A execução do Plano B da mobilidade na Copa, com o apoio dos dias facultativos no Recife

Plano de mobilidade de Pernambuco para a Copa do Mundo de 2014. Foto: Emanuel Leite/DP/D.A Press

O investimento seria bilionário na mobilidade da região metropolitana do Recife. Contudo, o enorme atraso das obras visando a Copa do Mundo acabou resultando num “Plano B” de Pernambuco para o evento. A estrutura montada, apresentada nesta terça pela Secopa, é uma ampliação daquela já paliativa utilizada na Copa das Confederações, com estacionamentos remotos e metrô.

Agora, uma grande diferença. Apoiada na Lei Geral da Copa, o estado irá decretar “ponto facultativo” nos cinco dias com jogos por aqui. A opção estava prevista. O seu uso dependida da (falta de) estrutura oferecida…

14/06 (sábado, 22h) – Costa do Marfim x Japão
20/06 (sexta, 13h) – Itália x Costa Rica
23/06 (segunda, 17h) – Croácia x México
26/06 (quinta, 13h) – Estados Unidos x Alemanha
29/06 (domingo, 17h) – oitavas de final (1D x 2C)

Aa medidas foram anunciada pelo secretário extraordinário da Copa, Ricardo Leitão, no centro de convenções. Com isso, espera-se uma razoável diminuição de veículos nas ruas, até porque existem 1.197.732 no Grande Recife, dos quais 713.295 carros, segundo o Detran.

Tudo para evitar congestionamentos antes, durante e depois dos jogos no estádio localizado a 19 quilômetros do Marco Zero.

Plano de mobilidade de Pernambuco para a Copa do Mundo de 2014. Foto: Emanuel Leite/DP/D.A Press

O problema não estava centrado nos feriados, sobretudo porque o estacionamento da Arena Pernambuco, com cinco mil vagas, não será aberto ao público. Daí, as soluções propostas, todas com gambiarras. Confira as opções.

Plano de mobilidade de Pernambuco para a Copa do Mundo de 2014. Foto: Emanuel Leite/DP/D.A Press

1) Quem for de carro às partidas deve aproveitar os estacionamentos periféricos, como Parqtel, Riomar e Parque de Exposições do Cordeiro, com ônibus expressos até a arena. A projeção é de 9.600 vagas. Na Copa das Confederações foi usada a área da UFPE, substituída pelo shopping neste ano.

Plano de mobilidade de Pernambuco para a Copa do Mundo de 2014. Foto: Emanuel Leite/DP/D.A Press

2) Já o BRT (bus rapid transit), o sistema de ônibus expresso, que era a grande aposta local para o Mundial, não funcionará plenamente. Bem longe disso. O corredor Norte-Sul, de Igarassu ao Centro, terá apenas 4 ônibus, enquanto o corredor Leste-Oeste, do Centro até Camaragibe, irá operar com 46. Apesar do investimento de R$ 296,3 milhões, poucas estações serão abertas em junho, deixando claro que o possível legado será usufruído somente após o Mundial.

Plano de mobilidade de Pernambuco para a Copa do Mundo de 2014. Foto: Emanuel Leite/DP/D.A Press

3) Nos trilhos devem chegar 15 mil dos 40 mil torcedores esperados a cada jogo. Esse público irá desembarcar na Estação Cosme e Damião, a três quilômetros da arena. Com a expectativa de muitos estrangeiros neste modal, o metrô terá uma assistência em vários idiomas. O bilhete com a garantia de ida e volta, incluindo os ônibus circulares da estação ao estádio, custará R$ 7,50. Em 2013, a entrada foi gratuita para quem embarcou nas estações apresentando ingressos.

4) Ainda há a possibilidade de ir de táxi ou em vans fretadas. Neste caso, é preciso parar no TIP ou no Parqtel, completando o trajeto de ônibus.

Obras inacabadas, transporte paliativo e ponto facultativo. A nossa mobilidade.

