Plano de carga e descarga do Recife não faz nem cosquinha

Na coluna Diario Urbano escrevi, no último dia 25 de outubro, sobre o plano de carga e descarga apresentado pela Prefeitura do Recife. Uma reflexão que vale a pena ver de novo.

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Um dos maiores obstáculos à mobilidade urbana nas ruas do Recife tem origem nos estacionamentos realizados em vias públicas. Sendo eles regulares ou não, atrapalham o trânsito. É ruim com carro pequeno, imagine então com caminhões de carga. Talvez por isso, havia uma grande expectativa em relação às novas normas apresentadas pela Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) referentes à operacionalização do sistema de carga e descarga.

O modelo tem pequenos avanços em relação à limitação dos horários, das 23h às 5h, e da inclusão de 21 corredores de tráfego, a exemplo da Avenida Conselheiro Aguiar, onde o desmando é diário. Mas peca em outros aspectos, a começar pelo valor de uma multa comum de estacionamento prevista no Código de Trânsito Brasileiro de apenas R$ 53,20 e três pontos na carteira. Só para lembrar, a proibição da circulação das kombis que faziam transporte alternativo só funcionou porque o valor da multa era de R$ 2 mil e o prejuízo seria grande para os kombeiros.

Além disso, a penalidade irá apenas para o dono do caminhão e não para o proprietário do estabelecimento. E mesmo na hipótese da multa vir a ser aplicada, uma vez que não há fiscalização suficiente, para o empresário valerá a pena correr o risco, que, aliás, não é dele. Não era bem isso que a presidente da CTTU, Maria de Pompéia, tinha em mente. Ela já havia sinalizado que a penalidade deveria se estender para o dono do estabelecimento e para o fornecedor e que o valor da multa deveria pesar no bolso, mas pelo jeito não vai nem fazer cosquinha.

A medida também não se estendeu aos bairros da periferia que hoje têm comércio e onde esse tipo de operação trava as vias estreitas. A Prefeitura do Recife talvez tenha perdido uma ótima oportunidade de fazer um marco na moralização da carga e descarga que traz impactos diretos na mobilidade. No lugar disso, criou 139 vagas de Zona Azul e travestiu de legalidade um tipo de serviço que, embora importante, não tem, até agora, nenhum respeito à livre circulação. Se os próprios técnicos da companhia defendem mais rigor na legislação para não ficarem de mãos atadas, quem sabe o plano, que só entrará em vigor em janeiro de 2012, possa ser aperfeiçoado e não passe de um engodo.

3 Replies to “Plano de carga e descarga do Recife não faz nem cosquinha”

  1. A CTTU,não tem peito para enfrentar os comerciantes e os donos de empresas,tais como a coca-cola,schin,frevo,caminhões de gás,de garrafões d’água,etc….Proibiram à circulação de caminhões acima de 06M na Av Sul,e em vários corredores,porém não disseram nada sobre à Rua Imperial,que também é um corredor importante,que hoje,em certos horários fica completamente engarrafada,quando achei que iriam proibir,criam vagas de zona azul para caminhões de até 06M,no centro e principais ruas,com permanência de 1h,resta saber,quem vai fiscalizar isso???? Já que hoje,com carros pequenos,à fiscalização é falha,imagina com caminhões descarregando????

  2. queria saber mais sobre esses horarios e os locais que haverá restrição. trabalho com caminhao e prefiro trabalhar a noite do que andar nesse transito

  3. O prefeito e este cabide de emprego da CTTU são um bando de frouxos. A população que se lasque, eles não estão nem ai… apenas não podem ir contra quem pode mais.
    Vou pedir uma coisa a esse prefeito fantoche: não prometa o que não pode cumprir, pelo amor de Deus.