Pernambuco x Argentina, do primeiro duelo internacional do estado à Sula

Pernambuco x Argentina

Tudo começou com um buffet em 17 de dezembro de 1936. Fazendo valer o apelido de “boêmio”, o elenco do Atlanta fez uma despedida na calle Humboldt, em Villa Crespo. No dia seguinte, a delegação partiu do porto iniciando uma longa viagem no vapor Monte Pascoal. Destino? Brasil. Pela primeira vez o Clube Atlético Atlanta jogaria no país vizinho. Ao todo, disputaria 13 partidas até março do ano seguinte. Em janeiro, o navio argentino atracou no porto do Recife. Chegou com atração (foto abaixo)

Com a ajuda financeira da Confederação Brasileira de Desportos, a atual CBF, para promover o esporte local, a técnica agremiação portenha enfrentaria adversários pernambucanos. De forma inédita, então, o futebol pernambucano receberia um time do exterior. Foram duas partidas no Campo da Avenida Malaquias, o antigo estádio rubro-negro. Bem superior, o Atlanta começou com um rotundo 10 x 6 sobre o Náutico. Na sequência, 7 x 2 sobre o Sport. O Diario de Pernambuco foi categórico sobre o espetáculo visto na cidade.

“O Recife pode ter assistido a jogo de conjunto superior ao do Atlanta; não nos lembramos, porém, de quando teria acontecido tal fato”.

A história entre pernambucanos e argentinos ganharia força na década de 1950, com a passagem de três clubes tradicionais de Buenos Aires. Vélez, Chacarita e Independiente, que futuramente seria o maior campeão da Libertadores. A primeira vitória local coube ao Santa, sobre o “Chaca” da Villa Maipú, o rival do pioneiro Atlanta. Jogo em pleno Natal de 1952, na Ilha. No acervo do pesquisador Carlos Celso Cordeiro há até o registro até de uma viagem da Seleção Argentina de Novos, atual Sub 20, entre Recife e Caruaru. A classificação do Sport às oitavas da Copa Sul-Americana de 2015 promoveu o reencontro depois de 42 anos. A diferença é que enfim garantiu uma visita à terra dos hermanos, iniciando uma era de confrontos válidos pela Conmebol…

Atualizado até 14 de janeiro de 2018

Jogos entre clubes (16)
29/01/1937 – Náutico 6 x 10 Atlanta
31/01/1937 – Sport 2 x 7 Atlanta
06/12/1951 – Náutico 2 x 3 Vélez Sarsfield
09/12/1951 – Santa Cruz 1 x 3 Vélez Sarsfield
25/12/1951 – Sport 2 x 3 Vélez Sarsfield
25/12/1952 – Santa Cruz 2 x 1 Chacarita Juniors
28/12/1952 – Náutico 2 x 2 Chacarita Juniors
01/01/1953 – América 1 x 3 Chacarita Juniors
06/01/1953 – Sport 0 x 1 Chacarita Juniors
06/12/1956 – Santa Cruz 1 x 1 Independiente
09/02/1973 – Santa Cruz 2 x 2 Argentinos Juniors
23/09/2015 – Sport 1 x 1 Huracán (Sul-Americana)
30/09/2015 – Huracán 3 x 0 Sport (Sul-Americana)
24/01/2016 – Sport 2 x 0 Argentinos Juniors (Taça Ariano Suassuna)
06/07/2017 – Sport 2 x 0 Arsenal de Sarandí (Sul-Americana)
27/07/2017 – Arsenal de Sarandí 2 x 1 Sport (Sul-Americana)
14/01/2018 – Sport 2 x 0 Atlético Tucumán (Taça Ariano Suassuna)

17 jogos disputados, 4 vitórias de PE, 4 empates, 9 derrotas; 29 GP, 42 GC

Jogos entre clubes e seleções (5)
08/12/1956 – Seleção Pernambucana 1 x 0 Independiente
12/01/1968 – Náutico 2 x 0 Seleção Argentina de Novos
24/01/1968 – Santa Cruz 1 x 2 Seleção Argentina de Novos
28/01/1968 – Sport 2 x 0 Seleção Argentina de Novos
05/02/1968 – Central 2 x 1 Seleção Argentina de Novos

O escrete do Atlanta no Recife, em 1937, iniciando a história PE x ARG…

O time do Atlanta, da Argentina, durante a passagem no Recife em 1937. Crédito: Diario da Manhã/reprodução

O peso relegado de um importante torneio sul-americano

Copa Sul-americana 2013, oitavas de final. Crédito: www.facebook.com/CopaSudamericanaConmebol

Por Fred Figueiroa*

Em toda a sua a história, o Sport Club do Recife disputou apenas três competições internacionais. Duas Libertadores: Em 1988 e, 21 anos depois, em 2009. Momentos especiais, guardados na memória afetiva dos torcedores e tratados com orgulho pelo próprio clube. Agora em 2013, o Leão disputa a sua primeira Sul-Americana e, nesta quarta – em sua estreia como mandante na Arena Pernambuco – terá a chance de se classificar às quartas de final do torneio. Se conseguir, será a melhor campanha internacional da história do clube. A classificação é difícil, claro.

