Confusão no Arruda sob o olhar do camisa 9 da Seleção Brasileira

Fred comenta confusão de supostos torcedores da uniformizada do Santa no Arruda

O camisa 9 da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2014 assumiu a liderança entre os jogadores do país na campanha contra a violência no futebol, sobretudo nas torcidas organizadas.

Na busca pela paz, o atacante Fred comentou no seu perfil oficial no facebook, com 148 mil pessoas, sobre o protesto de supostos membros de uma organizada no Arruda, com direito à tentativa de invasão ao vestiário dos jogadores tricolores.

Eis a íntegra do depoimento do centroavante…

“A invasão de uma torcida organizada ao CT do Santa Cruz é mais um triste capítulo de violência que reforça a necessidade de mudança imediata na relação entre clubes e torcedores no Brasil. Logo o Santinha, que possui uma das torcidas mais apaixonadas, que sempre mostrou seu amor pelo clube nos momentos de alegria e, principalmente, nas horas mais difíceis – mesmo quando o clube não fazia parte de nenhuma divisão do Campeonato Brasileiro. Um time e uma torcida que cativam a todo o Brasil pelas provas recorrentes de apoio, companheirismo, carinho e, sobretudo, amor.

Sei que os milhões de torcedores de bem precisam ser exaltados e não podem ter sua devoção questionada, muito menos sua imagem arranhada por um grupo ou uma facção uniformizada que pensa estar acima da Justiça. Por isso, mais do que nunca, essa invasão reforça nossa grande luta contra esse inimigo sem face que entristece o esporte símbolo do nosso país em todo o mundo.

Presto minha solidariedade a todos os atletas e funcionários do Santa Cruz e de todos os outros clubes que já sofreram com a ação desses criminosos disfarçados de torcedores. Todos devemos nos unir nessa luta para o nosso bem individual e, principalmente, para o bem do nosso futebol. Por nós e pelas próximas gerações.”

Saiba mais sobre a confusão ocorrida no dia 24 de abril clicando aqui.

Invariavelmente à noite, a volta dos clássicos na arena segue caótica

Volta dos torcedores após o clássico Náutico 3x5 Santa Cruz, em 23/03/2014. Fotos: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

A ida, sem o calor do resultado, é levemente mais tranquila.

Na volta, invariavelmente à noite, a situação se torna caótica.

Começa com o caminho mal iluminado – ou não iluminado – do estádio ao ponto de ônibus. Segue com a estação de metrô sem controle da polícia militar para a divisão de torcidas. E mais ônibus lotados na volta…

A dura rotina via transporte público na Arena Pernambuco já era conhecida. Com os clássicos, a situação ganhou o viés da violência.

No pioneiro duelo entre Náutico e Santa na arena, houve até chuva de pedras na estação do TIP – sim, pois a estação metroviária programada para o estádio, a Cosme e Damião, foi praticamente deixada de lado na organização dos jogos.

Os registros foram feitos pela equipe do Diario, no projeto #napeledatorcida.

Já foram disputados quatro clássicos na arena e a cota de testes em relação à mobilidade para jogos do tipo está esgotada. O conforto no estádio é notório, digno de elogios, mas o público precisa da comodidade no traslado.

A responsabilidade é do governo do estado, e é enorme. A cobrança continua…

Volta dos torcedores após o clássico Náutico 3x5 Santa Cruz, em 23/03/2014. Fotos: João de Andrade Neto/DP/D.A Press

Cartilha, confraternização e as mesmas ações do MPPE contra as uniformizadas

Cartilha do Torcedor, produzida pelo Ministério Público de Pernambuco

De tempos em tempos, uma mesma medida é tomada pelo Ministério Público de Pernambuco para tentar parar a violência protagonizada por supostos integrantes das torcidas uniformizadas nos jogos de futebol.

O promotor José Bispo decidiu entrar com uma ação solicitando o afastamento das principais facções dos clubes pernambucanos, por um ano. A medida valeria para os estádios na Região Metropolitana do Recife.

A ideia está longe de ser inédita…

A última recomendação do tipo aconteceu em 2012. Relembre aqui.

A própria FPF tomou uma decisão semelhante em 2013. Durou quatro meses.

