Quem disse que carro é investimento?

 

Diario de Pernambuco

Por

Tatiana Nascimento

Os engarrafamentos são constantes. As condições das ruas e estradas, sofríveis. Ainda assim, muitos brasileiros não tiram da cabeça o pensamento de ter um carro na garagem. Para isso, basta juntar a grana ou financiar o veículo em suaves prestações. Este pensamento não poderia estar mais errado. O preço para levar o carro para casa – à vista ou financiado – é apenas um dos custos que este “novo membro da família” dará ao feliz proprietário.

Não dá para ter ilusões. O filho/carro terá de ser alimentado (combustível) e limpo (lavagem). Também deverá ter um plano de saúde (seguro), ir ao médico (manutenção) regularmente. Sem contar as emergências que podem acontecer no dia a dia (um pneu furado, por exemplo). É por estas e outras que um carro popular pode custar ao proprietário cerca de R$ 10 mil por ano. Sem contar o valor da compra/financiamento.

“Há um conjunto de despesas que deve ser calculado. É preciso colocar isso numa perspectiva anual, mas também prever uma despesa fixa no mês com o carro”, explica o professor de economia da Faculdade Boa Viagem Marcelo Barros. Uma das despesas está dando as caras justamente agora: o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Aqui no estado, os automóveis de passeio usados com até 15 anos pagam uma alíquota de 2,5% sobre o valor de mercado (valor venal).

Exemplo: um Palio ELX Flex/2010 vai pagar R$ 551,17 com o IPVA. A primeira cota ou cota única vence em março (veja o calendário completo no quadro). As outras duas cotas vencem em abril e maio. Quem opta por pagar em apenas uma parcela tem um desconto de 5%. “Quem atrasa o pagamento tem um acréscimo de 0,25% ao dia. Com 60 dias chega a 15%. A cada mês, além a multa, tem o acréscimo da Selic”, diz Júlio Lóssio, gerente de veículos e IPVA da Secretaria da Fazenda.

O educador financeiro Reinaldo Domingos, autor do livro Livre-se das dívidas, lembra que, antes de sair com o veículo da concessionária, é necessário fazer o seguro. Mas é preciso pesquisar entre as seguradoras, já que há uma grande flutuação nos preços. O valor vai depender do modelo do carro, da idade, se o motorista é homem ou mulher (mulheres pagam menos). Outro item que representa um custo alto é o combustível, lembra Domingos.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro da gasolina no Recife é de R$ 2,61. O motorista de um carro com tanque de 40 litros gastará R$ 104,40 para abastecê-lo. Se usar dois tanques por mês, serão R$ 208,80. No ano, o gasto médio com gasolina será de R$ 2.505,60. Assustou? Pois é. Outra despesa que deve ser contabilizada é com o estacionamento. Quatro horas em um shopping saem, em média, por R$ 5.

“Também é preciso contabilizar o custo das revisões. Isso dá para ver já na concessionária ao levar o carro. Mas há uma coisa que pouca gente leva em conta, que é a depreciação do veículo”, lembra Marcelo Barros. Após o primeiro ano de compra, a desvalorização pode variar de 9,7% a 25,5%, dependendo do modelo. O levantamento foi feito pela Agência AutoInforme/Molicar. O Celta é o que menos sofre depreciação. Ainda assim, são quase 10% a menos de valor por ano.

Barros também reforça que, justamente por conta da depreciação, não dá para pensar no carro como um investimento. Ele é um bem de consumo que bem usado e com planejamento pode dar muitas felicidades para a família. “É diferente de um imóvel, que se deprecia numa velocidade muito menor à valorização. No caso do carro a velocidade é inversa.” Por isso, é importante também que a pessoa já vá fazendo uma reserva financeira para usar na hora de trocar o veículo.

