Secretário de Mobilidade do Recife tenta explicar ações em Boa Viagem

 

João Braga - Foto Cecília Sá Pereira DP/D.A Press

O secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, está à frente não apenas da operação Bairro Legal, mas de todas as ações de ordenamento urbano do Recife. Ontem, no entanto, foi o corpo técnico que explicou os detalhes do que seria feito na Zona Sul. Braga  não conseguiu  fazer projeções sobre as próximas medidas da sua secretaria nem  relacionar as leis que estão sendo revisadas e sobre o quê elas versam.

Esse projeto será estendido para outro bairros?
JB –  Novas portarias vão sair sobre convivência com comerciantes e com a própria população. É um bairro que tem de tudo, desde as populações mais ricas até favelas.

Por que o bairro de Boa Viagem foi escolhido?
JB – Porque ele tem de tudo. Tem áreas mais pobres e mais ricas. Todos os problemas estão no bairro de Boa Viagem, inclusive as infrações de trânsito. A praia é grande e temos dificuldade de administração ali. Também é uma área turística e de lazer.

As multas em relação aos que param sobre as calçadas serão reajustadas?
JB – Estou estudando isso e vocês vão ter essa informação depois. Acho que até o final do mês vai para a Câmara (um projeto de lei). Estamos pegando experiência. São muitas informações e temos que mostrar que as coisas têm que ser respeitadas.

Seria uma multa para o dono do imóvel, não?
JB – O cara que distribui papel que não pode distribuir, um papa metralha fora da lei, um cara que prega um papel onde não pode pregar, tem de tudo ali. A lei será para a cidade, porque temos ruas, calçadas, largos comerciais. Ali tem de tudo, o Bode, Brasília Teimosa, Entra-a-Pulso e Beira Mar, tem um grande shopping center, tem outro maior ainda, um largo comércio de rua, tem uma igrejinha, templos… Tem de tudo. Tem um mercado, engarrafamentos e desorganização.

Na verdade, vai ser um projeto de lei para várias ações de controle urbano e não só ocupação de calçadas, é isso?
JB – É tudo: cavalete que não pode ser colocado, a rua que está sendo indevidamente ocupada, construção sem licença, outdoor irregular, faixa colocada errada.

Mas aí já estamos falando de Lei da Publicidade…
JB – É nosso. É controle urbano.

Então, o que vocês estão fazendo de fato?
JB – Estamos revisando isso também, mas até então temos atuado com a lei atual.

O que será enviado para a Câmara?
JB – Vamos pedir a adequação da Lei de Publicidade.

E sobre ocupação de calçadas, o que vai ser feito?
JB – Tudo já está mais ou menos disciplinado. O que faltava mais era a ação de fiscalização do governo. Mas algumas coisas estão falhas na lei. Uma delas que eu acho que é essa questão do cavalete. Hoje você para o carro e fica numa calçada e a multa é muito pequena e também para carga e descarga. Não é multa de trânsito, mas multa de mobilidade.

Qual a diferença entre multa de trânsito e multa de mobilidade?
JB – A multa de trânsito é nacional e a de mobilidade é essa da cidade. Tem muito exemplo de propaganda irregular. A gente fez esforço de outdoor. A cidade está mais bonita. Tem muita coisa de propaganda irregular, mas a gente está discutindo com os empresários.

Mas o que vai ser enviado para a Câmara, então?
JB – É tudo.

Tudo o quê? Porque são muitas leis urbanísticas…
JB – Já disse que tem que fazer a revisão da lei de alvará de funcionamento. Estamos vendo a questão da localização das coisas. Semana que vem está sendo discutido isso, a localização de tudo. Vamos revisar a lei de alvarás.

Não seria mais fácil o senhor dizer quais as leis urbanísticas que estão sendo revisadas, para ficar mais claro?
JB – Não. Deixa a gente aprender um pouquinho com essa experiência que a gente vai mudando de acordo com as necessidades para não se precipitar. Minha meta é, nos cinco meses, aprender muito e ter uma série de revisão de nossos procedimentos para a gente melhorar a cidade.

Fonte: Diario de Pernambuco

Zona Sul do Recife é alvo de ações de controle urbano e mobilidade

Calçadas do Recife - Foto - Maria Eduarda Bione DP/D.A.Press

A postura inadequada de comerciantes e donos de estabelecimentos, a falta de educação de motoristas e a ausência do poder público fizeram com que os bairros de Boa Viagem e Pina, na Zona Sul, ficassem conhecidos como terras de ninguém no quesito controle urbano. Agora, a má fama dos bairros está na berlinda. É que a Prefeitura do Recife (PCR) escolheu as duas localidades para servirem de piloto para o projeto Bairro Legal.

Trata-se de uma ação conjunta de mobilidade e controle urbano que tem o objetivo de reforçar a fiscalização nos dois bairros e punir os infratores. A operação deve durar entre cinco e seis meses e, dependendo dos resultados alcançados, poderá ser levada a outras áreas da cidade.

