Diario de Pernambuco
Por Tânia Passos
Dois corredores de faixas exclusivas para o transporte público interligando o Norte e o Sul, Leste e Oeste da Região Metropolitana do Recife com o sistema BRT( sigla em inglês para Transporte Rápido por Ônibus). As duas obras são fundamentais na estrutura da mobilidade urbana desenhada para o estado e vão transformar o sistema viário para o transporte público de massa. Na última reportagem da série Mobilidade Urbana, 2012, o Diario mostra de que forma as intervenções irão alterar o cenário da cidade e a vida das pessoas. A principal missão dos corredores é reduzir o tempo de viagem e oferecer mais conforto aos usuários. Outro desafio é adequar a estrutura existente com as necessidades do sistema.
Da concepção original dos projetos à execução dos serviços algumas mudanças tiveram que ser feitas a começar pelo trajeto. O Norte/Sul deveria interligar Igarassu, no litoral Norte, ao Cabo de Santo Agostinho, no Litoral Sul, mas as duas etapas que serão executadas terminam no Recife. A ligação, nesse caso, será feita pelo metrô que se integrará ao BRT nas estações do Centro e Joana Bezerra possibilitando o acesso à Linha Sul do metrô.
Há ainda a opção, no futuro, da Via Mangue. É dela que depende o estado para executar a última etapa do corredor exclusivo até a Estação de Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes, de onde se interligará com o Veículo Leve sobre Trilho (VLT) até o Cabo de Santo Agostinho. Parte da obra da Via Mangue, no entanto, só deverá ser entregue em 2013. Sem ela, não há como usar a Avenida Domingos Ferreira como corredor exclusivo devido ao fluxo da via.
Para o primeiro trecho do Norte/Sul que está em obras, o percurso será feito pela Avenida Cruz Cabugá em direção à estação central do Metrô/Recife, mas não terá pista exclusiva em todo o seu percurso. Isso significa que os ônibus articulados do BRT terão que se integrar ao tráfego misto e ficarão vulneráveis aos engarrafamentos. Na opinião do consultor em mobilidade urbana, o engenheiro Germano Travassos, a integração ao tráfego misto não irá prejudicar o funcionamento do sistema. “Em 30 quilômetros de corredor haverá cerca de dois quilômetros de tráfego misto. Não é nenhuma tragédia. Aliás é uma característica do ônibus poder ter essa flexibilidade. Em Bogotá isso também ocorre”, ressaltou.
De acordo com o presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, Nelson Menezes, para fazer a integração do BRT ao tráfego misto terão que ser construídas estações nas vias por onde os ônibus do BRT irão passar. “Os ônibus do BRT são de um modelo diferente dos ônibus convencionais. A entrada é pela esquerda e não há cobrador. Por isso, serão construídas estações nesses trechos no lado esquerdo”, explicou Nelson Menezes. Pelo Norte/Sul serão construídas fora do corredor exclusivo as seguintes estações: Rua Riachuelo (01), Rua do Sol (01), Avenida Cais do Apolo (03) e Praça da República (01).
Essa parte do projeto ainda está em execução e os técnicos estudam uma forma de adaptar as estações, do mesmo modelo que serão construídas nos corredores, para vias que não estão preparadas para esse tipo de intervenção. “Normalmente a estação do BRT fica no canteiro central, mas nesses trechos de tráfego misto, o ônibus irá parar do lado esquerdo para possibilitar essa integração”, explicou Nelson Menezes.
Apesar de ser favorável ao tráfego misto, o consultor em mobilidade urbana Germano Travassos estranhou a opção das estações no lado esquerdo da via. “Não vi o projeto e não conheço a solução que está sendo dada, mas em muitos lugares onde há tráfego misto, o ônibus do BRT tem entrada também do lado direito para se integrar às paradas existentes. Imagine os ônibus normais do lado direito e o BRT do lado esquerdo?”, questionou.
Também concordo com o consultor. Hoje, quem vê a Boa Vista com a divisão de ônibus e demais veículos, sabe que a pista local é problemática, tanto que os agentes da CTTU desviam o tráfego para a pista exclusiva de ônibus no trecho da rua Gonçalves Maia/Oswaldo Cruz até a Dom Bosco no sentido centro para evitar que o congestionamento afete a própria Dom Bosco e chegue até a Agamenon. Se os BRT podem ter portas dos dois lados, a começar pela praça do Derby que teria paradas deslocadas o centro, manteria elas nos lados que estão só adaptando para o novo formato fazendo a ligação entre os lados via passarela e na Boa Vista as hoje existentes também mudarem o seu formato, mas não embarques pelos dois lados.
Pelo que entendi do Leste/Oeste no trecho da Boa Vista até a Guararapes, não terá o BRT exclusividade como é do Derby até Camaragibe. Ele vai conviver com os ônibus menores. Se assim é, não porque colocá-lo na pista local por conta das portas do lado esquerdo. Basta ter nos dois e deixá-lo na mesma pista dos demais ônibus. Bem, aí poderia-se questionar que são ônibus com e sem cobrador nos dois lados. É só dividir as estações internamente criando um segmento cujo pagamento deve ser antecipado e o outro não. Se uma pessoa descer do BRT e quiser pegar outra linha cujo pagamento é feito dentro do ônibus, pega a saída de comunicação para o segmento da estação referida e vice-versa. Claro, para funcionar direito, seria preciso que a estação tivessem duas entradas/saídas para rua ou uma única onde internamente a pessoa iria se direcionar ao ponto de pagamento antecipado.