O (novo) calendário da CBF para 2017, com Sul-Americana paralela ao Estadual

O calendário da CBF para 2017 revisado após as mudanças da Conmebol

Quatro meses após a divulgação do calendário oficial do futebol brasileiro em 2017, a CBF teve que lançar um novo cronograma, forçado pelas mudanças efetuadas pela Conmebol, aumentando a Libertadores e a Sul-Americana, em participantes e período de disputa. A confederação brasileira ressalta que ajustes ainda podem ser feitos, mas hoje a única lacuna é a ausência das datas da Copa do Nordeste, ainda numa negociação entre a Liga do Nordeste e as federações estaduais. Reflexo do poder descabido (e alertado pelo blog) dado às federações na versão anterior do calendário, reduzindo a Lampions de 12 para 8 datas, justamente para ampliar os estaduais de 14 para 18 datas.

Enquanto isso, uma certeza: a Copa Sul-Americana começará no primeiro semestre, paralelamente aos Estaduais. No cenário local, com participações recorrentes (6 vezes no período 2013-2016), trata-se de um ponto importante. Ainda mais no quesito “prioridade”, que costumeiramente inibe a campanha internacional durante o Brasileiro (na visão do blog, um erro dos recifenses).

Com a Sula partindo em 5 de abril, na reta final do hexagonal local, fica difícil imaginar um time reserva no torneio em detrimento do Campeonato Pernambucano – ainda mais com a facilidade que o trio tem em relação à classificação à semifinal. Pelo novo calendário da CBF, a fase final dos estaduais ocorreria nos dias 16, 23 e 30 de abril e 7 de maio. Já a primeira fase da Sul-Americana aconteceria nos dias 05/04 e 10/05, com a segunda fase apenas em 28 de julho, com o Brasileirão já na 10ª rodada.

Última rodada do hexagonal do título do Pernambucano
2014 – 30/03
2015 – 05/04
2016 – 10/04
2017 – a definir

Obs 1. Como campeão nordestino de 2016, o Santa Cruz tem direito à vaga na Sul-Americana de 2017. Já o Sport precisa ficar entre onze primeiros da Série A para participar pela 5ª vez. Caso termine em 12º ou 13º, poderia haver uma disputa judicial, uma vez que a Conmebol reduziu de 8 para 6 vagas, com o campeonato nacional em andamento (saiba mais aqui).

Obs 2. Finalmente acabaram, de forma oficial, o regulamento esdrúxulo de condicionar a participação na Sula à eliminação precoce na Copa do Brasil. A partir de agora, o clube poderá disputar os dois torneios simultaneamente.

Abaixo, a agenda até a final dos estaduais. Veja o documento completo aqui.

Calendário do futebol brasileiro em 2017. Crédito: CBF/divulgação

Participação na Libertadores ou na Sula? A partir de 2019, só se tiver time feminino

Troféus da Libertadores e da Sul-Americana

A partir de 2019, todos os clubes que participarem da Taça Libertadores ou da Copa Sul-Americana terão que contar com departamentos de futebol feminino. Sim, para a disputa masculina no continente, também será preciso desenvolver a prática feminina. A ativação da categoria é uma das 41 exigências formuladas para a nova “Licença de Clubes”, criada pela Conmebol e contendo cinco tópicos (esportivo, infraestrutura, administrativo, legal e econômica). Apenas com esta licença o clube estará apto a participar dos torneios continentais. O prazo de execução das medidas está distribuído entre 2018 e 2021.

Entre as punições previstas pela confederação sul-americana, no ato da inscrição nas copas supracitadas, a agremiação poderá ser advertida, receber uma multa ou ter a licença suspensa, cancelada e até negada indefinidamente. Já no ano de estreia da licença serão 24 exigências (confira aqui).

