gol, para tirar uma dúvida.

“Bola entrou ou não entrou?”

Dez empresas apresentaram sistemas eletrônicos para a avaliação.

O resultado segue sob sigilo da Fifa, mas o presidente da entidade, Joseph Blatter, já deixou claro que a ideia será, enfim, implantada na Copa do Mundo de 2014.

Poderá contar inclusive com câmeras. A declaração foi dada à revista alemã Kicker.

“No Brasil, teremos a tecnologia para a linha do gol. Não podemos voltar a permitir um desastre como o gol não validado da Inglaterra contra a Alemanha. Quando vi aquilo fiquei paralisado.”

Na ocasião, o árbitro uruguaio Jorge Larrionda não viu o gol do inglês Lampard, que teria empatado a disputa contra os germânicos (veja aqui).

A bola havia cruzado a linha em 33 centímetros…

O fato é que a tecnologia está cada vez mais presente no esporte para encerrar dúvidas. No tênis, por exemplo, um sistema 3D mostra se a bola tocou ou não na linha.

Vários outros esportes adotam tecnologias distintas. No futebol, porém, esse avanço sempre foi rechaçado, com a justificativa de que tiraria parte da emoção dos jogos.

Mas, pelo visto, será uma coisa a menos para se preocupar no Mundial do Brasil…

Os três anos mais chatos da história do futebol

Futebol no século XIX

Oficialmente, o futebol foi criado em 26 de outubro de 1863.

Foi neste dia em que representantes de 11 escolas inglesas se reuniram em Londres para unificar as regras do chamado esporte bretão.

A discussão aconteceu na Freemason´s Tavern. No fim daquela noite, com as primeiras regras, também surgiu a The Football Association, a federação da Inglaterra.

Portanto, o 150º aniversário do futebol está próximo. Será em 2013. O post, contudo, relembra uma curiosa transição da regra nos primórdios. Confira outras aqui.

O simples toque de bola à frente só foi oficializado em 1866.

Nos primeiros anos do futebol, qualquer passe em direção ao gol resultava num impedimento. Sim, todos os passes…

Portanto, para avançar com o time, era preciso que um jogador conduzisse a bola o máximo possível e tocasse para algum companheiro, pouco atrás. Esse por sua vez, busca avançar mais que o anterior, tocando novamente. E assim por diante…

O futebol pode ter sido criado em 1863, mas, pelo visto, passou a ficar divertido nos campos britânicos somente a partir de 1866.

E olhe que nessa época nem havia árbitro. Os lances eram decididos pelos capitães…

Qual foi o ano mais chato do futebol, na sua opinião?

Série A, a terceira melhor liga do mundo

 

A Série A do Campeonato Brasileiro é a terceira melhor liga do mundo.

Esta é a posição verde e amarela no ranking elaboradao pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol, IFFHS em inglês, instituição reconhecida pela Fifa.

Abaixo, o top ten. Ao todo, 122 campeonatos foram avaliados em 2011, na divulgação da 20ª lista anual.  Até hoje, a pior posição do Brasileirão foi o 15º lugar em 1991.

Apesar da surpreendente colocação na última temporada, abaixo apenas de Espanha e Inglaterra, a Série A chegou a ser apontada como o segundo melhor torneio do planeta em 1998, quando só somou menos pontos que a Itália, 1.276 x 1.198.

O crescimento da Premier League (Inglaterra) e La Liga (Espanha) na última década tornou a luta brasileira por mais um degrau quase inglória. Não desvaloriza o status.

Não por acaso, o Brasileirão terá, a partir de 2012, as chamadas “supercotas” pelos direitos de transmissão na televisão. Que Náutico e Sport disputem com a consciência de que a permanência é o maior objetivo do ano…

Top 10 das melhores ligas de futebol de IFFHS

Mercado super-hiper-mega-inflacionado, de novo

Dragão

Pela primeira vez na história, a economia do Reino Unido foi ultrapassada por um país da América do Sul. No caso, o Brasil, agora em 6º lugar e com um PIB de US$ 2,4 trilhões.

Foi mais um passo da economia que cresce num ritmo acelerado, abaixo apenas dos insuperáveis chineses. Esse crescimento, porém, acaba explicando o nosso futebol…

O produto interno bruto mais avantajado significa, em parte, um maior poder de compra para o consumidor, inserido em uma classe média maior, apesar da miséria geral.

