Foto: Brenda Alcantara/Esp DP/D.A Pres

José Neto resolveu investir em um trabalho autônomo e fez um curso de aperfeiçoamento de eletricista – Foto: Brenda Alcantara/Esp DP/D.A Pres

Fazendo renda por conta própria

Com alta no desemprego, trabalhadores buscam se colocar no mercado como autônomos, que podem se capacitar e se formalizar como microempreendedores individuais

Com a alta na taxa de desemprego no país, que ficou em 8,5% em média em 2015, segundo a PNAD Contínua, o empreendedorismo pode ser uma boa alternativa para quem não consegue mais voltar para a área de origem e nem pode continuar no prejuízo. Arrumar uma forma de lucrar por conta própria, agindo com planejamento prévio e buscando sempre se capacitar, pode ser uma boa pedida para sair do vermelho.

José da Silva Neto, 40, que trabalhou grande parte de sua vida na Força Marítima, após voltar de uma temporada, ficou um tempo em sua casa, no Recife. Depois, voltou ao Rio de Janeiro, local em que tinha certeza de que iria conseguir embarcar novamente. Mesmo tendo feito um curso de plataformista acreditando que suas chances iriam aumentar, não conseguiu. Com várias empresas fechando e a situação se tornando mais difícil, há cerca de dois anos Silva voltou para casa e resolveu investir no trabalho autônomo.

Ele sempre realizou serviços de pedreiro, pintor e eletricista como “bico”, mas viu na Agência do Empreendedorismo Individual e Autônomo a oportunidade de transformá-los em um trabalho fixo. Quando viu uma propaganda na televisão da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação (Sempetq) que informava sobre cursos de aperfeiçoamento, achou interessante e resolveu se inscrever. Fez o curso de aperfeiçoamento de eletricista, além de ter participado de palestras e curso de gerenciamento de negócios. Acredita que foi muito importante para a sua vida profissional. “Fez muita diferença para mim, aprendi muito e a qualidade do meu serviço melhorou”, comenta Silva. Além disso, conta que ter o certificado do Senai (Serviço Nacional da Indústria) faz uma diferença muito grande, pois passa credibilidade.

Buscando se capacitar ainda mais, ele está finalizando o curso de pedreiro, e conta que não falta serviço. “Todo dia tenho trabalho. Seja na área de pintura, reparo ou eletricidade. Sempre tem”, comenta. Apesar de ainda não ter se registrado como microempreendedor individual (MEI), pretende fazer isso em breve.

Além dos aperfeiçoamentos realizados por José, a agência oferece cursos para vários outros profissionais (ver quadro). Também fornece orientações para que o empreendedor aprenda quais passos devem ser tomados para se destacar no mercado. De acordo com Antonino Fernandes, gerente de fortalecimento das cadeias e arranjos produtivos, após a crise econômica ter se instalado no país, a procura pelo investimento em negócios próprios aumentou bastante.

Curso de diarista do Projeto Ideia: capacitação inclui aperfeiçoamento na área de escolha, gerenciamento de negócios e palestras de orientação ao trabalhador - Foto: Henrique Lima/Sempetq

Curso de diarista do Projeto Ideia: capacitação inclui aperfeiçoamento na área de escolha, gerenciamento de negócios e palestras de orientação ao trabalhador – Foto: Henrique Lima/Sempetq

Esses cursos e orientações fazem parte do Projeto Ideia, que conta com carga horária de cerca de 100 horas. As atividades realizadas são curso de aperfeiçoamento adaptado à área escolhida, gerenciamento de negócios e uma palestras que buscam orientar o trabalhador sobre seus direitos e deveres. Após concluírem a capacitação na agência, que conta com parceria com o Sebrae-PE, Senai e Senac na realização dos cursos, os profissionais podem se formalizar como trabalhadores autônomos ou MEIs.  Assim, passam a fazer parte do banco de dados da instituição. Depois disso, ela passa a mediar a relação entre o profissional e o cliente. Eles são disponibilizados para prestar serviços em residências e empresas, mas o valor do serviço é negociado diretamente entre quem procura o serviço e quem o oferece.

De acordo com Patrícia Almeida, gestora de apoio à economia solidária e ao empreendedor autônomo, o Projeto Ideia visa fazer os profissionais enxergarem o serviço que prestam como negócios. Assim, são orientados também em relação à melhor forma de atender um cliente e divulgar o serviço. Para as pessoas que são cadastradas no banco, outros cursos são oferecidos em parceria com empresas privadas. “Se uma empresa de tinta oferece um curso especializante, por exemplo, ela prioriza um número de vagas para os nossos profissionais”, explica a gestora.

Trabalhador pode se formalizar como autônomo na Agência de Empreendedorismo, que oferece os serviços para pessoas físicas e jurídicas

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