Metade das cidades brasileiras tem mais motos do que carros

 

O impacto das motos no trânsito das cidades pernambucanas foi o tema debatido ontem na sexta audiência pública da Comissão de Mobilidade Urbana da Assembleia Legislativa. O fenômeno notado desde os anos 90 está perto de ganhar um status de predominante: quase metade das cidades brasileiras já tem mais motocicletas do que carros.

Na década de 1990, a diferença entre carros e motos em Pernambuco era de 90% e hoje essa distância é de apenas 30%. Os impactos se refletem não somente nos engarrafamentos, mas principalmente no número de vítimas. No ano passado, 469 pessoas morreram no estado, vítimas de acidente de moto.
O Comitê de Prevenção de Acidentes de Motos, fundado no ano passado, pelo governo do estado, instituiu entre suas ações uma fiscalização envolvendo a Secretaria de Saúde, Detran e Polícia Militar. A operação batizada de Lei Seca realizou, em três meses, mais de 67 mil abordagens de veículos. Desse total 5.329 eram motos.

De dezembro do ano passado a fevereiro deste ano, a  operação tipificou 168 crimes e apreendeu 837 carteiras de habilitação (CNH). “O Comitê surgiu por conta dos altos índices de acidentes de trânsito e em especial de motos”, ressaltou o major André Cavalcanti, coordenador de operações da Lei Seca.
São realizadas 42 operações por semana e uma média de 900 veículos fiscalizados por dia. “No carnaval, a gente pensava que haveria um grande número de notificações e a média foi a mesma dos dias normais. Nós autuamos principalmente visitantes de outros estados. O pernambucano já está assimilando a cultura da lei seca”, ressaltou.
A última audiência pública da Comissão de Mobilidade está prevista para abril na Universidade Federal de Pernambuco. “Vamos elaborar um documento com todo o material produzido nas audiências e entregar às autoridades”, ressaltou o presidente da comissão, o deputado Sílvio Costa Filho (PTB). Segundo o deputado, uma cópia do relatório também será enviada à Câmara Federal dos Deputados.

Audiência pública discute aumento do número de acidentes com motos

 

 

Os altos índices de acidentes envolvendo motocicleta no estado de Pernambuco serão discutidos em uma audiência pública que a Comissão de Mobilidade Urbana da Assembleia Legislativa de Pernambuco promove na próxima segunda-feira. A reunião acontece das 9 h às 13 h no Plenarinho III da Alepe.

A sexta audiência pública da comissão pretende ampliar o debate sobre alternativas de prevenção a acidentes. Para o encontro foram convidados representantes de entidades como Companhia de Trânsito e Transportes Urbanos (CTTU), Departamento de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto, Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Pernambuco (DER-PE)e Sindicato dos Trabalhadores de Moto (Sindimoto-PE).

Motociclistas poderão ser obrigados a usar jaquetas,calças e botas

 

A Câmara analisa o Projeto de Lei 3206/12, do deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC), que inclui capacete, jaqueta, calça comprida, botas e luvas entre os itens obrigatórios para motociclistas. A proposta acrescenta a medida ao Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), na parte que trata dos equipamentos obrigatórios dos veículos.

Segundo o projeto, a exigência será obrigatória a partir do sexto mês após a definição das especificações técnicas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

Onofre Santo Agostini argumenta que a adoção dos equipamentos listados poderá diminuir a gravidade dos ferimentos decorrentes de acidentes com motos no País e também evitar mortes, ao impedir ou minimizar queimaduras, lesões e fraturas.

Mortalidade
Dados do Caderno Suplementar “Acidentes de Trânsito”, do Mapa da Violência 2011, divulgado pelo Instituto Sangari com base nas estatísticas do Ministério da Saúde, mostram que, de 1998 a 2008, a mortalidade de motociclistas aumentou 754%, ou o dobro do crescimento da frota de motos.

O deputado ressalta que o crescimento médio anual da frota ao longo da década foi 16,7% para motos e 6,5% para automóveis. A taxa média de óbito dos motociclistas foi de 92,3 óbitos a cada 100 mil motos. No caso dos automóveis, a frota aumentou 88% e as vítimas de acidentes 57%. A taxa média foi de 38 mortes para cada 100 mil automóveis.

Em 2010, a frota de motocicletas foi estimada em 16,5 milhões de unidades, o equivalente a 25,5% dos veículos motorizados.

Custos
“O impacto de um motociclista acidentado para os cofres públicos é alto, principalmente devido à natureza dos ferimentos, já que a motocicleta oferece pouca ou nenhuma barreira que amorteça o corpo da pessoa”, diz Agostini. “Da perspectiva social, estudos mostram que as vítimas desse tipo de acidente são predominantemente jovens, refletindo em incremento dos números que ceifam o potencial social e de trabalho dos jovens brasileiros.”