Em relação à norma do departamento feminino, eis a tradução do regulamento:

“O clube solicitante deverá ter um time de futebol feminino na categoria principal ou associar-se a um clube que possua. Além disso, deverá ter ao menos uma categoria de base feminina ou associar-se a um clube que possua. Nos dois casos, o solicitante deverá prover suporte técnico, material esportivo e infraestrutura (campo de jogo e local de treinamento) necessários e em condições adequadas para o desenvolvimento dos dois times. Finalmente, se exige que as equipes participem de competições nacionais e/ou regionais autorizadas pela respectiva associação membro.”

Caso válida anteriormente, a título de curiosidade, a regra teria impedido a participação do Náutico na Sula de 2013 e do Sport em 2015 e 2016.

Vamos à situação atual da categoria nos grandes clubes do Recife…

Náutico
As alvirrubras já foram bicampeãs estaduais (2005/2006), mas passaram quatro anos sem atividade, até 2014, quando um novo grupo foi montado, com 19 jogadoras, no embalo da ativação dos esportes amadores em Rosa e Silva. Além do Pernambucano, onde foi vice em 2015, passou a disputar a Copa do Brasil. Treinam e jogam nos Aflitos, em estado de conservação inadequado desde que o time masculino passou a atuar na Arena Pernambuco, em 2013.

Time feminino do Náutico em 27 de abril de 2015. Foto: Patrícia Lima/Diretoria de Esportes Olímpicos e Amadores do Náutico

Santa Cruz
Após nove anos sem qualquer atividade na categoria, o tricolor reativou o departamento feminino em 2016. Começou com uma peneira no campo do Caxangá Atlético Clube, amplamente divulgada nas redes sociais do clube. Ao todo, 15 meninas foram selecionadas, completando o elenco com as 12 contratadas. Em sua primeira competição, chegou à semifinal do Estadual. O objetivo é participar do Campeonato Brasileiro a partir de 2017.

Time feminino do Santa Cruz em 10 de maio de 2016. Foto: Santa Cruz/site oficial

Sport
Vice-campeão da Copa do Brasil em 2008 e cinco vezes campeão estadual, tendo em sua principal formação a goleira Bárbara, que defendeu a Seleção Brasileira, o time rubro-negro acabou desativado no início de 2015 – apesar da queixa dos torcedores. Os treinos com as meninas eram realizados no campo auxiliar da Ilha, com o gramado em mau estado. Não havia previsão de volta, mas a decisão da Conmebol forçou a reativação.

Time feminino do Sport em 2014.. Foto: Sport/divulgação

Podcast – O novo calendário em 2017, venda de mando e 1ª pesquisa de torcida

Em quase duas horas de gravação, o 45 minutos analisou três pautas em destaque no futebol local nesta semana. Iniciamos com o polêmico acordo feito pelo Santa Cruz, que levou o jogo contra o Corinthians do Arruda para a Arena Pantanal. Valeu o lado financeiro? Fica ou não uma mancha na imagem do clube? O debate seguiu com os novos calendários da Conmebol e da CBF, com mudanças consideráveis na Libertadores, Copa Sul-Americana, Brasileirão e Copa do Brasil. Por fim, um resgate com a primeira a pesquisa de torcida feita pelo Ibope, há 47 anos, no Brasil e em Pernambuco. Avaliamos as diferenças nos dados (atuais) com metodologia, títulos dos clubes e margem de erro

Neste podcast, estou ao lado de Cabral Neto, Celso Ishigami, Fred Figueiroa e João de Andrade Neto. Ouça agora ou quando quiser!

Link dos temas no blog: venda de mando, novo calendário e pesquisa antiga.

CBF projeta G5 para Libertadores, Copa do Brasil encurtada e vaga direta na Sula

Manoel Flores, diretor de competições da CBF, comentando a reforma no calendário brasileiro de 2017. Imagem: CBF/youtube (reprodução)

Dois dias após o anúncio da Conmebol, esticando a Libertadores até dezembro, agora paralela à Copa Sul-Americana, o diretor de competições da CBF, Manoel Flores, comentou, no Rio de Janeiro, sobre as primeiras mudanças no futebol brasileiro em 2017. Com o calendário oficial divulgado em 6 de julho, a mudança sul-americana tornou a agenda inócua (uma nova de ser anunciada na primeira quinzena de outubro). Confira as novidades, com consequências no Recife.

