Com arrancada empolgante, o Santa Cruz conclui a sua caminhada à Série A

Série A 2015, 37ª rodada: Mogi Mirim x Santa Cruz. Foto: Yuri de Lira/DP/D.A Press

Chegou o Dia A. Após uma década perambulando em todos os cantos do país em uma provação para toda a vida, o Santa Cruz chegou lá. Apoiado por 1.400 tricolores em Itu, literalmente toda a torcida presente, o Tricolor goleou o Mogi Mirim e confirmou a arrancada na Série B, com cinco vitórias seguidas. O futebol competitivo visto na Fonte Nova e no Engenhão apareceu no segundo tempo de um sábado tenso, natural em um jogo tão importante para uma geração de corais. Uma história que passou a ser acompanhada por quem gosta de futebol no país, que, aliás, assistiu ao vivo na tevê aberta.

Lá no Novelli Júnior, ainda pela manhã começara a ocupação do povão, que viajou do Recife, pousou em São Paulo e encarou 102 quilômetros de ônibus. Tudo para ver in loco ao renascimento do clube das multidões. Essa ansiedade era geral, se estendendo aos jogadores. Bastava uma vitória simples diante de um adversário rebaixado, sem vitória há doze rodadas. Na teoria, ok. Em campo, era preciso a seriedade que se tornou uma marca do time comandado por Marcelo Martelotte, mas a ansiedade atrapalhou.

Série A 2015, 37ª rodada: Mogi Mirim x Santa Cruz. Foto: LUCIANO CLAUDINO/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

Mais do que orientação tática, o técnico gastou a voz pedindo calma ao time, visivelmente tenso com a possibilidade tão real de obter o acesso. Apesar da lanterna, o Mogi Mirim correu mais que de costume. Parecia animado com incentivo financeiro dos adversários do Tricolor. A irritação do treinador coral foi assimilada pelo time, que desceu unido para o vestiário, consciente da situação. O time voltou muito bem, dominando as ações, investindo bem pelo lado esquerdo e deixando o Mogi sem reação.

Lembrou a atuação diante do Botafogo, até porque foram três gols na segunda etapa, cravando o 3 x 0. De pênalti com Daniel Costa e outros dois de rebote com Bruno Moraes (no lugar do suspenso Grafite, símbolo-mor dessa campanha) e Bileu. Festa em São Paulo, festa em Pernambuco, festa do povão. O Santa Cruz está no Brasileirão de 2016. Da D pra A, no campo. Com todos os méritos. Parabéns aos tricolores!

Série A 2015, 37ª rodada: Mogi Mirim x Santa Cruz. Foto: LUCIANO CLAUDINO/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

Santa Cruz vence o Mogi Mirim com Grafite decidindo outra vez no Arruda

Série B 2015, 18ª rodada: Santa Cruz x Mogi Mirim. Foto: Rafael Martins/DP/D.A Press

Antes dos trinta minutos o Santa já havia virado o placar. O Mogi Mirim, bem diferente do outrora “rebaixado” nas primeiras rodadas da Série B, marcou aos 13, após uma falha de posicionamento dos corais, com Geovane aproveitando o rebote de Tiago Cardoso. Entretanto, não houve afobação e não houve pressa em jogar, até mesmo pelo campo pesado com a chuva que teima em cair nos jogos do Tricolor. Mas, curiosamente, a situação melhorou rapidamente.

Os gols saíram com Grafite (dois gols de cabeça em três finalizações até aqui, num rendimento excelente) e Anderson Aquino chegando a dez gols na competição. Cobrou um pênalti após a bisonha falta cometida pelo time paulista. O placar de 2 x 1 seria mantido até o final, uma vez que o segundo tempo foi fraco tecnicamente. Com o time de Martelotte satisfeito com o resultado, o visitante, sem Rivaldo e ainda na zona de rebaixamento, precisava se expor. E nem isso aconteceu, com uma timidez ofensiva.

Na noite em que os veteranos laterais Lúcio (esquerdo) e Vitor (direito) jogaram, não haveria (em tese) força para um contragolpe. Na reta final, coube a Grafite dar um belo passe, deixando Luisinho livre, mas bateu por cima. Ao menos o lance deixou claro que que o investimento no ídolo se pagará rapidamente através do nível técnico. A terceira vitória em quatro rodadas, deixou o Santa na entrada do G4. Está na briga, mas em breve precisará aumentar o ritmo.

Série B 2015, 18ª rodada: Santa Cruz x Mogi Mirim. Foto: Rafael Martins/DP/D.A Press

Gols de Rivaldo e Rivaldo Júnior no mesmo jogo entram para a história

Série B 2015: Mogi Mirim 3x1 Macaé, com gols de Rivaldo e Rivaldo Júnior (2). Foto: LéO SANTOS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Rivaldo não cansa de fazer história no futebol. Camisa 10 legítimo, o pernambucano foi eleito o melhor jogador do mundo em 1999, campeão da Copa do Mundo em 2002, brilhando na Ásia, além do amplo destaque enquanto vestiu a camisa do Barcelona. O currículo é extenso. E aos 43 anos o craque escreveu mais um capítulo. Há alguns anos, no Mogi Mirim, onde também exerce a função de presidente, já havia realizado o sonho de atuar ao lado do filho, Rivaldo Júnior, hoje com 20 anos e oriundo da base do clube.