Plano de mobilidade de Pernambuco para a Copa do Mundo de 2014. Foto: Emanuel Leite/DP/D.A Press

Copa das Confederações somou quase R$ 1 bilhão ao PIB do Recife

Estudo da Fipe sobre o impacto econômico da Copa das Confederações de 2013 no Brasil

A participação do Recife na Copa das Confederações foi marcada por três jogos e um público acumulado de 104.241 torcedores na Arena Pernambuco.

Economicamente, a participação no evento em 2013 rendeu quase R$ 1 bilhão ao produto interno bruto (PIB) da capital pernambucana, além de 26 mil empregos – mesmo com o plano de mobilidade falho na competição.

Os dados são do estudo divulgado pelo Ministério do Turismo quase um ano depois do evento-teste da Fifa. Apesar da injeção econômica, a cidade ficou em 5º lugar entre as seis subsedes.

Estudo da Fipe sobre o impacto econômico da Copa das Confederações de 2013 no Brasil

O levantamento produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), sobre o impacto econômico do torneio no país, aponta uma movimentação financeira bruta de R$ 20,7 bilhões.

Deste montante, 11 bilhões de reais são da soma dos gastos de turistas, comitê organizador local e investimentos públicos e privados, e mais 9,7 bi de acréscimo no PIB nacional. O ministério estima em 303 mil o número de empregos gerados.

Dos 247 mil turistas brasileiros no evento, 25.051 vieram ao Recife, gerando um gasto de viagem de R$ 23,5 milhões. Já em relação aos torcedores estrangeiros – e foram apenas 25.630, bem abaixo do esperado -, o estado recebeu 4.084 gringos. Eles ficaram, em média, uma semana na cidade.

Sobre o impacto econômico, vale lembrar a projeção de outra pasta federal, o Ministério do Esporte, em 2010, quando foram projetados nada menos que R$ 183 bilhões para a Copa do Mundo (veja aqui).

Entre o projeto imobiliário e a realidade dentro do Ramal da Copa

Trecho interno do Ramal da Copa em março de 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

A Cidade da Copa foi projetada em quatro grandes módulos, com obras públicas e privadas distribuídas entre 2014 e 2015.

A primeira etapa do projeto bilionário, com oito diretrizes, já deveria estar pronta. Porém, saíram do papel apenas a Arena Pernambuco e a via de acesso conhecida como Ramal da Copa (veja aqui).

O contorno da pista serve para observar a lacuna entre o projeto e a realidade.

Basta comparar o projeto do primeiro módulo e a situação atual, com o registro feito neste mês de março pela própria Secretaria Extraordinária da Copa no estado, a Secopa…

Ao todo, a previsão é de um investimento de R$ 1,59 bilhão.

Qual é a sua opinião sobre o projeto de nova centralidade urbana?

Projeto da Cidade da Copa em 2014. Crédito: divulgação

A bilionária mobilidade pernambucana só deve ficar pronta a 30 dias da Copa

Obra da Via Mangue em março em 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

A Secretaria Extraordinária da Copa em Pernambuco, a Secopa, divulgou imagens aéreas atualizadas das obras de mobilidade urbana na Região Metropolitana do Recife com foco na Copa do Mundo.

A menos de 100 dias do evento no país, algumas obras, como a Via Mangue, precisam acelerar. Outras, como a Radial da Copa, seguem arrastadas há tempos…

Inicialmente, a previsão do governo do estado era de um investimento de R$ 2,2 bilhões em mobilidade e infraestrutura. Com alguns projetos abortados ou não iniciados (como a triplicação da BR-232 e o corredor da BR-101), o valor caiu para R$ 1.463,9 bilhão- por mais que algumas obras vigentes tenham ficado mais caras -, num orçamento distribuído em 19 pontos, desde novas vias na capital à aquisição de mais trens para o sistema metroviário.

De acordo com a Secopa, 13 tópicos já foram concluídos. Confira a lista aqui.

Os seis projetos restantes, entretanto, formam um peso muito muito maior no plano local. Essas obras representam um investimento agregado de R$ 817,1 milhões, ou 55,81% do montante.