1) Uma possível sexta vaga na Libertadores. Além dos quatro primeiros da Série A, o 5º lugar também seria contemplado (além do campeão da Copa do Brasil, claro). Ou seja, G5 já em 2016. Definição em 2 de outubro, em Bogotá.

2) Fim do bizarro critério de classificação à Sul-Americana atrelado à eliminação precoce na Copa do Brasil. Os representantes do país serão os times colocados no Brasileirão em seguida aos classificados à Libertadores. Manoel Flores não comentou sobre a possibilidade de redução de vagas (hoje, oito) ou a situação das copas regionais (Nordestão e Copa Verde). Lembrando que Santa e Paysandu têm pré-vagas na Sula de 2017. A partir de 2018, cenário nebuloso.

3) Qualquer clube poderá disputar o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e os torneios internacionais (Libertadores ou Copa Sul-Americana). Ou seja, até três torneios simultâneos. A última temporada sem restrições foi a de 2000!

4) Redução da Copa do Brasil. Atualmente composta por 86 clubes e disputada de março a novembro, o torneio será encurtado no número de datas. Exemplo: em vez de quatro semanas para definir uma fase, como costuma ocorrer nas primeiras etapas, apenas duas, otimizando a competição e dando fôlego ao calendário. Ou seja, finalizada em menos de nove meses – e possivelmente concentrada no primeiro semestre, pois a Sula começará em junho.

5) As datas dos campeonatos estaduais devem ser mantidas, indicando a eterna força política das federações. Ou seja, até 18 datas.

6) Férias em dezembro e pré-temporada em janeiro mantidas, assim como a pausa nas competições interclubes para as Eliminatórias da Copa. 

Os públicos internacionais no Recife, com 19 partidas oficiais entre 1968 e 2016

Sul-Americana 2016, oitavas: Santa Cruz 3 x 1 Independiente Medellín. Foto: Wellington Araújo/CBN Recife 105.7 FM

Com a participação do Santa Cruz na Sul-Americana de 2016, o Trio de Ferro completou o ciclo de disputas internacionais, com ao menos uma para cada rival pernambucano. Entretanto, até hoje, uma série de campanhas fracas, com um brilhareco em 2009. Com isso, a ocupação nas arquibancadas seguiu o mesmo ritmo, como comprova o primeiro jogo de um torneio interclubes da Conmebol no Arruda. O retrospecto no Grande Recife conta com 19 jogos, incluindo quatro clássicos, mas nenhum borderô chegou sequer a 30 mil espectadores. No geral, uma média de 13 mil pessoas, que cai consideravelmente no recorte da Sula, com times locais presentes em quatro temporadas consecutivas.

Eis os públicos oficiais de todos os jogos internacionais oficiais no Recife

Taça Libertadores da América (3 participações)
21/01/1968 – Náutico 1 x 3 Palmeiras – 8.004 (Ilha)
11/02/1968 – Náutico 1 x 0 Deportivo Gailicia (VEN) – 7.302 (Ilha)
14/02/1968 – Náutico 3 x 2 Deportivo Portugués (VEN) – 6.513 (Ilha)
02/07/1988 – Sport 0 x 1 Guarani – 27.860 (Ilha)
16/08/1988 – Sport 5 x 0 Alianza (PER) – 15.213 (Ilha)
23/08/1988 – Sport 0 x 0 Universitario (PER) – 22.628 (Ilha)
04/04/2009 – Sport 2 x 0 LDU (EQU) – 20.184 (Ilha)
08/04/2009 – Sport 0 x 2 Palmeiras – 19.386 (Ilha)
22/04/2009 – Sport 2 x 1 Colo Colo (CHI) – 20.050 (Ilha)
12/05/2009 – Sport (1) 1 x 0 (3) Palmeiras – 28.487 (Ilha)

