Experiência americana de mobilidade em discussão no Brasil

 

 

Os Estados Unidos não são o maior exemplo de mobilidade urbana. Esse emaranhado de viadutos, por exemplo, fica em Los Angeles, mas eles estão tentando encontrar o caminho da mobilidade. Na reportagem abaixo, um seminário irá discutir as experiências norte-americana das estratégias de mobilidade para as regiões metropolitanas, inclusive Los Angeles. Espero que não sejam mais viadutos. Acompanhe a reportagem:

A Comissão de Desenvolvimento Urbano realizará nesta quarta-feira (13) o Seminário Internacional Brasil/Estados Unidos sobre o tema “Transporte Público nas Regiões Metropolitanas: Planejamento, Governança e Financiamento”.

A experiência norte-americana será apresentada pelo diretor-executivo de Ações Estratégicas da Autoridade Metropolitana de Transportes de Los Angeles, Robin Blair; pelo vice-presidente da empresa TranSystems Planejamento, Irving Taylor; pelo professor e pesquisador da Universidade Estadual de Portland (Oregon), Gil Kelley; pelo secretário-executivo da Autoridade de Transportes do estado de Maryland, Harold Bartlett; e pelo diretor de Programas Internacionais da Associação Americana de
Planejamento, Jeff Soule.

O governo brasileiro será representado pelo secretário nacional de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Julio Eduardo dos Santos.

Pelo lado brasileiro, também participarão do seminário o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos, Aílton Brasiliense; e o secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos, Gilberto Perre.

Durante o seminário, o deputado Walter Feldman (PSDB-SP) apresentará o Projeto de Lei 3460/04, de sua autoria, que cria o Estatuto da Metrópole. O relator da proposta, deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA), participará da discussão.

O seminário será realizado às 9 horas, no Plenário 2.

Da Redação/WS (Via Agência Câmara)

8 Replies to “Experiência americana de mobilidade em discussão no Brasil”

  1. Um viaduto permite a mobilidade/circulação entre pontos antes não comunicáveis. Pode ser algo não tão apresentável aos olhos, mas é uma opção para se ligar extremos.
    Agora, se é para construir um viaduto, que faça-o com ciclovia ou ciclofaixa, com área para a circulação de pedestres, com desenho mais vistoso.
    Claro, isso depende dos extremos também terem a continuidade de vias para pedestres e ciclistas.

  2. Tânia,
    Bom dia,
    No post você afirma que os EUA não são o maior exemplo de mobilidade urbana…entretanto o “emaranhado” de viadutos contrasta com o que você afirma…Se eles não são, quem é o maior exemplo de mobilidade? Se eles não são, por que, ou ainda o que lhes falta?
    Já estive nos EUA em três ocasiões, sempre no estado do Texas, e achei a malha viária deles perfeita… Houston, por exemplo, tem dois “rodoanéis” gigantes…
    Então a pergunta é… se eles não são exemplo…quem é?
    Abraços,

    • Alexandre,

      Na verdade, a Europa foi quem mais avançou na mobilidade porque apostou, desde a década de 1950, no transporte público. A malha viária dos Estados Unidos, comparada à nossa, sem dúvida, deve ser muito melhor. Mas isso significa ainda uma tendência de apostar no transporte individual e nós, latinos-americanos, trouxemos para cá esse modelo. Os americanos também estão percebendo que precisam investir no transporte público. Aqui, nós também estamos, mas na prática muitas dessas obras que estão sendo feitas ainda privilegiam o automóvel.

  3. A vantagem dos americanos é que eles construiram vias largas focando numa crescente demanda para o transporte individual. Vendo a necessidade de investir no coletivo, facilita ter vias com várias pistas para veículos que não estão ocupadas em plena capacidade a todo momento. Toma-se uma para o transporte coletivo e as demais não ficam saturadas.

    Bem diferente daqui onde as vias estão saturadas, não houve ao passar do tempo medidas que as deixassem capazes de suportar um fluxo maior no futuro, ou seja, falta de planejamento. Usando o ditado popular que brasileiro deixa para última hora, agora inventam de fazer coisas que não irão resolver nada. Apenas irão transferir um problema, pois se os elevados são úteis para garantir uma certa fluidez na via principal e nas transversais, deixaram o crescimento urbano dificultar a alteração de vias complementares piorando a situação.
    Antigamente, a Caxangá só um lado da via por onde até circulava um bonde elétrico. Fizeram o seu alargamento duplicando a sua capacidade, mas para isso foi preciso demolir todo o lado direito – sentido subúrbio- até onde a mesma era feita.
    Hoje, medidas extremas como essa são uma verdadeira dor de cabeça para ser executada.
    Já falei aqui antes, medidas para ajudar o transporte coletivo são boas, mas tapar o sol com a peneira não ajuda. Não adianta, por exemplo, criar uma via exclusiva em local onde o tráfego misto é horrível se não houver medidas para evitar uma piora deste. Na zona norte, por exemplo, um ordenamento do trânsito, como pretende fazer um binário, permitirá faixa exclusiva para ônibus, possível ciclofaixa e melhor fluidez no misto.
    Uma grande via está sendo construída para viabilizar um corredor exclusivo de ônibus na zona sul – Via Mangue. Se esta via não fosse feita, seria muito engraço vermos um pista livre para ônibus e um congestionamento kilométrico no misto devido a redução de faixas.
    Se não querem obras que também ajude ou supostamente privilegiam o transporte individual, então é melhor implantar o rodízio para ter menos veículos nas ruas e forçar uma grande maioria a ir para coletivo. Sobrará espaço nas vias já que menos veículos irão circular, portanto medidas como alargamento, túneis, viadutos não precisam ser feitos ou só feitos para o coletivo.
    Agora, espero que os TIs e ônibus suportem essa possível demanda.

