Em um Clássico das Multidões de pouca emoção, empate classifica o Santa Cruz

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

O Clássico das Multidões só teve emoção no primeiro tempo. Aliás, foi até instigado, com sete oportunidades claras de gol, sendo quatro dos corais e três dos rubro-negros. Entre boas defesas de Danilo Fernandes e Tiago Cardoso e vacilos cara a cara de Grafite e Vinícius Araújo, apenas um lance foi parar nas redes, com Keno. Se o empate já servia, a vitória parcial acabava a inhaca do Tricolor em clássicos na temporada. Na volta do intervalo, porém, o ritmo no Arruda caiu bastante, com apenas duas oportunidades efetivas, já considerando o gol contra de Grafa, desviando de cabeça um escanteio pela esquerda.

Com a igualdade no placar, restava mais de meia hora no confronto, que a partir dali ficou restrito a reclamações em dois lances capitais. Primeiro com uma mão na bola de Samuel Xavier dentro da área, após cobrança de falta de Daniel Costa, e no fim com o impedimento inexistente em Maicon, com o gol vazio para desempatar. Mas, para se ter uma ideia do clima ameno àquela altura, o grito nem foi tão alto após o 1 x 1, com algumas vaias e gás guardado para futuros embates. Afinal, o mandante, escalado de forma ofensiva, confirmou a vaga à semifinal estadual, mesmo com apenas duas vitórias, e o visitante, com testes pontuais, manteve o ânimo em alta para a semifinal do Nordestão.

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Ainda sobre o jogo, é possível destacar alguns pontos positivos, voltando novamente ao primeiro tempo. Keno, a melhor contratação coral no ano, ganhou muita liberdade com Milton Mendes. Tabelando e infiltrando pela esquerda, mostra que é o dono da posição. Já Grafite ainda não brilhou na competição, mas mostrou outra vez que aparece em grandes jogos. Armando, como pivô, finalizando – infelizmente, acabaria “penalizado” na segunda etapa. No Leão, que sequer teve Falcão na área técnica (suspenso), o destaque foi, acredite, Mark González. Não pelo nível técnico, mas pela inatividade.

Após 68 dias de molho, o chileno atuou 69 minutos, muito bem. E só saiu porque o resultado não tinha tanto peso ao Leão – o América não venceu o Central, o que já classificava o Santa. Se apresentou como uma peça interessante contra o Campinense. Ainda é digno de registro que o jogo também valeu pelo Troféu Givanildo Oliveira, em homenagem ao centenário do Clássico das Multidões. Com o regulamento simples, a soma dos confrontos oficiais em 2016, o Sport agora tem 4 pontos e o Santa tem 1. Mais dois jogos estão garantidos, na Série A. Quem sabe a lista não aumenta com as finais do Nordestão e Estadual? Aí, provavelmente, a cronometragem de emoção será bem mais extensa…

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Em jogo sofrível, Santa avança na Copa do Brasil e garante cota de R$ 480 mil

Copa do Brasil 2016, 1ª fase: Santa Cruz x Rio Branco-ES. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O Santa Cruz foi protocolar diante do Rio Branco. Segurou a vantagem mínima construída em Cariacica e avançou à segunda fase da Copa do Brasil. Porém, não escapou das vaias, ecoando num Arruda com apenas 2.690 pessoas. Reflexo do mau futebol, sem qualquer intensidade ou imposição tática. De fato, o técnico Milton Mendes escalou um time alternativo, semelhante ao montado pelo ex, Marcelo Martelotte, no jogo de ida, mas desta vez o que se viu foi um adversário (fraco e em má fase) criando mais chances reais de gol.

O empate em 0 x 0 garantiu a cota de participação de R$ 480 mil pela segunda fase – que poderá ser um clássico contra o Náutico – , engordando a conta com os R$ 420 mil pelo primeiro mata-mata. A atuação nesta noite quase pôs a perder a necessária receita, uma vez que o adversário capixaba chegou com perigo três vezes, uma delas num verdadeiro gol de cego. Dos jogadores que ganharam oportunidade, poucos aproveitaram a chance. Edson Kolln foi um deles, mas na prática não faz tanta diferença, pois o dono da posição é simplesmente Tiago Cardoso. Everton Sena parecia mais ligado que Alemão. Já Léo Moura entrou no meio-campo, mas custou a acertar um passe vertical.

