Os piores dias para tirar o carro da garagem

 

Um dia normal de engarrafamento no Recife

Quem mora em grandes cidades brasileiras já deve ter notado que alguns dias da semana são mais ou menos propensos a congestionamentos. Mas o que muitos motoristas já cogitaram na prática, a fabricante de GPS TomTom constatou cruzando dados do trânsito de nove cidades brasileiras.

Em ranking recente, a empresa concluiu que, em boa parte das grandes metrópoles nacionais, as terças e as sextas-feiras são os piores dias para ir ou voltar do trabalho levando em consideração o tempo extra gasto no percuso por causa do trânsito.

Os moradores de Recife (PE), por exemplo, gastam em média  até o dobro de tempo para voltar para casa  no entardecer das sextas-feiras quando se leva  em conta a duração do mesmo percurso em horários do dia sem congestionamento.

Em São Paulo, nas terças-feiras de manhã, os motoristas gastam até 49% a mais de tempo por percurso devido aos engarrafamentos.

Veja os piores dias para tirar o carro da garagem em 9 cidades brasileiras. Confira também quanto tempo os motoristas perdem por dia em cada local e a posição dos municípios no ranking global da TomTom.

Em tempo: as cidades foram listadas de acordo com suas posições no ranking da TomTom.

Onde mais se perde tempo parado no trânsito no Brasil

Indicador

O que é

Dias com os piores horários de pico da manhã

Dia da semana + Em quanto aumenta a duração do percurso por causa do congestionamento

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Dia da semana + Em quanto aumenta a duração do percurso por causa do congestionamento

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

Tempo extra de duração do percurso por causa de congestionamentos diários

Posição no ranking mundial

Posição em lista de 146 cidades

Rio de Janeiro (RJ)

Cidade

Rio de Janeiro

Dias com os piores horários de pico da manhã

Terça (75%)* e Sexta (74%)*

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Sexta (87%)* e Terça (81%)*

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

26 minutos

Posição no ranking mundial

3

*Em quanto aumenta a duração do percurso por causa dos congestionamentos

Salvador (BA)

Cidade

Salvador

Dias com os piores horários de pico da manhã

Terça (69%)* e quinta (66%)*

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Quinta (84%)* e sexta (77%)*

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

24 minutos

Posição no ranking mundial

5

*Em quanto aumenta a duração do percurso por causa dos congestionamentos

Recife (PE)

Cidade

Recife

Dias com os piores horários de pico da manhã

Quinta (88%)* e Terça (84%)*

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Sexta (101%)* e Quinta (82%)*

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

27 minutos

Posição no ranking mundial

6

*Em quanto aumenta a duração do percurso por causa dos congestionamentos

Fortaleza (CE)

Cidade

Fortaleza

Dias com os piores horários de pico da manhã

Quinta (57%)*, Segunda (52%)* e Terça (52%)*

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Sexta (69%)* e Quinta (63%)*

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

22 minutos

Posição no ranking mundial

23

*Em quanto aumenta a duração do percurso por causa dos congestionamentos

São Paulo (SP)

Cidade

São Paulo

Dias com os piores horários de pico da manhã

Terça (49%)* e Segunda (45%)*

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Sexta (69%)* e Quinta (62%)*

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

20 minutos

Posição no ranking mundial

36

*Em quanto aumenta a duração do percurso por causa dos congestionamentos

Belo Horizonte (MG)

Cidade

Belo Horizonte

Dias com os piores horários de pico da manhã

Segunda (47%)* e Terça (45%)*

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Sexta (78%)* e Quinta (55%)*

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

20 minutos

Posição no ranking mundial

70

*Em quanto aumenta a duração do percurso por causa dos congestionamentos

Porto Alegre (RS)

Cidade

Porto Alegre

Dias com os piores horários de pico da manhã

Segunda (47%)* e Terça (46%)*

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Quinta (56%)* e Sexta (55%)*

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

19 minutos

Posição no ranking mundial

89

*Em quanto aumenta a duração do percurso por causa dos congestionamentos

Brasília (DF)

Cidade

Brasília

Dias com os piores horários de pico da manhã

Terça (39%)* e Segunda (37%)*

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Sexta (67%)* e Terça (54%)*

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

18 minutos

Posição no ranking mundial

106

*Em quanto aumenta a duração do percurso por causa dos congestionamentos

Curitiba (PR)

Cidade

Curitiba

Dias com os piores horários de pico da manhã

Terça (35%)*

Dias com os piores horários de pico do fim da tarde

Sexta (48%)* e Quinta (42%)*

Quanto tempo se perde no trânsito diariamente

16 minutos

Posição no ranking mundial

118

*Em quanto aumenta a duração do percurso por causa dos congestionamentos.

 

Fonte: Agência ANTP

Ciclista deve ou não usar capacete?

 

Uso do capacete nos ciclistas não é unanimidade. Credito: Nando Chiappetta/DP/ D. A Press.
Uso do capacete nos ciclistas não é unanimidade. Credito: Nando Chiappetta/DP/ D. A Press.

Recentemente, participei de um encontro promovido pela Ameciclo, onde se se discutiu a forma como a imprensa enxerga a bicicleta no contexto do trânsito. Para minha surpresa, saí de lá convencida de dois aspectos: um que o capacete do ciclista não é tão importante como acreditava (redução da velocidade nas vias irá oferecer mais segurança) e segundo, nem sempre usar a contramão é o mais grave quando a cidade não oferece alternativa segura de circulação. Aqui compartilho um texto do Blog Vá de Bike, que traz uma abordagem de especialistas de Londres, também contrários ao uso obrigatório do capacete em ciclistas.

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Uma lei para tornar obrigatório o uso do capacete para ciclistas está em análise no Parlamento Britânico, e dois médicos estão argumentando contra a idéia. Sua opinião é que simplesmente não há evidências suficientes para sustentar a hipótese de que o uso de capacete salva vidas, e que a evidência que existe é, na melhor das hipóteses, contraditória.

