A violência nos arredores da Ilha do Retiro em dia de Clássico das Multidões

Violência no Clássico das Multidões, Sport 1x1 Santa, em 05/04/2015. Imagens: TV Clube

O esquema de segurança da polícia militar delimita um raio de 5 km no entorno do estádio nos clássicos na capital pernambucana. Na Ilha, no Clássico das Multidões que encerrou o hexagonal do título de 2015, o efetivo total foi de 485 policiais, dos quais 344 fora do estádio. A partir desse dado – que varia de jogo a jogo, dependendo da demanda analisada pela própria PM -, vamos aos vídeos abaixo, com um confronto generalizado entre supostos integrantes das duas maiores torcidas organizadas da capital (Jovem e Inferno Coral).

Sim, as uniformizadas locais estão proibidas pela justiça, mas estão “enganando” por aí, com a camisa da mesma cor e a palavra “paz” no peito. Na prática, é exatamente o oposto, com a violência sem limite – gerando excesso da própria polícia. No fim, as cenas de sempre, com pancadaria, vandalismo nas ruas e nos ônibus, corre-corre, tiroteio…

É preciso aumentar o raio de ação, a quantidade de policiais ou a estratégia? Talvez, todas as opções, além da execução da lei, com o veto real às TOs.

A reportagem da TV Clube fez uma varredura no Recife, no raio de ação dos 334 policiais militares destacados no domingo…

Vídeo registrado por um morador de um edifício próximo à Ilha, com a chegada da torcida organizada, com confusão apesar da escolta.

A falta de respeito a uma instituição vai além dos Aflitos e das redes sociais

Foto de torcedor "urinando" nos Aflitos

A foto começou a circular nas redes sociais na manhã de segunda-feira. Dentro dos Aflitos, um homem de costas urinando (ou, no mínimo, simulando a ação) em cima do escudo do Náutico.

A imagem teria sido tirada numa pelada no campo quase abandonado.

Constatando a veracidade da foto, trata-se de um desrespeito absoluto à instituição. Do WhatsApp, o arquivo logo se espalhou no Twitter e no Facebook. Circulou entre alvirrubros, rubro-negros e tricolores.

Torcedores rivais tiraram onda, mas basta pensar um pouquinho para perceber que uma cena assim na Ilha do Retiro ou no Arruda também seria ultrajante.

No blog, optei por mascarar o personagem em questão. Não cabe a mim a sua exposição, mas é um tanto óbvio que a esta altura ele já deve ter consciência de que a imagem viralizou (logo cedo, eu recebi em duas frentes).

O que causa espanto é uma atitude assim, usando um espaço aberto pelo clube para influenciar negativamente num momento já tão conturbado no nosso futebol, com a insegurança. Não foi sequer na arquibancada, no calor de um clássico, mas dentro do campo de jogo, como convidado.

Era uma foto para uma “greia” interna, num grupo fechado? Alguém achou que a brincadeira não poderia ficar restrita ao grupo na rede social e encaminhou.

E aí o estrago está feito.

Nas últimas semanas, o Náutico só confirma que cedeu o gramado para uma pelada, com funcionários e convidados da FPF. Ao Timbu, então, mais responsabilidade ao abrir os portões de seu estádio, hoje sem uso profissional. Aos visitantes, algo básico para qualquer um: educação.

Paralisação dos metroviários aumenta a pressão sobre as torcidas organizadas

Estação de metô fechada. Foto: Guilherme Verissimo/DP/D.A Press

Os metroviários compraram a briga contra a violência no futebol pernambucano.

Sobretudo porque os funcionários vêm sofrendo, há tempos, com as ações dos vândalos nas estações de metrô que cortam a região metropolitana do Recife.

O estopim foi a chuva de pedras numa estação no sábado, 31 de janeiro de 2015, horas antes do Clássico das Multidões entre Santa e Sport, no Arruda.

O trem ficou parado, refém da violência entre supostos integrantes das torcidas organizadas, com vidros quebrados, agressão e ameaça de invasão. As cenas de terror, no Barro, foram registradas pelo próprio maquinista.

No dia seguinte, domingo, a categoria parou as ações na hora do confronto entre Náutico e Salgueiro, na Arena Pernambuco, pelo Estadual. Justamente num estádio construído para ter a rede de metrô como principal acesso.

