Transporte de massa em foco

Bartolomeu Carvalho, João Braga, Ivânia Wanderleu e Laédson Bezerra

Diario de Pernambuco
Rebeca Kramer
rebeceakramer.pe@dabr.com.br

Qual sugestão você, leitor, daria para tentar solucionar o problema do trânsito na Região Metropolitana do Recife? E mais: como você pensa que as autoridades deveriam agir para melhorar a qualidade do transporte público de passageiros?

Essas questões foram debatidas na 8ª edição do Fórum Desafios para o Trânsito do Amanhã, promovido pelos Diários Associados em Pernambuco, na manhã de ontem. Presidido pelo superintendente comercial e de empreendimentos da ATP Engenharia, Laedson Bezerra, o Fórum contou com a participação do gerente regional de manutenção do Metrô do Recife, Bartolomeu Carvalho; do consultor da Urbana-PE, João Braga; e da coordenadora de planejamento do Grande Recife, Ivana Vanderlei.

Laedson Bezerra ressaltou que a Copa do Mundo de 2014 não deveria ser o único impulso para tentar encontrar alternativas viáveis para o tráfego e o transporte na RMR, mas também não negou a oportunidade que o momento propõe. Na sequência, a coordenadora de planejamento do Grande Recife, Ivana Vanderlei, explicou a situação atual do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP) e do Sistema Estrutural Integrado (SEI), além do esquema de licitações dos serviços.

Atualmente, o STPP constitui-se por dois sistemas, chamados Complementar e Sistema Estrutural Integrado (SEI), este segundo caracterizando-se como um multimodal que disponibiliza alternativas de deslocamento com o pagamento apenas de uma tarifa, por meio de integrações em terminais fechados. Hoje são 13 terminais em funcionamento e, até o final de 2011, outros sete deverão ser implantados.

Inserindo-se nos projetos de expansão dos SEI, estão os corredores de transporte. A implantação de Bus Rapid Transports (BRT) destina-se para a operação nos corredores Norte-Sul, na Avenida Norte, Leste Oeste e IV Perimetral. Os BRTs caracterizam-se por se localizarem em vias exclusivas e segregadas, estações confortáveis e adaptadas aos locais onde estão inseridos e veículos com tecnologia avançada, além de apresentarem embarque e desembarque em nível, propiciando maior acessibilidade e conforto para os usuários. “Um grande diferencial é que os pagamentos ocorreriam nas estações proporcionando maior velocidade comercial e menor tempo de deslocamento”.

Ivana ainda mencionou a possibilidade da implantação do projeto de navegabilidade que deverá melhorar o trânsito na RMR, criando três corredores fluviais, o Oeste, o Norte e o Sul. “Os corredores fluviais caracterizam-se pela hidrovia exclusiva para circulação dos barcos, venda antecipada de passagens, embarque e desembarque em nível, regularidade e pontualidade, segurança, conforto e acessibilidade garantida para todos”, expôs.

Mobilidade

O consultor da Urbana-PE, João Braga, foi categórico ao frisar que o transporte coletivo e a mobilidade na RMR vivem situações dramáticas. Segundo previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o número de veículos por habitante no Brasil vai crescer 62% até 2020. Além disso, 80% dos brasileiros vivem nas cidades e mais de 30 milhões não utilizam o transporte público. “A demora, os longos congestionamentos e a falta de acesso ao transporte são problemas diretamente decorrentes do modelo de investimento na infraestrutura do país, que se voltou para a estruturação dos veículos particulares”.

Ainda de acordo com Braga, mais da metade do preço da tarifa corresponde a impostos, gratuidades e taxas. Em Pernambuco, esse valor chega a 53%. “Acredito que o sistema de cobrança de impostos, mesmo dos carros, deveria acontecer de forma diferente”, disse.

Para Bartolomeu Carvalho, representante do Metrorec, a infraestrutura da cidade não comporta crescimento, sem comprometer outros espaços físicos, como as casas, calçadas e praças.A solução permeia a transferência dos usuários de automóveis para o sistema de transportes coletivo. “É a única solução que nos resta para o trânsito de amanhã”, disse.