Mas eles também apresentam alguns convincentes argumentos morais contra a obrigatoriedade do capacete para os ciclistas – e, também, para esquiadores, remadores, e até mesmo pedestres.

Os autores, Carwyn Hooper e John Spicer, da Universidade de Londres, reconhecem que suas idéias não são convencionais (a British Medical Association apoia a aprovação da lei, por exemplo), mas eles explicam o que eles acham que é uma falha na lógica da BMA: dizer que os capacetes de bicicleta protegem bem as pessoas quando caem da bicicleta para o pavimento (todos os testes padrão de capacetes de bicicleta são quedas, onde um capacete cai de cerca da altura do ombro de uma pessoa em uma bigorna plana). Mas os capacetes não são resistentes o suficiente para proteger contra lesões ao cérebro e ao crânio causadas pelo impacto com um carro ou voando para fora da bicicleta para a frente ou para trás como os capacetes de moto fazem. (Eles são a favor do uso obrigatório do capacete para motocicletas porque eles dizem que existem evidências claras de que isso reduz mortes e ferimentos).

Como prova de que usar um capacete de ciclista pode não ajudar em nada, Hooper e Spicer se referem a um pesquisa australiana de 1990 que mostra que 80 por cento de ciclistas mortos ou feridos graves estavam usando capacetes no momento do acidente.

Enquanto os documentos também indicam que os motoristas tiram mais finos de quem usa o capacete, talvez, usar um capacete de segurança entorpeça os ciclistas para os perigos ao seu redor, eles também deixam claro que há argumentos econômicos, bem como sociais, contra o “Estado babá” que são dignos de debate.

Por exemplo, há a idéia de que a obrigatoriedade do uso de capacete reduz o número de pessoas que usa a bicicleta e que você nunca vai conseguir que o nível de ciclismo da Inglaterra chegue no mesmo nível, ou até mesmo próximo, da Holanda ou Dinamarca (nenhum dos quais obriga o uso de capacete) se for adicionado ainda outro impedimento para pedalar. Claro que se isso fosse a única razão impedir o aumento do número de ciclistas nos EUA, onde as nossas leis de capacete variam de estado para estado e geralmente incluem apenas as crianças, teríamos muito mais ciclistas do que temos agora.

Então, talvez o seu mais forte argumento contra as leis do capacete obrigatório é aquele que deve entrar em ressonância com a maioria das pessoas aventureiras: que deveríamos ter o direito ao risco. Sim, isso parece um paradoxo. E ambos os médicos reconhecem que quando se trata de crianças, que não podem exercer julgamento, devemos impor determinados comportamentos.

Mas eles dizem que o risco está intimamente conectado à autonomia e que a obrigatoriedade do uso de capacetes em uma esfera da vida considerada de risco pode levar a mandatos para proteção em todos os tipos de atividades, desde escalada ao esqui. Pode, argumentam eles, até mesmo levar à proibição de comportamentos que, estatisticamente falando, nunca são realmente tão perigosos quanto não-participantes podem acreditar, uma vez que, por exemplo, aplinismo pode parecer suicídio para quem vive sentado no sofá, mas morrer por um ataque cardíaco é muito mais  comum do que os riscos que correm praticamente todos atletas outdoor.

Então, eles estão, em essência, argumentando que o risco é essencial ao ser humano, e você não pode proibir isso.

Talvez por isso tanto o primeiro-ministro da Inglaterra, David Cameron, e o prefeito de Londres, Boris Johnson, andam de bicicleta sem capacete: Eles querem um pouco de aventura, assim como o resto de nós.

Fonte: http://www.adventure-journal.com/2012/03/doctors-argue-against-mandatory-bike-helmet-laws/

Recife é a mais lenta do Brasil na volta para casa

ônibus engarrafamento Recife - Foto - Júlio Jacobina DP/D.A.Presss

Por

Paulo Trigueiro

O Recife é a cidade brasileira com o trânsito mais lento no horário de pico noturno, das 17h às 19h. Em um ano, o motorista chega a gastar 94 horas a mais do que deveria atrás do volante, na volta para casa após o trabalho.

Com taxa de congestionamento de 82% no rush noturno, a capital ficou em sexto lugar no ranking mundial, à frente de metrópoles como Los Angeles e Rio – na capital fluminense se perdem 93 horas e a taxa de congestionamento é de 81%.

Os dados foram revelados ontem pelo fabricante de GPS TomTom, que realizou pesquisa em 218 cidades de 36 países através de informações colhidas por seus equipamentos.

O estudo foi feito com base na comparação de dois deslocamentos iguais, em horários de trânsito livre e de pico. No Recife, para cada meia hora percorrida no primeiro cenário, 24 minutos extras precisam ser gastos no rush.

Em Instambul, a pior do ranking mundial, um trajeto de 30 minutos em horários mais livres leva mais de uma hora no rush noturno. Lá os motoristas perdem 125 horas em média, por ano. Pela primeira vez a pesquisa da TomTom incluiu cidades da China.

No ranking geral de congestionamento em 2014, de acordo com a TomTom, a capital aparece com 45%, atrás do Rio (51%) e Salvador (46%).   Segundo a CTTU, o sentido Boa Viagem da Agamenon Magalhães tem o trânsito mais crítico da cidade (veja  ranking).

Ganhando tempo
Para quem faz longos trajetos e perde ainda mais tempo, a alternativa pode ser realizar alguma atividade enquanto o trânsito desafoga. O estudante de ciência da computação Igor Matos, 21, larga da UFPE às 18h30. Chegava a passar duas horas e meia para chegar a Olinda, onde mora. A saída foi estudar nos laboratórios da universidade até as 20h, quando pode fazer o percurso em pouco mais de uma hora.