Total – 175.627 torcedores em 10 jogos (média de 17.562)
Sport – 153.808 pessoas em 7 jogos (21.972)
Náutico – 21.819 pessoas em 3 jogos (7.273)

Copa Sul-Americana (6 participações)
20/08/2013 – Sport 2 x 0 Náutico – 16.125 (Ilha)
28/08/2013 – Náutico (1) 2 x 0 (3) Sport – 8.320 (Arena PE)
23/10/2013 – Sport 1 x 2 Libertad (PAR) – 17.575 (Arena PE)
28/08/2014 – Sport 0 x 1 Vitória – 6.025 (Ilha)
27/08/2015 – Sport 4 x 1 Bahia – 8.201 (Ilha)
23/09/2015 – Sport 1 x 1 Huracán (ARG) – 7.726 (Ilha)
24/08/2016 – Santa Cruz 0 x 0 Sport – 5.517 (Arena PE)
31/08/2016 – Sport 0 x 1 Santa Cruz – 6.570 (Arena PE)
28/09/2016 – Santa Cruz 3 x 1 Independiente (COL) – 5.474 (Arruda)

Total – 81.533 torcedores em 9 jogos (média de 9.059)
Sport – 62.222 pessoas em 6 jogos (10.370)
Santa – 10.991 pessoas em 2 jogos (5.495)
Náutico – 8.320 pessoas em 1 jogo (8.320)

Libertadores + Sul-Americana (9 participações)
Total – 257.160 torcedores em 19 jogos (média de 13.534)

Sport – 216.030 pessoas em 13 jogos (16.617)
Náutico – 30.139 pessoas em 4 jogos (7.534)
Santa – 10.991 pessoas em 2 jogos (5.495)

Os estádios aptos à nova final da Taça Libertadores, com Arena PE e Arruda

As 11 bandeiras presentes na Taça Libertadores da América

A partir de 2017, a Taça Libertadores da América poderá ser decidida em apenas uma partida, em campo neutro, emulando o formato em vigor na Liga dos Campeões desde 1956. No cenário sul-americano a novidade levanta discussão acerca da execução, devido à distância (e infraestrutura) entre os dez países membros, além do México, que também participa. Além disso, jogo em campo neutro não é exatamente uma novidade no torneio. De 1960 até 1987, o saldo não era critério. Assim, em caso de igualdade era disputado uma extra num país neutro. Nem sempre com bons públicos. Em 1987, o Estádio Nacional de Santiago recebeu 25 mil pessoas (1/3 da capacidade na época) para o confronto entre Peñarol e América de Cali, com título uruguaio no último minuto da prorrogação.

Para a mudança, um motivo alegado pelo presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, foi a supremacia do mandante do segundo jogo: “Analisando o retrospecto das finais da Libertadores, o mandante do segundo jogo ganhou 70%. A justiça esportiva exige final única e em campo neutro.”

Considerando o regulamento vigente da Liberta (abaixo), exigindo uma capacidade mínima de 40 mil pessoas na final, o blog listou, como curiosidade, 36 canchas possíveis nos países vizinhos. Há ao menos um palco em cada país filiado. No Brasil existem 24 estádios, levando em conta a atual capacidade liberada pelos bombeiros. Arruda e Arena Pernambuco presentes na lista…

Regulamento da Taça Libertadores da América de 2016

Confira outras mudanças na Lubertadores e na Sul-Americana clicando aqui.

Brasil à parte, na América do Sul destaca-se a Argentina, com 13 estádios aptos à finalíssima da Libertadores. Na sequência, Colômbia (5), Venezuela (5), Peru (4), Equador (3), Uruguai (2), Chile (2), Bolívia (1) e Paraguai (1).