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que um paciente vítima de acidente de moto custa, em média, R$ 152 mil aos cofres públicos, só na rede hospitalar. O custo social de cada paciente é de aproximadamente R$ 952 mil, pois envolve atendimento pré-hospitalar, hospital, licença e aposentadoria, entre outros.

Já os itens sugeridos como obrigatórios têm preço total estimado em R$ 650.

Tramitação
O projeto está apensado ao PL 1171/11, que tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Viação e Transportes; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

 

Fonte: Agência Câmara

 

PRF de olho nos motociclistas

 

Os motociclistas que pretendem cruzar as estradas de Pernambuco durante as festas de fim de ano deverão ficar mais atentos. Iniciada com oito dias de antecedência, a Operação Fim de Ano da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que ocorrerá até o próximo dia 2 de janeiro, dará prioridade à fiscalização dos motociclistas.

A ação será intensificada devido aos altos índices de acidentes registrados nos últimos três anos envolvendo motos. A cada cem mortos nas estradas durante os feriados, 60 estavam pilotando uma motocicleta ou na garupa. Além disso, a PRF atuará com um efetivo maior nas BRs 101 e 232, ligação com os litorais Norte e Sul e o interior, respectivamente.

De acordo com o inspetor da PRF, Éder Rommel, a cada cem acidentes envolvendo motos nas estradas, cerca de 110 pessoas são feridas, mais do que o dobro da proporção para acidentes envolvendo veículos de quatro rodas. “Os balanços dos últimos feriados nos chamaram muita atenção.

As motocicletas não correspondem a 10% da frota, mas são responsáveis por um número altíssimo de mortes durante a época de festas e feriados. Isso deixa claro as atitudes irresponsáveis dos motociclistas”, comentou ele.

A fiscalização das motos também será intensificada no Sertão. “Nos municípios dessa região muitos andam sem habilitação e equipamentos de segurança. Sem uma habilitação, você pode até ter experiência com a máquina, mas tem conhecimento para conduzi-la junto a outros usuários”, explicou.

Cerca de 380 policiais estarão envolvidos no reforço do policiamento nas estradas, um número menor do que o ano passado, quando 420 agentes trabalharam na Operação Fim de Ano. Para evitar a troca de informações entre os motoristas, as barreiras ocorrerão nos postos da PRF e também por meio de rondas.

Cinquenta e cinco viaturas participação da operação, assim como um helicóptero de resgate aeromédico, para ajudar no resgate a vítimas de acidentes, e outro para o patrulhamento aéreo.

Em 2010, ocorreram 178 acidentes entre os dias 23 e 2 de janeiro, que culminaram em 94 feridos e 13 mortos. Um dos objetivos da operação deste ano é tentar reduzir os números de vítimas fatais, ainda que a quantidade de acidentes em relação ao ano passado tenha aumentado (de 7358 para 7733, de janeiro ao último dia 15).

“A antecipação aconteceu por causa do movimento das férias. Queremos evitar o excesso de velocidade, que hoje é o principal fator causador dos acidentes. Nossa principal atuação será na BR 101, no trecho que vai de Abreu e Lima ao Cabo de Santo Agostinho. São apenas 50 km de estradas, mas que registram 32% dos acidentes totais do estado”, comentou.

Operação Lei Seca

Para tentar diminuir os acidentes, a PRF também vai trabalhar com 65 etilômetros e radares medidores de velocidade dos veículos. Em Pernambuco, desde que a operação Lei Seca foi intensificada, no início do mês, foram realizados 9.056 testes de alcoolemia e 758 motoristas foram multados.

