A imagem Venus de Willendorf foi esculpida há mais de 22 mil anos. Crédito: Nuirene/Divulgação

Por Luiza Bessa

Corpos magros e sarados, ossos salientes e barriga negativa são alguns dos ideais de beleza modernos. A busca incessante por esse padrão segue estampando revistas, publicidades e ditando a regra nos desfiles de moda atuais, mas não é preciso ir muito longe na história para perceber que as coisas eram bem diferentes há apenas algumas décadas – ou séculos atrás.

De acordo com a professora de design da moda Débora Pontes, existiram dois momentos específicos da história em que ser gordinha era um atrativo. “O primeiro foi no período pré-histórico, com figuras corpulentas, propositalmente avantajadas”, explica. Um dos mais emblemáticos exemplos deste padrão de beleza é a Mulher de Willendorf (ou Vênus), uma estátua esculpida há mais de 22 mil anos, que simboliza a fertilidade. Nela, é possível ver uma mulher voluptuosa, com seios grandes, coxas grossas. Lembra em algo o nosso atual modelo plus size?

O Renascimento foi o segundo período histórico em que corpos mais gordinhos faziam sucesso. Deixando a Idade Média para trás, período marcado por crises na alimentação, morte por fome e doenças como a peste bubônica, ser gordinha no período renascentista era sinônimo de saúde e riqueza. “Com o contato com o Oriente, começou a se desenvolver uma classe comerciante na Europa. Essas famílias passavam por um momento de fartura financeira e as mulheres serem cheinhas era sinônimo de riqueza”, explica Débora.

Já o período moderno é marcado por oscilações no padrão de beleza de acordo com as décadas. Nos anos 1950, por exemplo, o referencial estético era a atriz e modelo Marilyn Monroe, conhecida por coxas grossas e seios grandes. Já na década seguinte, Twiggy fazia sucesso entre as mulheres jovens com seu pouco peso e cabelos curtos. Os anos 1980 marcam o início da preocupação com o corpo, com a criação da moda fitness e o fenômeno das academias lotadas. Na época, a cantora Madonna era reconhecida como referência estética. Na década de 1990, as supermodelos magérrimas influenciavam mulheres do mundo todo a buscarem um corpo semelhante.

E o que dizer do século 21? “Com o movimento da Primavera das Mulheres e o novo movimento feminista, as mulheres são incentivadas a abraçar a diversidade. Um exemplo são os cabelos cacheados e afro”, afirma Débora. Se de um lado iniciativas individuais, movimentos e marcas lutam para a aceitação dos corpos, do outro ainda persiste uma grande patrulha, sobretudo nas redes sociais, em busca do corpo perfeito. O sucesso das blogueiras fitness como Gabriela Pugliesi e Gracyanne Barbosa apontam para o poder de influência das redes sociais na busca de um novo padrão estético, marcado pelo corpo sarado e pela vida fitness. Não que as curvas voluptuosas da top internacional Ashley Graham, ou mesmo da dançarina Mulher Melancia, não provoquem os olhares e sejam admirados por boa parte da população, não é?