Ou seja, teremos uma velha novidade, que já se configurou em um paliativo. Seguimos sem avanço no problema central, com investigações e punições de fato aos infratores.

Em 2010, o Ministério Público de Pernambuco já havia lançado uma cartilha de comportamento dos torcedores, com objetivo de informar de forma clara e objetiva os direitos e deveres das pessoas que frequentam os estádios.

A cartilha, com tiragem de 25 mil exemplares, não teve tanto efeito.

Curiosamente, naquela ocasião, o mesmo José Bispo fez uma grande confraternização no MPPE com integrantes das principais uniformizadas, Torcida Jovem, Inferno Coral e Fanáutico.

Essa dualidade do órgão e de seus representantes também faz diferença

Em vez de cartilhas e recomendações provisórias, bem que o Ministério Público poderia insistir na ideia do cadastro dos membros. E olhe que que as estimativas apontam para até 190 mil membros…

As cenas violentas de sempre após os grandes clássicos no Recife

Cenas de violência após o clássico Sport 3x0 Santa Cruz, em 06/03/2014. Imagens: TV Clube/reprodução, VT Brasil e Camera Olho, ambos via Youtube

Cenas de violência após o primeiro Clássico das Multidões em 2014.

Arrastão, brigas, rojões, pedradas, ônibus invadidos, roubos, carros com vidros quebrados e pânico no Recife em 6 de março, no primeiro dos quatro jogos agendados neste mês. Confusão antes e depois do jogo na Ilha. E também houve tumulto no acesso ao estádio.

Assista à reportagem da TV Clube  e outros dois vídeos caseiros, gravados em edifícios vizinhos, sobre a guerra entre supostos integrantes das uniformizadas Torcida Jovem e Inferno Coral na Avenida Conde da Boa Vista.

O saldo da noite? Nenhuma prisão de fato, como sempre.

A complexa e cansativa questão das torcidas ditas como organizadas é de segurança pública, do estado. Até hoje, o governo de Pernambuco segue um tanto omisso sobre o assunto…

Enquanto isso, a insegurança vai esvaziando os jogos de futebol na capital.

A necessidade de impor uma punição ao racismo no futebol brasileiro

Campanha da CBF contra o racismo. Crédito: twitter.com/cbf_futebol

A cena causa repulsa, indignação.

Ao simplesmente tocar na bola, o volante Tinga, do Cruzeiro, escutava das arquibancadas a mudança no comportamento da torcida.

Em vez de gritos de incentivo e músicas sobre o clube local, escutava-se um som emulando um macaco.

Sem a bola dominada por Tinga, negro e campeoníssimo no futebol, os gritos mudavam rapidamente, voltando ao “alento” tradicional.

Isso ocorreu no Peru, pela Taça Libertadores da América.

Infelizmente, não é um caso isolado. A cena racista – um caso de polícia – já foi repetida inclusive em estádios no Brasil.

No dia seguinte ao episódio, a CBF lançou a campanha “Somos Iguais”. Semelhante ao Respect, adotado pela Uefa.

Somos iguais sim, desde sempre, por mais que a história tenha trilhado um caminho perverso até um século atrás.

No futebol, no entanto, ainda falta algo mais prático para dar fim a isso.

Os episódios se repetem, a indignação toma conta, levanta o debate mais uma vez e, quase sempre, fica por isso mesmo.

Como na sociedade, falta a punição ao racismo. Perda de mando de campo? Perda de pontos na classificação? Suspensão? Multa? Quem sabe até, todas as respostas anteriores.

E pensar que o futebol deveria ter o fair play como ponto de partida…

Bandeira branca a meio mastro após quebra da primeira diretriz do Futebol de Paz

Futebol de Paz. Crédito: facebook.com/fpfpe

No início de 2014, o presidente do Sport, João Humberto Martorelli, teve a boa e necessária ideia de estimular uma campanha para a paz no futebol local.

O projeto Futebol de Paz foi lançado em 22 de janeiro, na sede da FPF, com a presença do dirigente e dos mandatários de Náutico, Glauber Vasconcelos, e Santa Cruz, Antônio Luiz Neto. O discurso, enfim, parecia afinado.