  4. Raimundo,

    Acho que você mencionou pontos cruciais… Porque a imprensa, muitas vezes, preocupa-se, apenas, em criticar sem mostrar qual seria a melhor opção e/ou opções.
    Morei um ano na França e já estive por três vezes nos EUA. Posso atestar que o transporte público coletivo na Europa é próximo da perfeição. Já os EUA têm um malha para transporte individual também excelente. E lá (EUA) o carro e o combustível são baratos…Entretanto, tanto os EUA têm uma boa estrutura de transporte coletivo, quanto a Europa também têm uma boa estrutura de transporte individual..
    Ou seja, temos que investir na ampliação e melhoria de ambas (individual + coletivo), como você mencionou.
    Vi, em outro post, o comparativo de investimento $$ em vias para transporte individual. Via mangue, por exemplo. Porém, não foi mencionado no post que é a via mangue que vai possibilitar a intervenção para se ter corredores de ônibus exclusivos na Domingos Ferreira.
    Abs

  5. A Tânia, tem em suas mãos o ofício do Crea/PE, onde fala dos viadutos da Avenida Agamenon Magalhães, mas a sua reportagem no domingo passado ignorou completamente os argumentos do Crea contrario a construção desses vaiadutos.

    • Bom dia Silva,

      A matéria trouxe uma abordagem histórica, que era o diferencial. Nós já tínhamos feito matérias sobre o posicionamento do CREA em outras situações, inclusive escrevi uma coluna no Diario falando dos impactos que os viadutos trarão à cidade e à mobilidade. Você pode conferir no http://bit.ly/MMlXg2

      Além disso, se tiver lido a matéria vai entender que em nenhum momento
      defendemos a construção dos viadutos, pelo contrário, mostramos que a realidade de hoje é bem diferente de quatro décadas atrás quando havia uma frota de 50 mil veículos e hoje temos 10 vezes mais.

  6. Alexandre,

    pelo que o governo tem sinalizado aqui, há investimentos para melhor o transporte individual e coletivo. Acho acertado isso, pois o povo tem que entender que nem todo mundo pode abrir mão do individual e o coletivo tem um limite também – não suportaria grande migração.
    Eu defendo, sim, o uso racional do individual, mas isso depende de outros fatores como segurança pública, mobilidade nas calçadas, vias para circulação de bike, etc.
    Não me motiva em certos horários usar o transporte coletivo, pois fica bastante vulnerável a investida de ladrões. Se pego um veículo que me deixa mais distante da residência, fico a mercê da iluminação pública deficiente, vias desertas, logo tendo que ampliar o percurso para usar vias com maior circulação de pessoas e iluminação melhor, sem falar que hoje se depender dos eficientes TIs, você fica perdendo muito tempo aguardando um outro veículo que permite entrar (ficar em pé sem muito aperto é lucro e conseguir sentar é ganhar na loteria).
    O público não serve para emergências, compras de maior volume, levar filhos pequenos a escola para quem está nesta situação.
    Por isso, muitos não abrem mão do individual até para circular dentro do bairro como foi mostrada uma matéria aqui.
    Agora, use o individual quando for ao trabalho tentado oferecer carona a outro colega fazendo revesamento. Criem estacionamentos para carros em metrôs, TIs, ainda que mínimos, para se valer a pena, a pessoa ir de carro até estes e seguir o resto do caminho no público, medidas como dispor de locais para bikes nos coletivos permitindo que partes do trajeto sejam feitos por estes dois veículos são coisas fáceis de serem amplicadas.
    Por isso, vejo que não adianta ser exagerado nas coisas. A Europa restringe o fluxo de veículos em certos locais, mas isenta, por exemplo, os elétricos e subcompactos a depender da situação por não poluirem muito nem ocupar grandes vagas.
    Aqui pagamos pela falta de visão daqueles que fazem parte do governo. Optam por medidas de curto prazo jogando no ralo o dinheiro e dou com ótimo exemplo o Leste-Oeste em Recife.
    Poderiam ter adotado de cara o formato de Camaragibe e fizeram isso depois, ou já empregar o conceito do BRT quando se pensava fazer a reforma. Deram continuidade na Boa Vista e veremos uma nova reformulação, além de estar aberta como ficará a situação das estações em novo formato na Boa Vista já que sinalizaram que o corredor até o Derby seguirá até a Guararapes.