O brasileiro está preparado para deixar o carro?

carro antigo - Reprodução/Portal Mobilize

A implantação de faixas exclusivas tornou o ônibus mais rápido que o automóvel para o deslocamento entre algumas regiões da cidade, mas a qualidade do serviço ainda é péssima, não condizente com o preço já subsidiado. Sabe-se que a transição de uma cidade de carros para uma de pedestres, bicicletas, ônibus e trens trará impactos para o estilo de vida do paulistano.

A pergunta é: estamos preparados para mudar a prioridade de transporte individual para o coletivo ou vamos continuar defendendo isso como uma ideia bonita – mas para os outros. Enquanto isso, duas manifestações serão realizadas, nesta quarta (14), na capital paulista sobre a qualidade e o preço do transporte coletivo.

Para ajudar no debate, entrevistamos Thiago Guimarães, pesquisador do Instituto de Planejamento de Transportes e Logística de Hamburgo e um dos grandes especialistas em mobilidade urbana.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu um estudo da Fundação Getúlio Vargas, encomendado pelo sindicato das usinas de etanol, propondo que um aumento de R$ 0,50 no litro da gasolina poderia abaixar o preço da tarifa do transporte público em R$ 1,20. Quais são os impactos por trás dessa ideia, além do descontentamento de quem tem carro?

Thiago Guimarães – Em uma metrópole como São Paulo, a melhoria das condições de deslocamento da maioria da população passa necessariamente por um transporte coletivo mais eficiente e mais acessível. Em comparação internacional, a gasolina comercializada no Brasil ainda é muito barata. Seja pela perspectiva de crescente escassez de petróleo, pela necessidade de busca de fontes energéticas alternativas ou por um tributo com caráter redistributivo, o brasileiro não pode mais se iludir e achar que é seu direito poder comprar energia fóssil barata para sempre. São essencialmente políticos os problemas envolvidos nessa proposta.

O primeiro é o risco político-eleitoral de o prefeito Fernando Haddad e seu partido perderem, no curto prazo, apoio de quem não quer ver interferência no direito de uso supostamente irrestrito de seu automóvel. Essa é uma amardilha, que tem levado sistematicamente os políticos brasileiros a praticarem políticas urbanas, energéticas de transporte míopes, sem visão de longo prazo. Portanto, considero esse um falso risco. O segundo problema é o prefeito querer mexer no imposto sobre a gasolina no município de São Paulo.

A tributação de combustíveis não deve ser tomada como uma política da alçada municipal. O preço dos combustíveis para uso em automóvel particular deveria ser aplicado no mínimo no nível metropolitano. Caso contrário, haverá fila para o abastecimento de veículos em postos de Osasco, São Caetano, Guarulhos… Em terceiro lugar: há o risco de outros bens e serviços serem afetados pelo novo nível de preço da gasolina.

Esta seria, aliás, uma das vantagens do pedágio urbano sobre um imposto indiscriminadamente cobrado sobre o consumo de gasolina. Por fim, existe o risco de o caráter redistributivo dessa política se perder. Afinal quem garante que um imposto criado no Brasil para uma determinada finalidade será mesmo destinado para aquilo?

Outra pesquisa da prefeitura de São Paulo mostra que o transporte público em ônibus piorou no município entre o ano passado e este. A principal reclamação dos usuários não é o preço, mas a qualidade do serviço – atraso, muvuca, ônibus que não param nos pontos. A administração municipal diz que a solução para isso passa pela implantação de corredores. Os corredores são a pedra filosofal do transporte público em São Paulo?

Não surpreende o fato de que o custo monetário não seja a principal reclamação entre os usuários. Até porque quem considera o transporte coletivo caro demais e não toma ônibus por causa disso sequer foi ouvido pela pesquisa. No entanto, é expressiva a parcela da população das grandes regiões metropolitanas do Brasil excluída dos serviços de transporte coletivo. Daí a importância das recentes manifestações e de propostas que visem à redução do preço das tarifas de transporte coletivo.

Outro fator importante para a melhoria da qualidade do transporte coletivo é redução dos tempos de viagem e o aumento da confiabilidade. A implantação de corredores pode ser um elemento essencial para reduzir os tempos de viagem, dependendo sobretudo do conceito de corredor de ônibus a ser implementado. Até agora, pouco se falou sobre como os corredores serão. O conceito de Bus Rapid Transit vai além da mera implantação de faixa exclusiva. Envolve rapidez no embarque e desembarque, aumento da regularidade e do conforto do serviço.