Todos os prazos de entrega já foram estourados desde julho de 2013. Agora, o estado prevê o início da operação em maio de 2014. Ou seja, só ficará pronto a um mês da Copa – isso se a previsão, enfim, for cumprida. Pressão? Bastante.

Sobre o valor estipulado, é bom lembrar que esses dados são tabelados, sem a soma de aditivos para uma possível aceleração. Para se ter ideia do que isso representa, a Arena Pernambuco como exemplo maior. O “custo” foi R$ 532 milhões, mas ordem de grandeza, motivada pela antecipação de oito meses para a Copa das Confederações, chegou a R$ 650 milhões…

Corredor Leste-Oeste, com investimento do estado
Responsável: governo do estado
Prazo original de conclusão: maio/2013
Operação estimada: maio/2014 (12 meses de atraso)
Investimento: R$ 145,3 milhões

Do centro do Recife à São Lourenço da Mata, passando também por Camaragibe, uma via de 12,5 quilômetros com finalidade expressa, com faixa exclusiva para o sistema de ônibus via bus rapid transit (BRT).

Obra do Corredor Leste-Oeste em março de 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

Obra do Corredor Leste-Oeste em março de 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

Corredor Norte-Sul
Responsável: governo do estado
Prazo original de conclusão: outubro/2012
Operação estimada: maio/2014 (19 meses de atraso)
Investimento: R$ 151 milhões

Do Recife a Igarassu, passando por outros seis municípios, uma via de 33 quilômetros com finalidade expressa, com faixa exclusiva para o sistema de ônibus via bus rapid transit (BRT).

Obra do Corredor Norte-Sul em março de 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

Obra do Corredor Norte-Sul em março de 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

Passarela do Aeroporto dos Guararapes
Responsável: governo do estado
Prazo original de conclusão: julho/2013
Operação estimada: maio/2014 (10 meses de atraso)
Investimento: R$ 23,7 milhões

Um corredor de 460 metros viabilizando uma ligação direta do aeroporto à estação de metro da linha sul.

Obra da Passarela do Aeroporto dos Guararapes em março de 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

Ramal da Copa (trecho externo)
Responsável: governo do estado
Prazo original de conclusão: abril/2013 (trechos interno e externo)
Operação estimada: maio/2014 (13 meses de atraso)
Investimento: R$ 46 milhões (R$ 131 milhões ao todo)
Confira o trecho interno, no entorno da arena, clicando aqui.

Via de acesso entre o Corredor Leste-Oeste e o estádio em São Lourenço, com 6,3 quilômetros ao todo. São vias duplicadas e pistas exclusivas para ônibus.

Obra do Ramal da Copa, no trecho externo, em março de 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

Terminal Integrado Cosme e Damião, com investimento
Responsável: governo do estado
Prazo original de conclusão: fevereiro/2013
Operação estimada: maio/2014 (15 meses de atraso)
Investimento: R$ 18,1 milhões

Terminal de ônibus anexo à estação de metrô mais próxima da arena. Projeto visado para reforçar a frota de ônibus à arena e à comunidade.

Obra do Terminal Integrado Cosme e Damião em março de 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

Via Mangue
Responsável: Prefeitura do Recife
Prazo original de conclusão: julho/2013
Operação estimada: maio/2014 (10 meses de atraso)
Investimento: R$ 433 milhões

A única obra viária bancada pela prefeitura da capital pernambucana, num projeto idealizado há décadas, visa o desafogo da Zona Sul, numa pista de 4,7 quilômetros erguida em uma área de manguezal.

Obra da Via Mangue em março de 2014. Foto: Rafael Bandeira/Secopa

Vinte anos depois da primeira visita, a Taça Fifa volta ao Recife

Chegada da seleção tetracampeã mundial no Recife, em 19 de julho de 1994. Foto: Diario de Pernambuco

Duas décadas após a histórica passagem na Avenida Boa Viagem, na carreata do tetracampeonato, a taça da Copa do Mundo voltará ao Recife. Em 19 de julho de 1994, mais de 1,5 milhão de pernambucanos tomaram conta da orla no desfile dos campeões, na primeira parada no país.

