Frota do Recife vai triplicar até 2040

Engarrafamento Recife Foto - Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Engarrafamento Recife Foto – Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Se a população do Recife reclama do trânsito hoje, imagine em 2040, quando a frota de veículos deverá triplicar em relação ao atual volume, devendo alcançar a marca de 2,4 milhões de carros, praticamente um carro para cada dois habitantes.

Este é o resultado de um estudo encomendado pelo Sinaenco (Sindicato de Arquitetura e Engenharia) e que será apresentado para discussão na tarde de hoje, no seminário “De olho no Futuro: Como estará Recife nos próximos 25 anos?”, que reunirá além do prefeito Geraldo Júlio, acadêmicos, arquitetos, urbanistas, engenheiros e autoridades no JCPM, no bairro do Pina.

A mobilidade urbana foi apontada como o maior problema de infraestrutura da cidade para 65% dos entrevistados em um levantamento realizado pelo Sinaenco. Para Michelle Pessôa, presidente do Sinaenco PE, somente com um planejamento de longo prazo é que será possível inverter esta curva no crescimento da frota de automóveis. “A única saída para evitarmos o colapso no trânsito da cidade é investir em diversos modais de transportes que privilegiem o transporte público, como Metrô, VLT, BRT, dentre outros”, destaca Michelle.

Fonte: Sinaenco

Recife: 500 anos e 100% de calçadas

Pedras mineiras no Recife - Foto - Bruna Monteiro Esp.DP/D.A Press

Meta
24 anos é o tempo que falta para chegarmos aos 500 anos do Recife. Em 2037, a expectativa é de termos todas as calçadas em condições de trafegabilidade.

Tamanho do desafio

5.000 km de vias ou

10 milhões de metros de calçadas na cidade (em números absolutos)

1.042.000 metros quadrados é o que cada gestão precisaria fazer por ano para construir em uma calçadasde 2,5 metros de largura

Custo do material da calçada tipo pedra mineira

R$ 120,00 é o custo médio de 1 metro quadrado de calçada tipo pedra mineira

R$ 125.040.000,00 é o que o município gastaria para construir 1.042.000 metros
quadrados com o melhor tipo de calçada em um ano

Representa

2,98% do orçamento anual da Prefeitura do Recife ( R$ 4,2 bilhões)
0,2% do Pib do Recife de 2010 ( R$ 61,443 bilhões)
86% do investimento da obra completa do Corredor Leste/Oeste
32,6% do invest imento total da Via Mangue (orçada em R$ 383,45 milhões)
23,5% do custo da Arena Pernambuco (orçada em R$ 532 milhões)

Custo do material da calçada tipo concreto

R$ 35,00 é o custo médio de 1 metro quadrado de calçada em concreto

R$ 36.470.000,00 é o que o município gastaria para fazer 1.042.000,00 metros
quadrados de calçadas de cimento concreto em um ano

Representa

0,87% do orçamento anual do Recife (R$ 4,2 bilhões)
0,06% do PIB de 2010 da Prefeitura do Recife
50 vezes menos do o custo da folha de pagamento da PCR
6 vezes mais do que o município gasta por ano na operação tapa-buraco
Os cálculos em números absolutos não levam em conta as calçadas existentes.
Os dados são feitos tendo como base 5 milhões de metros de ruas no Recife. O
que significa 10 milhões de metros de calçadas x 2,5 m de largura = 25km2.
Dividindo 25km2 em 24 anos = 1,042 km2 ou 1.042.000 metros quadrados de calçadas.

* Ao custo deve ser acrescido o valor da mão de obra. De acordo com a Secretaria de Serviços Públicos do Recife, o valor chega a dobrar.

Fonte: Base de dados da Secretaria de Mobilidade e cálculos do professor de
engenharia civil da UFPE, Maurício Pina

As calçadas do Recife até 2037

 

Calçadas pedras portuguesas Foto - Inês Campelo DP/D.A.Press

Por

Tânia Passos

O primeiro modal na escala da mobilidade sempre ficou em último lugar. Historicamente o pedestre foi preterido pelo veículo motorizado. O futuro plano de mobilidade do Recife, que deve ser entregue à Câmara para votação, ainda neste semestre, promete inverter essa lógica. O desafio, aliás, vai mais além e a expectativa é que até 2037, quando o Recife completar 500 anos, as calçadas da cidade estejam todas em condições de trafegabilidade e dentro das normas de acessibilidade. Fácil não é, mas se a inversão das prioridades se traduzir também em investimento, muito pode ser feito nos próximos 24 anos em um total de seis gestões.

A Prefeitura do Recife ainda não dispõe de um diagnóstico da quantidade de calçadas existentes e que atendem ou não às normas de acessibilidade e muito menos onde há falta delas. O Instituto da Cidade Pelópidas Silveira pretende atualizar as informações a partir de imagens de satélite. Mas há outros números que ajudam a dar uma dimensão do trabalho que se tem pela frente.

Segundo a Secretaria de Mobilidade do Recife, a cidade tem hoje cerca de 5 mil quilômetros de ruas. Em uma conta rápida e sem considerar o que já existe de calçada, chegaríamos a 25 milhões de metros quadrados de calçada, tendo como base a largura do passeio em 2,5 metros, que seria ideal. Na verdade, a maior parte delas tem entre 1,20m e 1,80m de largura. O custo para implantar calçadas dignas de um passeio varia de acordo com o tipo de material. Para se ter uma ideia, a pedra mineira é a mais cara e custa cerca de R$ 210, o metro quadrado. Já o piso em concreto sai em média por R$ 72, o metro.

