Ônibus têm perda de usuários em 25% em todo país

ônibus Recife - Foto - Teresa Maia/ DP.D.A.PressPor

Tânia Passos

O crescimento da frota do transporte motorizado em todo o país já vinha apontando há muito tempo que algo não andava bem no transporte público. Entre 1995 e 2004, o setor acumulou uma perda de 35% dos usuários para o carro. Hoje essa queda está em 25%, mas nada parece que ela irá retroceder. Quem hoje enfrenta longas filas nos terminais de integração e perde muito tempo nos deslocamentos por ônibus não vê a hora de adquirir o próprio carro, mesmo que isso signifique também ficar preso nos engarrafamentos.

E o problema não é de hoje. Entre as décadas de 1970 e 1980, Pernambuco registrou o maior percentual de crescimento da frota: 191%. Passou de 75 mil veículos para 220 mil. A década seguinte registrou o menor percentual de crescimento em cinco décadas. Mas entre 1990 e 2000, outro salto na frota, com um aumento de 125%. Na última década o aumento foi de 110% e a luz vermelha não parou mais de piscar. Nos últimos 40 anos, a frota no estado passou de 75 mil para mais de 2 milhões de veículos, e a estrutura viária e o transporte público não acompanharam o crescimento com a mesma velocidade.

A falta de prioridade ao transporte público trouxe, aliás, segundo o presidente da NTU, Otávio Cunha, mais estragos do que a corrida pelo transporte individual. “Se tivéssemos um transporte público de qualidade nós teríamos condições de ter uma curva crescente dos usuários e não o contrário”, analisou.

Empresários
E qual a parte que cabe aos empresários do setor? Segundo o representante da Associação Nacional dos Transportes Urbanos (NTU), além da melhoria da qualidade da frota, os empresários podem contribuir para elaboração dos estudos viários. “Nós temos todo interesse em colaborar se aceitarem a nossa ajuda. Na verdade, temos sido pouco consultados pelo governo federal, inclusive nessas manifestações. Para nós, esse é um momento de oportunidade de resgate do transporte público que estava esquecido”, afirmou.

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Frota Pernambuco - crescimento

Projetos de mobilidade em décadas passadas ficaram no papel

 

Avenida Domingos Ferreira Alcione Ferreira/DP.D.A.Press

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Tânia Passos

Em 1974, quando não se falava em BRS (Bus Rapid Service) ou serviço rápido para ônibus – uma invenção carioca com sigla inglesa para vias prioritárias para o ônibus -, o Condepe elaborou um plano para priorizar o ônibus na Avenida Domingos Ferreira quando a via estava sendo pavimentada, Não saiu do papel.

A Domingos Ferreira, aliás, foi criada para servir de contraponto à Avenida Boa Viagem, onde estavam as casas de veraneio das famílias mais “abastadas”. A via construída em uma área antes ocupada pelo mangue serviria para atender a um público de renda mais baixa. Mas após a sua pavimentação, acabou atraindo o interesse do mercado imobiliário, que veio acompanhado da onda crescente do carro.

No lugar da prioridade ao tranporte público, a Domingos Ferreira virou um grande corredor de carros e hoje tem um fluxo de mais de 50 mil veículos por dia. Sem espaço, o ônibus, em último plano, se perde nos engarrafamentos. Quase 40 anos depois, a Prefeitura do Recife anunciou que irá instalar um BRS na via.

Além do Condepe, outros projetos elaborados pelo então Geipot não foram adiante por falta de decisão política. Segundo o engenheiro e ex-funcionário do Geipot Erickson Dias, um projeto que tinha tudo para dar certo era o dos estacionamentos periféricos, elaborado pelo órgão com recursos federais e implantado à época no Recife durante o governo de Gustavo Krause.

“Nós fizemos um embaixo do viaduto Joana Bezerra e outro próximo à fábrica Tacaruna para os motoristas da zonas Norte e Sul. Eles deixavam o carro e a cada dez minutos um ônibus de luxo os levava ao centro de graça”. O projeto não emplacou. “O prefeito liberou a permissão para estacionamentos no Centro mas as pessoas preferiram ir de carro”, contou Erickson.