Era uma ensolarada terça-feira, com ponto facultativo. A festa durou o dia todo.

Para se ter ideia, o Galo da Madrugada daquele ano teve um milhão de pessoas.

Em 2014, Pernambuco receberá a Taça Fifa em uma passagem organizada, longe de alvoroço, através da visitação oficial, em data e local a definir.

Chegada da seleção tetracampeã mundial no Recife, em 19 de julho de 1994. Foto: Diario de Pernambuco

No Brasil, todas as 27 capitais estaduais serão visitadas. Confira o tour.

A chegada do maior troféu do futebol mundial acontecerá na reta final do tour, que nesta jornada de 267 dias passará por 89 países. Em 2006, na primeira edição, foram 28 nações, subindo para 84 em 2010.

A famosa peça dourada foi criada pelo italiano Silvio Gazzaniga, em 1974, com 36,8 centímetros e 6,175 quilos, sendo cinco de ouro 18 quilates.

Antes da final no Maracanã, vale conferir o troféu em terras pernambucanas…

Chegada da seleção tetracampeã mundial no Recife, em 19 de julho de 1994. Foto: Diario de Pernambuco

Lacuna na mobilidade das Confederações no Recife alerta sobre obras para 2014

Esquema de mobilidade no Recife para a Copa das Confederações 2013. Crédito: Arte sobre dados da Secopa/PE

O balanço feito pela Fifa sobre a Copa das Confederações apontou apenas uma falha gritante. A distância dos campos de treinamento no Recife.

As longas distâncias e o trânsito da cidade realmente foram um entrave claro.

Aproveitando o tema, vamos a um balanço dos investimentos listados na matriz do estado para o evento teste. Nem todos ficaram prontos a tempo.

Se nem a arena ficou 100%, faltando o trabalho de acabamento em alguns setores e a iluminação da fachada, na mobilidade o caminho foi semelhante.

Estruturalmente, apenas a duplicação da BR-408, com o viaduto e o acesso à arena, e acanhada Estação Cosme e Damião, inaugurada em cima da hora.

Outras ações, contudo, foram parcialmente concluídas. Como os terminais integrados do TIP e Cosme e Damião. No Ramal da Copa, parte do trecho só tem uma pista. Mesma situação no viaduto de Ouro Preto, no sentido subúrbio.

Terminal marítimo? O prazo era março. A obra segue em andamento…

Ao todo, o investimento em mobilidade para o torneio seria R$ 717 milhões. Que a execução das obras para o Mundial, de R$ 2,2 bilhões, não seja o mesmo ritmo. O legado é importante, assim como sua utilização nos torneios da Fifa.

Copa do Mundo, eu quero. Mas também quero dinheiro pra saúde e educação

Anonymous Brasil

“Copa do Mundo, não quero não! Quero dinheiro pra saúde e educação!”

Um grito onipresente nas manifestações Brasil afora.

Movimentos populares desde já históricos, com até 100 mil pessoas nas ruas. Iniciados para combater o preço das passagens de ônibus e a PEC 37.

Rapidamente, ganharam corpo e foram bem além, numa massiva ação contra a corrupção no país, contra a falência dos serviços públicos.

A Copa do Mundo, com o enorme gasto estipulado em R$ 30 bilhões, numa conta ainda não fechada e já superior ao dos últimos três Mundiais, somados, entrou na gama de reivindicações devido à infindável farra de dinheiro público.

Apoio a manifestação nacional, pois é mesmo necessário “acordar o gigante”. Não é nem preciso explicar o quanto poderia ser melhor o Brasil.

Sobre a Copa, contudo, discordo. O Mundial em si não me parece o problema.