A partir de hoje, agentes da Secretaria Executiva de Controle Urbano (Secon), CTTU e Secretaria Executiva de Operações (Seop) distribuirão material informativo nas localidades e darão início a uma fiscalização mais rigorosa. Cinquenta pessoas vão atuar notificando e multando os que estiverem estacionados em locais proibidos, como sobre calçadas e em fila dupla, e fazendo carga e descarga de forma a prejudicar o trânsito de veículos e pedestres. Construções e imóveis irregulares, como fiteiros e barracas de espetinhos, também serão notificados e poderão ser removidos.

Um centro de operações provisório foi montado na Conselheiro Aguiar para dar suporte aos funcionários e fazer com que eles percam menos tempo com deslocamentos até o Centro do Recife para troca de turno, otimizando o tempo na rua. A quantidade de agentes de trânsito também aumentou de quatro para 25 e devem fazer rondas durante todo o dia e noite.

Segundo a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, motoristas que pararem o carro junto ou sobre a calçada e ligarem o alerta enquanto forem resolver problemas pessoais não serão poupados. “Nosso batedores vão apitar para dar um aviso. Caso a infração continue, será aplicada multa e o veículo poderá ser guinchado”, alertou. Dois guinchos foram deslocados para atuar somente nessa operação. A multa nesses casos varia de R$ 85 a R$ 127.

O nó da Presidente Kennedy

 

Avenida Presidente Kennedy - Olinda - Fotos Annaclarice Almeida e Arthur de Souza DP/D.A.Press

Por

Tânia Passos

A Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, um dos 12 corredores radiais do Sistema Estrutural Integrado (SEI), pretende priorizar o transporte público com a implantação de um corredor exclusivo de ônibus. O projeto que custou R$ 8,8 milhões com recursos do programa Prometropole e teve as obras concluídas desde março de 2012 ainda não emplacou. O princípio do desenho da Kennedy segue a mesma lógica do modelo implantado na Avenida Conde da Boa Vista, no Recife, com paradas de embarque e desembarque no canteiro central. A Conde da Boa Vista até hoje não é unanimidade e a Kennedy muito menos.

Os desafios, em Olinda, no entanto, são bem maiores. Além de ter uma faixa a menos, há um total desmando no controle urbano e no tráfego. Ambulantes, carroceiros e motoristas ainda fazem o que querem na Kennedy. Não por acaso, a inauguração do Terminal de Xambá, responsável pela operação das linhas que irão trafegar pelo corredor, já foi adiada duas vezes em menos de 15 dias. Está marcada agora para quinta-feira.

Desatar o nó nesse emaranhado urbano é o desafio da Prefeitura de Olinda. Mas o cenário não é dos melhores. Ontem, a equipe do Diario percorreu os quatro quilômetros da via. Algumas placas de sinalização de proibido estacionar foram fixadas em vários pontos da avenida, mas ainda sem resultado. Os estacionamentos irregulares na faixa destinada aos carros ocorrem em praticamente todos os pontos do comércio local, principalmente nas imediações dos cinco supermercados instalados na via. Não há estacionamento próprio para os clientes e tampouco espaço para as operações de carga e descarga. A calçada e a rua acabam sendo extensões quase naturais. “Nosso trabalho será justamente o de evitar a ocupação das calçadas e não permitir também que os ambulantes e carroceiros obstruam as vias locais”, revelou o secretário de Controle Urbano, Estevão Brito.

 (ARTHUR DE SOUZA/ESP.DP/D.A PRESS)

Já a Secretaria de Transportes de Olinda promete ampliar a sinalização horizontal e vertical nos dois sentidos, eliminar os giros à esquerda no canteiro central, implantar um novo sistema semafórico e intensificar a fiscalização. “Nós vamos ter cerca de 30 agentes de trânsito, a partir da inauguração do terminal, orientando os motoristas. Tanto em pontos fixos como móveis”, explicou a secretária executiva de Transportes, Regilma Souza. Ainda segundo ela, um decreto municipal disciplinando as operações de carga e descarga será publicado nos próximos dias.

O Recife que se quer até 2037

Por

Tiago Cisneiros

Calçadas livres e limpas, transporte público de qualidade, poucos carros nas ruas, rio útil e bem cuidado, construções históricas preservadas e um olhar constante para o futuro. Este é o Recife. Não reconheceu? Pois é, você não foi o único. E a explicação é simples. Essa descrição não é do Recife atual, mas de uma idealização, uma projeção para 2037, quando a cidade se tornará a primeira capital do país a completar 500 anos.

A proposta de transformar a realidade no principal centro urbano de Pernambuco faz parte de um documento entregue, ontem, por membros do Observatório do Recife ao prefeito Geraldo Julio. As proposições do Observatório do Recife foram condensadas em cinco pontos entre eles: controle urbano e mobilidade.

Mobilidade urbana

A tônica do documento O Recife que precisamos, no quesito mobilidade urbana, é o fim da prioridade aos veículos particulares. No lugar deles, os “reis” das ruas seriam os pedestres e ciclistas. Depois, o transporte coletivo.