Agora, em 14 de julho de 2015, os dois foram além. Se já era raro pai e filho em campo, com o episódio mais famoso ocorrido em uma partida da seleção da Islândia, em 1996, imagine com ambos marcando gols. Pois aconteceu. No 3 x 1 do Mogi sobre o Macaé, pela Série B, a dupla teve um primeiro tempo primoroso, com dois gols de Rivaldinho, nascido em São Paulo, e um de Rivaldo, natural de Paulista, cobrando pênalti no seu velho estilo.

No intervalo, já com a história escrita, ambos demonstraram plena satisfação.

“Acho que entrei para a história. Já tinha ouvido em pai e filho jogando juntos, mas nunca ouvi de pai e filho fazendo gols em uma partida oficial”, Rivaldo.

“Poucos têm a sorte de ter um campeão do mundo em casa”, Rivaldinho.

É mesmo um cenário inédito no futebol mundial? Certamente, o episódio deu trabalho às redações esportivas, no Brasil e no exterior, com os jornalistas mergulhando nos arquivos para encontrar um caso semelhante. O último encontrado, através do perfil estatístico MisterChip, ocorreu em uma liga amadora da Inglaterra, reconhecida pela Football Association. Em 14 de novembro de 2010, nos arredores de Manchester, Osman e Naeem Sidik marcaram para o Whalley Range, ajudando a equipe a ganhar a liga de Lancashire & Cheshire, uma das bases do campeonato inglês.

Posteriormente, o site Trivela achou mais um registro, na Finlândia, com o soviético Alexei Eremenko (40) e seu filho, Roman Eremenko (17), balançando as redes na vitória do Jaro sobre o Lahti por 2 x 1, pela liga nacional de 2004. Ineditismo à parte, francamente, em caso de comparação a marca de Rivaldo, revelado no Santa Cruz, merece uma consideração bem maior, proporcional ao centro estabelecido, realmente profissional…

Série B 2015: Mogi Mirim 3x1 Macaé, com gols de Rivaldo e Rivaldo Júnior (2). Foto: Mogi Mirim/Facebook

A 11ª classificação da Segundona 2015

Classificação da Série B 2015 após a 11ª rodada. Crédito: Superesportes

A rodada cheia da Série B nesta terça-feira começou às 19h30, com oito partidas, incluindo a derrota do Náutico para o Mogi Mirim no interior paulista. O mau resultado, a vitória do Bahia e o empate do América Mineiro tiraram o Timbu do G4. Agora está na 5ª posição, mas com a mesma pontuação do Bahia, um degrau acima. Depois, mais dois jogos às 21h50 completaram a 11ª rodada, um deles com a apresentação tricolor no Arruda. Na base da superação, o Santa Cruz ganhou de virada do CRB, subindo para o 10º lugar, a seis pontos da zona de classificação. Num clima bem distinto entre as equipes, agora haverá o choque em São Lourenço, com o primeiro Clássico das Emoções desta edição.

No G4, um carioca, um paraense, um mineiro e um baiano.

A 12ª rodada dos representantes pernambucanos
11/07 (16h30) – Náutico x Santa Cruz (Arena Pernambuco)

Náutico dá vexame e perde de virada para o lanterna Mogi Mirim, saindo do G4

Série B 2015, 11ª rodada: Mogi Mirim 2x1 Náutico. Foto: Denny Cesare/Código19/Agência O Globo

A campanha do Mogi Mirim era vexatória (ainda é), com três empates e sete derrotas em dez rodadas. Nenhuma vitória. A fragilidade em campo e a falta de apoio fora dele, sempre às moscas, eram indicações claras para o Náutico buscar mais um resultado positivo fora de casa, consolidando sua campanha. Neste contexto, diante do lanterna da Série B, nem o empate. Pois o Timbu chegou a ficar à frente, num gol de de Douglas aos 30 minutos, em sua primeira investida, mas o saldo final foi decepcionante, custando até o lugar no G4.

No apito final, a comemoração pernambucana foi apenas de Rivaldo, de 43 anos. Presidente do Sapão, o melhor do mundo em 1999 se escalou numa tentativa de motivar seus atletas. Fisicamente, estava muito aquém da demanda exigida na Segundona. No segundo tempo, cansou como se esperava, sendo substituído por Gustavo, seu genro (!). Com onze jogadores “efetivos” em campo, o Mogi melhorou e incomodou a meta de Júlio César, ganhando as disputas no meio (63% de posse, segundo o Footstats) e finalizando bastante (21 x 5, no geral). Coube a Serginho, aos 25 e 42 minutos, virar a partida, 2 x 1.