Hoje, os estacionamentos periféricos voltaram ao centro das discussões: são os edifícios-garagem. A lógica é a mesma: deixar o carro fora do perímetro central e usar um transporte público. Quem sabe o Veículo Leve sobre Trilho (VLT), proposta do atual governo para o Centro e a Zona Sul?

A ausência dos órgãos de planejamento também pode ser sentida na falta de estudos técnicos. A última pesquisa de origem/destino na Região Metropolitana do Recife foi realizada em 1997. E o último Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), patrocinado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) acabou readequando dados que já existiam. As obras dos atuais corredores exclusivos de transportes público, que tiveram o nome batizado de BRT (Bus Rapid Transit), já haviam sido idealizados entre 1980 e 1990.

Também idealizadas na mesma época sem que fossem executadas estão as perimetrais 2,3 e 4, previstas no orçamento do Pac mobilidade. As vias hoje são pedaços de ruas estreitas e com invasões nos entornos. Até os terminais de integração do Sistema Estrutural Integrado foram pensados naquela época e só agora estão sendo executados. “Não se planejou mais nada depois. O que está ocorrendo no litoral Norte, com os empreendimentos econômicos, mexe com tudo. Mas isso não foi calculado antes”, ressaltou o presidente da Agência Condepe/Fidem, Maurílio Lima.

Transporte público órfão de planejamento

Arte/DP.D.,A.Press

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Tânia Passos

A insustentável condição do transporte público no país, que se tornou uma das principais bandeiras das manifestações populares, não teve como único vilão o crescimento do transporte individual. Para entender o peso de um sistema de transporte ruim é preciso olhar o desmonte dos órgãos de planejamento nos últimos 20 anos. Em 1992, a Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU), responsável pelo planejamento das políticas de transporte no país, foi extinta no governo do então presidente Fernando Collor. Junto com a EBTU, também se foi o corpo técnico do Grupo Executivo para Implantação de uma Política de Transportes (Geipot), que deu lugar à EBTU.

O órgão foi responsável por importantes contribuições ao setor no campo das pesquisas. Com a sua extinção, a função de planejar as políticas de transporte no país passou a ser dos municípios, mas muitos não fizeram sequer os seus próprios planos diretores urbanos (PDUs). Não por acaso, a Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU) elencou, na semana passada, oito medidas para a melhoria do sistema, e entre elas está a necessidade de os municípios elaborarem os planos de mobilidade.

A falta de técnicos nas prefeituras é um dos entraves. Em Pernambuco, o estado ajudou na elaboração dos planos de 30 dos 184 municípios. A lei que obriga a elaboração do PDU é de 2001, mas ainda há município engatinhando no processo. Já a Lei de Mobilidade Urbana (12.587/12) estabeleceu que até 2015 os municípios com mais de 20 mil habitantes terão que dispor de plano de mobilidade.

De acordo com o Ministério das Cidades, apenas 15 dos mais de cinco mil municípios brasileiros concluíram os seus. O documento do Recife não chegou a ser votado na Câmara de Vereadores e foi retirado pela atual gestão para análise. “O grito das ruas é resultado da ausência de políticas públicas voltadas para o transporte público. Estamos cientes que nosso modelo atual não é o melhor, mas há 20 anos que não se planejava nada, e a extinção da EBTU nos deixou orfãos”, criticou o presidente da NTU, Otávio Cunha.

O esvaziamento dos órgãos de planejamento também se deu na esfera estadual. De acordo com o especialista e doutor em planejamento de transporte público César Cavalcanti, nasceram no estado as duas mais importantes escolas de planejamento governamental do Brasil: o Instituto de Planejamento de Pernambuco – Condepe, fundado em 1952, primeiro órgão de planejamento da América Latina; e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

“A extinção deles nos deixou sem outra referência. Eles contribuíram não apenas no desenvolvimento de projetos, mas também na capacitação. Eu mesmo fui professor de vários cursos patrocinados pelo Geipot no Recife e em Brasília”, lembrou. A engenheira e ex-integrante do Geipot Regilma Souza também reclama a extinção do órgão. “Lamento a falta de capacitação. O corpo técnico deixou de ser renovado e hoje temos meia dúzia desses profissionais”. Também ex-técnico do Geipot, o engenheiro Erickson Dias não acredita mais que o país voltará a apostar em planejamento. “Os políticos querem improvisar de olho nos prazos eleitorais”, criticou.