Na frente, Bruno Moraes teve outra atuação apagada, pior que no Castelão. Também vale o registro para os 19 minutos em que Ítalo esteve em campo. O atacante entrou aos 37 do primeiro tempo, como lateral, e foi substituído aos 11 do segundo, numa troca que a torcida não aceitou – por expor o jogador, claro. No fim, acabou sendo um teste com alguma dose não esperada de perigo. Um preparatório para uma sequência de decisões, sem direito a apatia.

Copa do Brasil 2016, 1ª fase: Santa Cruz x Rio Branco-ES. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Resumo da 9ª rodada do Pernambucano

Pernambucano 2016, 9ª rodada: Náutico 3x0 Central, Sport 0x1 Salgueiro e América 0x0 Santa. Fotos: Rafael Martins (Arena) e Peu Ricardo/Esp. Dp (jogos na Ilha), ambos do DP

A penúltima rodada do hexagonal do título do Estadual começou em 26 de março, com o insosso empate entre América e Santa na Ilha (1.158 pessoas), seguindo no dia seguinte com a vitória do Salgueiro sobre o Sport, no mesmo local (com 4.370 espectadores), e só acabou no dia 3 de abril, com o tranquilo triunfo do Náutico sobre o Central, na Arena Pernambuco (com 4.014 torcedores). A uma rodada do desfecho da fase, restam duas disputa: pela liderança (Timbu ou Carcará) e a mais importante, pela quarta vaga (Santa ou Mequinha). O Leão está no “limbo”, com a terceira colocação confirmada.

Hoje, as semifinais de 2016 seriam Náutico x Santa Cruz e Salgueiro x Sport.

Em 27 jogos nesta fase do #PE2016 saíram 56 gols, com média de 2,33. Em relação à artilharia, que a FPF considera apenas os dados do hexagonal e o mata-mata, o zagueiro Ronaldo Alves, do Náutico, lidera com 5 gols.

América 0 x 0 Santa Cruz – Um jogo fraco, de poucas emoções, mas que valia muito. Melhor para o Mequinha, que se manteve vivo, de forma surpreendente.

Sport 0 x 1 Salgueiro – Falcão bancou o time titular e acabou vaiado, após uam atuação apática, com mais uma derrota para o novo carrasco, o Carcará.

Náutico 3 x 0 Central – O resultado era esperado. Tanto que Dal Pozzo poupou até o goleiro titular. O descontrole dos alvinegros só facilitou a situação.

Destaque: Daniel Morais. Perdeu a vaga no começo da competição, mas voltou, marcou no Clássico das Emoções e anotou mais dois contra a Patativa

Carcaça: Grafite. O centroavante perdeu duas chances incríveis, na pequena área, colaborando para o tropeço, que deixou a vaga coral ameaçada.

Próxima rodada
10/04 (16h00) – Santa Cruz x Sport, Arruda
10/04 (16h00) – Salgueiro x Náutico, Cornélio de Barros
10/05 (16h00) – Central x América, Lacerdão

A classificação atualizada do hexagonal do título após a 9ª rodada.

A classificação do hexagonal do título do Pernambucano 2016 após 9 rodadas. Crédito: Superesportes

Santa Cruz vence o Ceará no Castelão e vai pela 3ª vez à semifinal da Lampions

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Ceará 0x1 Santa Cruz. Foto: LC Moreira/Estadão conteúdo

O Santa Cruz conquistou uma heroica classificação no Castelão. Depois de salvar a bola na linha duas vezes, com Danny Morais, e até um pênalti, com Tiago Cardoso, a Cobra Coral deu o bote no finzinho, com Wallyson aproveitando uma das poucas oportunidades na partida para mandar para as redes e decretar a vitória por 1 x 0. Após cambalear na primeira fase, resultando até na troca de treinador, o time mostrou raça para eliminar o atual campeão e chegar à semifinal da Copa do Nordeste pela terceira vez (2002, 2014 e 2016).