O que a prefeitura está propondo para a cidade: faixas exclusivas ou verdadeiros corredores de ônibus? Vergonhosa mesmo é a baixa confiabilidade do sistema. Em determinadas paradas, não se sabe sequer quais linhas de ônibus passam por ali e nem de quando em quando passam. Será que é tão dificil assim melhorar a qualidade da informação à disposição dos usuários?

Essas ponderações mostram que, enfim, está chegando a hora de fazer uma escolha. Mas a população, o poder público e os empresários aceitarão mudar a vida na metrópole?

Já se passou a hora de fazer essa escolha e de o poder público por em prática políticas que democratizem o acesso ao espaço urbano e às oportunidades que a cidade oferece. O atual momento político favorece muito a discussão de como o transporte coletivo deve ser priorizado. A sociedade está muito insatisfeita com as condições de deslocamento em uma cidade em que andar de carro, tomar um ônibus ou mesmo um metrô pode ser uma experiência quase traumática.

É preciso dizer claramente: a priorização do transporte coletivo envolve uma disputa por diversos recursos escassos, entre eles, o espaço viário, a energia de origem fóssil e o dinheiro necessário para sustentar um mecanismo de financiamento de um sistema integrado, eficiente e inclusivo.

Talvez por motivos que remetem a nosso passado escravagista, parte das pessoas de maior poder aquisitivo acha que ônibus, no Brasil, é e sempre será coisa para a ralé. Não obstante, acredito que a maioria das pessoas compreenda a importância dos meios coletivos de transporte para o funcionamento e a qualidade ambiental e urbanística da metrópole. Mais difícil ainda é tirar o poder público da inércia. Como acreditar que, de repente, será bem-sucedida a instalação de uma sistemática de planejamento e de gestão integrados de transporte e uso do solo?

*Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Professor de Jornalismo na PUC-SP, é coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na  Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Texto originalmente publicado no Blog do Sakamoto, do portal UOL.

Fonte: Portal Mobilize

Secretário de Mobilidade do Recife tenta explicar ações em Boa Viagem

 

João Braga - Foto Cecília Sá Pereira DP/D.A Press

O secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, está à frente não apenas da operação Bairro Legal, mas de todas as ações de ordenamento urbano do Recife. Ontem, no entanto, foi o corpo técnico que explicou os detalhes do que seria feito na Zona Sul. Braga  não conseguiu  fazer projeções sobre as próximas medidas da sua secretaria nem  relacionar as leis que estão sendo revisadas e sobre o quê elas versam.

Esse projeto será estendido para outro bairros?
JB –  Novas portarias vão sair sobre convivência com comerciantes e com a própria população. É um bairro que tem de tudo, desde as populações mais ricas até favelas.

Por que o bairro de Boa Viagem foi escolhido?
JB – Porque ele tem de tudo. Tem áreas mais pobres e mais ricas. Todos os problemas estão no bairro de Boa Viagem, inclusive as infrações de trânsito. A praia é grande e temos dificuldade de administração ali. Também é uma área turística e de lazer.

As multas em relação aos que param sobre as calçadas serão reajustadas?
JB – Estou estudando isso e vocês vão ter essa informação depois. Acho que até o final do mês vai para a Câmara (um projeto de lei). Estamos pegando experiência. São muitas informações e temos que mostrar que as coisas têm que ser respeitadas.

Seria uma multa para o dono do imóvel, não?
JB – O cara que distribui papel que não pode distribuir, um papa metralha fora da lei, um cara que prega um papel onde não pode pregar, tem de tudo ali. A lei será para a cidade, porque temos ruas, calçadas, largos comerciais. Ali tem de tudo, o Bode, Brasília Teimosa, Entra-a-Pulso e Beira Mar, tem um grande shopping center, tem outro maior ainda, um largo comércio de rua, tem uma igrejinha, templos… Tem de tudo. Tem um mercado, engarrafamentos e desorganização.