O grupo timbu acusou o golpe, saindo cabisbaixo, com o discurso natural (e correto) de que “ganham todos, perdem todos”. Ao mesmo plantel, vale retomar a pegada já no sábado, no Clássico das Emoções, com mais pressão em campo e fora. Um jogo no qual Lisca terá o desfalque do lateral-esquerdo Gastón, expulso em Mogi. Outro ponto negativo numa noite para esquecer.

Série B 2015, 11ª rodada: Mogi Mirim 2x1 Náutico. Foto: Denny Cesare/Código19/Agência O Globo

Nova Serrana, a viagem definitiva do Tricolor

Santa Cruz x Betim em Nova Serrana. Arte: Cassio Zirpoli sobre google maps

Betim, Mogi Mirim e… Betim.

Ao que parecer, temos uma posição definitiva da CBF.

A entidade não conseguiu cassar a liminar do clube mineiro e resolveu ceder

Até mesmo para não travar o andamento da Série C, pois a não realização do confronto contra os corais transformaria a confusão numa bola de neve.

Na primeira viagem do Santa Cruz , com 2.582 quilômetros, a partida acabou cancelada.

Agora, um novo embarque coral no Aeroporto dos Guararapes para as quartas de final, com mais 2.140 quilômetros, desta vez até a Arena do Calçado, em Nova Serrana.

As duas partidas acontecerão às 16h, horário do Recife.

26/10 – Betim x Santa Cruz
03/11 – Santa Cruz x Betim

Dos tribunais para o gramado. Foco na Série B, Santinha…

CBF, a vergonha nacional, na voz do presidente coral

Declaração de Antônio Luiz Neto, presidente do Santa, sobre a confusão na Série C. Crédito: twitter.com/scfc_oficial

A constrangedora situação do Santa Cruz na Série C, parado, à espera de uma solução no impasse jurídico entre Betim e Mogi Mirim, está ferindo todo o plano traçado pelo clube.

Quatro dias após a primeira data do jogo de ida, que não aconteceu, o tricampeão pernambucano segue sem uma agenda definida no Brasileiro.

Nesta terça-feira, o presidente coral, Antônio Luiz Neto, perdeu a paciência sobre a postura da confederação brasileira.

De forma oficial, através do perfil do clube no twitter, uma declaração raríssima entre os diretores dos clubes do país. Corajoso.

“A CBF é uma vergonha nacional”.

Você concorda com o mandatário tricolor? Sem medo algum de retaliação, ALN escancarou a falta de organização da CBF…

Mais uma prova de força da Justiça Comum, agora respingando no Santa

Série C, quartas de final (cancelado): Mogim Mirim x Santa Cruz. Crédito: Jamil Gomes/Assessoria/Santa Cruz

Inicialmente, o Santa Cruz jogaria a primeira partida das quartas de final da Série C na tarde do último sábado, em Minas Gerais.

Na Arena do Jacaré, enfrentaria o Betim, no duelo 1º do A x 4º do B.

No entanto, voltou à tona a confusão sobre a punição ao Betim, com a perda de seis pontos por causa da falta de pagamento numa transferência internacional, dando início a uma batalha judicial.

Não na esfera desportiva, mas na Justiça Comum, fato que costuma travar os campeonatos no país, ao se sobrepor sempre ao STJD, como o Gama em 2000 e o Treze em 2012 (relembre aqui).

Nesse buruçu, a CBF acabou remarcando o jogo de ida para o interior de São Paulo, contra o Mogi Mirim, que de 5º colocado foi alçado ao G4 do grupo B.

O Santa Cruz, então, resolveu seguir a agenda da CBF, claro.

Viajou no sábado para São Paulo, treinou no domingo em Mogi Guaçu, a oito quilômetros do palco da partida, e nesta segunda-feira se dirigiu ao estádio.

Com tanta indefinição, era de se esperar as arquibancadas vazias em Mogi.

Todo o planejamento havia sido seguido à risca, com os times presentes, além de arbitragem e policiamento. Até mesmo uma equipe de tevê para a transmissão ao vivo para todo o país.

O contragolpe jurídico do Betim, exigindo o cancelamento da partida, saiu à tarde, com uma multia diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Ciente de que essa confusão vai longe, a direção de competições da CBF se reuniu no Rio. Bancaria a multa para viabilizar a realização do jogo?

A resposta saiu às 17h10… Faltando apenas 50 minutos para o apito inicial!

Partida cancelada, confirmada num ofício da CBF.

Apesar da melhor campanha, o Santa Cruz segue comendo o pão que o diabo amassou no porão do futebol nacional, cuja organização há tempos é precária.

Independentemente de quem esteja com a razão neste imbróglio, Betim ou Mogi, o Tricolor precisa urgentemente deixar essa divisão e se integrar ao futebol com a estrutura mais organizada e menos suscetível à bagunça nos tribunais, a partir da Série B. Sem jogos fantasmas…

Todas as (duras) lições já foram compreendidas.

Aplicativo relata "jogo" entre Mogi Mirim e Santa Cruz, pelas quartas de final da Série C 2013. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press