A hora e a vez do BRT

O BRT é a principal pauta na discussão do 25º Seminário Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), que acontece em São Paulo. As informações com a repórter Juliana Colares.

Nunca se viu tanto investimento em sistemas rápidos de transporte no Brasil,
como agora. Hoje o BRT (Bus Rapid Transit) funciona em apenas em duas cidades
do país: Goiânia e Curitiba. Mas até o final de 2013, cerca de 40 corredores
exclusivos de BRT começarão a operar em aproximadamente 18 cidades, incluindo
o Recife, onde serão construídos cinco corredores exclusivos para ônibus. A
razão é clara: a Copa do Mundo de 2014.

Enquanto o sistema de metrô consegue transportar 90 mil passageiros por hora,
por sentido, no BRT são transportados 40 mil. Em compensação, o sistema de
trânsito rápido de ônibus é muito mais barato e mais rápido de ser
implementado do que o sobre trilhos, suprindo a necessidade imediata das
cidades com 700 mil habitantes ou mais, diante do grande evento que o Brasil
vai sediar.

“Eu creio firmemente que o BRT seja a solução (neste momento, para a
mobilidade no Brasil). Primeiro porque tem grande capacidade de transporte, se
tiver um modelo bem pensado. Ele tem grande possibilidade de virar um grande
transporte de massa, a exemplo do que é o metrô”, disse o presidente da
Diretoria Executiva da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos
(NTU), Otávio Vieira Cunha. Ainda de acordo com ele, a capacidade de
transporte de passageiros do BRT atende a demanda de qualquer cidade
brasileira. Sem contar que a implantação do sistema de metrô pode custar até
100 vezes mais que o BRT e demorar até 20 anos, enquanto a de ônibus pode ser
feita em apenas dois anos.

Ontem, durante a coletiva de imprensa realizada no primeiro dia do 25º
Seminário Nacional NTU, Otávio Vieira Cunha elogiou a decisão do governo
pernambucano de implementar o sistema de BRT. Mas defendeu um modelo que
agregue diferentes modelos de transporte público e disse que é importante
pensar mais à frente. “Recife tem uma população elevada e deveria pensar em
fazer seus projetos sobre trilhos para um futuro mais distante porque vai
chegar um momento em que vai saturar. Não se pode pensar em trilho em menos de
10 anos. Se falar em metrô, são 10, 15, 20 anos. Até lá, o ônibus vai dando
conta do recado”, afirmou. No Rio de Janeiro, cada quilômetro de metrô
subterrâneo levou três anos para ser escavado e começar a operar. O 25º
Seminário Nacional NTU termina hoje. Ele está sendo realizado na Transamérica
Expo Center, em São Paulo.

 

 

 

 

8 Replies to “A hora e a vez do BRT”

  1. Mais uma oportunidade perdida com um péssimo projeto. Este sistema de BRT é tão ruim que só consegue ser melhor do que o sistema de ônibus convencional. Lamento que vá se gastar muito dinheiro nos corredores da Caxangá e Agamenon Magalhães com um sistema BRT, que vai acabar ocupando um limitadíssimo espaço existente.
    E o metrô? Metrô é realmente muito caro e difícil adaptação ao subsolo do Recife mas tem outras alternativas de menor custo mas que as empresas de ônibus não gostariam de ver:
    http://www.aeromovel.com.br/
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Aerom%C3%B3vel
    http://www.aeromovel.com/
    Ou ainda:
    http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/35449_O+AEROTREM+DA+BOMBARDIER
    Já pensou não ter que reduzir as pistas da Caxangá e da Agamenon e ainda reduzir em mais de 90% a quantidade de ônibus nestas vias? Ir do Derby a Camaragibe ou de Paulista ao Pina sem engarrafamentos? É possível. Difícil é acreditar que os BRT não andem lotados e com menos de 2 anos de uso não estejam sucateados, a começar pelo sistema de ar-condicionado.
    Esta é minha opinião e um convite ao debate para quem gosta do assunto.

  2. Leo,

    Acho bem vinda todas as discussões.Não sei da viabilidade da implantação dos projetos que você aponta, mas acho extremamente importante a valorização do transporte público em todos os níveis e isso significa que quantos mais modais existirem melhor.

    Lamento não termos mais, por exemplo, as linhas de bondes. No século 19, tivemos mais de 200 km de linhas na região metropolitana e hoje só temos 40 km de metrô…

  3. Pois bem, Tania.
    Apesar de não ser da área, nem especialista, sou desde sempre preocupado com este assunto até por que meu primeiro emprego aos 13 anos foi em uma empresa de ônibus. Hoje utilizo meu carro para ir ao trabalho por dois motivos: o que gasto com gasolina é menos do que a passagem de ônibus e não tenho qualidade nem pontualidade da empresa que faz a linha que me atende.
    Entrei neste assunto por que entendo que esta proposta dos BRT é apenas uma melhorada do velho sistema de ônibus. Vai continuar sendo ônibus, com desconforto de ônibus, com superlotação de ônibus, com poluição de ônibus, com acidentes de trânsito envolvendo ônibus, com ocupação de solo para uso de ônibus, com sucateamento de curtíssimo prazo para os ônibus, etc. Este sistema funcionará bem por no máximo 3 anos, depois disto as coisas voltam a ser o que temos hoje: veículos danificados, atrasos, mau atendimento, ônibus superlotados, etc.
    O sistema de ônibus deve ser apenas complementar e não principal. O transporte rodoviário quando priorizado é uma burrice e deve ficar na última prioridade de qualquer sistema, de qualquer modal. Prova disto é a tardia redescoberta dos sistemas de transporte do Brasil que estão reinventando as ferrovias e a navegação de cabotagem.

    Em tempo: este blog é o grande forum sobre mobilidade que nos é presenteado e espero que toda a população faça uso deste. Parabéns Tania, parabéns Associados pela brilhante iniciativa pois o resultado do vosso trabalho vai aparecer (inclusive em asfalto, concreto e outras melhorias).

  4. Acrescentando. No primeiro comentário quando mencionei a possibilidade de ir de Paulista até o Pina, poderia ser considerado de Paulista até o Shopping Recife acompanhando a Via Mangue passando pela conexão do Terminal Joana Bezerra de metrô e ônibus.
    Ainda. A implantação de transporte por trilho em rede suspensa não implicaria desapropriações nem redução das pistas existentes.

  5. Leo e Tania,

    Desde 2004 existe o projeto da linha norte do Metrorec que, seria uma linha de VLT do TI Joana Bezerra até o TI da PE-15 via Agamenon Magalhães.

    Infelizmente o GEPE não tem simpatia com o Metrorec, vide a demora na implantação do VLT até SUAPE, curioso também é a imprensa pernambucana nunca ter corrido atrás desse projeto, para mostrar a população.

    BRT quando implantado corretamente é excelente sim, o problema é aqui estão querendo segregar uma faixa nas vias existentes, colocar estações e chamar isso de BRT.

    BRT vai muito mais que isso…

    Abraços

  6. Esqueci de mencionar para vocês:

    Existe projeto no Metrorec (ignorado pelo GEPE) do VLT no TI Barro até o TI Macaxeira via BR-101

    O lobby frente ao transporte rodoviário no estado é enorme, tem dentro do Governo, dentro da Assembléia e até no Congresso, pois bem, se será tudo BRT, dava pra fazer o melhor possível?

    O ministério das Cidades entendeu que não, vetou todos os projetos de mobilidade de Pernambuco… o GEPE abafou o caso e dverá conseguir os recursos agora pelo BIRD