A ideia foi composta por seis diretrizes, todas elas com o objetivo de evitar o aumento do clima hostil no futebol pernambucano, com material de divulgação nos clubes, nos jogos e nas redes sociais. A primeira delas é a seguinte:

“As entrevistas dos três presidentes e dos diretores dos três clubes serão sempre exaltando a paz, nunca de uma rivalidade que gere promoção da rivalidade e da violência.”

Menos de um mês após a bandeira branca tremulada, logo o próprio Martorelli feriu o primeiro ponto do acordo, destinado aos gestores do esporte.

No calor da confusão sobre a tabela do Estadual, que foi parar no STJD e resultou no adiamento do clássico entre Náutico e Sport na primeira rodada – a uma data a ser definida -, o presidente rubro-negro declarou o seguinte à Rádio Jornal.

“É evidente que o Náutico está com medo de enfrentar o Sport. Isso é o que me parece mais óbvio.”

O dirigente é um advogado conceituadíssimo na região, mas à frente do futebol do clube parece ter faltado um pouco de traquejo nesta confusão.

A bandeira branca a meio mastro no Recife, mais uma vez.

A triste história de Marlon Carneiro em um jogo de futebol. Poderia ser a sua

Copa do Nordeste 2014, 1ª rodada: Botafogo-PB 1x1 Sport. Fotos: twitter.com/carneiro006

Essa é a história de Marlon Carneiro.

Sem demagogia alguma, poderia ser a sua. Caso você frequente os estádios de futebol no Brasil, possivelmente já foi…

Marlon chegou na capital vizinha no dia que antecedeu ao jogo. Aproveitou a curta distância entre as cidades para passar o fim de semana por lá.

Viajou sobretudo para torcer pelo seu time, ao lado dos amigos.

Ele não tem vínculos com torcidas uniformizadas. Prefere vestir a camisa do clube e levar a própria bandeira.

Marlon queria apenas estar presente na estreia de sua paixão nos gramados, como tantos outros, independentemente de suas cores preferidas.

Infelizmente, esse torcedor teve uma de suas piores tardes em um estádio…

Não há aí qualquer relação com o futebol mediano apresentado. Isso é normal, é do esporte. Afinal, só existem três resultados possíveis.

Fora do campo de jogo é que veio o verdadeiro temor, com o cenário rotineiro de violência no país.

A velha mistura com a falta absoluta de controle das uniformizadas, abuso de força policial e desempenho pífio dos organizadores de um esporte tido como profissional.

A bola ainda rolava quando Marlon levou um tiro de borracha na perna. Em situação já difícil, viu gente próxima na arquibancada sofrendo ainda mais. No fim, se viu no meio de uma praça de guerra, com brigas, pedradas, correria, spray de pimenta e tiros. Desespero total.

Isso ocorreu em um jogo com menos de mil pessoas no setor para visitantes, com todos os presentes tendo a memória viva de uma recente briga generalizada na elite.

Esse relato foi contado no próprio twitter de Marlon. Na rede social, ele também compartilhou as fotos desta postagem, registradas em um smartphone no meio do tumulto.

O recifense havia divulgado uma imagem antes de a partida começar, cruzando os punhos, sem perceber que o erro já estava ali.

Porém, o sorriso dele era aquele mesmo que você tem ao girar a catraca e ver de pertinho o seu clube, ansioso pela festa.

Imaginando sempre que a violência jamais chegará na sua frente. Já chegou, faz tempo.

A tal cidade em questão, João Pessoa. O tal jogo, Botafogo-PB 1 x 1 Sport. A tal data, 19 de janeiro de 2014. As cenas, quase sempre as mesmas…

Copa do Nordeste 2014, 1ª rodada: Botafogo-PB 1x1 Sport. Fotos: twitter.com/carneiro006atacante

Início do veto das marcas dos clubes nas organizadas. No Recife, a presença é total

Torcidas uniformizadas Inferno Coral, Torcida Jovem e Fanáutico

O Cruzeiro anunciou uma medida drástica na relação com as torcidas organizadas do clube. A direção mineira proibiu o uso da marca do clube nos materiais produzidos pelas uniformizadas.

