O Recife que se quer até 2037

Por

Tiago Cisneiros

Calçadas livres e limpas, transporte público de qualidade, poucos carros nas ruas, rio útil e bem cuidado, construções históricas preservadas e um olhar constante para o futuro. Este é o Recife. Não reconheceu? Pois é, você não foi o único. E a explicação é simples. Essa descrição não é do Recife atual, mas de uma idealização, uma projeção para 2037, quando a cidade se tornará a primeira capital do país a completar 500 anos.

A proposta de transformar a realidade no principal centro urbano de Pernambuco faz parte de um documento entregue, ontem, por membros do Observatório do Recife ao prefeito Geraldo Julio. As proposições do Observatório do Recife foram condensadas em cinco pontos entre eles: controle urbano e mobilidade.

Mobilidade urbana

A tônica do documento O Recife que precisamos, no quesito mobilidade urbana, é o fim da prioridade aos veículos particulares. No lugar deles, os “reis” das ruas seriam os pedestres e ciclistas. Depois, o transporte coletivo.

Com uma frota de mais de 607 mil veículos, que vem crescendo de 6% a 8% ao ano desde 2008, o trânsito da capital tornou-se um problema para quase toda a população. Para resolvê-lo, o consultor em mobilidade urbana Germano Travassos, um dos especialistas ouvidos pelo Observatório do Recife, aponta algumas estratégias. Uma delas seria a introdução de restrições ao uso de automóveis particulares. “O transporte público não é competitivo, em condições de igualdade, em lugar nenhum.

Em cidades como Paris, as pessoas andam de ônibus e metrô porque há mais qualidade, mas, também, devido à dificuldade e ao custo para circular e estacionar o carro”, diz, defendendo a cobrança ou proibição de estacionamento nas vias públicas e a introdução de rodízio e pedágio.

Outra mudança defendida por Travassos é a aplicação dos recursos arrecadados com o trânsito no transporte público. Ele, por sinal, critica a construção da Via Mangue, argumentando que a obra é cara (cerca de R$ 500 milhões) e beneficia, sobretudo, veículos particulares. Elogia, no entanto, os projetos dos dois corredores de BRTs (ônibus rápidos) e dos terminais de integração.

Para o especialista, também é essencial construir e manter de estruturas que estimulem a locomoção de pedestres e ciclistas. Ponto que interessa ao estudante de fisioterapia Herbert Anderson, 20 anos.

Frequentemente, ele sofre com os desníveis e buracos das calçadas do Centro, como, por exemplo, a da Rua do Hospício, eleita pela ONG Mobilize Brasil a  4ª pior do país. “Sempre passo aqui e acabo tendo que me arriscar na rua. A cidade não tem estrutura para pedestre e cadeirante”, diz.revitalização do Rio Capibaribe e, entremeando todos esses, planejamento constante a longo prazo.

Controle urbano

Em muitos pontos da cidade, inclusive no Centro e no Bairro do Recife, a locomoção de pedestres é dificultada pela presença de barracas e fiteiros. O comércio informal, de acordo com Francisco Cunha, é um dos problemas a serem enfrentados no âmbito do controle urbano. A fiscalização de construções e dos anúncios de publicidade também estão na lista.
Nos dois primeiros meses de sua gestão, o prefeito Geraldo Julio iniciou o ordenamento no entorno de alguns mercados públicos da cidade, como o de Água Fria e o de Beberibe. Os comerciantes foram relocados para ruas de menor movimentação ou terrenos específicos. Muitos deles não aprovaram a medida, alegando que teriam redução no faturamento.

Entre os pedestres, entretanto, a ação foi bem recebida. A enfermeira Maria dos Prazeres, 52 anos, por exemplo, gostou das mudanças na área em torno do Mercado de Casa Amarela e espera que elas se repitam no Centro. “É preciso ter mais cuidado com as calçadas. Sei que os comerciantes muitos dependem disso, têm família e não conseguem outro emprego. Colocá-los em uma área própria seria um bom caminho”, sugere.

Leia aqui a matéria completa do Diario de Pernambuco

 

3 Replies to “O Recife que se quer até 2037”

  1. essa é a herança q os Estados Unidos deixou para o Brasil.culto ao carro!até lá na”terra do automóvel”,eles já estão percebendo o mal q é entupir as vias de carros.aqui,é exatamente o contrário!

  2. Isso é surrealismo,essa Av.Conde Da Boa Vista é uma tremenda bagunça,táxis,carros particulares,motos dividindo o mesmo espaço que os ônibus e pedestres.
    Não há fiscalização,apenas uma faixa na mão e contramão.
    A sugestão para que não trave é o rodízio de carros e motos,a população ainda reclama que os ônibus demorarm,mas,é uma guerra no dia a dia.
    Ninguém quer dar a vez para os ônibus,é cada um brigando pelo seu.

  3. Os EUA percebem que só invistir em carro é um problema, pois estes contribuem em emitir poluentes e eles não aceitam acordos de cumprimento de metas para emissões. Contudo, eles criam as suas próprias metas que não são menos severas que a dos outros. Outra é que o país cresceu focado no deslocamento do automóvel, portanto a saturação que por lá começa é devido ao excesso de veículos, mas com vias muito largas, fazer corredores de ônibus não é um problema por exemplo.
    Aqui o crescimento do carro não veio com a melhoria da infraestrura, por sinal há muito atraso, pior ainda no transporte público, então com aumento da quantidade de imóveis em vias cada vez mais apertadas, fazer melhoria para um modal ou outro é um grande problema.
    ___

    Adriano Silva,

    a Conda da Boa Vista ainda há um disciplinamento na circulação de veículos e lá o transporte público ainda tem vez visto que são três faixas para este e apenas duas e apertadas para o tráfego misto.
    A desordem na circulação dos ônibus se dá pela grande quantidade de linhas de bairros que vão para o centro, ou seja, é um problema do SEI que pelo visto vai demorar bastante para ser resolvido. Na Boa Vista só deveria circular linhas troncais com alta demanda de passageiros vindos dos bairros bem afastados, estes concentrados em TIs no decorrer do trajeto, e circulares para TIs próximos. Somente!
    Note, meu caro, que ao fazerem a reforma na Boa Vista para o corredor seguir a estrutura vista na zona oeste, ainda tiveram que tirar várias linhas que só usavam a avenida sem parar, bem como reposionar outras nas paradas e ainda assim vemos problemas devido a grande quantidade de ônibus. Com os novos corredores, pode melhorar um pouco, mas melhoria mesmo só quando as linhas de bairros forem concentradas em troncais para o centro.