Análise da semifinal pernambucana de 2017 – Santa e a força defensiva pelo tri

Pernambucano 2017, 7ª rodada: Santa Cruz 5 x 1 Central. Foto: Peu Ricardo/Esp. DP

O Santa Cruz passou por uma grande reformulação no elenco. Do time campeão estadual e regional em 2016, apenas os laterais Tiago Costa e Vítor permaneceram após o descenso na Série A. Até o ídolo Tiago Cardoso saiu, com o ex-alvirrubro Júlio César ocupando (e bem) a vaga. Com Vinícius Eutrópio à frente do processo, o tricolor surpreendeu, mostrando competitividade rapidamente. Avançou em duas frentes, chegando às semis do Pernambucano e do Nordestão. Embora tenha adversários com mais receita e elenco nos torneios, o Santa também se faz presente para buscar novas taças. Com uma equipe inferior àquela do primeiro semestre anterior.

Hoje, está com a defesa estabilizada, o que só ocorreu após a entrada de Anderson Salles na vaga de Jaime – para completar, o zagueiro tornou-se a principal arma ofensiva, com uma bola parada calibradíssima. Embora o time tenha sofrido 10 gols, pode-se avaliar o desempenho a partir do regional, onde não poupou ninguém. Na Lampions, tomou apenas 2 em 8 jogos. Já o ataque é o empecilho nos dois torneios. Pitbull é única certeza, com seguidos testes. O tricolor até teve o ataque mais positivo no hexagonal, mas foram 13 gols diante de Central e Belo Jardim. Contra os demais, os classificados, enfrentou dificuldades. Encontrando uma solução, abre-se o caminho para o tri.

Desempenho na semifinal (2010/2016): 7 participações e 5 classificações
Vs Salgueiro na semifinal: 1 confronto (2012) e 1 classificação

O esquema tático coral é sustentado pela força dos volantes, jogadores de confiança de Eutrópio. Com David e Elicarlos retendo a bola, cresce a chance

Formação básica do time titular do Salgueiro no Estadual de 2017. Crédito: this11.com com arte de Cassio Zirpo/DP

Destaque
Anderson Salles. Com 4 gols de falta, 2 bolas no travessão e outras tentativas com perigo, o zagueiro vem mostrando um aproveitamento impressionante na bola parada rente à área, sendo elogiado até por Juninho Pernambucano.

Aposta
Léo Costa. O meia começou o ano como o principal nome tricolor, tanto na criação de jogadas quanto nos arremates de média distância. Depois, queda técnica e lesão. Perdeu espaço, mas pode ser ‘o organizador’ do ataque.

Ponto fraco
Éverton Santos. Parecia uma boa indicação – considerando custo/benefício -, mas ainda não rendeu o esperado. O artilheiro do hexagonal é o ponto fraco?! Sim. Dos 5 gols, 4 foram diante do Central, o que muda a leitura.

Campanha no hexagonal (10 jogos)
16 pontos (4º lugar)
4 vitórias (3º que mais venceu)
4 empates (2º que mais empatou)
2 derrotas (2º que menos perdeu)
19 gols marcados (melhor ataque)
10 gols sofridos (4ª melhor defesa)

Melhor apresentação: Santa Cruz 5 x 1 Central, em 18 de março, no Arruda.

Santa Cruz volta a reagir durante o jogo e busca empate com o Vitória em Salvador

Série A 2016, 20ª rodada: Vitória 2 x 2 Santa Cruz. Foto: Raul Spinassé/A Tarde/Estadão conteúdo

Uma deficiência do Santa Cruz no primeiro turno do Brasileirão foi a falta de reação da equipe ao sofrer um gol. Foi quase sempre batido após ficar em desvantagem. A última vez onde buscou algo foi contra o Fluminense, na segunda rodada! Na ocasião, abriu o placar, mas tomou a virada. No finzinho, Grafite marcou e garantiu um pontinho no Rio. Desde então, a campanha ruiu. Não se entregar no campeonato significa, obviamente, não se entregar durante os jogos. Em Salvador, enfim, a torcida coral viu isso.

No empate em 2 x 2 contra um concorrente direto na briga contra o descenso, o Vitória, o time pernambucano ficou atrás duas vezes, no comecinho do primeiro tempo e no comecinho do segundo. Devolveu na mesma moeda, reagindo na reta final dos dois tempos. Nada de Grafite, Keno ou João Paulo. Desta vez, nomes improváveis, como o lateral-esquerdo Tiago Costa, num chutaço de fora da área (acertou o ângulo esquerdo do goleiro), e o estreante Matías Pisano. Com apenas 1,66m, o meia argentino marcou de cabeça, dentro da pequena área, entre os zagueiros baianos. O jogador, cujo primeiro passe deixou o Grafa em condições de finalizar, tende a suprir uma enorme carência no elenco tricolor. Ao menos deixou uma boa impressão para Doriva, o novo técnico, que observou a peleja em um camarote no Barradão.