A Sudene foi reativada no governo Lula, mas não conseguiu voltar a ser protagonista das políticas urbanas do Nordeste. Já o Condepe, extinto em 2003 no governo de Jarbas Vasconcelos, deu lugar à Agência Estadual Condepe/Fidem. A Fidem já era originária da antiga Fiam. “Para se ter uma ideia, o corpo técnico com os três órgãos juntos era de mais de mil técnicos. Hoje temos 124”, lembrou o presidente da Agência, Maurílio Lima, funcionário de carreira do Condepe há 32 anos.

Com a extinção dos órgãos de planejamento, surgiram as supersecretarias. No estado, o planejamento foi direcionado principalmente para as secretarias de Planejamento e das Cidades. Na esfera federal, a EBTU deu lugar à Secretaria de Desenvolvimento Urbano no governo de Fernando Henrique Cardoso e virou Ministério das Cidades no governo Lula. “Infelizmente os modelos mudam com os gestores e não dão continuidade e muito menos unidades aos projetos”, criticou Otávio Cunha, presidente da NTU.

Navegação para a Zona Sul é outra aposta do Recife

Mapa Zona Sul do Recife - navegação

O Recife deve ganhar mais um trecho navegável dentro do projeto Rios da Gente, do governo do estado. A Rota Sul, que estava prevista no projeto original, mas que havia sido retirada por falta de recursos, foi reintegrada à proposta de tornar o Capibaribe navegável. O novo ramal que deve ligar o Centro à Zona Sul foi apresentado, ontem, pelo governador Eduardo Campos e pelo secretário das Cidades, Danilo Cabral, aos ministros das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e do Planejamento, Miriam Belchior, em Brasília. O estado solicitou ao governo federal a liberação de mais R$ 115 milhões que seriam suficientes para criar mais oito quilômetros de transporte fluvial. Até agora, pelo menos 13 quilômetros estão garantidos com as rotas Oeste e Norte, cujas obras, no valor de R$ 293,6 milhões, estão em andamento.

A Rota Sul levaria o passageiro de barco da Rua do Sol, no Centro do Recife, até a Avenida Antônio Falcão, em Boa Viagem, passando pelo Cais José Estelita e Pina. A quantidade de estações que estariam ao longo dos oito quilômetros ainda não foi definida. Os recursos solicitados, no entanto, dariam para bancar tanto essas estruturas quanto a dragagem de trechos dos rios Capibaribe, Beberibe e Jordão. A proposta foi apresentada ao governo federal como mais uma opção de transporte público para a Zona Sul da capital que ainda pode ser integrado aos demais modais, como o ônibus e o metrô.

Segundo o secretário Danilo Cabral, o estado está tentando integrar as três rotas no Centro da cidade. Para isso, está sendo estudada uma intervenção de engenharia nas pontes da Boa Vista e Seis de Março, mais conhecidas como Ponte de Ferro e Ponte Velha. Elas seriam elevadas para permitir a passagem das navegações quando a maré estivesse alta. A manobra, tecnicamente chamada de macaqueamento, não afetaria as caraterísticas das pontes.

O secretário também fez um apelo aos ministros para que possam intermediar, junto com o ministro da Defesa, uma negociação com a Marinha do Brasil a respeito da liberação de vias na Vila Naval, em Santo Amaro. O estado precisa instalar uma estação do corredor fluvial nessa área e criar uma via para veículo individual paralela a Cabugá que será dedicada ao Bus Rapid Transit (BRT) no sentido Recife/Olinda. “Se isso não ocorrer, inviabilizará o projeto da navegabilidade e do corredor da Cabugá”, pontuou Cabral.