A gestão dos recursos, sim. A economia brasileira é a sétima maior do mundo, com um PIB de US$ 2,396 trilhões. Há dinheiro para Copa, que é de fato uma conquista para o país e para a população, e sobretudo para saúde e educação.

Novas arenas foram erguidas, num ganho em estrutura. Os aditivos, escorrendo em quase todas as arquibancadas do Brasil, é que não estavam na conta – ainda mais com a promessa de mais capital privado. Somente os seis palcos da Copa das Confederações custaram 33,1% a mais que a previsão inicial.

Com ou sem Copa haveria recursos para saúde, educação, transporte, segurança etc. Infelizmente, existe numa escala maior a má administração pública da verba. O superfaturamento é visto há tempos em hospitais e escolas.

Portanto, me posiciono a favor da Copa do Mundo aqui, mas sem esquecer, por um segundo sequer, das verdadeiras necessidades de um país ainda em desenvolvimento. Daí, a corruptela do grito popular.

Se a manifestação visa o fim da corrupção enraizada, isso se estende à própria organização do Mundial, mas não ao torneio, confirmado desde 2007.

Relembrando uma certa frase de Nelson Rodrigues…

“Das coisas menos importantes, o futebol é a mais importante.” 

Sobre o Recife, enfim a participação da capital pernambucana. É uma cidade gigante e que não poderia ficar ausente num momento tão especial da nação.

A verdadeira nota 8 na organização da Arena Pernambuco

Organização do jogo Itália 4x3 Japão, pela Copa das Confederações de 2013, na Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

As mudanças na organização foram pontuais, tanto na mobilidade do público quanto na operação da arena, mas necessárias para uma transformação.

O duelo entre italianos e japoneses foi superior não só no gramado como em todo o contexto de gestão em relação ao primeiro jogo no estado, entre espanhóis e uruguaios. Em campo nesta quarta, como se sabe, uma partida movimentadíssima do primeiro ao último instante, com sete gols e aplausos incessantes no fim.

Fora, a torcida também foi bem tratada, como deveria ser sempre, vale ressaltar, mas como todos esperavam que tivesse acontecido sobretudo no domingo, na primeira partida da Copa das Confederações por essas bandas.

Organização do jogo Itália 4x3 Japão, pela Copa das Confederações de 2013, na Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

Desta vez, o deslocamento do público teria a concorrência da rotina normal da cidade, no meio de semana. O ponto facultativo dos servidores não foi suficiente para esvaziar as ruas, como acontecera na primeira rodada.

Considerando isso e o fato de que o borderô foi quase o mesmo, com 40.489 pessoas, contra 41.705 de três dias atrás, como poderia melhorar?

Acredite, melhorou. A repercussão da estreia foi incrível. Incrivelmente negativa, diga-se. Só a postagem do blog foi compartilhada 1.400 vezes no facebook (veja aqui).

Organização do jogo Itália 4x3 Japão, pela Copa das Confederações de 2013, na Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

Mas os relatos dos torcedores mudaram. Fizeram questão de comentar nas redes sociais sobre o tempo gasto para ir e voltar. Vários com até uma hora a menos em cada trecho. Muitos com experiência nos dois jogos, no mesmo roteiro.

Nada de ideias geniais para mudar a execução do transporte. Na verdade, foram medidas óbvias, que muitos cansaram de citar, inclusivo o blog. Com atraso, mas antes tarde do que nunca, foram tomadas pelo governo do estado. Vale citar algumas, até para comprovar que eram ideias simples.

A mais importante delas foi gerar uma vazão maior na Estação Cosme e Damião, cuja escada da plataforma, minúscula, era inviável para o desembarque de 1.100 pessoas a cada trem.

Organização do jogo Itália 4x3 Japão, pela Copa das Confederações de 2013, na Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

Foram colocadas duas saídas provisórias na estação, evitando aglomeração. Evitou também o efeito cascata, pois os outros trens não precisaram ficar retidos nas estações até que a estação mais próxima à arena fosse liberada, como anteriormente. Também ajudou no sincronismo metrô/ônibus, uma falha irritante.