“Acho que é preciso investir no tranporte coletivo e na bicicleta”, analisa o estudante e cicloativista. Em fevereiro deste ano, uma pesquisa da Proteste colocou o Recife aparece em primeiro lugar no ranking das cidades com mais tempo de espera de ônibus.

Saiba mais

200 cidades foram avaliadas pela pesquisa da TomTom

Horas extras gastas no trajeto de volta para casa anualmente
125    Instambul, Turquia
118    Moscou, Rússia
110    São Petersburgo, Rússia
102    Cidade do México, México
97    Chongqing, China
94    Recife, Pernambuco
94    Bucareste, Romênia
93    Rio de Janeiro, Brasil
93    Shenzhen, China
92    Los Angeles, Estados Unidos

60% das ruas do Recife estavam saturadas em julho do ano passado

Número de veículos no horário de Pico

Agamenon Magalhães
9,6 mil veículos/hora
28,8 mil no pico (17h às 19h)

Avenida Norte
3,9 mil veículos/hora
11,7 mil no pico

Rosa e Silva
3 mil veículos/hora
9 mil no pico

Cruz Cabugá
2 mil veículos/hora
6 mil no pico

Rui Barbosa
1,9 mil veículos/hora
5,7 mil no pico

Sem plano, Recife tem verbas de mobilidade ameaçadas

 

pedestre na faixa2Por

Rosália Vasconcelos

Termina em 30 de abril o prazo para que os municípios brasileiros entreguem ao governo federal o Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PDMU). O Recife, apesar dos problemas neste setor, é uma das cidades que não produzirão o documento no prazo estabelecido pela Lei 12.587/2012.

Como consequência, ficará sem receber recursos federais para novos projetos de mobilidade urbana até que cumpra as exigências. E, por enquanto, ainda não há previsão para a elaboração do plano. O atraso na entrega não interfere na execução e repasse de recursos de projetos em andamento, como a Via Mangue, mas pode comprometer obras futuras.

Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento, a construção do documento depende da entrega de uma pesquisa de origem/destino, que está sob a responsabilidade do Grande Recife Consórcio. “Em todo o país, tem sido apontada a necessidade deste estudo, com base em pesquisa domiciliar, em particular nas regiões metropolitanas”, justificou o órgão.

A pesquisa demanda abertura de licitação. “A previsão é de que a pesquisa só comece a ser realizada no segundo semestre deste ano, quando devem acontecer o lançamento do edital e a abertura da licitação para a escolha da empresa”, informou o Grande Recife. O último trabalho feito nesse sentido foi realizado há 18 anos, pela extinta Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU).

A Secretaria de Planejamento também informou que houve um pedido ao Ministério das Cidades para prorrogação da entrega do plano. “Outros municípios que não conseguiram entregar o documento fizeram esse pedido. Aguardamos a sinalização do Ministério das Cidades quanto ao adiamento do prazo”, informou a pasta.

O Ministério das Cidades adiantou ao Diario que não há estimativa para prorrogação. “O prazo estabelecido em lei, que é abril de 2015, marca na verdade o início da obrigatoriedade como requisito para contratação de novas operações que utilizem recursos orçamentários federais”, explicou o ministério.

A resolução, contudo, não interfere no repasse de recursos para contratos antigos. “A política não prevê a avaliação dos planos de mobilidade municipais, mas é esperado que durante a construção dos planos também sejam realizadas audiências públicas para a participação popular”, orienta a pasta federal. O Ministério das Cidades disse não dispor de um levantamento sobre quantas cidades já conseguiram elaborar o documento conforme a Política Nacional de Mobilidade Urbana.

Em 2011, ainda na gestão do ex-prefeito João da Costa (PT), foi apresentado um plano de mobilidade à Câmara de Vereadores, quando foi criada uma Comissão Especial de Mobilidade para promover audiências públicas e discutir os encaminhamentos. No primeiro semestre de 2013, o projeto foi retirado da casa para análise do prefeito Geraldo Julio (PSB), alegando que faltavam estudos técnicos que embasassem o plano. Um novo projeto seria elaborado pela atual gestão. Até agora, no entanto, o Recife segue sem definições das políticas públicas de mobilidade urbana.

Recife chega em 2015 sem concluir o seu plano de mobilidade urbana. O prazo termina em abril

 

plano mobilidade2O Plano de Mobilidade Urbana do Recife enviado à Câmara Municipal pela gestão anterior e retirado pela atual gestão ainda está no limbo e a cidade segue sem definição das políticas públicas na área de mobilidade para os próximos anos. Faltando um mês para os municípios apresentarem seus planos, a situação é de total estagnação. E Recife, não é a única. Acompanhe a matéria abaixo do Portal Mobilize.

Termina agora, em abril de 2015, o prazo fixado pela Lei 12587/2012 para que os municípios brasileiros com mais de 20 mil habitantes elaborem seus Planos Diretores de Mobilidade Urbana. Caso contrário, essas cidades não poderão obter recursos federais para suas obras de transporte urbano.

Face o aperto do prazo, tramita no Congresso um projeto de lei propõe que os municípios tenham mais três anos para cumprir a exigência, ou seja, até abril de 2018. “A escassez de pessoal qualificado para realizar o trabalho, aliada a problemas financeiros que atingem grande parte dos municípios tem trazido uma imensa dificuldade para elaboração dos planos de mobilidade”, afirmou o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) na apresentação da proposta.

Consultado, o Ministério das Cidades informou que não há qualquer previsão de alargamento do prazo fixado pela Lei 12587, mas esclareceu que “o prazo estabelecido em Lei marca na verdade o início da obrigatoriedade dos planos como requisito para contratação de novas operações que utilizem recursos orçamentários federais”. Assim, na prática, os municípios obrigados pela lei ficarão temporariamente impedidos de celebrar novos contratos até que apresentem o plano, respondeu a assessoria do Ministério.