A nova rota navegável

  • O projeto de navegabilidade ganharia a Rota Sul, ligando o Centro a Boa Viagem
  • 8 km de extensão
  • R$ 115 milhões de investimentos
  • Inicialmente, 2 estações estão previstas, mas esse número pode aumentar: Estação Bairro do Recife e Estação Boa Viagem

Trajeto da Rota Sul

  • Agência Centro dos Correios
  • Palácio do Campo das Princesas
  • Bacia do Pina
  • Rio Jordão – até a Antônio Falcão

Projeto de navegabilidade em curso
Rota Oeste ( da estação Metrô Recife à estação Dois Irmãos)

  • 11 km
  • 40 minutos é o tempo estimado do percurso

Cinco estações

  • Estação Dois Irmãos – BR-101
  • Estação Santana – Ao lado do Parque de Santana
  • Estação Torre – Próximo ao Carrefour
  • Estação Derby – Localizada ao lado do Memorial de Medicina
  • Estação Recife – Atrás da estação Central do Metrô

Rota Norte ( da estação da Rua do Sol à estação Tacaruna)

  • 2,9 km
  • 20 minutos

Duas estações

  • Estação Correios – localizada na  Rua do Sol, no bairro de Santo Antônio
  • Estação Tacaruna – próximo ao Shopping Tacaruna

Embarcações

  • 13 embarcações (uma de reserva)
  • 14 metros de extensão
  • 90 passageiros sentados
  • 156 viagens por dia
  • 18km é a velocidade média estimada
  • 335 mil pessoas por mês deverão ser transportadas
  • 293,6 milhões de reais é o custo total do projeto (sem a Rota Sul)

Fonte: Secretaria das Cidades

 

Monotrilho ou metrô para Avenida Norte

Modelo de um monotrilho - reprodução/internet
Mudar a estrutura da matriz do transporte público. O discurso da presidente Dilma Rousseff, que ofecereu R$ 50 bilhões para investimentos em mobilidade está provocando uma correria dos gestores públicos à Brasília por uma fatia dos recursos.

O governador de  Pernambuco, Eduardo Campos e o prefeito do Recife, Geraldo Julio se reuniram hoje com os ministros das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e do Planejamento, Miriam Belchior para apresentar os projetos locais. Uma das grandes mudanças será a implantação de um modal de grande capacidade para a Avenida Norte. O projeto da Avenida Norte, desenhado inicialmente para um corredor de BRT (Bus Rapid Transit), sigla inglesa para Transporte Rápido por Ônibus, tem a proposta de mudar para monotrilho ou metrô.

De acordo com o secretário das Cidades, Danilo Cabral, o projeto do metrô para a Avenida Norte  terá 10km de extensão e o custo estimado é de R$ 4,1 bilhões. Já o monotrilho custaria R$ 2,1 bilhões. Em 2011,segundo Danilo Cabral, o estado chegou a fazer um projeto de uma parceria público privada para o monotrilho na Avenida Norte. “O projeto do monotrilho tem mais chance. Não apenas pelo preço, mas também porque o metrô iria segregar o espaço da via e precisaria de mais desapropriações “, apontou o secretário.

Estado e município apresentaram os projetos em conjunto. O prefeito Geraldo Julio levou dois projetos de VLT (Veículo Leve sobre Trilho) para o Recife. Uma linha circular com 8,6 km para o Centro e outra do Aeroporto, passando pela Avenida Conselheiro Aguiar até o Centro do Recife com 9km de extensão. Cada uma a um custo de R$1,1 bilhão.

O prefeito também pediu recursos para a implantação de quatro corredores preferenciais para os ônibus no modelo BRS (Bus Rapid Service) para as avenidas: Abdias de Carvalho, Mascarenhas de Mporaes Domingos Ferreira e Beberibe. O corredor da Avenida Conselheiro Aguiar, que também teria um BRS, ficou de fora porque passou a ser incluído na linha do VLT.

