Os descaminhos de quem anda a pé na Região Metropolitana do Recife

 

Vegetação invade área vegetação invade área do passeio na PE-15 - Foto - Jo Calazans pedestre
Vegetação invade área do passeio na PE-15 – Na foto a jornalista Eva Duarte – Foto – Jo Calazans – DP/D.A.Press

O mundo real de quem precisa caminhar todos os dias pelas calçadas da Região Metropolitana do Recife está a anos-luz do mínimo de razoabilidade. Isso significa ignorar um universo de cerca de 1,5 milhão de pessoas que precisam se deslocar a pé todos os dias.

Lixo na calçada também atrapalha a mobilidade do pedestre Foto Jo  Calazans DP/D.A.Press
Lixo na calçada também atrapalha a mobilidade do pedestre – Foto Jo Calazans DP/D.A.Press

Um público que permanece à margem das políticas públicas e nem é conhecido dentro de sua totalidade, já que a última pesquisa de origem e destino da RMR é de 1997, sendo atualizada em 2008 sem pesquisa de campo. O pedestre sequer é lembrado como elemento primário do sistema viário e é obrigado a andar por calçadas precárias, por vezes inexistentes, ou ainda obstruídas e sem conexão entre os caminhos.

Pedestre se equilibra no meio fio por falta de espaço
Pedestre se equilibra no meio- fio por falta de espaço na PE-15, por onde irá passar o corredor do BRT – Foto- Jo Calazans DP/D.A.Press

Não se vislumbra o que deveria ser um dever de casa básico para a ocupação dos espaços urbanos. E muito menos do que deveria ser um caminhar seguro e confortável.

Nós acompanhamos a saga da jornalista Eva Duarte, 43 anos, que se desloca a pé de duas a três vezes por semana pelas calçadas quase inexistentes da PE-15, em Olinda, um dos principais trechos do futuro corredor Norte/Sul do BRT (Bus Rapid Transit). Enquanto viadutos e estações se descortinam ao longo do corredor, as calçadas ainda não receberam nenhum tipo de tratamento para atender com o mínimo de dignidade o pedestre.

Quando há  calçada, o espaço serve de extensão de serviços - Foto - Jo Calazans DP/D.A.Press
Quando há calçada, o espaço serve de extensão de serviços – Foto – Jo Calazans DP/D.A.Press

Não é preciso percorrer grandes distâncias para se descobrir tudo o que não deveria acontecer na área do passeio. O trecho de 500 metros entre a Rua Romeu Jacobina de Figueiredo, em Ouro Preto, Olinda, onde ela mora, até a parada de ônibus, é um exemplo. Mesmo percorrendo o trecho mais de uma vez por semana, ela não deixa de se indignar uma única vez. E chega a interpelar os outros pedestres no meio do caminho, provocando reações. A vontade, que não é só dela, é de criar um movimento de conscientização pelos direitos do pedestre. “Somos a minhoca da cadeia alimentar do trânsito”, desabafa.

Eva fala com conhecimento de causa. No percurso que costuma fazer, passa por buracos de obras onde deveria haver calçada, se equilibra no meio-fio por ausência do passeio, salta para se livrar de trechos alagados e ainda passa por uma área coberta de vegetação, que mais parece uma trilha.

Depois de enfrentar esse trecho, Eva finalmente chega a um quarteirão com calçada. Deveria ser melhor, mas não é. Em trecho curto, ela passa por um lixão em plena área do passeio e se esquiva de duas oficinas que usam o espaço como extensão dos seus negócios.

Dificuldade de travessia na via. Não há espaço seguro para o pedestre. Foto Jo Calazans DP/DF.A.Press
Dificuldade de travessia na via. Não há espaço seguro para o pedestre. Foto Jo Calazans DP/DF.A.Press

Para chegar à parada de ônibus, ela ainda atravessa a pista sem faixa de pedestre. À noite, a situação se agrava. “A iluminação é péssima e se torna mais perigoso fazer esse percurso”, diz. Sem muita esperança de que a situação mude a curto prazo, ela decidiu adotar um esquema que a permite sair o menos possível. “Trabalho em casa, faço faculdade à distância, vou para o bar da esquina e namoro em casa. Mas isso tudo é, na verdade, imobilidade”, criticou.