O treinador inicia o trabalho com o campeão nordestino em 19º lugar, há cinco rodadas sem vitória. Terá nove jogos em casa e nove fora. Além de trabalhar a confiança da equipe (e esse pontinho ajuda), deve procurar um sistema com um armador efetivo. Que o gringo (atuou poucos minutos, é verdade) seja este jogador, dando fôlego a João Paulo e mais opções à frente. Após um início arrasador (fazendo 4 x 1 no mesmo Vitória, diga-se), o setor ofensivo foi tornando-se previsível e escasso. Hoje, entre os vinte clubes, o Santa tem o 7º pior ataque, com 22 tentos em 20 jogos (média de 1,1). Os lances de Tiago e Pisano foram fora da curva, tudo o que o Tricolor precisa ser a partir de agora. E já fizeram alguma diferença.

Série A 2016, 20ª rodada: Vitória 2 x 2 Santa Cruz. Foto: Francisco Galvão/EC Vitória

Santa Cruz vence o Confiança e se aproxima das quartas do Nordestão

Nordestão 2016, 5ª rodada: Santa Cruz 3x1 Confiança. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

O Santa Cruz bem que tentou se complicar, cedendo o empate ao time reserva do já eliminado Confiança, aos oito minutos do segundo tempo, mas os gols de Keno (outra vez decisivo) e Bruno Moraes redefiniram a superioridade técnica e garantiram a vitória por 3 x 1 no Arruda. Com o resultado, os corais chegaram a dez pontos, alcançando uma margem segura para obter a vaga às quartas de final da Lampions como um dos melhores segundos colocados.

Possivelmente, sequer precisará pontuar na última rodada, em Salvador, diante do Bahia, já desfalcado de Hernane Brocador, o artilheiro do regional,com cinco gols. Caso precise, um empate deve bastar, o que tranquiliza o ambiente para a fase decisiva da competição. O curioso é que esta análise também vale para o torneio local, onde o Tricolor aparece até numa classificação pior, mas encaminhado ao mata-mata – também por demérito de Central e América.

No jogo contra os sergipanos, o técnico Martelotte deu sequência às mudanças na equipe, por questão física e, também, por opção tática. Voltou a recuar João Paulo, testou uma nova dupla de ataque e bancou Tiago Costa na esquerda, após fadiga de Allan Vieira. Tudo em busca de uma formação mais competitiva (e interessada) para o período do calendário sem direito a erros: a partir de 30 de março, nas quartas do Nordestão, e 20 de abril na semifinal do Estadual.

Nordestão 2016, 5ª rodada: Santa Cruz 3x1 Confiança. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Análise da semifinal pernambucana de 2015 – Santa Cruz

Pernambucano 2015, 5ª rodada: Náutico 1x2 Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A largada na 101ª edição do campeonato estadual foi a pior da história coral. Duas duras derrotas por 3 x 0. A classificação do Santa Cruz tornou-se preocupante na ocasião, com Ricardinho balançando. Contudo, a atual gestão (continuidade de ALN) prima pelo respaldo aos treinadores. Neste caso, funcionou. O técnico teve tempo para trabalhar, com intervalos de até 15 dias entre os jogos, devido à ausência no Nordestão e na Copa do Brasil.

Ganhando força física e raça (uma cobrança séria da torcida, inconformada com a apatia inicial), a Cobral Coral subiu na classificação nas costas do Náutico, derrotou o Central (adversário no mata-mata) duas vezes e acabou alcançando a vaga com tranquilidade. Até o improvável Betinho contribuiu.

No fim do hexagonal, a cena de João Paulo vibrando com o rosto ensanguetado após o gol marcado aos 47 minutos do 2º tempo, empatando o Clássico das Multidões, virou um ícone da determinação. Uma imagem trabalhada pelo clube e incorporada pela torcida. Com confiança, nem o jogo de volta da semifinal longe do Arruda preocupa. Não faz muito tempo e vimos um roteiro semelhante, de reviravolta e título Tricolor no fim. Em 2015, a busca é pela 28ª taça.

Desempenho na semifinal (2010/2014)
5 participações e 3 classificações

Formação básica do Santa Cruz no Estadual 2015. Crédito: this11.com com arte de Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Destaque
Tiago Costa. O lateral-esquerdo não renovou no fim de 2014, indo para o Ceará, mas rendeu pouco no Vozão e logo voltou ao Arruda. Chegou como o último reforço neste Estadual (o 17º no geral). Entrou e deu volume na lateral.

Aposta
Raniel. O meia de 18 anos começou o torneio temendo ficar de fora por causa da liminar sobre a sua suspensão por doping. Com a cabeça no lugar, focando o futebol, o garoto surpreendeu quando foi acionado, mesmo oscilando (normal).

Ponto fraco
O setor ofensivo. Foram apenas 9 gols em 10 jogos, menos 1 por jogo. O pior ataque do hexagonal. Com Bruno Mineiro de molho, o técnico Ricardinho vai se virando com Anderson Aquino, Betinho e Waldison. Nenhum agradou.

Campanha no hexagonal (10 jogos)
14 pontos (3º lugar)
4 vitórias (2º que mais venceu)
2 empates (2º que mais empatou)
4 derrotas (2º que menos perdeu)
9 gols marcados (pior ataque)
11 gols sofridos (3ª melhor defesa)

Melhor apresentação: Náutico 1 x 2 Santa Cruz, em 25 de fevereiro, na Arena.