O encontro foi considerado bastante positivo pelo secretário das Cidades, Danilo Cabral. “Foi um primeiro encontro. Eles vão analisar os projetos de todo o país e faszer a seleção. Nós estamos muito otimistas de conquistarmos mais investimenntos para a melhoria do transporte público no estado”, declarou. No encontro, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos aproveitou para pedir reforço na liberação dos recursos para o BRT de Caruaru e o VLT de Petrolina. Veja abaixo o mapa da nova proposta viária para o Recife.

mapa linhas recife

Prefeitura do Recife e Governo de Pernambuco em busca da fatia dos R$50 bilhões para a mobilidade

 

Geraldo Julio e Eduardo Campos - Foto - Andréa Rêgo Barros /PCR

O governador Eduardo Campos (PSB) e o prefeito Geraldo Julio (PSB) estão em Brasília para conversar com os ministros das cidades, Aguinaldo Ribeiro, e do Planejamento, Miriam Belchior. A reunião tem o objetivo de adquirir investimentos para a área depois que a presidente Dilma Rousseff anunciou a liberação de R$ 50 bilhões para a mobilidade em todo Brasil.  Os gestores terão que provar aos ministros que as propostas estão em sintonia com a política defendida pela presidente.

Alguns estados já se anteciparam a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Ontem, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), pediu R$ 2,9 bilhões para investimentos estaduais e municipais em metrô, implantação de novas linhas de ônibus e criação de vias exclusivas para os sistemas de Bus Rapid Service (BRS) e Bus Rapid Transit (BRT). A proposta agradou à ministra Miriam Belchior, que a avaliou como “pé no chão, objetiva e articulada”.

Agora, Eduardo e Geraldo têm a tarefa de convencê-la do mesmo em relação aos projetos locais. O governo do estado está executando projetos com recursos do Pac Copa e Pac Mobilidade a exemplo dos dois corredores de BRT cortando a cidade nos eixos Norte/Sul e Leste/Oeste. Somente nessa empreitada, o estado prevê investir cerca de R$ 390 milhões. Há ainda o projeto de navegabilidade do Capibaribe ao custo estimado de R$ 290 milhões.

Por parte da prefeitura, há propostas de recuperar 140 km de calçadas (custo de R$ 20 milhões), e de implantar 40 km de corredores exclusivos de ônibus (sem valores definidos). Faltam, no entanto, propostas que incluam o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e o metrô, o que pode ser a surpresa da reunião. O Metrorec chegou a desenhar mais 10 possibilidades de linhas para o metrô e o VLT, mas não dispõe de projetos por enquanto.

 

Motorista que atropelou oito pessoas no Recife vai prestar novo depoimento

Carro usado no atropelamento - Foto - Reprodução/ TV Clube

O motorista, não habilitado, Feliciano Medrano de Lima, 24 anos, que atropelou oito pessoas, no último dia 29 de junho, no Recife, ao avançar um sinal vermelho na Rua Herculano Bandeira, no Pina, Zona Sul da cidade, deverá ser novamente chamado para depor.

O delegado Newson Motta da Delegacia de Delitos de Trânsito do Recife, que está investigando o atropelamento, recebeu, ontem, as imagens do acidente enviadas pelas Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). As imagens chegaram dez dias após o ocorrido. O delegado disse que já havia visto as imagens do atropelamento divulgadas na imprensa, mas não havia recebido o material como prova.Ontem, ele ouviu mais uma das vítimas, mas aguarda ainda o depoimento de duas pessoas que continuam internadas devido aos ferimentos provocados no impacto. Segundo ele, após todas as ouvidas o motorista deverá ser chamado novamente para depor.

Em entrevista, o delegado Newson Motta chegou a dizer que o motorista poderia ser enquadrado por lesão corporal culposa e avanço de sinal. Felipe Medrano fugiu sem prestar socorro. Ele havia perdido o direito de dirigir desde 2012. Uma portaria publicada no Diario Oficial do Estado suspendeu o direito dele de dirigir por um ano. Para ter a carteira de volta, ele precisaria fazer cursos, mas foi reprovado nos testes. Em 2009, ele contou à polícia que havia perdido a habilitação em uma blitz, após ser pego no teste do bafômetro.