Na verdade, vai ser um projeto de lei para várias ações de controle urbano e não só ocupação de calçadas, é isso?
JB – É tudo: cavalete que não pode ser colocado, a rua que está sendo indevidamente ocupada, construção sem licença, outdoor irregular, faixa colocada errada.

Mas aí já estamos falando de Lei da Publicidade…
JB – É nosso. É controle urbano.

Então, o que vocês estão fazendo de fato?
JB – Estamos revisando isso também, mas até então temos atuado com a lei atual.

O que será enviado para a Câmara?
JB – Vamos pedir a adequação da Lei de Publicidade.

E sobre ocupação de calçadas, o que vai ser feito?
JB – Tudo já está mais ou menos disciplinado. O que faltava mais era a ação de fiscalização do governo. Mas algumas coisas estão falhas na lei. Uma delas que eu acho que é essa questão do cavalete. Hoje você para o carro e fica numa calçada e a multa é muito pequena e também para carga e descarga. Não é multa de trânsito, mas multa de mobilidade.

Qual a diferença entre multa de trânsito e multa de mobilidade?
JB – A multa de trânsito é nacional e a de mobilidade é essa da cidade. Tem muito exemplo de propaganda irregular. A gente fez esforço de outdoor. A cidade está mais bonita. Tem muita coisa de propaganda irregular, mas a gente está discutindo com os empresários.

Mas o que vai ser enviado para a Câmara, então?
JB – É tudo.

Tudo o quê? Porque são muitas leis urbanísticas…
JB – Já disse que tem que fazer a revisão da lei de alvará de funcionamento. Estamos vendo a questão da localização das coisas. Semana que vem está sendo discutido isso, a localização de tudo. Vamos revisar a lei de alvarás.

Não seria mais fácil o senhor dizer quais as leis urbanísticas que estão sendo revisadas, para ficar mais claro?
JB – Não. Deixa a gente aprender um pouquinho com essa experiência que a gente vai mudando de acordo com as necessidades para não se precipitar. Minha meta é, nos cinco meses, aprender muito e ter uma série de revisão de nossos procedimentos para a gente melhorar a cidade.

Fonte: Diario de Pernambuco

Zona Sul do Recife é alvo de ações de controle urbano e mobilidade

Calçadas do Recife - Foto - Maria Eduarda Bione DP/D.A.Press

A postura inadequada de comerciantes e donos de estabelecimentos, a falta de educação de motoristas e a ausência do poder público fizeram com que os bairros de Boa Viagem e Pina, na Zona Sul, ficassem conhecidos como terras de ninguém no quesito controle urbano. Agora, a má fama dos bairros está na berlinda. É que a Prefeitura do Recife (PCR) escolheu as duas localidades para servirem de piloto para o projeto Bairro Legal.

Trata-se de uma ação conjunta de mobilidade e controle urbano que tem o objetivo de reforçar a fiscalização nos dois bairros e punir os infratores. A operação deve durar entre cinco e seis meses e, dependendo dos resultados alcançados, poderá ser levada a outras áreas da cidade.

A partir de hoje, agentes da Secretaria Executiva de Controle Urbano (Secon), CTTU e Secretaria Executiva de Operações (Seop) distribuirão material informativo nas localidades e darão início a uma fiscalização mais rigorosa. Cinquenta pessoas vão atuar notificando e multando os que estiverem estacionados em locais proibidos, como sobre calçadas e em fila dupla, e fazendo carga e descarga de forma a prejudicar o trânsito de veículos e pedestres. Construções e imóveis irregulares, como fiteiros e barracas de espetinhos, também serão notificados e poderão ser removidos.

Um centro de operações provisório foi montado na Conselheiro Aguiar para dar suporte aos funcionários e fazer com que eles percam menos tempo com deslocamentos até o Centro do Recife para troca de turno, otimizando o tempo na rua. A quantidade de agentes de trânsito também aumentou de quatro para 25 e devem fazer rondas durante todo o dia e noite.

Segundo a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, motoristas que pararem o carro junto ou sobre a calçada e ligarem o alerta enquanto forem resolver problemas pessoais não serão poupados. “Nosso batedores vão apitar para dar um aviso. Caso a infração continue, será aplicada multa e o veículo poderá ser guinchado”, alertou. Dois guinchos foram deslocados para atuar somente nessa operação. A multa nesses casos varia de R$ 85 a R$ 127.