Na chegada ano complexo da arena, a revista de segurança na torcida foi bem maior. Um por um. Possivelmente porque havia mais tempo. Antes, com a fila abarrotada, ou liberava os torcedores ou eles não assistiriam à Fúria.

Organização do jogo Itália 4x3 Japão, pela Copa das Confederações de 2013, na Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

Dentro do estádio, aleluia, lixeiras foram colocadas no banheiros – tinha como ser mais óbvio?. Lixeiras também no entorno. O torcedor precisa ter um mínimo de educação, mas esse estímulo também precisa existir, como contrapartida. O foco foi maior na limpeza.

Nos bares, a venda de produtos foi descentralizada. Refrigerante, cerveja e pipoca puderam ser encontrados em quiosques nos corredores e com vendedores equipados com mochilas, desobstruindo as lanchonetes

Na saída do jogo, com a enorme massa humana mais uma vez no gradil até o ponto de ônibus expresso para a estação de metrô, mais policiais. Ou seja, mais organização e uma fila de fato.

Organização do jogo Itália 4x3 Japão, pela Copa das Confederações de 2013, na Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

Paralelamente a esse caminho via metrô foi criado um segundo estacionamento, somado ao Parqtel. Na verdade, foi utilizado o espaço da UFPE, com ônibus através da BR-408, uma estrada duplicada para a Copa e que parecia bastante subutilizada até então. A rodovia federal se mostrou essencial. Isso, claro desafogou o metrô.

Pois é. Nenhuma medida mirabolante foi tomada. Bastava ouvir o próprio público.

A nota 8 dada pela Secopa na estreia foi irreal. Desta vez sim, um legítimo 8.

Organização do jogo Itália 4x3 Japão, pela Copa das Confederações de 2013, na Arena Pernambuco. Foto: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

A avaliação governista da estreia na Copa das Confederações

Coletiva sobre a organização de Espanha 2x1 Uruguai, na Arena Pernambuco, pela Copa das Confederações 2013. Foto: Cecília Sá

A execução do plano de mobilidade do governo do estado sobre o primeiro jogo na Arena Pernambuco pela Copa das Confederações teve nota “8”.

Confira os depoimentos do secretário extraordinário da Copa, Ricardo Leitão.

Plano de mobilidade mantido
“O plano de mobilidade foi testado no dia 22 (de maio) e operacionalizado ontem (domingo) será mantido. Não haverá alteração estrutural. O metrô continuará como principal modal de acesso à Arena. O acesso pela BR-408 segue com veículos credenciados pela Fifa, como seleções, árbitros, autoridades, patrocinadores etc. E ainda temos o esquema de estacionamentos remotos (nos shoppings), próximos à estações de metrô, através do Expresso Torcida, e também o Parqtel.”

Ajustes para a operação
“Na nossa avaliação, o plano aprovado pela Fifa e pelo conjunto de órgãos do governo do estado é um plano que evidentemente precisa ser melhorado, mas os aconteceimentos de domingo não decorrem de erros do plano, mas de problemas de sincronia, entre operações dos ônibus e o metrô na Estação Cosme e Damião. Essa sincronia será buscada, já discutimos isso. Queremos alcançar o que o plano projeta, a chegada de ônibus na estaçao compatibilizada com a saída e chegada de trens.”

Mau comportamento
“Houve, além da falta de sincronia, um comportamento inadequado de alguns torcedores, derrubandos barreiras, o que acabou prejudicando o esquema (de volta) também.”

Teste difícil
“Tivemos o teste mais difícil para a Arena, com o público quase total, de 42 mil pessoas, o máximo que a Fifa conseguiu vender. Para o jogo de quarta (Itália x Japão) a expectativa é de 32 mil pessoas. Gostaria de pedir mais uma vez a colaboração de todos e destacar que na quarta o torcedor poderá chegar na Arena às 15h e assistir lá, nos telões, ao jogo da Seleção Brasileira.”