Os maiores estádios da América do Sul, excetuando o Brasil

Considerando as novas arenas, inauguradas desde 2013, e estádios remodelados ou antigos (com capacidade reduzida por segurança), até 15 estados brasileiros poderiam receber, em tese, a final da competição. Pela ordem: São Paulo (5), Rio de Janeiro (2), Minas Gerais (2), Rio Grande do Sul (2), Pernambuco (2), Paraná (2), Brasília (1), Ceará (1), Bahia (1), Pará (1), Piauí (1), Amazonas (1), Mato Grosso (1), Goiás (1) e Maranhão (1).

Os maiores estádios do Brasil

Estendendo ao México (convidado desde 1998) a possibilidade de entrar na fila para receber a final, seriam oito palcos fora do continente, incluindo o maior de todos (atualmente), o Azteca, que já recebeu a final da Copa do Mundo em 1970 e 1986. Somando os onze países, portanto, 68 palcos à disposição. pitacos?

Os maiores estádios do México

Libertadores e Sula simultâneas, com mudança à vista no calendário da CBF

Reunião da Conmebol para decidir o formato dos torneios continentais de 2017. Crédito: Conmebol/twitter (@conmebol)

A Conmebol reformulou os formatos e períodos de disputa de Taça Libertadores e da Copa Sul-Americana, numa mudança que será refletida no futebol brasileiro, cujo calendário oficial já foi divulgado pela CBF. Na sede da entidade, em Assunção, foi decidida (texto abaixo, em espanhol) a ampliação de Liberta, que agora irá de fevereiro a novembro, com 15 semanas a mais de duração (42 ao todo). Ou seja, a definição do representante no Mundial de Clubes acontecerá faltando um mês para o torneio da Fifa. Já a Sula finalmente acontecerá de forma paralela ao principal torneio interclubes do continente, durante seis meses, sendo finalizada em dezembro – como já ocorre. Iniciando antes, a Libertadores emulará a transição da Champions League para a Liga Europa, com os dez eliminados de melhor campanha, antes das oitavas de final, sendo incorporados à Sul-Americana. A partir de agora, então, um clube poderá chegar no fim do ano disputando o Brasileiro, a Copa do Brasil e um torneio internacional. Somente!

Segundo Alejandro Domínguez, o presidente da Conmebol, “as mudanças nos torneios de clubes da Conmebol surgem a partir de uma análise técnica e rigorosa das necessidades e características da América do Sul”.

Com a mudança, deve acabar, aleluia, a escolha dos brasileiros entre seguir na Copa do Brasil e disputar a Sula, que ocorrem juntas a partir das oitavas.

“Os clubes não deveriam ter que decidir entre competir o torneio nacional e o continental”, comentou Domínguez. A declaração parece direcionada à CBF, a única a praticar tal norma. Ou então aos times mistos escalados na Sula…

Com isso, as seis vagas da Sula oriundas do Brasileiro (as demais são via Nordestão e Copa Verde) tendem a ser diretas, do 7º ao 12º lugar, sem a necessidade de uma “fila de espera”, como ocorreu de 2013 a 2016 – com queixa recorrente no blog. Caberá à confederação brasileira, portanto, readequar o seu calendário, possivelmente por completo. De antemão, duas alternativas:

1) Qualquer clube poderia disputar a Copa do Brasil simultaneamente à Libertadores ou à Sul-Americana. Com as decisões em períodos próximos, as datas seriam revistas. Em vez de 3 ou 4 datas por fase, apenas 2, no limite. 

2) Os clubes seriam obrigados a fazer uma escolha prévia, entre a copa nacional e o torneio internacional, sem a necessidade de ir a campo e “perder” para confirmar a vaga. Porém, seguindo a afirmação de Domínguez, essa parece ser a vertente mais fraca.