Com uma frota de mais de 607 mil veículos, que vem crescendo de 6% a 8% ao ano desde 2008, o trânsito da capital tornou-se um problema para quase toda a população. Para resolvê-lo, o consultor em mobilidade urbana Germano Travassos, um dos especialistas ouvidos pelo Observatório do Recife, aponta algumas estratégias. Uma delas seria a introdução de restrições ao uso de automóveis particulares. “O transporte público não é competitivo, em condições de igualdade, em lugar nenhum.

Em cidades como Paris, as pessoas andam de ônibus e metrô porque há mais qualidade, mas, também, devido à dificuldade e ao custo para circular e estacionar o carro”, diz, defendendo a cobrança ou proibição de estacionamento nas vias públicas e a introdução de rodízio e pedágio.

Outra mudança defendida por Travassos é a aplicação dos recursos arrecadados com o trânsito no transporte público. Ele, por sinal, critica a construção da Via Mangue, argumentando que a obra é cara (cerca de R$ 500 milhões) e beneficia, sobretudo, veículos particulares. Elogia, no entanto, os projetos dos dois corredores de BRTs (ônibus rápidos) e dos terminais de integração.

Para o especialista, também é essencial construir e manter de estruturas que estimulem a locomoção de pedestres e ciclistas. Ponto que interessa ao estudante de fisioterapia Herbert Anderson, 20 anos.

Frequentemente, ele sofre com os desníveis e buracos das calçadas do Centro, como, por exemplo, a da Rua do Hospício, eleita pela ONG Mobilize Brasil a  4ª pior do país. “Sempre passo aqui e acabo tendo que me arriscar na rua. A cidade não tem estrutura para pedestre e cadeirante”, diz.revitalização do Rio Capibaribe e, entremeando todos esses, planejamento constante a longo prazo.

Controle urbano

Em muitos pontos da cidade, inclusive no Centro e no Bairro do Recife, a locomoção de pedestres é dificultada pela presença de barracas e fiteiros. O comércio informal, de acordo com Francisco Cunha, é um dos problemas a serem enfrentados no âmbito do controle urbano. A fiscalização de construções e dos anúncios de publicidade também estão na lista.
Nos dois primeiros meses de sua gestão, o prefeito Geraldo Julio iniciou o ordenamento no entorno de alguns mercados públicos da cidade, como o de Água Fria e o de Beberibe. Os comerciantes foram relocados para ruas de menor movimentação ou terrenos específicos. Muitos deles não aprovaram a medida, alegando que teriam redução no faturamento.

Entre os pedestres, entretanto, a ação foi bem recebida. A enfermeira Maria dos Prazeres, 52 anos, por exemplo, gostou das mudanças na área em torno do Mercado de Casa Amarela e espera que elas se repitam no Centro. “É preciso ter mais cuidado com as calçadas. Sei que os comerciantes muitos dependem disso, têm família e não conseguem outro emprego. Colocá-los em uma área própria seria um bom caminho”, sugere.

Leia aqui a matéria completa do Diario de Pernambuco

 

Entrevista com o futuro secretário de mobilidade do Recife

Pela primeira vez o Recife ganha uma pasta específica para a mobilidade e o controle Urbano. Em entrevista ao blog, o titular da pasta, o engenheiro João Braga, ex-secretário de Defesa Social e de Infraestrutura, contou sobre as expectativas para gerir o que hoje é um dos maiores problemas da cidade: a imobilidade. Veja alguns trechos da entrevista

1- Qual a expectativa do senhor para resolver as questões da mobilidade na cidade?

R – Nós vamos atuar em duas vertentes: mobilidade e controle urbano, que estão diretamente ligadas. Achei muito interessante a ideia do prefeito-eleito, Geraldo Júlio de reunir os dois temas. Vamos procurar resolver, inicialmente, a questão das calçadas no centro da cidade e avançar nesse aspecto. Também vamos atuar na melhoria do transporte público.

2- De que forma o município irá ajudar a melhorar o transporte público, que é gerido pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano?

R- Vamos atuar em parceria. O prefeito-eleito sinalizou que o investimento no transporte público é um ponto importante. Eu atuei como consulto do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros e tenho uma boa relação com o secretário das Cidades, Danilo Cabral e com o presidente do Grande Recife, Nélson Menezes. Na verdade precisamos pensar de forma metropolitana. A Região Metropolitana do Recife é uma das mais conturbadas do Brasi, muitas vezes não sabemos onde começa e termina o município. O nosso foco é priorizar o transporte público e aumentar a velocidade.

3- Que outras áreas vocês pretendem atuar?

R – Devemos criar restrições para o automóvel, velocidade ao transporte público, incentivar caminhadas para pequenas distâncias e ainda o uso das bicicletas.

3- Até onde a Secretaria da Mobilidade vai poder atuar? Obras como a construção dos viadutos da Agamenon Magalhães, de alguma forma vão passar pelo crivo da pasta da mobilidade?

R- Nós vamos trabalhar em parceria com o governo do estado. Será uma ação conjunta. Em janeiro vamos abrir discussões para o debate e até o final do mês, nós deveremos ter um diagnóstico do que devemos apresentar ao prefeito para executar.