7 Replies to “Quem disse que carro é investimento?”

  1. É….Depois desse texto vou vender meu carro e andar nos confortáveis ônibus do Recife,onde todos os dias vou poder ir no coletivo sentadinho,com ar-condicionado,no maior conforto escutando uma musiquinha de boa qualidade,vou chegar logo pois os ônibus aqui não atrasam,uma maravilha!!!! Eita…Já ia me esquecendo que vou gastar de passagem à bagatela de R$103,20 de passagem ida e volta,de segunda à sexta,isso se não for tarifa “B” aí muda de figura vai sair não por menos de R$156,00 todo mês!!!! Como é bom sonhar!!!! Mas voltando à realidade nua e crua,um carrinho popular 1.0 Mille que rende até 66 cv tem um consumo médio de 16,1 km/l quando abastecido com gasolina e 14,3 km/l se a opção for pelo álcool, de acordo com dados da Fiat para trecho misto (rodoviário e urbano).Então minha querida é muito melhor gastar o dinheiro da passagem com o combustível,e ir no conforto do seu carro do que pegar ônibus cheio e sem conforto todos os dias….E se você dividir isso com um amigo que pega carona,aí é que vai ser econômico também!!! Você não é obrigado à comprar o carro junto com um seguro,coloca seguro se quiser,mais é isso aí…Enquanto o transporte público continuar do jeito que está,todas essas reportagens vai ser em vão. Vou dar uma ideia que já é bastante obvia,façam uma reportagem sobre o TRANSPORTE PÚBLICO DO RECIFE,aí talvez as autoridades tomem vergonha na cara e invista num transporte público digno e de qualidade…….

  2. Pra mim nem ônibus nem carro (ainda tenho, mas prefiro não admitir. espero vendê-lo em breve, pois mal sai da garagem).
    Vou de bicicleta, que não gasta combustível, não polui, e não sabe o que é engarrafamento. Quando preciso, excepcionalmente, táxi.

  3. Caro Wilson,

    Reportagem sobre o transporte público e sua qualidade já existem para dar e vender. Mas é bom de vez em quando abrir os olhos dos donos de automóveis sobre a viabilidade e os custos de ter um automóvel.

    Você fala como se gasolina e seguro fossem os grandes custos dos automóveis. É bom lembrar a você de itens bem custosos como a depreciação, manutenção, custo de oportunidade, IPVA, casualidade e causalidades.

    Enfim, ter um automóvel é bem custoso e pode procurar calculadores online que calculam esse custo para você. Claro, cada um paga pelo seu conforto, e, você acha que o automóvel é esse conforto, mas é bom ficar ciente o quanto ele lhe custa. Muitas vezes, é melhor até pegar táxi com todo o conforto que você pediu do que ser proprietário.

    No mais, sugiro a você considerar a alternativa mais barata, sem engarrafamento e ainda lhe economiza na gasolina: A BICICLETA. Não achava possível, mas troquei o carro pela bicicleta a 8 meses e até agora, a melhor coisa que me aconteceu foi trocar o franzir da testa pelo um sorriso no rosto.

    Abraço e não desmereça essa reportagem como o fez, pois trata de um assunto pouco divulgado, ao contrário da qualidade do transporte público. Este, de tantas reportagens negativas, chega a ser qualificado como ruim/péssimo por pessoas que nunca o usaram, de acordo com as pesquisas de órgãos governamentais.

  4. Claro que carro é muito mais confortável. Para reduzir os custos a indústria deveria oferecer carros subcompactos de dois lugares, tipo o smart. Mas aqui isso infelizmente ainda não acontece.