No viés pernambucano, hoje, o Trio de Ferro precisa ficar atento. O Santa Cruz, na condição de campeão regional, já tem a pré-vaga (ou vaga?) para a Sula de 2017. Já o Sport deve buscar o 12º lugar na Série A para ficar na mesma situação. E o Náutico, caso suba, ficaria numa hipotética fila, aguardando desistências (caso os clubes tenham que optar, conforme a segunda alternativa). Complicado? Demais. É o saldo da mistura entre Conmebol e CBF.

Decisão da Conmebol sobre a Libertadores e a Sul-Americana de 2017

Os jogos no exterior de Santa Cruz, Sport e Náutico em torneios da Conmebol

A partida entre Santa e Independiente, em Medellín, completou o ciclo de jogos no exterior do Trio de Ferro. Agora, todos têm experiências em competições oficiais da Conmebol. Um histórico iniciado em 1968, com o Náutico, representando o Brasil como vice da Taça Brasil. Em nove partidas, visitas a Venezuela, Peru, Chile, Equador, Paraguai, Argentina e Colômbia, com 3 vitórias, 1 empate e 5 derrotas, considerando apresentações na Libertadores (1968, 1988 e 2009) e na Sul-Americana (2013-2016). Abaixo, registros de agências fotográficas que cederam imagens ao Diario de Pernambuco ao longo dos anos. Por sinal, nota-se o avanço das imagens, da dificuldade em jogos noturnos, impressões em preto e branco e, enfim, câmeras digitais.

Em relação aos demais países filiados da Conmebol, faltam viagens pernambucanas a Uruguai e Bolívia. Esperamos em breve…

21/09/2016 – Independiente (COL) 2 x 0 Santa Cruz (Sul-Americana, Medellín)
O duelo entre o campeão colombiano e o campeão nordestino foi transmitido para toda a América Latina pelo canal Fox Sports. Em campo, os corais jogaram sem três titulares, sofrendo o segundo gol no finzinho, dificultando bastante o jogo de volta, no Arruda.

Sul-Americana 2016, oitavas de final: Independiente Medellín 2 x 0 Santa Cruz. Foto: Conmebol/twitter (@conmebol)

30/09/2015 – Huracán (ARG) 3 x 0 Sport (Sul-Americana, Buenos Aires)
Após o empate no Recife, com André marcando para o rubro-negro, a igualdade permaneceu durante todo o primeiro tempo em Buenos Aires. Nos 45 minutos finais, porém, três gols do mandante, que posteriormente seria vice na Sula 

Sul-Americana 2015, oitavas de final: Huracán 3x0 Sport

25/09/2013 – Libertad (PAR) 2 x 0 Sport (Sul-Americana, Luque)
O primeiro jogo internacional de um clube do estado pela Sul-Americana inicialmente ocorreria na casa do Libertad, em Assunção, mas mudou de palco porque rubro-negro exigiu o cumprimento do regulamento, que demandava uma capacidade mínima de 10 mil. A Conmebol atendeu. Em campo, não adiantou. Na volta, reservas e outro revés.

Sul-Americana 2013, oitavas de final: Libertad 2 x 0 Sport

29/04/2009 – LDU (EQU) 2 x 3 Sport (Libertadores, Quito)
Com dois gols de Andrade, o Leão virou o jogo sobre o atual campeão continental e terminou na liderança do “grupo da morte”. Foi a primeira vitória de um clube brasileiro no estádio Casa Blanca em jogos na Libertadores.

Libertadores 2009, LDU 2x3 Sport

18/02/2009 – Colo Colo (CHI) 1 x 2 Sport (Libertadores, Santiago)
O jogo (e estreia) teve a presença de 1.800 torcedores rubro-negros no estádio David Arellano, o recorde de uma torcida estrangeira no local até então, superando o Boca Juniors. A vitória veio com gols dos atacantes Ciro e Wilson.

Libertadores 2009, fase de grupos: Colo Colo 1x2 Sport

22/07/1988 – Alianza (PER) 0 x 1 Sport (Libertadores, Lima)
De muito longe, o lateral-direito Betão marcou o solitário gol da vitória leonina, num jogo transmitido ao vivo para o Recife, pela Globo Nordeste. O resultado deu sobrevida à primeira campanha internacional do rubro-negro.