Obras de mobilidade do Recife deixam o pedestre na rua

 

Obras do corredor Norte/Sul na Avenida Cruz Cabugá atrapalhham mobilidadde do pedestre Foto Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Obras do corredor Norte/Sul na Avenida Cruz Cabugá, no Recife, atrapalhham mobilidadde do pedestre – Foto Alcione Ferreira DP/D.A.Press

O Recife se transformou literalmente em um canteiro de obras e se pra quem está de carro a vida não tem sido nada fácil, para o pedestre a situação é bem pior. Duas importantes obras que vão ajudar a melhorar a mobilidade na cidade estão trazendo transtornos aos pedestres durante a sua execução. Embora os transtornos sejam consequência óbvia em qualquer obra, cuidados com a segurança dos transeuntes devem ser prioridade. Mas tem se tornado comum cenas de pessoas caminhando pela pista espremidas entre carros e tapumes.

Obras de drenagem e melhoria das calçadas na Rua Princesa Isabel, no Recife, deixam os pedestres na rua - Foto - Alcionne Ferreira DP/D.A.Press
Obras de drenagem e melhoria das calçadas na Rua Princesa Isabel, no Recife, deixam os pedestres na rua – Foto – Alcionne Ferreira DP/D.A.Press

Na Avenida Cruz Cabugá estão em construção seis estações do corredor Norte/Sul. Em um dos trechos nas imediações da Rua Araripina, a obra de alargamento da pista está isolada da calçada até a pista de rolamento. E o pedestre na rua. “A gente tentou passar por dentro, mas não foi permitido e voltei para a rua”,contou a operadora de telemarketing, Maria Regilma Santos, 24 anos. Já na altura da Câmara do Recife, a estação central que está em obras também serve de ponto de travessia dos pedestres. “A orientação é que tenha um espaço seguro para o pedestre. No caso do trecho que teve a calçada interditada foi em razão de demolições no local. Nesse caso, o ideal era o pedestre usar a calçada do lado contrário”, explicou o secretário executivo da Secretaria das Cidades, Gustavo Gurgel.

Pedestre ujsa a rua para conseguir passar com o carrinho de bebê na Rua Marquês do Pombal, Santo Amaro - Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Pedestre ujsa a rua para conseguir passar com o carrinho de bebê na Rua Marquês do Pombal, Santo Amaro – Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

Obras para melhoria da calçada, também trazem transtorno ao pedestre é o caso da Rua Marquês do Pombal, em Santo Amaro. Embora tenha sido instalado um corredor que poderia ser usado pelos pedestres não há sinalização e o espaço é dividido com os trabalhadores da obra e placas da própria obra. “Eu passei com o carrinho do bebê pela rua mesmo. Não havia como passar”, revelou a dona de casa Livilane Urbano, 19. Em outra obra do município, na Rua Princesa Isabel, os pedestres têm a opção de seguir pela calçada destruída ou pela pista. “A orientação que foi feita às empreiteiras é destinar um espaço para os pedestres. Vamos providenciar para que seja corrido”, afirmou o gerente geral de obras públicas do município, Ricardo Fausto

Rua é lugar de gente

 

Rua Duque de Caxias - Foto - Cecília Sá Pereira

Disponibilizar mais espaço para as pessoas e menos para o carro faz parte de uma nova concepção de cidade sustentável, que vem revolucionando cidades em todo o mundo. Ruas que antes eram entupidas por carros e se transformaram em espaços de convivência com mais qualidade de vida para as pessoas.

Foi assim em San Francisco e Portland, nos Estados Unidos; Madri, na Espanha; Seul, na Coreia do Sul, entre outros. Mas temos exemplos também no Brasil. Na área portuária do Rio de Janeiro, o antigo viaduto da perimetral foi destruído para dar lugar à urbanização do espaço com o projeto Porto Maravilha e uma área antes degradada promete levar as pessoas de volta às ruas. São Paulo também já dispõe de uma proposta semelhante com o projeto Casa Paulista.

O fato é que todos esses exemplos revelam o antes e o depois e remetem a mudanças difíceis de se imaginar para quem só enxerga carro na frente. Além disso, há uma pergunta inevitável: para onde foram todos eles?A verdade é que as cidades que se voltam para as pessoas têm seus caminhos renovados e outras formas de deslocamento se tornam possíveis.

Espaços contemplados com árvores, calçadões, ciclovias, praças ou cafés podem ter distâncias percorridas sem muito esforço e o carro dificilmente fará falta. No lugar dele, transportes coletivos compatíveis com o lugar a exemplo do Veículo Leve sobre Trilho (VLT), que se adapta perfeitamente às vias urbanas. No Recife, o conceito de cidade para as pessoas começa a ter exemplos práticos como a proibição de circulação de carros na Rua Marquês de Olinda, no Bairro do Recife.

