Mais educação e rigor legal= menos morte no trânsito

 

 


Por

Ricardo Viveiros*

 

Todo mês de janeiro é a mesma coisa: as estatísticas fortalecem o noticiário da mídia que informa graves acidentes de trânsito, principalmente no período entre natal e carnaval. A falta de educação, reforçada pela imprudência e sensação de impunidade rouba muitas vidas e deixa um rastro de sangue nas estradas, cicatrizes nos corações e mentes.

Essa dura realidade continua cada vez pior. Dados divulgados em fevereiro do ano passado pelo Ministério da Justiça indicavam que as mortes de jovens em acidentes de trânsito, nos últimos 10 anos, cresceram mais de 30%. Só neste final de 2011, já somam quase 500 vítimas fatais.

Há 15 anos perdi um filho e uma neta em desastre de carro na cidade de São Paulo. Ele, 25 anos, ela seis meses. Ricardo, ilustrador e cartunista, era casado e tinha três filhos. Mariana, que morreu com ele, a caçula.

Naquela madrugada de 1996, um lacônico telefonema anunciou: morreu Ricardo Filho, morreu Mariana. O irresponsável que avançou o semáforo vermelho e os matou fugiu, desapareceu. Enterrei filho e neta juntos, contra a lei da natureza. Longos 15 anos depois, após uma luta sem trégua marcada apenas pela busca de justiça, jamais de vingança ou reparação financeira, o criminoso foi encontrado e julgado. Respondeu em liberdade à condenação de apenas um ano e nove meses.

Jamais aceitei a condição de vítima. Sofri tudo o que era possível, cheguei ao fundo do poço e voltei, sobrevivente, para seguir meu destino. Mas, cabe mudar a realidade que vivemos neste país: o investimento em educação precisa ser, no mínimo, 10% do PIB, as leis de trânsito precisam ser mais rigorosas, as penas maiores e realmente cumpridas.

O número oficial de mortos no Brasil, vítimas de acidentes de trânsito, é de 35.000 por ano; porém, sabe-se que são contabilizados apenas aqueles que morrem no local do acidente. Muitos acreditam que esse número passe dos 50.000 mortos anuais. A irresponsabilidade dos motoristas não deve/pode ser tratada pela lei como simples acidente, quando na verdade é crime.

Muitos perguntam-me o porquê de relembrar a tragédia que vitimou a nossa família. A resposta é simples: para não acontecer de novo com outras pessoas. Cabe à sociedade, em sua legítima defesa, lutar por mais educação e pela aprovação de leis que estabeleçam novos meios de provar a culpa dos motoristas alcoolizados, dos que dirigem de maneira insana. Também é preciso que as leis sejam mais rigorosas, tenham penas maiores e de fato cumpridas. Por você, por nós, pelo futuro doBrasil.

 

*Ricardo Viveiros, jornalista e escritor, é autor de vários livros, entre os quais O Poeta e o Passarinho (Editora Biruta) , no qual aborda, de maneira poética, o tema da perda.

 

CREA discutirá obras dos viadutos na Agamenon Magalhães

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), em conjunto com o Conselho de Agronomia e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE) realizam, hoje, às 19h, no auditório da sede do Crea-PE, uma mesa redonda com a participação do Governo do Estado e a população para discutir soluções que sejam de consenso entre o Poder Público e a sociedade, em relação as obras dos quatro viadutos que irão cruzar a Avenida Agamenon Magalhães.

Estão entre os convidados a Prefeitura da Cidade do Recife, as Secretarias Estaduais da Casa Civil, da Imprensa, das Cidades, dos Transportes, além do Tribunal de Contas do Estado e da União e dos Ministérios Públicos Federal e Estadual.

Os viadutos transversais à Avenida Agamenon Magalhães serão nos cruzamentos com da Rua General Joaquim Inácio – Rua do Paissandu, Av. Rui Barbosa com a Rua Fernandes Vieira, Rua Dom Bosco com a Rua Joaquim Nabuco e Parque Amorim – Rua Bandeira Filho. Já o elevado terá 2,2 quilômetros de extensão, com seis faixas (três em cada sentido) e o trajeto será do Hospital Português até a Rua Buenos Aires, no Bairro do Espinheiro, transversal à Agamenon Magalhães. Além disso, terá 12 metros de altura e 26 metros de largura.