A assessoria do Ministério informou que ainda não tem um levantamento de quantas cidades conseguiram cumprir a exigência. Lembrou, apenas, que em 2012, segundo dados do IBGE, havia 210 municípios (4,8%) do total de 5.565 com planos de mobilidade urbana elaborados em todo o Brasil. Quanto à qualidade dos trabalhos já elaborados, o Ministério explica que a Política Nacional de Mobilidade não prevê a avaliação dos planos de mobilidade municipais, mas funcionários disseram que algumas cidades entregaram documentos sumários, “um deles com apenas uma folha”, para cumprir o rito previsto em lei. No entanto, para futuras seleções que envolverão recursos federais, os projetos cadastrados deverão estar de acordo com os planos apresentados. E apenas nesse momento será feita uma avaliação formal dos planos e projetos.

Cursos e publicações

Para atender às dúvidas das equipes municipais, a Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (SeMob) tem realizado uma série de Seminários Regionais da Política Nacional de Mobilidade Urbana, em várias cidades pelo país. Nesses encontros, são discutidos os mecanismos de financiamento, a participação popular, questões de sustentabilidade, acessibilidade e segurança, entre outros pontos importantes que devem constar nos planos..

A SeMob também está preparando um Curso de Capacitação para Elaboração de Planos de Mobilidade à distância, que será disponibilizado no site do Ministério das Cidades.

Fonte: Portal Mobilize (por Marcos de Sousa)

Maior e menor linha de ônibus da Região Metropolitana do Recife tem em comum a mesma tarifa

 

Linha Araçoiaba/Camaragibe é a mais longa da Região Metropolitana do Recife com 93km de extensão. Foto: João Velozo Especial DPO/D.A.Press
Linha Araçoiaba/Camaragibe é a mais longa da Região Metropolitana do Recife com 93km de extensão. Foto: João Velozo Especial DPO/D.A.Press

Quando o estudante Anderson Fernando da Silva, 20 anos, embarca na Linha 2463 – Araçoiaba/Camaragibe, sabe que terá pela frente um longo percurso. A mais extensa linha do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP) tem 93 quilômetros em uma viagem de ida e volta.

Anderson Silva, 20 anos, perde 4 horas por dia nos deslocamentos de casa para o trabalho. Foto: João Velozo Especial DP/D.A.Press
Anderson Silva, 20 anos, gasta 3 horas por dia nos deslocamentos de casa para o trabalho. Foto: João Velozo Especial DP/D.A.Press

Por dia, ele gasta uma média de 1h30  para ir e o mesmo tempo para voltar.  Cada deslocamento custa R$ 3,35 do anel B. Também na Região Metropolitana do Recife, dessa vez em Olinda, a estudante Linda Maria Vicente, 33 anos, costuma usar a linha mais curta do STPP. A Linha 1966 – Rio Doce/Circular – percorre apenas três quilômetros em uma viagem de ida e volta e a tarifa também custa R$ 3,35.

A semelhança entre a maior e a menor linha do sistema é apenas no valor da tarifa. A sua maior diferença, no entanto, não é apenas a distância. Mas o tipo de serviço que é oferecido. Para os usuários da  Linha de Araçoiaba/Camaragibe, os problemas vão desde o intervalo das viagens de até 2 horas, deixando o usuário refém do tempo, a  má qualidade do transporte com um ônibus convencional, insuficiente para a demanda dos horários de pico e a falta de organização das filas, onde os homens costumam passar na frente.

Linha Rio Doce/Circular é a mais curta da Região Metropolitana com 3km de extensão. Foto: João Velozo. Especial DP/D.A.Press
Linha Rio Doce/Circular é a mais curta da Região Metropolitana com 3km de extensão. Foto: João Velozo. Especial DP/D.A.Press

“Velho, mulher e criança aqui não tem vez. Os homens passam na frente e tomam os lugares na cadeira e ninguém faz nada”, criticou a diarista Maria Glória de Almeida, 53 anos. Ela pega o transporte às 4h para chegar no trabalho às 6h. Na volta para casa, já cansada, sabe que terá que passar quase duas em pé.

A redução no intervalo das viagens da linha de Araçoiba não está nos planos do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, responsável pela gerência do sistema. De acordo o diretor de operações, André Melibeu a linha tem caráter social e não há demanda suficiente para aumentar o número de veículos.

Linda Maria Vicente usa a Linha Rio Doce e gasta menos de 10 minutos para chegar ao seu destino. Foto: João Velozo. Especial DP/D.A.Press
Linda Maria Vicente usa a Linha Rio Doce e gasta menos de 10 minutos para chegar ao seu destino. Foto: João Velozo. Especial DP/D.A.Press

“Nós vamos fazer uma fiscalização nos horários de pico para verificar se há necessidade de aumentar o número de veículos, principalmente na sexta quando a demanda aumenta ou de mudar o modelo do veículo que tenha uma capacidade maior”, afirmou Melibeu. O Grande Recife também se comprometeu em melhorar a fiscalização nas filas para evitar que as pessoas passem a vez. “É uma questão de consciência. Só podemos orientar”, revelou.

Sobre a menor linha do sistema com apenas três quilômetros, ele explicou que foi uma estratégia para reduzir linhas. “Havia cinco linhas que iam todas para o centro de Rio Doce, nós transferimos todas para o terminal e criamos a linha circular para fazer essa operação”, afirmou.

A linha de Araçoiaba/Camaragibe, operada pela Mobibrasil, faz apenas 11 viagens ao dia, transporta quase 700 passageiros e percorre mais de mil quilômetros. Já a menor linha RioDoce/Circular, operada pela Conorte, faz 86 viagens, transporta 1,1 mil usuários e faz 260 km por dia. Mesmo com um trajeto quatro vezes menor, arrecada 70% a mais do que a linha mais longa.