Estreante do dia, Milton Mendes fez mudanças pontuais, mas organizou o time para uma atuação bem específica, que se adaptou durante o jogo, tamanha a falta de criatividade do adversário. O Ceará foi um time de uma nota só, alçando bolas na área sem parar. Somente no primeiro tempo o scout apontou 18 x 6 em tentativas, nenhuma com sucesso. Além disso, tinha a posse de bola, e isso incomodou o novo comandante tricolor. Jogar na defesa, tendo 40% de posse, significava chamar o alvinegro para um bombardeiro. Mas quase não ocorreu.

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Ceará 0x1 Santa Cruz. Foto: LC Moreira/Futura Press/Folhapress

O “quase” se aplica uma faixa de cinco minutos, a partir dos 25 do segundo tempo, quando Allan Vieira derrubou Roni na grande área. Tiago Cardoso fez uma defesa monstruosa, defendendo a 5ª penalidade pelo clube. Na sequência, mais duas ótimas defesas na base do abafa, lances que deram confiança ao time e à torcida, tamanha dedicação em campo. A situação só começou a ser acalmar quando Rafael Costa, que desperdiçara o pênalti, perdeu a cabeça e foi expulso. Àquela altura, o Santa esperava uma brecha para o contragolpe

Com um a mais, bem postado na defesa – João Paulo se doou bastante na marcação – e diante de um time sem variação de jogadas, o Tricolor encaminhou a vaga, decidida aos 42 minutos, no lance puxado por Wallyson – mudança oportuna no intervalo, substituindo Bruno Moraes, que vinha brigando com a bola. Para chegar a uma inédita decisão, os corais terão pela frente o Bahia, tradicional rival, já com dois jogos na primeira fase, ambos vencidos pelos tricolores de Salvador. Agora, o ambiente no Arruda está ascendente, o que parecia improvável nesta campanha. Enfim, com a cara do Santa.

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Ceará 0x1 Santa Cruz. Foto: Christian Alekson/CearaSC.com

Keno comanda a virada do Santa sobre o Ceará, agora com vantagem no Castelão

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Santa Cruz 2x1 Ceará. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O gol de Rafael Costa, aos 23 minutos, deixou a já desconfiada torcida tricolor irritada além da conta. Se coletivamente o time já vinha tendo sérias restrições nesta temporada, imagine com uma falha individual clamorosa, como a do zagueiro Leonardo, que protegeu a bola na linha de fundo e acabou desarmado dentro da área. Dois segundos depois a bola já estava nas redes de Tiago Cardoso. Um lance capital para deixar o jogo perigoso quase dramático.

Ainda comandado de forma interina, por Adriano Teixeira, o time já estava sob os olhares do técnico Milton Mendes, instalado num camarote e atento à performance. Em campo, a formação era a mesma que empatara com o Mequinha. Apesar do tropeço, não havia sido uma má formação, que se justificou com o decorrer do jogo de ida das quartas do Nordestão, contra o Ceará, também em crise técnica e sem técnico. Os corais pressionaram ainda no primeiro tempo, com Grafite desperdiçando duas boas chances.

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Santa Cruz 2x1 Ceará. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Pois é, o time até estava se infiltrando na área cearense, mas no abafa. A reação de fato ficaria após o intervalo, numa faixa bem específica do campo: a ponta esquerda. Melhor jogador do Santa no ano, o atacante Keno foi o nome da virada no placar no clássico regional. Logo na retomada, ele aproveitou a boa jogada de Wallyson, que havia recebido de Grafite e driblado o goleiro. Antes do chute, Keno apareceu de surpresa e empurrou para as redes. Era o empate, com os 9.563 torcedores empurrando em busca da vantagem em Fortaleza.

