Fórum de trânsito chega ao fim

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

A última edição do Fórum Desafios para o Trânsito do Amanhã, nesta terça-feira, na sede dos Diários Associados, trará um balanço do que foi discutido em nove encontros e culminará numa carta propositiva de ações que podem ajudar a melhorar o trânsito e a mobilidade urbana na cidade.

Muitas das obras já estão previstas no plano de mobilidade do município e governo do estado, a exemplo dos corredores exclusivos de ônibus e dos terminais de integração, dentro do pacote de infraestrutura urbana, previstos até a Copa de 2014. Mas a proposta do fórum vai além das obras viárias e traz um panorama do que precisa ser melhorado na operação do trânsito, na educação e na valorização do transporte não motorizado.

O fórum contou com a participação de 28 palestrantes. O trabalho foi coordenado pelo engenheiro civil Laédson Bezerra, que vai fazer o balanço dos trabalhos. “O fórum teve um papel importante de trazer a sociedade para discutir o problema da mobilidade na Região Metropolitana. E nesse aspecto, os Diários Associados partiram na frente e acreditamos que outros órgãos e entidades também levantem essa bandeira”, ressaltou Laédson.

O fórum discutiu desde a questão da melhoria das estradas estaduais e federais, da operação do trânsito no Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, e trouxe ainda o problema da proliferação das motos que aumentaram em mais de 2000% em uma década. Também se discutiu a questão da legislação e educação do trânsito e o transporte público.

Entre os palestrantes, especialistas de renome a exemplo do engenheiro e consultor Germano Travassos, dos professores do departamento de engenharia da Universidade Federal de Pernambuco, Maurício Pina, César Cavalcanti e Oswaldo Lima Neto. O fórum contou ainda com a especialista em trânsito e transporte, Regilma Souza, da presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Simíramis Queiroz e da presidente da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), Maria de Pompéia. (Tânia Passos)

Pesquisa aponta os motociclistas como vilões do trânsito

Juliana Colares
julianacolares.pe@dabr.com.br

Já se foi o tempo em que a culpa por todas as barbeiragens no trânsito caía nas costas dos taxistas. O alvo da vez são os motociclistas. Uma pesquisa de opinião pública realizada pelo Instituto Mauríciu de Nassau mostrou que, para os recifenses, os condutores de motocicletas são os mais imprudentes no trânsito. Dos 624 entrevistados, 80% acreditam que os motociclistas agem de forma irresponsável, 75,4% dizem que eles desrespeitam as leis de trânsito e 56,6% defendem que eles são os responsáveis pela epidemia de acidentes de moto. Enquanto isso, motoristas de ônibus e de táxis aparecem como prudentes para 60% e 68,6% dos entrevistados, respectivamente.
A observação dos recifenses sobre os motociclistas encontra respaldo na opinião daqueles que trabalham com análise de tráfego e de acidentes de trânsito. “Nós do Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto filmamos, durante várias horas, ruas e sinais. E percebemos que os motociclistas só respeitam o sinal verde”, disse o coordenador executivo do comitê, João Veiga. Na visão dele, a maioria dos acidentes de moto ocorrem por culpa do motociclista. “Ele é imprudente na hora de conduzir e de se portar. O motociclista morre porque anda sem capacete, porque não afivela o capacete direito, porque avança o sinal, porque se porta irresponsavelmente no trânsito. E quase 20% dos atropelamentos que ocorrem no estado já são de pedestres atingidos por motos nas calçadas”, complementou.
Professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), César Cavalcanti também defende que, na maior parte dos casos, a culpa pelo acidente encolvendo motos é dos condutores de motos. “O usuário das ruas percebe que o comportamento da maioria dos motociclistas não obedece a legislação de trânsito ou as regras de convivência civilizada. A pesquisa demonstra a sensação real do que está se passando no tráfego do país, não apenas no Recife”, disse.
A percepção extremamente negativa do motociclista pelo recifense chamou a atenção do coordenador da pesquisa Opinião pública e trânsito – percepções e valores dos indivíduos sobre o trânsito e seus atores, o economista Djalma Guimarães. Mas ele pondera que se a maioria dos entrevistados fosse usuária de carros (66,1% andam de ônibus), a opinião sobre a prudência de taxistas e motoristas de coletivos poderia ser diferente.
O vice-presidente do Sindimoto, sindicato que representa quem trabalha com motocicletas no estado, Francisco Machado, é voz contrária à opinião da maioria. Ele defende que o motociclista não é o principal culpado pelos acidentes e que tanto condutores de motos quanto motoristas de automóveis deveriam passar por mais aulas de educação no trânsito. Só em 2010, 602 motocilcistas morreram em Pernambuco.