A princípio, a ação parecia oportunista. Não foi… É, na verdade, um alerta.

Por mais que a paralisação atrapalhe a vida de 200 mil passageiros, por baixo, o ato visa chamar a atenção para algo sério, numa falha de segurança pública.

Veio o jogo seguinte, novamente entre Náutico e Salgueiro, desta vez pelo Nordestão, e nova paralisação dos metroviários. E o anúncio de outra parada já foi feito para o domingo, 8 de fevereiro, no Clássico dos Clássicos.

O estado pode até ignorar o caos, mas tem quem perca a paciência, com razão.

Os pedidos de paz de tricolores e rubro-negros

Mensagens de paz de Santa Cruz e Sport antes do primeiro Clássico das Multidões de 2015. Crédito: facebook/reprodução

Quis o destino – e a FPF – que a primeira rodada do hexagonal decisivo do Campeonato Pernambucano de 2015 tivesse de cara o clássico mais popular da cidade no maior estádio. Numa tentativa de começar o ano sem problemas, as duas diretorias investiram em campanhas de paz em suas páginas oficiais no facebook.

“Lembrando a todos que forem ao Arrudão, vá na paz, sem violência!”

“Rivalidade não é inimizade! A disputa de jogo é apenas entre as quatro linhas!”

Mensagens de tricolores e rubro-negros, respectivamente.

Ultimamente, os ânimos estão bem acirrados nos clássicos entre Santa Cruz e Sport, com muito trabalho para polícia, mesmo com a proibição das torcidas organizadas – que acabam driblando o veto e entrando do mesmo jeito.

Para o primeiro embate oficial do ano, a Secretaria de Defesa Social destacou 400 policiais. É o menor número nos últimos 26 clássicos no Recife, e a justificativa é a concorrência de outros polos de carnaval espalhados pela cidade.

Portanto, fica a torcida pela paz… até porque ainda estamos em janeiro.

Tem jogo demais pela frente.

Confira as duas imagens numa resolução maior aqui e aqui.

Jovem (Sport) x Gang da Ilha (Sport), a inexplicável e corriqueira briga, até em Florianópolis

Briga entre integrantes de de torcidas uniformizadas do Sprot durante Figueirense x Sport, pela 13ª rodada da da Série A 2014. Foto: Luiz Henrique/Figueirense/Flockr

Eles simplesmente não aprendem, porque não é o objetivo…

Torcer de forma organizada, colorindo o estádio, apoiando o time e ditando o ritmo das arquibancadas. Um dia o cenário foi esse. Há tempos não é.

As torcidas organizadas, ou “torcidas uniformizadas”, hoje utilizam o futebol como escudo para disseminar a violência no futebol…

Para cada boa ação, numa tentativa de diminuir a imagem arranhada, inúmeros crimes são noticiados, sempre afastando o grande público.

Brigas, roubos, depredação e até assassinato.

As direções das organizadas – seja qual for a cor do time – alegam que os autores seriam gente infiltrada. Acabam é corroborando com a tese de que não há controle.

Com o tempo surgiram as ramificações das TOs, com “torcidas aliadas” de outros clubes e rivalidades com outras facções. O complexo sistema faz com que torcidas de um mesmo clube se tornem rivais…

Neste domingo, as imagens do canal Premiere captaram ao vivo uma briga entre integrantes da Torcida Jovem e Gang da Ilha, as duas principais organizadas do Leão. Lá em Florianópolis, sob as vaias da torcida do Figueirense.

Mais de 20 jovens trocando socos e ponta-pés – cinco acabaram fichados pela polícia. Tudo pelo comando das arquibancadas, pois não há espaço para divisão. Não para eles.

Dividir o “poder”, a “influência”? Comprometeria a aquisição de novos adeptos, influenciados desde cedo pela “beca”.

Ao clube, sempre com a mão branda, fica o ônus…

A ameaça de perda de mandos de campo na Série A..

E pensar que neste mesmo 2014 o Sport já foi punido pelo STJD (no Nordestão) por casa da mesma torcida… Eles não aprendem. Nem eles e nem o clube.