Poder de compra que acirra a concorrência, a visibilidade midiática e uma série de outras coisas que Tatiana Nascimento sabe explicar muito bem (veja aqui).

Falando em exposição, eis a TV. No caso, a Rede Globo, que, para manter a exclusividade da transmissão aberta da Série A, desembolsou uma cifra bilionária.

Criou as já chamadas “supercotas”. Flamengo e Corinthians, por exemplo, vão ganhar R$ 100 milhões por temporada apenas da televisão… Padrão europeu, na conta corrente.

Em menor grau, Sport e Náutico também foram contemplados com esse aumento, acompanhado de novos patrocínios e receitas renovadas, como quadro de sócios.

Não por acaso, a dupla centenária terá o maior orçamento da história, com mais de R$ 55 milhões para os rubro-negros e R$ 40 milhões para os alvirrubros.

Valores que levam esse contexto econômico a outro estágio, o do trabalhador. No caso do futebol, diante de uma inflação muito acima da média, com pedidos astronômicos.

Jogadores medianos, com dificuldades para armar e desarmar, mas de cabelo “estiloso” e correntes de ouro, pedem sem pestanejar 100 mil reais, fora as luvas de 300 mil.

No caso recifense, somente uma loucura financeira levaria algum dirigente, leonino ou timbu, a acertar bases desse tipo. O problema é a massificação das propostas.

O mercado futebolístico está, sim, super-hiper-mega-inflacionado. Somando salários e marcas agregadas, o santista Neymar já acumula R$ 3 milhões a cada 30 dias.

No entanto, é preciso ter muita calma, sobretudo pelo histórico de valores irreais.

Vale lembrar de 2000, ano em que o país possuía 33 bilhões de dólares em reservas internacionais, contra os atuais 390 bilhões, mas se recuperava após uma crise mundial.

Em janeiro, no Mundial de Clubes, o Vasco acertou por uma temporada com a fenomenal dupla de ataque Romário e Edmundo. Cada um ganhava R$ 450 mil!

O próprio Sport ultrapassou a sua barreira e bancou R$ 120 mil por mês a Celso Roth. Não suportou a carga (de críticas também) e recuou. Tanto que só voltaria a pagar mais de R$ 100 mil por um contratado nove anos depois, com o meia Paulo Baier.

Aquela bolha em 2000, com vários clubes firmando parcerias milionárias (Vasco/Bank of America e Flamengo e Grêmio com a ISL) acabou explodindo. A base era rasa demais.

É óbvio que isso não indica que a atual bolha salarial também vá explodir em breve. Fica, apenas, o aprendizado de que a economia não é eternamente linear, com imaginam jogadores e, principalmente, seus empresários.

A economia de base, commodities, serviços e “futebol” pode ser afetada pelos mais diversos motivos. Então, o superaquecimento via cotas de TV precisa ser contido.

Ou então jamais haveria um crescimento sustentável… Correto, Rei Arthur?

Rei Artur

Mercado esfria na Europa e brasileiros ficam desvalorizados

Confira a lista com as 20 maiores negociações do futebol para a temporada 2011/2012.

Nota-se que o Brasil não emplacou um jogador sequer na lista, ao contrário do que costuma ocorrer. Além disso, o valor máximo foi menos da metade do montante pago pelo Real Madrid ao Manchester United por Cristiano Ronaldo, 94 milhões de euros…

O que ocorreu com a sangria de dinheiro no futebol do Velho Mundo?

Mudança na gestão, via Uefa, ou “pausa” devido ao arrocho econômico do continente?

O ranking abaixo foi produzido pela publicação portuguesa Futebol Finance.

20 maiores negociações no futebol na temporada 2011/2012. Fonte: Futebol Finance

Caro para quem não pode, barato para quem não quer

Amistoso 2011: Brasil x Gana, em Londres. Preços dos ingressos

No gráfico, todos os preços para o amistoso Brasil x Gana, em 5 de setembro, no acanhado estádio Fullham, em Londres.

São apenas 25.700 lugares.

Teoricamente, com a lei da oferta e da procura, considerando o pequeno número de bilhetes à disposição, os preços deveriam ser altíssimos.