Há um ano, o bairro já vinha sendo destinado para atividades de lazer, esporte, arte e cultura. É um avanço, assim como as ciclofaixas de lazer. Mas já está na hora de olhar a cidade não apenas em situações pontuais de lazer, mas com mudanças no seu cotidiano de forma permanente.

Sejam em vias existentes ou a serem implantadas. Não por acaso, o projeto de uma nova via na Beira-Rio, causou indignação nas redes sociais de movimentos que defendem uma cidade voltada para as pessoas. O trecho a ser recuperado pelo município nas margens do rio será contemplado com calçadão e ciclovia, mas ninguém pensou que ela simplesmente poderia prescindir de carro.

Às margens do rio, o projeto pode ser uma ótima oportunidade de mudar um paradigma e trazer novos horizontes na forma de olhar a cidade, dentro da perspectiva do parque linear do Capibaribe. Quem vai sentir falta dos carros?

Pedestres podem ser multados?

Pedestre atravessando foram da faixa  Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Pedestre atravessando foram da faixa Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

Sim. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê multa para o pedestre que desobedecer algumas determinações. De acordo com o Artigo 254, aquele que não atravessar a via na faixa, passarela ou passagem subterrânea pode ser multado. A legislação ainda estabelece que é proibido permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exceto para cruzá-las onde for permitido. Também é passível de multa o pedestre que atravessar a via dentro das áreas de cruzamento, salvo quando houver sinalização para esse fim.

Mas é importante salientar que o pedestre sempre terá prioridade sobre os veículos, mesmo que não haja semáforo em uma faixa destinada à travessia. Havendo semáforo, a cor da luz determina a prioridade. Mas, se o sinal muda antes do fim da travessia, os motoristas devem aguardar que o pedestre conclua a passagem. A penalidade prevista para quem cometer uma dessas situações descritas é a aplicação de uma multa de 50% do valor de uma infração de natureza leve.

No entanto, as autoridades competentes nunca encontraram uma maneira para colocar isso em prática. A legislação prevê a punição para o pedestre infrator, mas a lei não é regulamentada. Há uma dificuldade dos agentes de trânsito formalizarem uma notificação para o cidadão que cometa uma infração. Segundo o Artigo 267 do CTB, a penalidade ao pedestre também pode ser convertida em advertência, sendo ela transformada na participação do infrator em cursos de segurança viária, depois de análise a critério da autoridade de trânsito.

Fonte: Vrum

Pare, um pedestre quer atravessar

 

 

pedestre rua

Por

Henrique Oliveira de Azevedo

“É descabido parar o fluxo de veículos de uma avenida para uma só pessoa atravessar!”. Um amigo me disse isso há algumas semanas e a frase não me saiu da cabeça. Dirigindo para casa, em uma rua com grande fluxo de veículos, observei uma pessoa sozinha tentando atravessar. Não parei. E me lembrei da frase de meu amigo. Poucos metros depois, vi mais uma pessoa sozinha tentando atravessar a avenida. Também não parei. Em seguida, outra pessoa. Novamente, não parei. Mas pensei: “Se tivesse parado para a primeira pessoa atravessar a rua, as três teriam atravessado…

Nossas avenidas são barreiras quase intransponíveis, não fosse o auxílio de equipamentos como sinaleiras ou passarelas. Mas tais equipamentos não atendem nem um terço das necessidades da população. Primeiro, a maioria das sinaleiras da cidade de Salvador existem apenas para regular o trânsito: fecham as vias para o cruzamento de carros e não dispõem de temporizador para pedestre. Um exemplo disso é a sinaleira da Garibaldi, próxima à entrada de Ondina. Para o fluxo de quem está na via, ela abre para os carros que estão no retorno, mas não dá tempo para os pedestres atravessarem a avenida no longo trecho após a sinaleira. Ou seja, trata-se de uma sinaleira para carros, não para pedestres.

Figura 2: Mapa da Av. Garibaldi e Av. Adhemar de Barros. Composição própria.

As passarelas da cidade, além de poucas, exigem um aumento muito grande no esforço físico para atravessar uma pequena distância entre dois lados de uma avenida. Além de aumentar muito o deslocamento da pessoa, exige uma subida em rampa acentuada, fora de qualquer norma para acessibilidade.

Em muitos pontos da cidade, há uma demanda por travessia não atendida por nenhum equipamento. E estes pontos são extremamente perigosos para atravessar. Os pedestres muitas vezes correm sérios riscos, pois só conseguem atravessar correndo entre os carros. Imaginem se os pedestres são gestantes, idosos, obesos, crianças, deficientes físicos ou mesmo jovens carregando algum objeto maior ou mais pesado!