  5. Claro Sr.Daniel Valença!!! Eu moro em paulista e trabalho em Recife ,um percurso de + ou – 17KM indo e voltando soma-se 34KM,tenho que sair de madrugada para trabalhar e retorno as 22:00,aí vou mudar para bicicleta???? Quando o autor escreveu,preste bem atenção,ninguém, mais ninguém vai deixar seu carro na garagem e ir de transporte público de MÁ QUALIDADE….Isso é fato!!!! Não desmereço reportagem de ninguém,só que não entendo por quê certos jornalistas ainda bate na mesma tecla??? Dizer que o carro consome isso,que é obrigatório colocar seguro(se à pessoa quiser),que gasta “X” de combustível,que vai gastar em media R$4,00(estacionamento)quando na verdade,você paga R$1,00(zona-azul)ou no máximo R$2,00(flanelinha),e blá-blá-blá!!!! Tudo isso é em vão,se nós não tivermos um transporte público de qualidade e confortável,isso é outro fato!!!! Está tão na cara,que as vezes penso que isso(reportagem)é algum trabalho de faculdade de jornalismo….Que faz por fazer mesmo,gostaria muito de poder pegar minha bicicletazinha e ir trabalhar sem medo de assalto,que tivesse uma ciclovia de qualidade,um transporte público confortável e de qualidade,gostaria muito em sonhar com isso,mas nos dias atuais não dar!!!! Talvez no futuro,talvez mude alguma coisa com à copa do mundo,talvez….

  6. Calma, Sr. Wilson!

    Ninguém tá nervoso aqui, senão o senhor. Não tenho obrigação de saber onde você mora e onde trabalha. Posso fazer uma sugestão não? Não é impossível a bicicleta, um amigo vem do Janga trabalhar todo dia de bicicleta e leva seus 50 minutos (independente do trânsito).

    Agora, se o senhor acha que o transporte público não é de qualidade, como as diversas reportagens que leio insistem em me dizer, não o utilize. Se quiser ficar naquele jogo vicioso de “o transporte público não é de qualidade, por isso não atrai pessoas” e eu te responder “não tem pessoas e por isso não é de qualidade”, a gente pode brincar desse jogo. O transporte aqui não é mil maravilhas, mas dá para o gasto sim. E vai melhorar. Reportagens de gente apertada no ônibus eu cansei de ver…

    Sobre preço do automóvel, acho que são bem menos. A maioria é geralmente é da Classe Média reclamando que o preço da gasolina está alto, que é um absurdo o preço do estacionamento no shopping, ou que não tolera o pedágio.

    Eu deixei meu carro na garagem durante 1 ano para pegar o transporte público de má qualidade pois era mais barato. O ninguém aqui. Cada um escolhe suas opções. Concordo que o carro é um conforto, mas é bom todos saberem o preço que pagam por isso. Mesmo porque é inviável todos terem carros. E, muitos estão aí em dívidas para pagar o carro. Como um quadrinho que vi, onde o cara enfrentava o trânsito de carro para trabalhar e trabalhava para sustentar o carro.

    Cada um faz suas escolhas. Apenas sugeri uma. Faça a sua escolha. Inviável, direi que não é, pois milhares de pessoas nessa cidade vão de bicicleta, mais ainda vão de ônibus, e todas pagam um único preço, que é o daqueles que estão de automóvel.

    Faça a escolha que bem desejar.

  7. Sr. Wilson,

    Só para fazer o cálculo que o sugeriu do Uno Mille 1.0 Flex 2p (digamos que comprado em Jan/2010 por R$21.300 – tabela FIPE) você anda 34km/dia, se for gasolina no Uno, com um rendimento informado por você de 16,1km/l, com a gasolina a R$2,60, você gastaria de combustível R$1449/ano e o ônibus vale B lhe custaria R$1373/ano.

    Bem perto, agora, você pense que ele custa agora R$18.745 (já perdeu R$2555 nos dois anos, ou R$1277/ano). Tem que pagar ainda IPVA (2,5% do valor da nota) + DPVAT (R$100) dá uns R$526/ano. Ainda tem o custo de manutenção, custos de estacionamento, seguro (se VOCÊ quiser), alguma coisa que eu esteja esquecendo, mas não vou adicionar nada daqui. Fora o custo de oportunidade, pois os R$21mil poderiam te render 7%/ano num investimento seguro (que dá uns R$1400/ano)…

    Então, o seu Uno Mille Fire Flex 2010 duas portas, considerando só gasolina + ipva e dpvat + desvalorização + custo de oportunidade = R$4743/ano.

    Quanto era aquele ônibus vale B mesmo?