A derrota por 2 a 0 para o Libertad em Assunção deixa o oscilante time rubro-negro com a missão de repetir o placar para ir aos pênaltis ou vencer por três gols de diferença. Porém, uma das certezas do primeiro jogo foi a limitação técnica do adversário. O placar foi construído em dois escanteios e ambos gerados por erros individuais dos laterais. Em uma noite inspirada – e o Sport já viveu algumas este ano – a reversão do quadro seria plenamente possível.

Porém, a decisão da comissão técnica foi poupar quase todo o time titular para a partida, esvaziando a motivação para a Sul-Americana, contrariando a linha da comunicação do clube, golpeando moralmente a torcida e – consequentemente – aumentando a pressão em cima do elenco para a reta final da Série B. O acesso é tratado internamente como prioridade e existe um diagnóstico do alto desgaste físico de grande parte dos jogadores. Natural. E, a partir desta visão – que não é unânime – até seria aceitável que Geninho poupasse alguns atletas em uma condição de maior risco. Mas oito (talvez nove!)? E até o goleiro?

Fica claro que uma escolha está sendo feita. E o que talvez seja ainda mais frustrante é que sequer há um discurso prometendo dedicação total dos que forem a campo. Pelo contrário. O tom é sempre de esvaziar qualquer expectativa. Contraditório às ações de comunicação e marketing.  As redes sociais do clube há dias vêm promovendo e instigando os torcedores para a partida na Arena, enquanto o marketing usou a partida de ida para o lançamento da revista oficial do clube, com 50% do conteúdo em espanhol. E, de repente, a Sul-Americana não vale o sacrifício dos jogadores ou sequer um discurso motivacional para manter ao menos a chama acesa entre os torcedores?

Ao adotar esta postura, Geninho e a diretoria de futebol devem ter a consciência que a escolha traz com ela um altíssimo risco moral. Qualquer resultado que não seja uma vitória sobre o fraquíssimo ASA no sábado resultará em uma crise impossível de contornar. Os próprios jogadores poupados terão sobre eles uma pressão imensa.

É importante ressaltar que esta decisão de ir com 90% do time reserva contra o Libertad é uma consequência do fracasso no planejamento e no desempenho desta Série B. Com o investimento que fez, o Sport tinha a obrigação de estar, no mínimo, com a pontuação da Chapecoense. Se a condição fosse essa certamente veríamos uma equipe jogando 100% na Sul-Americana.

* Fred é o colunista de esportes do Diario de Pernambuco

Sul-americana com 10 mil pessoas por jogo, com times argentinos à frente

Até a formação das oitavas de final, com o chaveamento sem qualquer distinção regionalizada, a Copa Sul-americana teve 62 jogos em duas fases. De acordo com a organização da competição, o público acumulado foi de 629.851 pessoas, com média de 10.158 torcedores.

Destaque para os seis argentinos que estrearam na segunda fase e entraram de cara no top ten de público, todos acima de 17,5 mil pessoas.

O Sport aparece em 10º, enquanto o Náutico figurou na 23ª colocação, devendo ser levado em consideração os problemas para o jogo na Arena Pernambuco.

A Lusa conseguiu ficar último na lista, com o Canindé às moscas.

Dos 47 clubes, apenas um ainda não está na lista, o São Paulo. Atual campeão do torneio, o Tricolor só irá estrear nas oitavas da final (veja a chave aqui).

Tabela de presença de público na Copa Sul-americana 2013, após as duas primeiras fases. Crédito: Conmebol/twitter

Fase internacional definida na Copa Sul-americana, na mira nordestina

Oitavas de final da Copa Sul-americana 2013. Crédito: Conmebol/facebook

A terceira fase da Copa Sul-americana, o que corresponde às oitavas de final, está finalmente definida, com a presença de clubes tradicionais como River Plate, Universidad de Chile e Vélez Sarsfield. Entre os cinco clubes brasileiros restantes na competição, dois são do Nordeste.