Serviços desorganizados na arena
“O torcedor é um consumidor e ele tem razão em sair chateado do jogo, com os problemas que enfrentou, com acesso, filas enormes nos bares, falta de produtos, ingressos sem assento e banheiros sujos. Tudo isso foi conversado com o operador, até porque este tem o maior interesse de que dentro do jogo corra tudo bem, pois só assim vem a continuidade das receitas. Repito: o torcedor tem razão de ter saído chateado”

Mea culpa
“Queríamos que as pessoas chegassem com conforto na arena, e isso não foi alcançado. Temos que trabalhar para dar mais segurança e conforto para o publico.”

Operação pós-Copa
“A operação na Copa não será a mesma a partir de julho, quando o estacionamento com 4.700 vagas e a BR-408 estarão liberados, diminuindo a demanda do metrô.”

Sem estacionamento extra
“O Parqtel fica numa área excelente, na margem da BR-408 e próximo à arena. E é uma terreno do governo, com licitação por dois anos. Não tem mais nenhuma área perto do estádio. Se você encontrar uma, pode me ligar.” 

BR-101 esburacada
“O controle da BR-101 é do Dnit, ligado ao governo gederal. Há muito tempo solicitamos que a recuperação da pista fosse delegada ao governo do estado, mas o governo federal não permitiu. Somente em um trecho para usar o canteiro central, num corredor viário. Mas queríamos restaurá-la. Estamos com um problema que é o fato de a população pensar que esse trecho urbano da BR-101 é de nossa responsabilidade. Temos que pressionar o governo federal.”

Imagem arranhada
“Não concordo com o adjetivo “péssimo”. Tivemos um problema num dia específico, com a chegada do Uruguai até o campo de treinamento, com lama. O campo em si não teve problema, tanto que o Uruguai treinou lá de novo. Isso é suficiente para criar uma imagem ruim do Recife no plano mundial? A imagem que vi quando abriu a transmissão para o mundo inteiro foi a da Arena Pernambuco iluminada, bonita. Antes do jogo a Fifa mostrou três minutos com o que a nossa sede tem de melhor.” 

Voto de confiança
“Temos um crédito de confiança, suponho que sim, para dizer que (o plano) vai ser ‘igual e melhor’.”

Uma pavimentação inexistente ao CT do Sport, mas que estava prevista na Copa

Acesso ao CT do Sport. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

O acesso ao centro de treinamento do Sport, em Paratibe, foi um dos pontos mais criticados na organização pernambucana para a Copa das Confederações.

Após o jogo de empurra-empurra entre as prefeituras de Recife e Paulista, ficou decidido que a capital seria a responsável pela área.

Na semana que antecedeu Espanha x Uruguai, o primeiro dos três jogos no estado, a delegação da Celeste enfrentou problemas para chegar ao CT.

A ladeira de barro, um problema histórico, faz com que o próprio Leão evite treinar lá no período chuvoso, instransitável.

Para a surpresa de ninguém, choveu bastante neste mês de junho.

E nada de obras por lá… Nada de acesso pavimentado. Nade de Padrão Fifa.

O local era um dos três escolhidos pela entidade para abrigar os treinamentos das seleções no torneio, ao lado do CT do Náutico e do Arruda.

Pois bem. No dia da passagem uruguaia, com o mundo registrando, funcionários da PCR passaram uma pá e um trator por lá, de forma emergencial. Por que nada foi feito anteriormente?

Segundo Ricardo Leitão, secretário extraordinário da Copa, diversos órgãos e prefeituras tiveram atribuições definidas para a organização da competição.

O gestor informou que cabia à Prefeitura do Recife pavimentar o trecho.

“Fizemos várias reuniões e cada um sabia o seu papel. A prefeitura sabia dessa responsabilidade de fazer aquela obra de acesso”.

A PCR, por sua vez, alega que a escolha do campo do Sport foi em novembro de 2012, sem tempo hábil para qualificá-lo para o evento teste.

Orçamento da estrada? R$ 2 milhões. Resta continuar cobrando…

Acesso ao CT do Sport. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press