As pedras continuam voando, os clubes indo ao STJD e os marginais nos estádios

Pedra arremessada no carro do 4º árbitro no jogo Sport 1x4 Corinthians. Foto: Bruno Reis/Twitter (twitter.com/reporterbruno)

Pedras já foram arremessadas inúmeras vezes na Ilha do Retiro e no Arruda.

Em jogos de grande público, o perigo aumenta bastante…

Neste ano, ocorreu uma tragédia no José do Rego Maciel, com a morte de Paulo Ricardo, atingido na cabeça por um vaso sanitário, na rua, após a partida entre Santa e Paraná.

O crime aconteceu em 2 de maio. Menos de um mês depois, no dia 25, no Adelmar da Costa Carvalho, um marginal (disfarçado de torcedor?) voltou a atirar uma pedra.

Premeditado? Descontrole? Arruaça? Não importa. É uma dura rotina…

Desta vez, no jogo Sport x Corinthians, o tijolo também foi lançado na área externa do estádio. No caso, a pedra estilhaçou o vidro traseiro do carro do quarto árbitro, Sebastião Rufino Filho.

Felizmente, não havia ninguém dentro do veículo. O que só deixa claro que casos mais graves – ou extremos, como o de Paulo Ricardo – não ocorreram mais vezes, até hoje, quase que por “sorte”.

O criminoso segue sem identificação. À parte disso, o Sport foi citado na súmula do árbitro carioca Péricles Bassols.

Com a denúncia, o Leão deve ir a mais um julgamento neste ano no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. O Tricolor já está cumprindo a segunda pena. Por mais emblemático que tenha sido, o assassinato segue indiferente aos marginais.

As pedras, vasos sanitários e reboco continuam sendo atirados da Ilha e do Arruda.

Os clubes continuam indo ao STJD.

E a maior parte dos marginais permanece frequentando os estádios recifenses…

Súmula do jogo Sport 1x4 Corinthians, na Série A 2014. Crédito: CBF/reprodução

Os primeiros torcedores banidos do Recife

Torcedores banidos do Arruda. Crédito: Santa Cruz/assessoria

A morte do torcedor Paulo Ricardo Gomes foi esclarecida pela polícia civil, que prendeu os três suspeitas. Everton Filipe Santiago, Luiz Cabral de Araújo e Waldir Pessoa Firmo confessaram o crime ocorrido em 2 de maio, a saída do Arruda, quando jogaram um vaso sanitário na cabeça da vitíma.

Agora, duas semanas depois, o presidente coral, Antônio Luiz Neto, assinou uma nota oficial do Santa Cruz banindo os três das dependências do clube.

Everton, Luiz e Waldir já estão presos…

Portanto, o ofício parece mais uma resposta ao público. De qualquer forma, é um caso inédito na história do futebol local.

Ilustrando em charges o país da Copa

Atualizado com novas charges (15 ao todo) em 27/05/2014.

A Copa do Mundo de 2014 está chegando e os problemas no país permanecem. Arrastões, aumento nos impostos, falta de estrutura, protestos…

Num tom crítico e com dose de humor, Samuca e Jarbas Domingos, da editoria de artes do Diario de Pernambuco, publicaram as seguintes charges no jornal, desde o fim de abril. Vai ter Copa…

27/05 – No primeiro protesto, o Fenômeno ensaia uma mudança de lado (Jarbas Domingos)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 27/05/2014. Arte: Jarbas Domingos/DP/D.A Press

26/05 – A Fifa assume a administração de arenas e CTs (Samuca)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 26/05/2014. Arte: Samuca/DP/D.A Press

25/05 – Tempo cada vez mais curto e governo omisso (Jarbas Domingos)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 25/05/2014. Arte: Jarbas Domingos/DP/D.A Press

24/05 – A adoração da Taça Fifa no tour pelo país (Samuca)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 24/05/2014. Arte: Samuca/DP/D.A Press

22/05 – Segurança ostensiva no Mundial… (Samuca)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 22/05/2014. Arte: Samuca/DP/D.A Press

19/05 – Versão do popular comercial com as polêmicas do Rei (Jarbas Domingos)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 19/05/2014. Arte: Jarbas Domingos/DP/D.A Press

22/05 – Estreia do X-Men e as dúvidas dos poderes nas mãos de Felipão (Samuca)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 18/05/2014. Arte: Samuca/DP/D.A Press