Serviço:

Quando: 24 de janeiro

Hora: 19h

Local: Auditório do Crea-PE, na Avenida Agamenon Magalhães, nº 2978, Espinheiro – Recife

 

O dia em que os estudantes pararam o Recife pela segunda vez

 

 

Estudantes e policiais voltaram a entrar em confronto ontem, em novo protesto organizado pelo Comitê contra o Aumento das Passagens, no Centro do Recife. Os manifestantes fecharam alguns cruzamentos importantes como o da Avenida Conde da Boa Vista com a Rua da Aurora, na Boa Vista, sendo esse o principal motivo para a ação dos policiais, segundo a PM. Para tentar dispersar os manifestantes, os policiais recorreram a spray de pimenta e bombas de efeito moral. Mesmo sob forte chuva, o protesto se estendeu por quase três horas e foram entregues rosas. Em alguns momentos, os policiais foram agredidos com pedras. As novas tarifas valem desde o último domingo.

Mais estudantes foram detidos. A Polícia Militar informou que  “todos envolvidos em práticas delituosas”. Foram encaminhados para a Delegacia de Santo Amaro e a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente. Nas duas unidades, o Diario localizou quatro estudantes, entre eles uma adolescente de 14 anos e uma jovem de 26. Todos foram liberados. Dois estudantes ficaram feridos. Um deles afirma que levou um murro no rosto, supostamente desferido por um policial. Hoje pela manhã, os estudantes prometem caminhada entre a Faculdade de Direito do Recife e a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) para denunciar as supostas agressões. “A nossa disposição continua a mesma. Somos contra o aumento das passagens”, contou Thauan Fernandes, 19, presidente da União dos Estudantes de Pernambuco.

O primeiro confronto aconteceu na esquina do Cinema São Luiz. “A gente não podia permitir que o trânsito ficasse impedido de fluir”, disse o tenente-coronel José Antônio da Silva, comandante do 16º Batalhão.

O segundo conflito aconteceu às 13h. O trânsito na Avenida Conde da Boa Vista estava parado quando começou uma nova confusão, desta vez envolvendo agentes da Companhia Independente de Policiamento com Motocicletas. Um dos detidos foi o universitário Bruno Grimaldi, 20 anos. “Reclamei da ação policial”.  Ele assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência por desacato e foi liberado. Um policial disse ter sido agredido por ele.

Ontem, por meio de nota oficial, a Polícia Militar informou que a “ação do efetivo policial tem por objetivo garantir a lei e a ordem, bem como o direito de ir e vir dos cidadãos e a própria integridade física dos transeuntes e manifestantes”. E que “o efetivo empregado nesse evento possui treinamento especializado nesta ação e tem atuado sempre dentro dos limites da lei vigente”.

Imprensa

Uma estudante que participava do protesto disse que um policial tomou a sua câmera e afirmou que só a devolveria sem o cartão de memória. Quando uma profissional do Diario estava tentando gravar uma entrevista com o suposto policial, um PM da CIPmotos a empurrou. Mesmo depois de se identificar como imprensa e após seu colega de trabalho entrar na frente do PM, o policial andou em sua direção, com o dedo apontado, e ameaçando prendê-la. A jornalista não foi detida, mas não conseguiu saber o nome do policial, que não portava identificação visível. Uma emissora de TV disse que estudantes jogaram pedras durante filmagens.

Proposta estabelece prazo para leilão de veículo apreendido

A Câmara analisa o Projeto de Lei 2816/11, que garante a realização de leilões públicos a cada seis meses, no máximo, para alienação dos veículos apreendidos por infração de trânsito e não reclamados por seus proprietários. A proposta, do deputado Paulo Wagner (PV-RN), também tipifica como improbidade administrativa a não realização dos leilões pelos órgãos de trânsito.

Se aprovada, as medidas serão acrescentadas ao Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97). Hoje a lei determina que os veículos apreendidos e os animais não reclamados em até 90 dias serão levados a leilão, sem especificar a periodicidade para a venda.

“Os órgãos responsáveis pela fiscalização de trânsito têm deixado sistematicamente de realizar o leilão previsto no Código de Trânsito. Os depósitos da Polícia Rodoviária Federal, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e dos órgãos estaduais e municipais ficam cada vez mais abarrotados de veículos, o que resulta na deterioração e perda de valor comercial”, argumenta Paulo Wagner.

O “descaso”, segundo ele, resulta em prejuízos para o meio ambiente e para a saúde pública, pois esses depósitos transformam-se em criadouros de mosquitos e ratos, por exemplo.

A periodicidade proposta no projeto, diz ainda Wagner, evitaria a realização de leilões com poucos veículos, o que não seria interessante economicamente.

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Viação e Transportes; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

 

Fonte: Agência Câmara