Conheça em Curitiba o melhor sistema de transporte por ônibus do país

O Sistema Integrado de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana garante a integração físico-tarifária de 14 municípios da Grande Curitiba. Sua estrutura define a RIT – Rede Integrada de Transporte.

Para dar prioridade ao transporte coletivo, a Rede Integrada de Transporte conta com 81 km de canaletas exclusivas, garantindo a circulação viária do transporte coletivo. As linhas da RIT – Rede Integrada de Transporte – são caracterizadas por cores e capacidade dos veículos. A Gestão está institucionalizada através da Lei Municipal 12.597/08 regulamentada pelos Decretos 1.356/08, 1.649/09 e 1.884/11.

 

BRT de BH só terá ponto final em 2020

BRT Belo Horizonte Cristina Hora EM/D.A.Press

Por

Mateus Parreiras

A Copa do Mundo de 2014 não marcará o fim da implantação da primeira fase do Move, nome oficial do sistema de transporte rápido por ônibus de Belo Horizonte, que tem programação para se estender por outros corredores da capital mineira até o fim da década, quando tem projeção para atingir seis vezes a extensão inicial.

Ao custo estimado de R$ 5,5 bilhões, o projeto prevê um complexo de 160 quilômetros até 2020 e depende ainda de intervenções como a duplicação do Anel Rodoviário da capital. A primeira fase deve ter 25 quilômetros implantados até 2014, com investimento de R$ 850 milhões, mas só vai terminar completamente em 2015, quando dois viadutos exclusivos para coletivos serão construídos.

Uma dessas estruturas ligará as avenidas Pedro I e Vilarinho, permitindo o deslocamento até a Estação Venda Nova. A outra será próxima à Alça Leste do Complexo da Lagoinha, com acesso pelo Bulevar Arrudas, entre as ruas Rio de Janeiro e Carijós. A etapa do Move entregue até a Copa do Mundo, prevista para começar a operar entre abril e maio do ano que vem, terá tráfego misto e organizado por semáforos nessa parte do Complexo da Lagoinha e no acesso entre Vilarinho e Pedro I.

Ontem, a BHTrans apresentou oficialmente o nome Move para sistema de transporte de massa e as cores em tons de verde que serão usadas nas estações e nos veículos. A logomarca que representará o Move será um “M” estilizado em forma de curvas integradas dentro de um hexágono.Tanto as cores quanto o nome foram antecipados em abril pelo Estado de Minas, que ontem revelou o itinerário das 137 linhas que substituirão percursos atuais do sistema BHBus.

Dos bairros para as estações José Cândido da Silveira, Pampulha, São Gabriel, Venda Nova e Vilarinho virão 78 linhas alimentadoras. Dos terminais, os passageiros poderão embarcar em 27 linhas chamadas troncais, que levam ao Centro e a outras regiões da cidade.

Quatrocentos ônibus articulados – 200 gerenciados pela BHTrans e 200 metropolitanos, do sistema da Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop), estes com tons de laranja – circularão nos corredores exclusivos e em certas vias da cidade. Nas pistas exclusivas do Move os passageiros poderão embarcar e desembarcar em 46 estações de transferência, que já estão sendo montadas. As instalações em metal e vidro têm bilheterias para compra de cartões de passagens únicas ou com mais créditos, além de portas niveladas com os acessos aos ônibus que dispensam escadas.

Ao longo das avenidas projetadas para o sistema poderão ser agrupadas até duas estações de transferência lado a lado, sendo uma para as linhas municipais e outra para as metropolitanas. “Não haverá, ainda uma integração total das linhas da BHTrans com as da Setop, em razão de não termos integração tarifária”, destacou o diretor-presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar. De acordo com ele, a integração das tarifas do cartão BHBus (BH) e do cartão Ótimo (metropolitano) deve ser planejada e pode ocorrer depois da Copa do Mundo de 2014.

Ainda não foi definido qual corredor começará a operar primeiro. As obras estão programadas para terminar até 31 de dezembro, segundo a BHTrans. Em seguida, o cronograma prevê, segundo o diretor-presidente da empresa municipal, um mês de testes operacionais nos corredores e pelo menos mais três meses de substituição gradual das atuais linhas pelas que integram o novo sistema de corredores e estações.