Não é exatamente o que acontece…

Os valores variam entre 15 libras (geral para menores de 16 anos) e 30 libras esterlinas, a tradicional moeda inglesa. Convertendo, respectivamente: R$ 39,50 e R$ 79.

Esse amistoso será o 10º jogo do Brasil em Londres desde 2006. Na maioria deles os estádios não tiveram a sua capacidade máxima ocupada.

Paralelamente a isso…

Nos últimos 16 anos, a Seleção Brasileira só atuou uma vez no Recife, em 2009.

Na ocasião, no duelo contra o Paraguai, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, foram 56 mil ingressos à venda no Arruda. Os preços variaram entre R$ 50 (anel superior) e R$ 250 (cadeiras). Todas as entradas foram vendidas, é bom lembrar.

Neste caso, a lei citada acima pode ser aplicada, pois o Brasil da CBF está sempre perambulando na Inglaterra, em jogos relacionados com seus patrocinadores.

Nessa lógica, fica visível a punição ao torcedor brasileiro… Vê pouco e paga caro.

Seleção Brasileira para inglês ver

Londres

Atualmente, a capital da CBF fica no Rio de Janeiro. Já existe um moderno projeto para construir um novo prédio, bem maior, também no Rio.

Mas bem que poderia ser um escritório em algum edifício histórico de Londres…

A resposta é simples. Se tem algo que não surpreende mais na CBF, nos últimos cinco anos, é o anúncio de algum amistoso na Inglaterra.

Desde a Era Dunga, em 2006, o Brasil passou a ser uma figura carimbada por lá.

Agora, sob a batuta de Mano Menezes, a Seleção já vai para o terceiro compromisso na terra da rainha. Como quase sempre ocorre, o English Team não será o adversário.

O rival até tem a língua inglesa como oficial, mas é bem distinto. Trata-se de Gana.

Abaixo, a lista completa de jogos do Brasil na Inglaterra desde 2006, no embalo de contratos com patrocinadores, entre US$ 1,5 mi e US$ 2 milhões por apresentação.

O próximo compromisso do pressionado time do Brasil, no estádio do Fulham (foto), com 25.700 lugares, será o 10º duelo em solo inglês neste período.

Considerando esta partida, serão 9 em Londres, em 4 estádios diferentes. Nessa mesma faixa de tempo, o Brasil só jogou 11 vezes no Brasil. Precisa dizer mais?

03/09/2006 – Brasil 3 x 0 Argentina (Emirates)
05/09/2006 – Brasil 2 x 0 País de Gales (White Hart Lane)
06/02/2007 – Brasil 0 x 2 Portugal (Emirates)
01/06/2007 – Brasil 1 x 1 Inglaterra (Wembley)
26/03/2008 – Brasil 1 x 0 Suécia (Emirates)
10/02/2009 – Brasil 2 x 0 Itália (Emirates)
02/03/2010 – Brasil 2 x 0 Irlanda (Emirates)
11/10/2010 – Brasil 2 x 0 Ucrânia (Pride Park)
27/03/2011 – Brasil 2 x 0 Escócia (Emirates)
05/09/2011 – Brasil x Gana (Craven Cottage)

Em 2012, a overdose, dessa vez justificada, com os Jogos Olímpicos de Londres, para a alegria dos investidores. Desde já, os palcos para o time de futebol Sub 23: Wembley (Londres), Old Trafford (Manchester), St. James Park (Newcastle), City of Coventry (Coventry), Millennium (Cardiff, em Gales), Hampden Park (Glasgow, Escócia).

Saiba mais sobre a origem da expressão “para inglês ver” clicando aqui.

Estádio Craven Cottage, do Fulham, em Londres. Foto: CBF/divulgação

Premier Arruda

James Young, britânico torcedor do Santa Cruz. Foto: Lucas Oliveira/Diario de Pernambuco

Principal campeonato nacional da temporada, a Premier League 2011/2012 começou neste fim de semana. Contratações milionárias, equipes fortíssitmas, expectativa.

Curiosamente, nesta semana, o blog entrevistou dois britânicos para o Diario de Pernambuco, mas sem uma relação direta com o futebol inglês e sim com o brasileiro.

E, sendo ainda mais específico, com o Santa Cruz…

James Armour Young, professor norte-irlandês, 39 anos, torcedor do Manchester City.