Entenda a dinâmica da maior e menor linha de ônibus da RMR

Sobre a linha mais longa
92,59 km (ida e volta)
662 passageiros
1.020 quilômetros percorridos por dia
R$ 3,35 é a tarifa
R$ 0,07 é o valor pago por usuário por quilômetro rodado
R$ 2.220,00 é a arrecadação diária da linha
R$ 2,20 é o que a empresa arrecada por quilômetro rodado

Linha 2463 – Araçoiaba/TI Camaragibe

Percurso (Camaragibe/Araçoiaba) – Terminal Integrado de Camaragibe, Rua Luiza Alves, Rua Antônio Felipe, Avenida Belmínio Correia, Rua Manoel Ribeiro, Rua Belchior de Athaíde dos Santos, Rua Padre Luíz Muremberg, Avenida dos Girassóis, Rua Padre Ozeas Cavalcante, Estrada da Linha, Avenida General Milton Cavalcante (PE-27), Estrada de Aldeia (PE-27), Acesso Chã de Conselho, Rodovia PE-027, Avenida Marechal Nilton Cavalcanti, Avenida Major Pessoa Guerra, Rodovia PE-041, Praça São José, Vila de Itapipiré de Cima,

Percurso Araçoiaba/Camaragibe ): Rodovia PE-041, Rua João José de Freitas, Rua João Felipe de Barros Dias, Avenida Major Pessoa Guerra, Avenida Marechal Nilton Cavalcanti, Rodovia PE-027, Acesso Chã de Conselho, Estrada de Aldeia (PE-27), Avenida General Milton Cavalcante (PE-27), Estrada da Linha, Rua Padre Ozeas Cavalcante, Avenida dos Girassóis, Rua dos Narcisos, Avenida Belmínio Correia, Rua Nova, Rua Luiza Alves, Terminal Integrado de Camaragibe

Sobre a linha mais curta
3 km por dia
86 viagens/dia
1.170 passageiros/dia
R$ 3,35 é a tarifa
R$ 2,20 é o valor pago pelo usuário por quilômetro rodado
R$ 3.920,00 é a arrecadação diária da linha
R$ 15,20 é o valor arrecadado pela empresa por quilômetro rodado

Linha  1966 – Rio Doce/Circular

Percurso: TI Rio Doce/ Rua 37 – Terminal Integrado de Rio Doce, Avenida das Garças, Avenida Nápoles, Rua 37, Avenida Tiradentes e Terminal Rio Doce

Fonte: Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano

Saiba onde estão os radares do Recife e o que ele podem ou não fazer

Radar eletrônico na Avenida Agamenon Magalhães Foto: Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Radar eletrônico na Avenida Agamenon Magalhães Foto: Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Por

Anamaria Nascimento

Em um ano, os motoristas que passam pelo Recife viram os radares de fiscalização de velocidade se multiplicar pelos principais corredores viários da cidade. Muitos condutores, porém, ainda colecionam dúvidas sobre o funcionamento dos equipamentos.

Confira 10 mitos e verdades sobre os radares:

1. O radar checa se o motorista tem multas a pagar
Verdade – Os equipamentos de fiscalização eletrônica têm a capacidade de identificar, em tempo real, se existe pendências administrativas do veículo.

2. O radar tem alcance de vários quilômetros após o equipamento
Mito – O equipamento monitora o veículo quando este se aproxima do equipamento (ponto fiscalizado), devendo o condutor observar e respeitar as placas de regulamentação de velocidade instaladas na via fiscalizada.

3. Os equipamentos identificam se o veículo é furtado ou roubado
Verdade – Os equipamentos têm capacidade de identificar se o veículo é roubado, com consulta on-line ao banco de dados do Detran.

4. O radar nota se o motorista está ao celular e sem cinto de segurança
Mito – O equipamento não fiscaliza se o motorista está usando o celular e o cinto de segurança. Isso fica a cargo do agente de trânsito.

5. O radar multa a qualquer hora do dia
Mito – Os equipamentos de fiscalização eletrônica de velocidade, para efeito de penalidade, fiscaliza das 6h às 22h.

6. O sistema pode confundir as placas e acabar multando outro motorista
Verdade – O sistema de identificação de placas é feito pelo equipamento, de forma automática, no momento em que o veículo passa pelos sensores, que registra a velocidade e a placa do veículo infrator. Após a captura, as informações passam por um processo de auditoria, onde o agente da autoridade de trânsito valida ou não a infração, checando placa e informações do veículo. Havendo inconsistência, o agente descarta o registro da infração.

7. Além da velocidade, o radar pode multar por outras infrações
Verdade – Os equipamentos de fiscalização eletrônica de velocidade, instalados nos semáforos, possuem a capacidade de registrar: o avanço de semáforo, parada sobre a faixa, excesso de velocidade, restrição de circulação, conversão proibida  e retorno proibido.

8. Todos os radares da cidade estão sinalizados com placas
Verdade – Os locais onde estão instalados os equipamentos de fiscalização eletrônica, estão com sua sinalização de acordo com as exigências do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Além disso, a CTTU disponibiliza para todos os usuários, no site da prefeitura, a lista com a localização de todos os equipamentos.

9. Todos os equipamentos instalados no Recife só multam se o condutor passar de 60 km/h.
Mito – A velocidade máxima permitida nas vias varia. Na Rua Madre de Deus, por exemplo, os condutores devem passar a 30 km/h. Na Avenida Agamenon Magalhães, a velocidade máxima é 60 km/h.

10. Os radares têm tolerância de velocidade
Verdade – Todos os equipamentos têm tolerância de 7 km/h, independentemente da velocidade máxima permitida na via.

Os radares – Atualmente, existem 51 radares instalados nas ruas do Recife. Outros 20 novos equipamentos serão implantados ainda este ano, em locais que ainda estão sendo estudados. Os dois próximos radares serão colocados na Ponte Delmiro Gouveia, que fica sobre o canal da Avenida Agamenon nas proximidades da Praça do Derby e na Avenida Beberibe, no cruzamento com a Avenida Professor José dos Anjos.