Os terminais Pampulha e São Gabriel, que estão sendo construídos a partir do zero, é que definirão qual corredor começará a operar o Move, por fecharem cada uma um circuito. “Se a estação Pampulha ficar pronta primeiro, começamos a testar o corredor Antônio Carlos. Se for a São Gabriel, que teve de ser toda demolida e será refeita, começaremos pela Cristiano Machado”, afirma Ramon Victor Cesar.

Com a entrada em operação do Move, a expectativa da BHTrans é que 700 mil passageiros do BHBus sejam imediatamente atendidos, mas a capacidade máxima instalada poderia atender pouco mais de 1 milhão de pessoas, segundo a empresa. Nos horários de pico, a intenção é de ter intervalos máximos de 2 minutos para cada linha dos corredores exclusivos e cerca de 5 minutos nos demais horários.

Isso é fundamental para não superlotar as estações de transferência, que são menores e não contam com equipamentos como banheiros. A ocupação calculada para esses espaços é de duas pessoas por metro quadrado, medida que chega a ser três vezes maior que a tolerância prevista em contrato para a acomodação dos passageiros nos ônibus atuais.

Fonte: Estado de Minas

 

Conheça os 10 semáforos do Recife mais demorados para o pedestre

 

Dia muundial do pedestre - Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press

No dia mundial do pedestre, um alerta para a falta de priorização nas travessias. Um exemplo matemático: o tempo dos semáforos.Acompanhe o levantamento feito pelo repórter Glynner Brandão.
Ranking

Semáforo 137 (16h30 às 19h30)
Onde: Avenida Herculano Bandeira
Tempo para os pedestres: 23”
Tempo para os veículos: 5’37”
Fluxo diário de veículos: 57 mil
Número de semáforos da via: 3

Avenida Abdias de Carvalho (6h às 9h)
Tempo para os pedestres: 18”
Tempo para os veículos: 1’59”
Fluxo diário de veículos: 56 mil
Número de semáforos da via: 10

Avenida Cruz Cabugá (6h às 9h30)
Tempo para os pedestres: 22”
Tempo para os veículos: 1’53”
Fluxo diário de veículos: 21 mil
Número de semáforos da via: 9

Av. Agamenon Magalhães (16h30 às 20h30)
Tempo para os pedestres: 22”
Tempo para os veículos: 1’53”
Fluxo diário de veículos: 81 mil
Número de semáforos da via: 15

Avenida Norte (6h às 9h30)
Tempo para os pedestres: 24”
Tempo para os veículos: 1’51”
Fluxo diário de veículos: 53 mil
Número de semáforos da via: 21

Avenida Recife (6h30 às 9h)
Tempo para os pedestres: 18”
Tempo para os veículos: 1’47”
Fluxo diário de veículos: 54 mil
Número de semáforos da via: 21

Avenida Boa Viagem (6h às 10h)
Tempo para os pedestres: 19”
Tempo para os veículos: 1’41”
Fluxo diário de veículos: 29 mil
Número de semáforos da via: 28

Av. Conselheiro Rosa e Silva (6h às 9h30)
Tempo para os pedestres: 21”
Tempo para os veículos: 1’39”
Fluxo diário de veículos: 21 mil
Número de semáforos da via: 19

Av. Mascarenhas de Morais (10h às 20h30)
Tempo para os pedestres: 20”
Tempo para os veículos: 1’35”
Fluxo diário de veículos: 56 mil
Número de semáforos da via: 24

Avenida Conde da Boa Vista (16h30 às 19h30)
Tempo para os pedestres: 22”
Tempo para os veículos: 1’33”
Fluxo diário de veículos: 12 mil
Número de semáforos da via: 7

Fonte: CTTU

Recife: 500 anos e 100% de calçadas

Pedras mineiras no Recife - Foto - Bruna Monteiro Esp.DP/D.A Press

Meta
24 anos é o tempo que falta para chegarmos aos 500 anos do Recife. Em 2037, a expectativa é de termos todas as calçadas em condições de trafegabilidade.