Presentes nas oitavas, Sport e Bahia terão a chance de estabelecer a melhor campanha nordestina no torneio. Ambos já igualaram o feito do Vitória em 2009, num total de oito participações da região na segunda copa da Conmebol.

A partir de agora, não haverá empecilho logístico na composição das chaves. Vale lembrar que oito times brasileiros e seis argentinos só estrearam na 2ª fase, e em duelos nacionais. Enquanto isso, os representantes dos outros oito países davam sequência aos confrontos regionalizados. Nas oitavas, porém, todos estão devidamente embaralhados, incluindo o São Paulo, atual campeão.

A participação leonina começará em 25 de setembro, às 21h50, em Assunção.

Para conferir o chaveamento em uma resolução maior, clique aqui.

2009 – Vitória (oitavas de final, 2ª fase – 14º)
2010 – Vitória (fase nacional, 2ª fase – 23º)
2011 – Ceará (fase nacional, 2ª fase – 22º)
2012 – Bahia (fase nacional, 2ª fase – 31º)
2013 – Náutico (fase nacional, 2ª fase – 22º)
2013 – Vitória (fase nacional, 2ª fase – 23º)
2013 – Sport (oitavas de final, 3ª fase*)
2013 – Bahia (oitavas de final, 3º fase*)

*Em andamento

Parcialidade Press

Jornais Olé (13/06/2011), de Buenos Aires, e Mais (09/06/2011), do Rio de Janeiro

Jornalismo parcial, uma verdade no futebol? Para quase todos os torcedores, sim.

Quantas vezes você abriu o jornal e ficou indignado com alguma manchete sobre o seu clube ou sobre o rival? Quantas vezes não acusou o periódico de ser “tendencioso”?

Por mais que a editoria do Superesportes seja formada por 16 torcedores dos três grandes clubes do Recife, o telefone da redação sempre toca com alguma reclamação.

Há um verdadeiro revezamento nas ligações, com gente dizendo que o time A é o preferido, que o time B é sempre criticado e que o time C mal é citado no jornal!

Mas e o que dizer das duas capas acima?

À esquerda, o Olé de 13 de junho, edição seguinte ao domingo que consagrou o tradicional Vélez Sarsfield como campeão argentino do Torneio Clausura.

Porém, a despedida do atacante Palermo, maior artilheiro da história do Boca Juniors, com 235 gols, rendeu até um “pedido de desculpas” do popular diário dos hermanos.

No dia seguinte, um mea culpa do Olé, com a reclamação do Vélez. Veja aqui.

À direita, o Mais Jornal de 9 de junho, exemplar na manhã seguinte ao título do Vasco na Copa do Brasil de 2011, após longo jejum de conquistas nacionais.

No embalo da alegria do Vasco, uma provocação sem citar nomes, mas obviamente a favor do Flamengo, com a diferença de glórias dos dois clubes cariocas.

Acho que os jornalistas dos dois diários tiraram todos os telefones do gancho nas redações quando as respectivas edições ganharam as ruas…

Qual foi a manchete esportiva mais parcial que você já leu? Comente!

O futebol que não pode morrer

Um gigante acordando…

O Peñarol, cinco vezes campeão da Taça Libertadores, está na semifinal da competição após 24 anos. No jogo de ida, vitória apertada sobre o Vélez Sarsfield por 1 x 0.

No estádio Centenário, em Montevidéu, os 60 mil torcedores (hinchas) do time uruguaio mostraram toda a sua tradição em uma festa espetacular na entrada da equipe…

Bandeiras, fogos de artifício, músicas, papel picado, fumaça amarela, energia e paixão.

Foi o “recibimiento“, como chamam os carboneros, torcedores do Peñarol.

Que o futebol precisa se modernizar, todos concordam. Só não é preciso acabar com festas assim. Não consigo imaginar um estádio como um “teatro”. Futebol, de verdade, é como no vídeo abaixo, gravado em HD direto da arquibancada lotada.

De cabeça

Abaixo, o vídeo do gol marcado pelo atacante Palermo, neste domingo, que deu a vitória ao Boca Juniors por 3 x 2 sobre o Vélez Sarsfield, na Bombonera. Um gol aos 28 minutos do 2º tempo, que fez explodir o caldeirão de Buenos Aires.

Foi o gol número 200 de Palermo na primeira divisão argentina.

Ok… Mas e daí? Confira o gol, marcado a 35 metros de distância. Guinnes Book?

Tira-teima, urgente

Tira-teima do tênis, também conhecido como "hawk-eye"

Neste domingo tive a certeza do quanto a falta de tira-teimas eletrônicos prejudicam o futebol. E o quanto é balela ouvir ex-árbitro dizendo que isso “tiraria a graça do futebol”. À tarde vi os dois extremos desse assunto.