Horário – Os radares funcionam todos os dias, das 6h às 22h para excesso de velocidade, e de 6h as 20h para parada sobre faixa de pedestre e avanço de semáforo. As infrações por excesso de velocidade variam de acordo com a velocidade que o condutor ultrapassar o equipamento de fiscalização (60 km/h e 40km/h).

Penalidade – As multas vão de R$ 85,13 a R$ 574,62, além dos pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Já os veículos flagrados avançando o semáforo ou parados sobre a faixa de pedestres estarão sujeitos a multas de R$ 191,54 e 7 pontos na CNH e de R$ 85,13 e 4 pontos na CNH, respectivamente.

Dados – Por mês, a CTTU registra cerca de 19,8 mil multas nos 51 equipamentos já instalados na cidade. De acordo com o órgão, quando o equipamento é instalado o número de infrações é maior do que nos meses seguintes. “Isso significa que, quando o infrator recebe a notificação de uma infração cometida, dificilmente ele comete outra infração no mesmo ponto”, ressalta a CTTU por meio da assessoria de comunicação.

Registros – Atualmente, o equipamento que tem um maior registro de infrações é o da Rua Madre de Deus, que tem velocidade máxima de 30 km/h. O que tem menos registro de infrações é o equipamento instalado na Avenida General San Martin.

Saiba Mais

Onde estão os 51 equipamentos:
Avenida Governador Agamenon Magalhães
Avenida Mascarenhas de Moraes
Avenida Boa Viagem
Avenida Conselheiro Aguiar
Avenida Recife
Avenida Abdias de Carvalho
Avenida Engenheiro Antônio de Góes
Avenida Rui Barbosa
Avenida Engenheiro José Estelita
Avenida Alfredo Lisboa
Avenida Marquês de Olinda
Avenida Afonso Olindense
Avenida Maurício de Nassau
Avenida General San Martin
Avenida Doutor José Rufino
Avenida Dezessete de Agosto
Avenida Herculano Bandeira
Avenida República do Líbano
Cais Santa Rita
Rua Madre de Deus
Rua Guilherme Pinto
Rua Professor Arnaldo Carneiro Leão

Fonte: CTTU

Acessibilidade é um dos pontos fracos do BRT do Recife no Norte/Sul

 

Acessibilidade das estações de BRT do corredor Norte/Sul apresenta problemas para pedestres e cadeirantes Foto Tânia Passos DP/D.A.Press
Acessibilidade das estações de BRT do corredor Norte/Sul apresenta problemas para pedestres e cadeirantes Foto Tânia Passos DP/D.A.Press

A acessibilidade dos pedestres às estações de BRT do corredor Norte/Sul é hoje um dos desafios da obra, que tem como novo prazo de conclusão o mês de maio. Mesmo com um desenho já definido da PE-15, rodovia estadual onde foi implantado o corredor Norte/Sul, a logística da acessibilidade das estações de BRT – inseridas no canteiro central da via – apresenta soluções complicadas para o pedestre e pior ainda para os cadeirantes, pela topografia do terreno.

Falta continuidade das passagens dos pedestres e eles fazem seus próprios caminhos Foto Tânia Passos DP/D.A.Press
Falta continuidade das passagens dos pedestres e eles fazem seus próprios caminhos Foto Tânia Passos DP/D.A.Press

O Diario visitou as estações da PE-15 no trecho entre Olinda e Paulista. Nas quatro primeiras estações localizadas no sentido Paulista, as faixas de pedestre já foram pintadas. Em uma delas, já foi construído um pórtico, onde deverá ser instalado um semáforo. Nas outras, há sinais próximos que poderão ser relocados para as faixas.

Duas estações no trecho de Olinda são mais complicadas para os cadeirantes por causa do terreno. As estações ficam em um nível bem abaixo das pistas de rolamento do tráfego misto. E o corredor central fica separado entre dois paredões. Para fazer a acessibilidade foram construídas rampas acompanhando a descida do terreno até as estações. Além de estreitas e em desenho pouco flexível para um cadeirante, elas também apresentam uma alta declividade entre a rodovia e a calçada, o que pode impossibilitar, na prática, o acesso do cadeirante.

As rampas para os cadeirantes apresentam curvas pouco flexíveis e alta declividade Foto Tânia Passos DP/D.A.Press
As rampas para os cadeirantes apresentam curvas pouco flexíveis e alta declividade Foto Tânia Passos DP/D.A.Press

Outro problema é a falta de continuidade do traçado a ser feito pelo pedestre. Em vários momentos flagramos pedestres fora da faixa, que tem o desenho interrompido. A faixa começa em uma via e a continuação dela para a seguinte fica mais acima ou mais abaixo, dependendo do sentido. “Se for para atravessar na faixa eu tenho que subir até perto da estação. Como já estou na metade do caminho, eu sigo em frente”, afirmou a comerciante Meirevalda Silva, 43 anos.

Uma passagem estreita em forma de corredor é a opão de acesso à estação dos Bultrins Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press
Uma passagem estreita em forma de corredor é a opão de acesso à estação dos Bultrins Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press

Perto da casa onde mora, a aposentada Anita Rodrigues, 84, aguarda o ônibus na PE-15. Ela ainda não usa o BRT, cuja estação Francisco de Assis, em Paulista, não está pronta. Por causa da declividade do terreno, está sendo instalada uma passarela de ferro, que ao invés de tranquilizá-la trouxe mais apreensão. “Era mais fácil quando a parada ficava na calçada. Acho complicado ter que subir essa passarela, mas com a estação do outro lado, não tem outro jeito”, revelou.

De acordo com a Secretaria das Cidades, o projeto das obras de acessibilidade foi elaborado corretamente. “O projeto está dentro das normas, mas se houver algum problema na execução, nós iremos verificar”, afirmou o secretário executivo Gustavo Gurgel.