Tamanho do desafio

5.000 km de vias ou

10 milhões de metros de calçadas na cidade (em números absolutos)

1.042.000 metros quadrados é o que cada gestão precisaria fazer por ano para construir em uma calçadasde 2,5 metros de largura

Custo do material da calçada tipo pedra mineira

R$ 120,00 é o custo médio de 1 metro quadrado de calçada tipo pedra mineira

R$ 125.040.000,00 é o que o município gastaria para construir 1.042.000 metros
quadrados com o melhor tipo de calçada em um ano

Representa

2,98% do orçamento anual da Prefeitura do Recife ( R$ 4,2 bilhões)
0,2% do Pib do Recife de 2010 ( R$ 61,443 bilhões)
86% do investimento da obra completa do Corredor Leste/Oeste
32,6% do invest imento total da Via Mangue (orçada em R$ 383,45 milhões)
23,5% do custo da Arena Pernambuco (orçada em R$ 532 milhões)

Custo do material da calçada tipo concreto

R$ 35,00 é o custo médio de 1 metro quadrado de calçada em concreto

R$ 36.470.000,00 é o que o município gastaria para fazer 1.042.000,00 metros
quadrados de calçadas de cimento concreto em um ano

Representa

0,87% do orçamento anual do Recife (R$ 4,2 bilhões)
0,06% do PIB de 2010 da Prefeitura do Recife
50 vezes menos do o custo da folha de pagamento da PCR
6 vezes mais do que o município gasta por ano na operação tapa-buraco
Os cálculos em números absolutos não levam em conta as calçadas existentes.
Os dados são feitos tendo como base 5 milhões de metros de ruas no Recife. O
que significa 10 milhões de metros de calçadas x 2,5 m de largura = 25km2.
Dividindo 25km2 em 24 anos = 1,042 km2 ou 1.042.000 metros quadrados de calçadas.

* Ao custo deve ser acrescido o valor da mão de obra. De acordo com a Secretaria de Serviços Públicos do Recife, o valor chega a dobrar.

Fonte: Base de dados da Secretaria de Mobilidade e cálculos do professor de
engenharia civil da UFPE, Maurício Pina

As calçadas do Recife até 2037

 

Calçadas pedras portuguesas Foto - Inês Campelo DP/D.A.Press

Por

Tânia Passos

O primeiro modal na escala da mobilidade sempre ficou em último lugar. Historicamente o pedestre foi preterido pelo veículo motorizado. O futuro plano de mobilidade do Recife, que deve ser entregue à Câmara para votação, ainda neste semestre, promete inverter essa lógica. O desafio, aliás, vai mais além e a expectativa é que até 2037, quando o Recife completar 500 anos, as calçadas da cidade estejam todas em condições de trafegabilidade e dentro das normas de acessibilidade. Fácil não é, mas se a inversão das prioridades se traduzir também em investimento, muito pode ser feito nos próximos 24 anos em um total de seis gestões.

A Prefeitura do Recife ainda não dispõe de um diagnóstico da quantidade de calçadas existentes e que atendem ou não às normas de acessibilidade e muito menos onde há falta delas. O Instituto da Cidade Pelópidas Silveira pretende atualizar as informações a partir de imagens de satélite. Mas há outros números que ajudam a dar uma dimensão do trabalho que se tem pela frente.

Segundo a Secretaria de Mobilidade do Recife, a cidade tem hoje cerca de 5 mil quilômetros de ruas. Em uma conta rápida e sem considerar o que já existe de calçada, chegaríamos a 25 milhões de metros quadrados de calçada, tendo como base a largura do passeio em 2,5 metros, que seria ideal. Na verdade, a maior parte delas tem entre 1,20m e 1,80m de largura. O custo para implantar calçadas dignas de um passeio varia de acordo com o tipo de material. Para se ter uma ideia, a pedra mineira é a mais cara e custa cerca de R$ 210, o metro quadrado. Já o piso em concreto sai em média por R$ 72, o metro.

Na prática, a matemática não é assim tão simples e a grande discussão é quem vai pagar a conta? O Recife completou 10 anos da Lei de Calçadas, onde o proprietário é responsável pela construção e manutenção. Mas nunca funcionou. O secretário de mobilidade, João Braga, é simpático à ideia do poder público assumir a conta. “O governo faz as rodovias, viadutos e pontes para os carros, mas não faz as calçadas. O pedestre faz parte do sistema viário”, diz.