Clique aqui nas imagens do acidente

Associação Nacional de Transportes Urbanos avalia mobilidade do Recife na Copa das Confederações

Estação Cosme e Damião - Foto - Teresa Maia DP/D.A.Press

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Tânia Passos

Um olhar de fora sobre o esquema de mobilidade nas seis cidades-sedes da Copa das Confederações. A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) enviou equipes para as sedes e fez um estudo das alternativas de transporte de torcedores durante os jogos.

O Recife teve um desempenho considerado satisfatório, em escala entre péssimo, ruim, regular, satisfatório, bom e ótimo. A capital só não perdeu para Salvador, que foi regular. Empatou com Brasília e ficou atrás do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza, que tiveram desempenho bom. Essas três cidades conseguiram desocupar os estádios em pouco menos de uma hora, mesmo enfrentando uma onda de protestos nos dias dos jogos.

No Recife, o jogo avaliado foi entre Itália e Japão, em 19 de junho, justamente a partida para a qual foram feitas alterações pela Secretaria da Copa, incluindo o uso do estacionamento na UFPE, com transporte por ônibus à Arena, e a instalação de uma rampa para desafogar a estação Cosme e Damião, maior gargalo nos dois jogos anteriores: a estreia da Arena Pernambuco, entre Náutico e Sporting de Portugal, e o primeiro jogo das Confederações em Pernambuco, entre Espanha e Uruguai.

Estação Cosme e Damião - Foto - Nando Chiappetta DP/D.A.Press

O jogo Itália x Japão foi menos traumático que os outros dois. O técnico da NTU, André Dantas, que apresentou o resultado do estudo durante o Seminário de Mobilidade Sustentável, em São Paulo, não explicou o critério da escolha da partida. “Nós observamos as alternativas futuras que também estão sendo trabalhadas e não um jogo em si”, disse.

A secretária-executiva das Cidades, Ana Suassuna, não concorda com a avaliação. “Fizemos as alterações e o transporte ocorreu sem grandes transtornos. Só fomos informados que sediaríamos a Copa das Conferedações em novembro de 2012 e alguns projetos previstos para a Copa de 2014 não estavam concluídos”, ressaltou.

Exemplos
O planejamento de Belo Horizonte para situações de emergência foi fundamental para o esquema. Houve cinco simulações e no dia do jogo tudo teve que ser modificado no intervalo, por causa das manifestações. Fortaleza apostou nos bolsões de estacionamento e o Rio de Janeiro no metrô, mas lá não houve os mesmos problemas de gargalos como ocorreu no Recife.

Painel cidades Copa das Confederações - Arte/DP

Fim da greve não acaba com rotina de sufoco dos passageiros no Grande Recife

Passageiros ônibus/Recife - Foto - Roberto Ramos /DP/D.A. Press

A greve dos rodoviários acabou, mas o sufoco e a falta de respeito com o usuário continuam. Andar de ônibus na Região Metropolitana do Recife é um desafio que faz parte da rotina de dois milhões de usuários do sistema. O Diario esteve ontem nos terminais de Integração da Macaxeira e da Joana Bezerra para conferir os problemas enfrentados.

O primeiro dia útil após o fim da greve foi de atrasos, calor, longas filas e insatisfação. Mas, segundo os passageiros, esse cenário é diário. E eles não acreditam em mudança a curto prazo. Os usuários entrevistados deram a nota média de 3,2 ao sistema. Alguns deram zero. A maior nota foi oito. Para os especialistas em mobilidade, é preciso priorizar o uso do transporte coletivo de qualidade e subsidiá-lo para dividir os custos da passagem que não pesem tanto no bolso apenas do usuário.

Pelo Terminal da Macaxeira passam 60 mil usuários todos os dias. É o maior do Recife. São 1,5 mil viagens diariamente. Ontem, por conta da superlotação, a passageira Valeriana Vieira, 30, só conseguiu embarcar no terceiro ônibus. Os outros dois estavam cheios. A bartender, que seguia para a casa da mãe, em Sucupira, em Olinda, viajou a pé. “Os ônibus estavam lotados, as pessoas furaram fila e eu não consegui subir. Sofremos todos os dias”, disse.