Libertadores 1988, fase de grupos: Alianza 0x1 Sport

18/07/1988 – Universitario (PER) 1 x 0 Sport (Libertadores, Lima)
Foi a segunda derrota seguida do time pernambucano na competição, pressionando bastante o jogo seguinte. No fim daquela campanha, perderia a vaga justamente para o Universitario, com um empate sem gols em casa.

Libertadores 1988, fase de grupos: Universitario 1x0 Sport

31/01/1968 – Deportivo Galicia (VEN) 2 x 1 Náutico (Libertadores, Caracas)
O segundo gol do Galicia foi irregular, segundo relato do jornal na época. Com status de vice-campeão brasileiro, o Timbu decepcionou em solo venezuelano, com críticas da crônica esportiva recifense pelos dois jogos sem vitória por lá.

Libertadores 1968: Deportivo Galicia 2 x 1 Náutico. Foto: Arquivo/DP

27/01/1968 – Deportivo Portugués (VEN) 1 x 1 Náutico (Libertadores, Caracas)
O meia Ivan Brondi, atual presidente do clube alvirrubro, empatou o jogo, garantindo o primeiro ponto do clube no grupo 5 da Liberta.

Libertadores 1968: Deportivo Portugués 1 x 1 Náutico. Foto: Arquivo/DP

Os resquícios do narcotráfico em sete clubes do futebol colombiano

O envolvimento de Pablo Escobar com o futebol colombiano

“Aquele que apitar mal, nós eliminamos”

“As lágrimas vieram porque o futebol estava morrendo um pouco….”

No embalo da primeira incursão do futebol pernambucano na Colômbia, através do Santa Cruz, nas oitavas da Copa Sul-Americana, vamos a um relato histórico do esporte no país, envolvido com o narcotráfico. Inclusive o adversário coral, o Independiente de Medellín, com ninguém menos que o “El Patrón”, Pablo Escobar. O texto a seguir é uma tradução da reportagem do jornal Marca, publicada em 9 de setembro de 2015 (entre parênteses, observações do blog).

O futebol colombiano ainda vive hoje um pouco à sombra de um passado obscuro, quando, nos anos 80, os narcotraficantes tomaram conta do esporte, dirigindo clubes e contratando grandes jogadores, até então impensáveis para o futebol local. Pablo Escobar e companhia usaram o esporte das massas para ganhar popularidade entre o povo colombiano, lavar dinheiro do tráfico e também com o fim mórbido de levar a guerra do narco aos campos de jogos.

Unión Magdalena
O Unión Magdalena foi o primeiro clube colombiano a contar com dinheiro ilícito da droga. No fim da década de 1970, os irmãos Dávila Armenta, suspeitos de traficar maconha na época, salvaram o clube do rebaixamento e ainda o levaram à disputa do título em 1979 (após uma ótima primeira fase, o clube acabaria na 4ª posição geral, com o jejum de títulos em vigor desde 1968).

Atlético Nacional
O Nacional de Medellín foi o “time de excelência” de Pablo de Escobar, considerado o narcotraficante mais poderoso da história da Colômbia. Em 1989, o clube ganhou uma Libertadores (a primeira do país) envolta em polêmica devido à alegação de manipulação do torneio por parte de Escobar. Tal era o descaramento na relação com Escobar que vários jogadores visitavam o traficante em sua prisão domiciliar para jogar uma pelada com ele (o clube voltou a conquistar a Libertadores em 2016, já sem a sombra do Patrón).

O envolvimento de Pablo Escobar com o futebol colombiano

Independiente Santa Fé
Em 1989, Fernando Carrillo Vallejo, acusado nos Estados Unidos de narcotráfico e dono de uma cadeia de farmácias que funcionavam na verdade como refinamento de cocaína, comprou a maioria das ações do Santa Fé. Em 1991, tornou-se propriedade de Phanor Arizabaleta, o 5º homem mais importante do cartel de Cali. Também se meteram no clube Daniel ‘El Loco’ Barrera e Efraín Hernández ‘Don Efra’.