Primeiro, assistindo a final de Wimbledon. Um jogaço que consagrou o suíço Roger Federer. O tenista bateu o norte-americano Andy Roddick por 3 sets a 2.

Como no torneio de Londres não existe tie-break no 5º set, Federer precisou fazer 16-14 para fechar o jogo e ganhar o seu 15º  Grand Slam. Uma partida de 4 horas! E nesse tempo todo, um saque de segundos tornou-se parte importante.

Federer soltou o braço e sacou. Roddick não alcançou a bola. Mas pediu uma revisão no lance, com o tira-teima, ou “Hawk-Eye“(olho de falcão). Direito dos atletas nesta competição desde 2007, mesmo com toda a tradição de Wimbledon, criado em 1877 e disputado no All England Club.

Ele foi atendido, e o lance mostrado no telão, para que todos na quadra pudessem checar. E Roddick viu o quanto Federer deu sorte, pois foi questão de centímetros em cima da linha, validando o saque. O americano ficou furioso, mas aceitou, é claro.

Após a festa do mito do tênis na grama de Londres, foi a vez de acompanhar a “final” do Campeonato Argentino de futebol.

Final entre as aspas, pois o Torneio Clausura é disputado por pontos corridos. No entanto, numa daquelas coincidências, o vice-líder Vélez Sarsfield recebeu o então líder Huracán logo na última rodada! 😯

A hinchada do Huracán não comemorava o título nacional desde 1973! Eram 36 anos na fila. Bastava o empate. O time foi elogiado por toda a crítica portenha durante a campanha, já que realmente fez grandes apresentações.

Mesmo fora de casa, ia pra cima. E foi mesmo. Aos 8 minutos do 1º tempo, o Huracán abriu o placar, numa cabeçada de Dominguez (de branco, abaixo). Mas o árbitro anulou, alegando impedimento. No lance já dava pra perceber que não estava. No replay, então, foi brincadeira!

Clausura-2009: Vélez Sarsfield 1 x 0 HuracánE o jogo seguiu 0x0, até os 38 minutos do 2º tempo, quando o Vélez Sarsfield marcou o gol da vitória, num lance onde o juiz não viu uma falta claríssima no goleiro.

E o troféu ficou em Liniers, com o Vélez, que chegou ao 7º título argentino.

E o erro custou o sonho de toda uma torcida. Para se ter uma ideia, por questão de segurança, foram liberados apenas 4.500 ingressos para os torcedores do Huracán. No entanto, mais de 15 mil pessoas foram ao estádio do clube ver no telão mesmo, com bandeira e tudo mais.

Três segundos olhando um monitor depois daquele lance teria validado o gol e, quem sabe, o título do Huracán, do bairro de Parque Patrícios. Ficou a discussão eterna.

E aí… Isso tira a “magia do futebol”?

Conversa fiada! 👿

Huracán, o furacão de Buenos Aires

Huracán, da Argentina

Você já ouviu falar em um time argentino chamado “Huracán“?

Provavelmente não. O time só esteve presente em uma Libertadores, em 1974, um ano após o seu único título nacional na era profissional do futebol dos hermanos (veja a lista de campeões argentinos AQUI).

Desde então, fracasso atrás de fracasso… Com direito a 3 rebaixamentos (1986, 1999 e 2003). Ao todo, ficou 9 temporadas na segunda divisão neste período.

E assim o time foi perdendo, aos poucos, o status de “grande” que tinha em Buenos Aires, juntamente com os ainda tradicionais Boca Juniors, River Plate, Independiente, Racing e San Lorenzo.

No entanto, de maneira incrível em um Torneio Clausura espetacular, o time centenário – formado por jovens – está a um empate de conseguir o seu 2º título nacional. Vale ressaltar que o Huracán (traduzindo: “Furacão”) tem 4 títulos na era amadora.

No próximo dia 5 de julho, o time – que soma 38 pontos na classificação – visitará o Vélez Sarsfield. O adversário é justamete o vice-líder, com 37 pts! Um desfecho emocionante do Campeonato Argentino, que já viveu um triangular final na última edição. O torneio vem mesmo ganhando interesse junto ao público brasileiro. 😀

Abaixo, o vídeo do maior clássico do Huracán, que é o jogo contra o San Lorenzo. A partida, por medida de segurança, foi disputada na Bombonera, casa do Boca, em 13 de junho. Vitória do Huracán por 1 x 0, incendiando as gerais.