Paredões dividem a área das estações de BRT em trecho da PE-15 Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press
Paredões dividem a área das estações de BRT em trecho da PE-15 Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press

Requalificação ainda sem data definida

A conclusão das obras do corredor Norte/Sul em maio, caso se confirme, ainda não irá significar a requalificação da PE-15. A obra que prevê a melhoria das calçadas e o resgate da antiga ciclovia, orçada em R$ 14,5 milhões, ainda não tem data para ser iniciada, mas a expectativa da Secretaria das Cidades é dar a ordem de serviço neste semestre e com prazo de execução de seis meses.

A requalificação será feita com recursos do governo do estado e embora a obra tenha sido licitada no ano passado, o montante terá que ser incluído no orçamento do estado no exercício de 2015. “Estamos aguardando a inclusão no orçamento para darmos a ordem de serviço. Mas, temos ainda pendências de alvará com as prefeituras de Olinda e Paulista”, ressaltou o secretário executivo Gustavo Gurgel.

A obra irá abranger o perímetro de Abreu e Lima até as imediações do Complexo de Salgadinho, Olinda. Além das calçadas e ciclovias, está prevista melhoria dos acessos dos veículos e nova iluminação pública. “Há trechos da PE-15 sem calçada, mas o projeto teve essa preocupação de oferecer passeio ao longo do corredor de transporte”, afirmou Gustavo Gurgel.

Saiba Mais
Corredor Norte/Sul
33,2 km de extensão
R$ 151 milhões
300 mil passageiros/dia
27 estações previstas
16 estações em operação
11 estações em obras
3 estações deverão ser entregues em fevereiro

Fonte: Secretaria das Cidades

Metrô do Recife duplica o número de usuários e tem pior receita do país

Metro quebrado na Estacao Cajueiro Seco. Crédito: Adriano Correia/Divulgacao
Metro quebrado na Estacao Cajueiro Seco.
Crédito: Adriano Correia/Divulgacao

 

O metrô do Recife nunca transportou tantas pessoas quanto agora. Nos últimos dez anos, a demanda de passageiros duplicou. Em 2005, eram 4,5 milhões por mês. Hoje essa média é de nove milhões, incluindo as linhas Centro, Sul e os trens a diesel. Mas o crescimento da demanda está longe de significar ampliação da receita. Por dia, são transportados quase 400 mil usuários e desse universo, quase metade é oriunda do Sistema Estrutural Integrado (SEI), que permite que o passageiro use o metrô sem pagar um centavo.

Não por acaso, o sistema metroviário do Recife tem a pior receita do país. O metrô arrecada mensalmente, em média, cerca de R$ 5 milhões, mas as suas despesas ultrapassam os R$ 33 milhões. Com mais de 80% das despesas subsidiadas, as chances de investimento e ampliação são praticamente nulas. A tarifa também é a menor do país, no valor de R$ 1,60 desde 2012.

Escada do metrô sem funcionar na estação integrada do Tancredo Neves Foto : Annaclarice Almeida SP/D.A.Press
Escada do metrô sem funcionar na estação integrada do Tancredo Neves Foto : Annaclarice Almeida SP/D.A.Press

Com 30 anos de operação, o maior investimento foi a implantação da linha Sul e a compra de 15 novos trens. Mas o índice de quebra dos trens ainda é preocupante. Pelo menos mil viagens deixam de ser realizadas todos os meses em razão de problemas técnicos. “Nenhum sistema metroviário do país opera com um índice tão alto de subsídio como o nosso. Isso é ruim para o sistema porque trava a capacidade de investimento”, explicou o superintendente do Metrô Recife, Bartolomeu Carvalho.

No último dia 10, os passageiros da Linha Sul do metrô Recife tiveram que descer na estação Largo da Paz e caminhar pelos trilhos depois que um dos trens quebrou e precisou ser rebocado para a estação da Imbiribeira. “Já fiquei vinte minutos dentro do trem parado. Quem se cansou, desceu e andou pelos trilhos. Eu esperei até chegar na estação para pegar outra condução”, disse a operadora de telemarketing Maria Lopes, 37 anos.

Além da dificuldade em manter o sistema em operação, o metrô também sofre com os ataques de vandalismo. O custo mensal com reparos é de aproximadamente R$ 300 mil, mas pode variar dependendo do grau das depredações.

“Nós fazemos o planejamento dos investimentos, mas dependemos do que é repassado pelo governo. Mas o dinheiro que chega é sempre menor e temos que optar em priorizar os casos mais urgentes”, revelou o diretor de operações do metrô, Maurício Meirelles.

Tarifa do metrô do Recife custa R$ 1,60 desde 2012 e é a menor do país. Foto Alexandre Gondim DP/D.A.Press
Tarifa do metrô do Recife custa R$ 1,60 desde 2012 e é a menor do país. Foto Alexandre Gondim DP/D.A.Press

Mudança na política tarifária

Uma das principais características do transporte de passageiros da Região Metropolitana do Recife é o sistema integrado, que permite que o usuário se desloque para qualquer município interligado com uma única passagem. Fazer mudanças nessa logística é uma briga que nenhum gestor pretende comprar. Mas, pela primeira vez, a direção do metrô Recife pondera sobre a necessidade de se abrir uma discussão no modelo da política tarifária dos terminais do SEI.

“Uma mudança nessa política tarifária poderá trazer uma arrecadação maior para o metrô, mas a gente reconhece que não é uma discussão simples para não trazer impacto para o passageiro”, ressaltou o superintendente do Metrô Recife, Bartolomeu Carvalho. O gerente de planejamento do Grande Recife, Maurício Pina, lembra que, no modelo do SEI, recebe o modal por onde o usuário entrou. “Se o usuário entra pelo metrô e integra no ônibus, o ônibus também não é tarifado.”