Millionarios
Em 1983, Hermos Tamayo presidiu o clube. Também foi proprietário de um carregamento de duas toneladas de cloridrato de cocaína em Barranquilla. Em 1986 os advogados Germán e Guillermo Gomez tiveram cargos no clubes, até que Guillermo fosse assassinado por Gonzalo Rodríguez Gacha ‘El Mexicano’, que investiria no clube até fazê-lo novamente campeão nacional. (o que ocorreria em 1987 e 1988, após iniciar um hiato de taças até 2012). ‘El Mexicano’ foi um dos narcotraficantes mais sanguinários e poderosos da Colômbia.

América de Cali
Este clube foi dirigido nos anos 80 e 90 por Miguel Rodríguez Orejuela, líder do cartel de Cali e arqui-inimigo de Pablo Escobar. A partir de 1995, começaram os julgamentos contra Rodríguez e o clube foi acumulando dívidas, despedindo-se de uma gloriosa época (foi pentacampeão colombiano, de 1982 a 1986, um recorde histórico, e também alcançou a final da Libertadores em quatro oportunidades, todas como vice).

Deportivo Independiente Medellin
Héctor Mesa, narcotraficante do cartel de Medellín, foi acionista majoritário do DIM nos anos 80. Mais tarde também teve influência no clube Pablo Escobar, apesar de ser torcedor do Atlético Nacional (ao contrário do que diz o filho do traficante, que aponta Escobar como “hincha” do DIM).

Deportivo Pereira
O Pereira foi controlado nos anos 80 por Octavio Piedrahíta, um narcotraficante que os Estados Unidos tentou extraditar, mas antes foi assassinado em Medellín em 1998 (a melhor campanha do clube – jamais campeão – no período de Octavio foi um 4º lugar em 1982).

O envolvimento de Pablo Escobar com o futebol colombiano

Atlético Nacional é bicampeão da Taça Libertadores e unifica títulos da Colômbia

Libertadores 2016, final: Atlético Nacional 1 x 0 Independiente Del Valle. Foto: Conmebol/site oficial

O Atlético Nacional fez a melhor campanha na fase de grupos e seguiu impossível no mata-mata, conquistando o bicampeonato da Libertadores com a maior pontuação da história, 33 pontos. Em 2016, 10 vitórias, 3 empates e apenas 1 derrota. Teve o melhor ataque, com 25 gols, sofrendo apenas 6 tentos, o primeiro deles na sétima partida! Um campeão maiúsculo.

À parte de alguns erros graves na arbitragem, o time de Medellín de fato jogou muito bem do começo ao fim, superando a partir das oitavas de final o Huracán, Rosario Central, São Paulo e o modesto Independiente del Valle, do Equador, na decisão, 1 x 0. Na arrancada, quem brilhou foi o atacante Miguel Borja, de 23 anos, comprado pelo Verdolaga por US$ 1,5 milhão. Já está pago. 

Ranking de países campeões da Libertadores 1960-2016. Arte: wiki

O Nacional repetiu o feito de 1989, na época com o folclórico goleiro Higuita. Ao todo, foi a terceira Liberta vencida pelo futebol colombiano, somando ainda o título do Once Caldas em 2004. Agora, o país só está atrás de Argentina, Brasil e Uruguai. O momento atual, aliás, é pra lá de positivo, uma vez que a Colômbia também detém o título da Copa Sul-Americana, com Santa Fé, em 2015. 

Santa Fé e Atlético Nacional estão na Sula de 2016. Pelo chaveamento, no caminho de Sport ou Santa Cruz. Nas quartas e na semifinal…

Libertadores 2016, final: Atlético Nacional 1 x 0 Independiente Del Valle. Foto: Conmebol/twitter (@conmebol)