16/05 – Os saques na greve da PM em Pernambuco (Samuca)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 16/05/2014. Arte: Samuca/DP/D.A Press

14/05 – Os estádios inacabados do Mundial (Samuca)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 14/05/2014. Arte: Jarbas Domingos/DP/D.A Press

13/05 – Godzilla ataca nos cinemas. Ou no Brasil? (Jarbas Domingos)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 13/05/2014. Arte: Jarbas Domingos/DP/D.A Press

10/05 – Alerta de segurança aos 500 mil torcedores estrangeiros (Samuca)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 10/05/2014. Arte: Samuca/DP/D.A Press

07/05 – A lista de convocados de Felipão (Jarbas Domingos)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 07/05/2014. Arte: Samuca/DP/D.A Press

06/05 – A violência das torcidas organizadas, com assassinato (Samuca)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 06/05/2014. Arte: Samuca/DP/D.A Press

05/05 – Seguidos problemas no sistema metroviário do Recife (Jarbas Domingos)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 05/05/2014. Arte: Jarbas Domingos/DP/D.A Press

30/04 – Paralelamente à campanha contra o racismo, a conta de luz aumenta (Samuca)

Charge do Diario de Pernambuco no dia 30/04/2014. Arte: Samuca/DP/D.A Press

Na insegurança geral da capital, futebol é o que menos importa no momento

Grand Theft Auto na "versão" Recife

A greve geral da Polícia Militar, decretada como ilegal pela justiça.

A onda de boatos e a desordem nas ruas, com a cultura de violência de arrastões e seguidos saques em lojas. Clima de tensão permanente.

Tudo registrado e compartilhado. Em alguns casos, de forma estarrecedora, como orgulho… O orgulho de ser bandido.

Segue com o pedido de ajuda do novo governador à força nacional e ao exército.

São dias difíceis em Pernambuco, esporte à parte. Tão à parte que a realização do jogos na capital, pelo Campeonato Brasileiro, está ameaçada.

Náutico x Vasco no sábado e Sport x Bahia no domingo.

Já dizia Nelson Rodrigues…

“Das coisas menos importantes, o futebol é a mais importante.”

Sem segurança efetiva, o futebol que espere.

Atualização: às 17h15 desta quinta, o twitter oficial da FPF confirmou a decisão tomada pela CBF, que optou por adiar as partidas na região metropolitana através de uma informação de modificação de tabela (IMT). O pedido havia sido feito pela própria direção da federação pernambucana, numa ação prudente. As partidas foram remanejadas para os dias 4 (Ilha) e 6 (Aflitos) de junho.

Cinco jogos de portões fechados para o Santa. Torcida coral, só em julho

Julgamento do Santa Cruz. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

A torcida coral vai ter que esperar para ver o time novamente…

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o STJD, puniu o Santa Cruz no julgamento sobre a morte do torcedor Paulo Ricardo, atingido por um vaso sanitário arremessado do Arruda, em 2 de maio. A prisão dos três suspeitos do homicídio atenuou a pena ao Tricolor, uma vez que a máxima seria de dez jogos.

O relator do caso apontou o artigo 213 para justificar a perda de cinco mandos de campo e pena R$ 50 mil. Ainda teve o artigo 211, mantendo a interdição do estádio José do Rego Maciel até a apresentação de laudos sobre os banheiros do local.

Após os votos do julgamento, foi mantida a pena com os portões fechados. Já a multa subiu para R$ 60 mil.

Integrante da mesa do STJD, Paulo Bracks disse o seguinte:

“Faltou segurança, faltou fiscalização. E aí errou o grande Santa Cruz.”

O jogo Santa Cruz 3 x 1 Lagarto, pela Copa do Brasil, já entra na lista como o primeiro jogo da punição. Eis as outras quatro partidas, sendo as três primeiras pela Série B e a última na Copa do Brasil.

23/05 – Santa Cruz x América-MG
30/05 – Santa Cruz x Joinville
03/06 – Santa Cruz x Ponte Preta
23/07 – Santa Cruz x Botafogo-PB

Assim, o povão só voltará a ver o time após a Copa do Mundo, mais precisamente no dia 26 de julho, contra o Ceará. No Arruda? Aí, só com os laudos…