Simon Clements, procurador geral inglês, 52 anos, torcedor do Reading.

O primeiro é um ex-mochileiro, que em 2004 desembarcou no Brasil e não saiu mais. Morou em Belo Horizonte, João Pessoa e no Recife. Aqui, encontrou uma paixão surreal.

Viu o Santa Cruz ser rebaixado inúmeras vezes e fracassar na Série D. No embalo disso, passou a torcer pelo clube, viajando e escrevendo sobre o Tricolor em um blog.

“Foi difícil. Teve momentos em que eu parei para refletir, me questionar. O que estava fazendo ali, sofrendo tanto? Gastando R$ 300 e 40 horas de viagem em um ônibus para ver uma derrota como aquela em Sobral. Mas não desisti, não consegui. Sou torcedor mesmo e isso faz parte. Já sofri antes pelo Manchester City, mas não tanto assim”.

O segundo, uma das principais cabeças na organização da segurança londrina no esporte. Simon viu de perto as mudanças no futebol do país após a tragédia de Sheffield, em 1989, com 96 mortos em um estádio superlotado.

No Recife em um intercâmbio com o Juizado do Torcedor de Pernambuco, ele quis conhecer os três estádios. O último foi o Arruda, poucas horas antes do voo de volta.

Ao entrar, a primeira frase, já surpreso: “É quase do tamanho de Wembley”.

“Ver um clube como o Santa Cruz, com um estádio desse tamanho, na quarta divisão e com 40 mil pessoas nos jogos, só mostra o que o futebol é capaz de fazer. É único.”

Certa vez, Bill Shankly, ex-técnico do Liverpool, descreveu o futebol assim:

“O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais importante que isso.”

Simon Clements, procurador geral da Coroa Britânica. Foto: Cecília Sá/Diario de Pernambuco

Gilberto Gil e a improvável torcida pelo Chelsea

Gilberto Gil no Teatro Guararapes, em Olinda, em 2011. Foto: Ivana Moura/divulgação

Não há engano algum no título. Gilberto Gil torce pelo Chelsea Football Club…

No auge da ditadura no Brasil, com o AI-5, os cantores baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso foram acusados de atividades subversivas pelos militares.

Foram presos e, posteriormente, exilados do país. Após breve passagem em Paris, onde não se adaptaram, eles foram para Londres, na Inglaterra. Era 1969.

Casa simples na zona oeste da cidade, a algumas quadras do acanhado estádio Stamford Bridge. A cada fim de semana era a mesma situação, com um mar azul de torcedores, desembarcando na estação, em uma dezena de rotas de ônibus.

Se atualmente o Chelsea virou uma potência não só do país como da Europa, com os milhões de dólares despejados pelo russo Roman Abramovich, dono do clube, naquela época a torcida sofria bastante… Tinha apenas um título nacional, em 1955.

Mas bastou um lema para mudar tudo na vida de Gilberto Gil, então com 27 anos…

“Por cima ou por baixo, mas sempre de azul.”

Encantado pela simplicidade da mensagem, Gil passou a torcer pelo clube. O músico revelou a curiosa paixão no sábado, durante um show no Teatro Guararapes, em Olinda.

“Sempre via aquelas pessoas indo para o campo do Chelsea, perto de casa, sempre otimistas. Aquele azul foi algo importante. Tanto que hoje no Brasil eu sou Cruzeiro.”

Naquela primeira temporada em Londres, Gilberto Gil viu o Chelsea acabar em 5º lugar na liga. Uma boa campanha ajuda a fomentar qualquer paixão…

Segundona Classe A

Os ingleses costumam dizer que a segunda divisão do país é a melhor do mundo.

Clubes organizados, ricos e com estádios de primeira… Cara de elite.

De fato, a estrutura é sensacional. Confira no vídeo abaixo os estádios (arenas) dos 24 clubes que vão participar da temporada 2011/2012 da Segundona da Inglaterra.

E haja tradição. A primeira edição foi em 1893! O hoje milionário Manchester City é o maior vencedor, com 7 troféus. Veja a lista de campeões aqui.

Na última temporada, a média de público do torneio por pontos corridos foi de 17.369 pessoas, com direito à transmissão internacional dos jogos pela TV.

Em 2010, a média da Série A do Campeonato Brasileiro foi de 14.800…