Até porque o Vozão não abdicou do jogo, buscando o segundo gol. O resultado (ruim, devido ao critério de desempate) parecia definido, quando, aos 46, Keno driblou o zagueiro e bateu no ângulo, 2 x 1. Golaço, revertendo aquele ceticismo de uma hora antes. Um gol para pavimentar o trabalho de Milton Mendes, cuja estreia será no Castelão. Com um empate, o Tricolor estará na semifinal. Eis a hora para outra palavra voltar a fazer parte do vocabulário coral, confiança.

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Santa Cruz 2x1 Ceará. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Uefa Pro, o nível máximo de formação dos técnicos na Europa. Agora, no Arruda

Diploma de Milton Mendes com o ais alto nível do curso da Uefa. Crédito: Milton Mendes/Arquivo pessoal

O Santa Cruz anunciou Milton Mendes como técnico para a Série A de 2016. Com um bom trabalho no Atlético-PR, o seu perfil apresenta uma formação teórica acima da média dos treinadores do país, com a realização de todos os cursos possíveis na Uefa, onde chegou ao quarto nível, com o diploma Uefa Pro, em 2009 (foto abaixo). Hoje, o documento é uma exigência para trabalhar profissionalmente na Europa. Desde 2010 a entidade exige a licença máxima nas cinco principais ligas nacionais (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França). Em outros campeonatos tradicionais, basta o “nível A”.

Na Premier League, até nomes tarimbados tiveram que cumprir a determinação, como Alex Ferguson, Arsene Wenger, Sven-Goran Eriksson e Rafa Benitez. Segundo a FA, a federação inglesa, o “curso é designado para preparar gestores e técnicos para o trabalho no nível máximo”, com 240 horas de duração, com 90 horas de aulas práticas, incluindo questões técnicas e visitas a clubes e, em algumas ocasiões, estágios com treinadores renomados (e já licenciados). Em todos os casos, o Uefa Pro precisa ser renovado a cada três anos.

Uma reportagem da BBC, de Londres, da época da formação de Milton Mendes, aponta os 16 tópicos de estudos para os treinadores. Ao todo, existem quatro níveis junto à união europeia de futebol. No caso de Mendes, a inscrição ocorreu através da federação portuguesa. O primeiro módulo, o maior, dura oito meses, com teorias para melhorar estratégias táticas, o ambiente do elenco e a forma de se comunicar, extrair o potencial do principal jogador do time etc.

Influência sobre atletas profissionais
Estilos de jogo
Análise dos principais pontos do jogo
Preparação mental
Medicina esportiva
Treinamentos especializados
Relação entre jogo e treino
Aptidão e condicionamento físico
Meios de comunicação e tecnologia
Ética e código de conduta
Gestão de negócios
Estrutura do clube
Contratos e agentes
Planejamento de descanso e regenerativo
Visitas de estudo
Trabalho prático e resolução de problemas

A formação de Milton Mendes, intercalada por trabalhos em times portugueses da 2ª e 1ª divisões e equipes catarianas, durou quase uma década. Foi finalizada com a pós-graduação em 2012, já voltada aos “profissionais de elite”.

2002 – 1º nível (Uefa)
2003 – 2º nível (Basic Uefa)
2008 – 3º nível (Uefa A)
2009 – 4º nível (Uefa Pro) 

A CBF também realiza um curso de técnicos, dividido em cinco níveis. À parte da pós-graduação, o nível profissional é voltado para ex-jogadores e treinadores com a licença B. As aulas práticas são realizadas na Granja Comary, em Teresópolis. Neste cenários, eis as disciplinas: preparação física e fisiologia do futebol profissional; psicologia do esporte no futebol profissional; treinamento de campo no futebol profissional; prática e análise do treinamento de campo; legislação esportiva aplicada III; e medicina esportiva no futebol profissional.

Pro – Excelência (370 horas)
A – Futebol profissional (250 horas)
B – Categoria de base (185 horas)
C – Escolinha (140 horas)
D – Projetos sociais

Curso de treinadores de Milton Mendes em 2009. Crédito: Milton Mendes/arquivo pessoal