A escolha de Sofia

Bola de Ouro de melhor jogador da Copa do Mundo

Os dez melhores jogadores da Copa do Mundo de 2010.

A Fifa divulgou nesta sexta os nomes dos dez candidatos ao prêmio de Bola de Ouro do Mundial (veja AQUI). O prêmio foi criado em 1982. Entre os postulantes, três espanhóis (Iniesta, Xavi e David Villa) e dois holandeses (Sneijder e Robben). Nenhum brasileiro…

O vencedor será anunciado em 11 de julho, logo após a final da Copa, no Soccer City. Ao vencedor, a Escolha de Sofia! Nas três últimas edições do Mundial da Fifa, o jogador que foi eleito como o melhor da competição acabou como vice-campeão…

Ronaldo em 1998, Oliver Kahn em 2002 e Zinedine Zidane em 2006. 😯

Então, a “dúvida”: campeão do mundo ou o prêmio melhor da Copa? Dos sete vencedores do prêmio, só três também ganharam o título, em 1982, 1986 e 1994. Assim, o último que realmente terminou feliz foi Romário. E olhe que o Baixinho ficou a um golzinho de levar também a chuteira de ouro de artilheiro do Mundial.

Vale lembrar que os segundo e terceiro lugares recebem, respectivamente, as Bolas de Prata e de Bronze. Falcão (1982) e Ronaldo (2002) receberam também a Bola de Prata. Veja a lista completa de vencedores da Bola de Ouro do Mundial AQUI.

Para evitar uma nova gafe, a Fifa vai esperar a decisão de 2010 para encerrar a eleição. Parece algo óbvio, mas não era assim.

A minha tragédia de Sarriá

Copa do Mundo de 1982: Brasil 2 x 3 Itália

Por Lucas Fitipaldi*

Viajei no tempo na noite de terça-feira. Encontrei-me com Sócrates, Falcão, Éder, Júnior, Leandro e todos aqueles cracaços da mágica Seleção Brasileira comandada pelo mestre Telê Santana na Copa de 1982. Encontrei-me principalmente com Zico. Dei de cara com Paolo Rossi.

Foram pouco mais de 90 minutos diante do banquete servido pela ESPN. Tentei entender e refletir sobre aquela derrota do Brasil para a Itália na Copa da Espanha. Pela primeira vez, assisti na íntegra a propalada tragédia de Sarriá.

Tenho 25 anos, nasci em 1984, portanto, dois anos e alguns meses depois daquele memorável jogo de futebol. Até então, guardava na mente apenas fragmentos do senso comum: os 5 gols (3 da Itália e 2 do Brasil), o pênalti escandaloso não marcado sobre Zico, a defesa, ou seria o milagre de Zoff na cabeçada de Oscar? No mais, relatos. Passei a vida a escutar versões não só sobre a partida em si, senão sobre aquele trágico dia. Ontem, pude desmistificar algumas “verdades” incutidas na minha cabeça. Citarei apenas duas, as quais considero fundamentais. Não pretendo ser repetitivo.

A primeira diz respeito ao desenrolar do jogo. Cansei de ouvir por aí que o Brasil tomou um nó tático da Itália. Que naquela tarde, surpreendentemente, os italianos acharam um jeito de superar a nossa Seleção – superar no sentido de ser superior mesmo. Definitivamente, isso não aconteceu. O Brasil foi melhor desde o início.

O toque de desprezo na bola denunciava o nível de excelência daquele time. Ao conduzi-la, aqueles amarelinhos pareciam embriagados pela mais pura das arrogâncias; algo espontâneo, mais ou menos como faz o Barcelona de Messi ou fazia a Laranja Mecânica de Cruyff. Era visível o abismo técnico entre as duas equipes.

A outra verdade desmistificada diz respeito a Zico. Como jogava o Galinho! Com todo respeito a Sócrates e Falcão, só agora tudo faz sentido. O nosso camisa 10 era de fato o craque daquele time. Logicamente, rodeado por outras feras; como Pelé em 70.

Me espantei com a velocidade de Zico. Guardava a imagem de um jogador bem mais cadenciado, até certo ponto, lento. Por isso digo que em relação ao Galo, os melhores momentos dos DVDs e dos programas de TV tiveram efeito contrário para mim. Só terça o vi em ação durante um jogo inteiro. Só terça pude entender a total reverência dos flamenguistas. Da geração anos 80. Dos privilegiados que presenciaram tardes de domingo inesquecíveis no Maracanã. Só terça.

Perdão, Zico.

*Lucas Fitipaldi é repórter do Diario e colaborador do blog. Fotos: Fifa