A mudança na lei, segundo o secretário, dependeria de uma discussão mais ampla com a sociedade. “A gente não pode dizer que o município vai assumir uma dívida de 500 anos. É preciso que cada gestão cumpra com sua parte”.

Um dos mais entusiastas defendores das calçadas no Recife, o arquiteto Francisco Cunha, é contra a mudança na lei. “ Não há como o município assumir essa conta. O proprietário precisa fazer a parte dele. Mas concordo que se o município fizer os passeios públicos e cobrar dos proprietários, poderemos ter uma situação melhor em 2037”, disse. O secretário de Planejamento do Recife, Antônio Alexandre, também é contra a mudança da lei. “Não há como a prefeitura assumir uma responsabilidade que é do dono do lote. Ao município cabe cuidar dos passeios, como já faz”.

 

 

 

As crianças estão andando menos e se tornando cada vez mais obesas

Obesidade infantil Foto - Laís Telles/DP.D.A.Press

Nas últimas quatro décadas, a restrição à mobilidade das crianças vem se tornando cada vez maior. Um hábito antigo de caminhar de casa para a escola está dando lugar aos transportes escolares nas diversas classes sociais, e a questão da segurança é o principal fator.

De acordo com o consultor em educação de trânsito, o sociólogo Eduardo Biavati, o fenômeno também é visto em países desenvolvidos como Estados Unidos, Inglaterra e Austrália. E o Brasil caminha na mesma direção. “O próprio Ministério da Educação dispõe do Programa Caminho da Escola, que oferece ônibus escolar em todo o país para reduzir as distâncias percorridas pelas crianças. Se por um lado isso é positivo, por outro traz problemas em relação à restrição do caminhar”, comparou.

Segundo Biavati, as crianças têm hoje mais acesso a alimentos gordurosos, com açúcar e à base de farinha, e ao mesmo tempo fazem menos exercícios. “Será preciso redobrar o esforço do gasto energético das crianças. Nós tiramos a mais tradicional delas, que era o caminhar para a escola”, reforçou. Na classe média, ele diz que a situação é ainda pior. “As crianças não andam nem até a esquina. Aliás, a ordem é não andar mesmo”, disse.

A segurança também foi destacada pelo pesquisador da OMS, Carlos Dora. Segundo ele, os pais, que optam pelo transporte individual a fim de garantirem um deslocamento seguro aos seus filhos, ajudam a tornar o sistema como um todo inseguro. “Os lugares que têm mais espaço dedicado aos pedestres e bicicletas são aqueles que têm menos acidentes”, explicou.

Como os americanos se deslocam para o trabalho?

Ao contrário do que temos acompanhado no mundo em geral, os norte americanos ainda utilizam muito seus “veículos particulares” para se deslocarem ao trabalho, contrariando uma tendência mundial de maior uso de meios de transporte públicos e/ou alternativos.

Segundo recente pesquisa do “EUA Census Bureau”, além do número de deslocamentos por carros ter aumentando substancialmento nos últimos 50 anos, as bicicletas ainda são tão irrelevantes que nem possuem uma categoria própria, sendo consideradas como “outros”, juntamente com táxis e etc!

Mesmo com eventos para promover o uso da bicicleta como meio de transporte, tais como o “Bike to Work”, o americano médio ainda não se animou a “pensar fora da caixa”, alegando muitas vezes dificuldades relativas a distância a ser percorrida, ou a altimetria elevada do percurso como motivos principais para não deixar seu carro em casa.

Talvez a comutação seja a solução para estes casos, misturando os modais, dependendo do trajeto a ser percorrido.

Não sabemos se serve de consolo ou não, mas por aqui a situação não é muito diferente. Temos casos isolados espalhados pelo país, mas no geral ainda somos extremamente conservadores com as nossas políticas e incentivos públicos relativos aos meios de transporte, onde claramente a tendência maior é incentivar os meios de transporte privados, tais como os carros e afins.

Parece um cenário desolador, mas na verdade não é, pois cidades como Paris e Nova Iorque mudaram seus paradigmas num espaço de tempo bem curto, cerca de cinco anos em média, privilegiando as bicicletas em seus modais de transporte.

O que falta para nós na maioria dos casos é visão e planejamento de futuro e principalmente a vontade de mudar.

Nós por aqui estamos fazendo a nossa parte. E você? o que tem feito?

Fonte: Eu vou de Bike