Atualmente, pouco mais de 80% dos usuários usam o Anel A, que custa R$ 2,15. O Anel B é usado por outros 14%. Nos últimos oito anos, o preço da tarifa subiu 34,4%. O secretário do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Diógenes da Silva, avalia o atual sistema como precário. “Prova disso é que mesmo antes da greve os usuários já demonstravam insatisfação”.

Para o consultor em mobilidade, César Cavalcanti, o atual sistema tropeça numa “fórmula paradoxal”. Não é possível reduzir o preço das passagens e aumentar a qualidade ao mesmo tempo. “Essa é uma conta que não fecha”, disse. Estimular o uso dos ônibus e subsidiar o transporte público seriam soluções. “Quem paga a conta é o usuário.O passageiro não tem condições de arcar com tudo”, contou. Na Europa, cerca de 50% das receitas do transporte vêm de fontes extratarifárias.

Por nota, o Grande Recife Consórcio de Transporte disse que o Terminal da Joana Bezerra, terá um “novo equipamento, orçado em R$ 9,4 milhões, que será entregue em outubro”. Sobre o Terminal da Macaxeira, a nota afirmou que “existe um projeto de construção de um novo equipamento”.

Periferia longe dos olhos da CTTU

Por

Tânia Passos

Quando se pensa em ordenamento do trânsito, o Centro do Recife e os grandes corredores viários surgem como os principais alvos de ações da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). Se muitos acham que o esforço concentrado ainda não surtiu os efeitos esperados nesses pontos, imagine a situação nos bairros da periferia, onde a presença de um agente de trânsito ainda é artigo de luxo. Essa ausência, há muito sentida, começa a mudar em alguns pontos, onde o órgão de controle urbano está desenvolvendo ações no entorno dos mercados públicos. Um alento, mas quase nada para a demanda existente nos bairros com frota de veículos crescente. São carros demais em ruas estreitas e ocupadas pelo comércio informal.

Na Bomba do Hemetério, Zona Norte, a via principal é o retrato de muitas outras da periferia da cidade. O comércio informal avança sobre os passeios e, às vezes, sobre a faixa de rolamento. Soma-se a isso motoristas que estacionam onde acham conveniente. O comerciante José Carlos da Silva tem um estabelecimento na via há mais de duas décadas e diz que o trânsito está pior. “Aqui nunca tivemos a presença de agentes de trânsito, mas antes eles não faziam falta”, revelou. Dono de uma farmácia, Euzébio Félix, 69 anos, é mais enfático. “Não é que a gente precise que a fiscalização seja intensificada. A questão é que não temos fiscalização nenhuma. Fomos esquecidos”, afirmou.

O Diario visitou outros bairros da Zona Norte. No entorno do Mercado de Beberibe, onde antes o comércio informal ocupava calçadas e ruas, a situação melhorou. Os comerciantes locais informaram que um agente de trânsito trabalha no local. No dia em que a nossa equipe esteve no bairro, no último dia 2, não encontramos nenhum agente e havia carros estacionados em local proibido.

Já no Terminal do Vasco da Gama, uma área que sempre foi crítica, encontramos um orientador de tráfego terceirizado pelo município, que tentava impedir que os motoristas estacionassem na via. “Eles podem parar só um instante para colocar as compras no carro, mas a ordem é não deixar estacionar”, afirmou o orientador Alcir Arouxa.

De acordo com a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, a fiscalização na periferia é comprometida pelo quadro de agentes. “Fiscalizamos áreas que contaram com ações do controle urbano, mas a prioridade ainda é o Centro e os grandes corredores. Não temos efetivo suficiente. São 100 agentes por dia”, disse a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife informou que 20 agentes de trânsito estão distribuídos em pontos estratégicos dos bairros de Beberibe, Água Fria, Casa Amarela, Nova Descoberta, Afogados Prado e Ibura. O Diario não encontrou agentes de trânsito nos bairros de Beberibe, Água Fria e Nova Descoberta, no último dia 2, entre as 10h e as 13h.