Na prática, a matemática não é assim tão simples e a grande discussão é quem vai pagar a conta? O Recife completou 10 anos da Lei de Calçadas, onde o proprietário é responsável pela construção e manutenção. Mas nunca funcionou. O secretário de mobilidade, João Braga, é simpático à ideia do poder público assumir a conta. “O governo faz as rodovias, viadutos e pontes para os carros, mas não faz as calçadas. O pedestre faz parte do sistema viário”, diz.

A mudança na lei, segundo o secretário, dependeria de uma discussão mais ampla com a sociedade. “A gente não pode dizer que o município vai assumir uma dívida de 500 anos. É preciso que cada gestão cumpra com sua parte”.

Um dos mais entusiastas defendores das calçadas no Recife, o arquiteto Francisco Cunha, é contra a mudança na lei. “ Não há como o município assumir essa conta. O proprietário precisa fazer a parte dele. Mas concordo que se o município fizer os passeios públicos e cobrar dos proprietários, poderemos ter uma situação melhor em 2037”, disse. O secretário de Planejamento do Recife, Antônio Alexandre, também é contra a mudança da lei. “Não há como a prefeitura assumir uma responsabilidade que é do dono do lote. Ao município cabe cuidar dos passeios, como já faz”.

 

 

 

O Recife que se quer até 2037

Por

Tiago Cisneiros

Calçadas livres e limpas, transporte público de qualidade, poucos carros nas ruas, rio útil e bem cuidado, construções históricas preservadas e um olhar constante para o futuro. Este é o Recife. Não reconheceu? Pois é, você não foi o único. E a explicação é simples. Essa descrição não é do Recife atual, mas de uma idealização, uma projeção para 2037, quando a cidade se tornará a primeira capital do país a completar 500 anos.

A proposta de transformar a realidade no principal centro urbano de Pernambuco faz parte de um documento entregue, ontem, por membros do Observatório do Recife ao prefeito Geraldo Julio. As proposições do Observatório do Recife foram condensadas em cinco pontos entre eles: controle urbano e mobilidade.

Mobilidade urbana

A tônica do documento O Recife que precisamos, no quesito mobilidade urbana, é o fim da prioridade aos veículos particulares. No lugar deles, os “reis” das ruas seriam os pedestres e ciclistas. Depois, o transporte coletivo.

Com uma frota de mais de 607 mil veículos, que vem crescendo de 6% a 8% ao ano desde 2008, o trânsito da capital tornou-se um problema para quase toda a população. Para resolvê-lo, o consultor em mobilidade urbana Germano Travassos, um dos especialistas ouvidos pelo Observatório do Recife, aponta algumas estratégias. Uma delas seria a introdução de restrições ao uso de automóveis particulares. “O transporte público não é competitivo, em condições de igualdade, em lugar nenhum.

Em cidades como Paris, as pessoas andam de ônibus e metrô porque há mais qualidade, mas, também, devido à dificuldade e ao custo para circular e estacionar o carro”, diz, defendendo a cobrança ou proibição de estacionamento nas vias públicas e a introdução de rodízio e pedágio.

Outra mudança defendida por Travassos é a aplicação dos recursos arrecadados com o trânsito no transporte público. Ele, por sinal, critica a construção da Via Mangue, argumentando que a obra é cara (cerca de R$ 500 milhões) e beneficia, sobretudo, veículos particulares. Elogia, no entanto, os projetos dos dois corredores de BRTs (ônibus rápidos) e dos terminais de integração.

Para o especialista, também é essencial construir e manter de estruturas que estimulem a locomoção de pedestres e ciclistas. Ponto que interessa ao estudante de fisioterapia Herbert Anderson, 20 anos.

Frequentemente, ele sofre com os desníveis e buracos das calçadas do Centro, como, por exemplo, a da Rua do Hospício, eleita pela ONG Mobilize Brasil a  4ª pior do país. “Sempre passo aqui e acabo tendo que me arriscar na rua. A cidade não tem estrutura para pedestre e cadeirante”, diz.revitalização do Rio Capibaribe e, entremeando todos esses, planejamento constante a longo prazo.

Controle urbano

Em muitos pontos da cidade, inclusive no Centro e no Bairro do Recife, a locomoção de pedestres é dificultada pela presença de barracas e fiteiros. O comércio informal, de acordo com Francisco Cunha, é um dos problemas a serem enfrentados no âmbito do controle urbano. A fiscalização de construções e dos anúncios de publicidade também estão na lista.
Nos dois primeiros meses de sua gestão, o prefeito Geraldo Julio iniciou o ordenamento no entorno de alguns mercados públicos da cidade, como o de Água Fria e o de Beberibe. Os comerciantes foram relocados para ruas de menor movimentação ou terrenos específicos. Muitos deles não aprovaram a medida, alegando que teriam redução no faturamento.

Entre os pedestres, entretanto, a ação foi bem recebida. A enfermeira Maria dos Prazeres, 52 anos, por exemplo, gostou das mudanças na área em torno do Mercado de Casa Amarela e espera que elas se repitam no Centro. “É preciso ter mais cuidado com as calçadas. Sei que os comerciantes muitos dependem disso, têm família e não conseguem outro emprego. Colocá-los em uma área própria seria um bom caminho”, sugere.

Leia aqui a matéria completa do Diario de Pernambuco