Para o presidente do Sindicato do Metroviários, Diogo Morais, os empresários de ônibus se beneficiaram mais com a abertura de novos terminais de integração. “Os custos das empresas de ônibus diminuíram. O metrô tem uma capacidade de transporte muito maior. E do ponto de vista social é importante, mas o subsídio deve ser assumido ou pelo governo do estado ou federal”, afirmou. Segundo o sindicato, a União só repassa o suficiente para o sistema não paralisar. Mas não há um comprometimento de valorizar do sistema, diz.

Saiba Mais:

Os números do sistema metroviário do Recife:
25 trens
29 estações
71 quilômetros de extensão
9,7 milhões de passageiros por mês (linhas Centro, Sul e díesel)
4,8 milhões de passageiros por mês oriundos do SEI
368 mil passageiros por dia
162 mil passageiros oriundos do SEI por dia
1 mil viagens deixam de ser realizadas por mês por quebra

O buraco negro da operação do metrô Recife
R$ 33 milhões em depesas
R$ 5,8 milhões de receita

Demanda do metrô em 10 anos
2005 – 54,4 milhões de passageiros
2010 – 68,1 milhões de passageiros
2014 – 110,1 milhões de passageiros
2015 –   9 milhões de passageiros (mês de janeiro)

Tarifas do sistema ferroviário no país:

Companhias                                                                  Tarifa          
Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor)       R$ 2,20
Metropolitano do Distrito Federal (Metrô DF)                   R$ 3,00
Metropolitana de São Paulo (Metrô SP)                           R$ 3,50
Metroviária do Rio de Janeiro (MetroRio)                         R$ 3,50
Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) R$1,70
Superintendência de Trens Urbanos do Belo Horizonte   R$ 1,80
Superintendência de Trens Urbanos do Recife                R$ 1,60

As integrações do metrô com ônibus ocorrem de duas formas:

1 – Pelo Sistema Estrutural Integrado (SEI) com a existência de Terminais Integrados adjacentes às estações. A transferência de um modo de transporte para o outro não é tarifado.

2 – Através da bilhetagem eletrônica. Isto é, quando da passagem do Vale Eletrônico Metropolitano nos bloqueios de entrada das estações é descontado o valor referente à integração.

Fonte: CBTU/Recife

Atravessar na faixa é seguro?

 

Pedestre pede passagem na faixa - Foto foto: Artur Moser/Reprodução internet
Pedestre pede passagem na faixa – Foto foto: Artur Moser/Reprodução internet

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Meli Malatesta (arquiteta e urbanista)

Caminhar nas ruas das cidades nos obriga a enfrentarmos diariamente várias travessias em cruzamentos e interseções pois se repetem a cada cem ou duzentos metros em média. Isto significa, para um percurso cotidiano a pé de 15 minutos, cerca de oito a dez travessias. Ao voltarmos, este número duplica, certo? E o que significa para as nossas vidas esta ação tão corriqueira?

Atravessar ruas são momentos muito importantes em nossa vida: é a hora da negociação da utilização do espaço e do tempo urbanos (das ruas e avenidas) com os usuários das outras formas de mobilidade, majoritariamente a mobilidade motorizada: automóveis, motos, ônibus, caminhões, utilitários.

Distância entre as faixas de pedestre dificulta travessia Foto Paulo Paiva DP/DA.Press
Distância entre as faixas de pedestre dificulta travessia Foto Paulo Paiva DP/DA.Press

Alguns destes locais tem uma negociação de uso pré-formalizada por sinalização de trânsito (placas, faixa de pedestre, semáforo de pedestres), mas a maioria não, valendo a equação mental básica que realizamos de forma automática em nosso cérebro: tempo necessário para ir de uma calçada à outra X velocidade do carro que se aproxima. Na maioria das vezes este cálculo funciona, mas quando falha, o pior resultado é sempre para quem não está pilotando uma pesada máquina motorizada.

No caso dos pontos contemplados com sinalização de trânsito, pode se afirmar com muita certeza que quem atravessa a pé geralmente não confia muito na faixa de pedestre. Para que isto ocorra é necessário haver sempre fiscalização e intensas campanhas de trânsito para garantir seu respeito pelos motoristas.
Pedestre na BR-104 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Mesmo quando as faixas de travessia de pedestres são semaforizadas com foco para pedestres a situação não muda muito. Quem está a pé já sabe que vai esperar muito e ter pouquíssimo tempo para atravessar. Isto ocorre porque os critérios para definir a divisão do espaço e do tempo das vias, tem pesos e medidas diferentes para os pedestres e veículos. Para o fluxo motorizado a divisão de uso do tempo e do espaço urbano adotada pelas metodologias da engenharia de tráfego é definida pelo tempo necessário à sua passagem, ou seja, considera o fluxo de veículos passam por hora ou minuto no cruzamento ou interseção e tem como objetivo dar vazão a todos os veículos que esperam em fila.

Pedestre atravessando na faixa com sinal vermelho Foto Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Pedestre atravessando na faixa com sinal vermelho Foto Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Já para o fluxo a pé, o tempo do direito de travessia é determinado pelo tempo gasto para se atravessar a rua na faixa de pedestres, independentemente de quantos pedestres estejam atravessando no momento. Considera-se como se houvesse uma só uma linha de frente de pessoas aguardando a travessia, sem levar em conta os que se acumulam atrás na formação do pelotão de espera e muito menos a importante característica de que o fluxo dos pedestres acontece sempre em dois sentidos.

Assim a situação de submobilidade das travessias a pé, com diferentes pesos e medidas envolvidos numa simples e importante operação de divisão do direito de uso do espaço e do tempo públicos urbanos, traz aos que a praticam sensações de surpresa e indignação, que resultam na falta de confiança na faixa, foco ou qualquer outra sinalização voltada ao usuário da via que caminha.

Por outro lado, a repetida vivência desta desconfiança produz a rebeldia no uso dos espaços públicos pelos pedestres, refletida principalmente na realização das inúmeras travessias diárias na base do “onde e como puder”, contando apenas com as equações mentais de sobrevivência.

Fonte: Portal Mobilize