O presidente do campeão brasileiro de 2013, Gilvan Tavares, alegou prejuízo financeiro, ao deixar de arrecadar através dos royalties, via licença da marca – ou seja, perdendo para a pirataria -, e também na própria imagem do clube, com as constantes brigas envolvendo supostos integrantes das organizadas, resultando inclusive na perda de mandos de campo.

O clube deve ir à justiça para garantir o direito. A atitude do Cruzeiro, claro, levantou o debate no país sobre a relação clube/organizada, nos termos segurança e receitas.

No Recife, nota-se que as três maiores facções presentes (Inferno Coral/Santa Cruz, Torcida Jovem/Sport e Fanáutico/Náutico) usam os escudos dos times nas camisas à venda nas lojas na cidade e também na internet.

A quebra de patrocínios por causa de confusões nas arquibancadas brasileiras, como no distrato entre Vasco e Nissan, e o possível aumento nas punições nos campeonatos, como a perda de pontos, mostra que a fissura entre o Cruzeiro e a Máfia Azul pode ser mesmo o início de outras rachaduras nessas relações…

Torcida Máfia Azul, do Cruzeiro

Canalizando a identificação da violência nos estádios brasileiros

Site Identifique os Brigões

A fragilidade da segurança pública no futebol brasileiro é gritante. A revolta, claro, é na mesma proporção. A briga generalizada entre integrantes de torcidas uniformizadas de Atlético-PR e Vasco em Joinville, com imagens de pura selvageria, repercutiu em todas as esferas da sociedade.

Com o discurso insosso de sempre, ações antigas e sem resultado, a situação segue preocupante. Provavelmente por isso a criação de ações paralelas.

Cansado de esperar ações da Polícia e do Ministério público, o programador Robert Fernando Schweppe criou um site para identificar os responsáveis pela violência nos jogos. A estreia foi justamente na partida que encerrou a Série A de 2013, com imagens de barbárie espalhadas mundo afora.

O site Identifique os Brigões publicou uma série de fotos em alta resolução da confusão, com a ferramenta. Em uma das fotos, com 27 pessoas presentes, seis foram tiveram os nomes indicados pelos internautas.

O processo de identificação é semelhante ao do facebook. Por sinal, a própria página disponibiliza ícones de compartilhamento na rede social. Resta saber como será feita a apuração dessas informações, com o risco de indicação de nomes errados e, assim, uma exposição irresponsável.

E haja fotografia sobre o tema de agora em diante…

Exportando a violência das organizadas

Briga com supostos integrantes da torcida organizada do Santa Cruz em 2013 em Brasília, São Luís (Karlos Geromy/OIMP/D.A Press) e Maceió (ITAWI ALBUQUERQUE/FUTURA PRESS) e

A situação das torcidas uniformizadas pernambucanas não tem sido fácil de controlar. Em 2013, o cenário parece ter piorado fora do estado.

Até aqui, supostos integrantes da maior organizada do Santa Cruz, a Inferno Coral, já arrumaram confusão nos estádios Rei Pelé (Maceió), Castelão (São Luís) e Boca do Jacaré (Brasília).

Em alguns casos, torcedores dos clubes rivais do adversário coral nas respectivas partidas também aumentaram a quantidade de vândalos presentes, como nesta quarta, com torcedores do Gama, rival do Brasiliense.

A explicação vem das alianças das torcidas organizadas em todo o país, com facções de times de fora aliadas de clubes do estado, até mesmo vestindo as becas das torcidas. Ou seja, o aliado de um rival local também é um rival.

Mas exportar a violência é demais.

Em janeiro, um integrante da Torcida Jovem foi detido na reabertura do Castelão, sob a acusação de ter quebrado uma cadeira, a primeira nas arenas da Copa. A Fanáutico, em viagens pelo país, é sempre abordada nas estradas.

Vale destacar ainda o apoio financeiro, não oficial, dos clubes às principais organizadas. Ajuda no Arruda, na Ilha do Retiro, nos Aflitos…

Suposto integrante da Torcida Jovem detido após quebrar uma cadeira do Castelão, em Fortaleza (Ilo Santiago/Diário do Nordeste Online) e viagem da Fanáutico