Fonte: Diario de Pernambuco

Pesquisa aponta os motociclistas como vilões do trânsito

Juliana Colares
julianacolares.pe@dabr.com.br

Já se foi o tempo em que a culpa por todas as barbeiragens no trânsito caía nas costas dos taxistas. O alvo da vez são os motociclistas. Uma pesquisa de opinião pública realizada pelo Instituto Mauríciu de Nassau mostrou que, para os recifenses, os condutores de motocicletas são os mais imprudentes no trânsito. Dos 624 entrevistados, 80% acreditam que os motociclistas agem de forma irresponsável, 75,4% dizem que eles desrespeitam as leis de trânsito e 56,6% defendem que eles são os responsáveis pela epidemia de acidentes de moto. Enquanto isso, motoristas de ônibus e de táxis aparecem como prudentes para 60% e 68,6% dos entrevistados, respectivamente.
A observação dos recifenses sobre os motociclistas encontra respaldo na opinião daqueles que trabalham com análise de tráfego e de acidentes de trânsito. “Nós do Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto filmamos, durante várias horas, ruas e sinais. E percebemos que os motociclistas só respeitam o sinal verde”, disse o coordenador executivo do comitê, João Veiga. Na visão dele, a maioria dos acidentes de moto ocorrem por culpa do motociclista. “Ele é imprudente na hora de conduzir e de se portar. O motociclista morre porque anda sem capacete, porque não afivela o capacete direito, porque avança o sinal, porque se porta irresponsavelmente no trânsito. E quase 20% dos atropelamentos que ocorrem no estado já são de pedestres atingidos por motos nas calçadas”, complementou.
Professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), César Cavalcanti também defende que, na maior parte dos casos, a culpa pelo acidente encolvendo motos é dos condutores de motos. “O usuário das ruas percebe que o comportamento da maioria dos motociclistas não obedece a legislação de trânsito ou as regras de convivência civilizada. A pesquisa demonstra a sensação real do que está se passando no tráfego do país, não apenas no Recife”, disse.
A percepção extremamente negativa do motociclista pelo recifense chamou a atenção do coordenador da pesquisa Opinião pública e trânsito – percepções e valores dos indivíduos sobre o trânsito e seus atores, o economista Djalma Guimarães. Mas ele pondera que se a maioria dos entrevistados fosse usuária de carros (66,1% andam de ônibus), a opinião sobre a prudência de taxistas e motoristas de coletivos poderia ser diferente.
O vice-presidente do Sindimoto, sindicato que representa quem trabalha com motocicletas no estado, Francisco Machado, é voz contrária à opinião da maioria. Ele defende que o motociclista não é o principal culpado pelos acidentes e que tanto condutores de motos quanto motoristas de automóveis deveriam passar por mais aulas de educação no trânsito. Só em 2010, 602 motocilcistas morreram em Pernambuco.

Projeto impede motos de andar entre as faixas

 

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 1517/11, do deputado Newton Lima (PT-SP), que proíbe motos, motonetas e outros ciclomotores de transitar entre a calçada e os veículos ou entre veículos de faixas adjacentes, o chamado corredor.

O projeto também proíbe essa circulação entre os carros durante as ultrapassagens e determina que as motos deverão permanecer a pelo menos 1,5 metro de distância dos veículos. Quem descumprir a norma cometerá uma infração média, sujeita a multa, segundo o texto, que altera o Código Brasileiro de Trânsito (Lei 9.503/97).

Além disso, a proposta obriga o governo a criar, sempre que possível, faixas exclusivas para motocicletas e ciclomotores.

Veto de FHC

A proibição de conduzir entre os carros estava incluída no projeto de Código Nacional de Trânsito enviado para sanção presidencial em 1997, mas o dispositivo foi vetado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, com o argumento de que a imposição limitaria o uso das motocicletas e motonetas, utilizadas para garantir a agilidade no deslocamento.

Mais mortes com motos

Newton Lima argumenta que a proposta quer dar mais segurança aos motociclistas. Ele apresenta dados da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo segundo os quais, em 2010, as mortes no trânsito superaram os assassinatos, sendo que 81% das ocorrências fatais envolviam pedestres ou motociclistas.

No Atlas de Acidentes de Trânsito no Brasil (São Paulo: Abramet; 2007), os pesquisadores compararam os gastos para o tratamento de pacientes internados por causas naturais, mesmo com menor tempo de permanência nas instituições hospitalares, com os pacientes acidentados no trânsito.

Chegaram à conclusão que pacientes vítimas de acidente de trânsito são mais onerosos que os demais e apresentam maior taxa de mortalidade hospitalar. Isto fora os acidentes causados pelas motos, como atropelamentos e acidentes envolvendo motoristas de carro que são ultrapassados repentinamente, inclusive pela direita.

“Diante dos números, uma realidade se impõe: é imperativa a criação de mecanismos eficazes para garantir a segurança no trânsito”, defende.

Tramitação

A proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Desenvolvimento Urbano; Viação e Transportes; e Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Câmara dos Deputados e Portal do Trânsito

 

A moto, as mortes, o trânsito e os desafios

 

A sexta edição do Fórum Desafios para o Trânsito do Amanhã, promovido pelos Diarios Associados, trouxe  uma discussão sobre o fenômeno do aumento da frota e as consequências no trânsito e na saúde pública. O fórum contou contou com a participação do médico João Veiga, coordenador do Comitê Estadual de Prevenção de Acidentes de Moto, do promotor de justiça Francisco Edílson de Sá Júnior e do vice- presidente da Federação Nacional dos Corretores e Empresas Corretoras de Seguro (Fenacor), Carlos Valle.Acompanhe os números:

No trânsito:

Em 2000 a frota de motos em Pernambuco era de 144.804
Em 2010 – subiu para 639.406 motos  ( + de 300% de aumento)

Nos hospitais:
8.700 atendimentos foram realizados em 2010 de vítimas de acidente de moto
571pessoas morreram

47,5 pessoas morrem por mês no estado de acidente com moto
11,8 pessoas por semana
1,5 pessoas por dia

Hospital da Restauração:
Setor de Traumatologia
5 enfermarias
40 leitos
80% ocupados por vítimas de motos

Meta

Comitê  Estadual de Prevenção de Acidentes de Moto:
Reduzir  os acidentes em 7% ao ano
Reduzir em 10 anos – 50% dos acidentes