Toda essa falta de equipamentos necessários reduz ou impossibilita muitas pessoas de fazerem o deslocamento a pé. E ainda as obriga a utilizar como alternativa o carro, a moto ou o táxi, aumentando a quantidade de veículos nas ruas e assim piorando o trânsito.

Figura 3: Mapa Av. Paralela na altura da Av. Pinto de Aguiar. Composição própria.

Um exemplo prático: um jovem que mora no Condomínio dos Securitários, na Av. Pinto de Aguiar, e estuda no Colégio Salesiano D. Bosco, se tivesse facilidade de travessia, poderia ir andando para a escola. São apenas 1.250m de distância no plano (ver trilha verde no mapa acima). Entretanto, o estudante acaba usando outro meio de transporte, pois a travessia para o pedestre naquele lugar é muito complicada sem sinaleiras ou passarelas. A passarela mais próxima da casa de nosso estudante fictício aumentaria o percurso dele em 800 metros, com subidas e descidas (trilha vermelha).

Figura 4: Mapa Av. Bonocô/Ogunjá e seus pontos de difícil travessia. Composição própria.

Como sofrem as pessoas que moram próximas às avenidas sem equipamentos para facilitar suas travessias diárias! Outro ponto que chama a atenção é a avenida Bonocô, nas proximidades da entrada do Ogunjá. Os moradores do Condomínio Pedras do Vale e da Rua Rodolfo Pimentel, para chegar ou sair de casa, precisam fazer a travessia da avenida. Sempre que circulo por lá, vejo alguém tentando atravessar naquele ponto.

Figura 5: Pessoa tentando atravessar próximo ao Cond. Vale das Pedras.
Imagem do Google Street View.

O trânsito faz parte de um sistema que tem que ser fluido e eficiente, mas só representa 20% do sistema. Quando se investe só nele, estamos comprometendo o funcionamento dos outros 80% do sistema, que perdem em eficiência. Vale lembrar que a pesquisa de Mobilidade Urbana da Região Metropolitana de Salvador 2013 mostra que de todos os deslocamentos realizados na cidade, menos de 20% são feitos de carro e os demais são a pé ou de transporte público. Por isso, a excessiva fluidez do trânsito compromete muito a mobilidade dos demais meios, principalmente do pedestre e do ciclista. E todo usuário de transporte público é também pedestre nos deslocamentos até o ponto de ônibus.

Figura 6: Pessoas atravessando a via sem a existência de equipamento de apoio.
Imagem Google Street View.

Figura 7: Bancos e ciclovia instalados em canteiro central sem acesso para as pessoas.
Imagem Google Street View.

Quanto mais se investe na fluidez do tráfego, mais se gera congestionamento. E quanto mais se investe em outros modos, aumentando as possibilidades para os meios não motorizados e priorizando o pedestre, o transporte público, a redução da velocidade máxima dos carros e as facilidades para as travessias dos pedestres, mais pessoas poderão deixar seus carros em casa e optar por um meio de transporte mais saudável, econômico e ecológico. Essa é uma tendência em todos os grandes centros do mundo, a exemplo de Nova Iorque, Barcelona e Amsterdã.

 Fonte: Portal Mobilize 

A saída é andar a pé

 

Calçadas - Foto - Edvaldo Rodrigues DP/D.A.Press

“O pedestre é o elemento mais fraco da cadeia alimentar da mobilidade”. Com essa frase, o consultor em gestão empresarial Francisco Cunha iniciou sua palestra, na última quarta-feira (7), durante a assembleia geral do Observatório do Recife.

Ancorado no tema “Caminhar é preciso – Considerações gerais em homenagem ao Dia Nacional do Pedestre”, o encontro também contou com a apresentação do engenheiro e ex-vereador, Luiz Helvécio.

“Por que é imprescindível andar?”, questionou Francisco Cunha. Para responder, o consultor fez uma explanação sobre a trajetória do homem no planeta, mostrando o mapa da expansão humana. Originados dos primatas, há duas grandes características que diferenciam os humanos das suas origens: a capacidade de pegar um instrumento com precisão, por exemplo, e a capacidade de andar na posição ereta, explicou.

Em seguida, Cunha apresentou as diversas razões por que caminhar é preciso. “Andar é o exercício mais natural que existe, é a melhor forma de manter contato com a natureza. Ajuda a pensar e facilita o raciocínio. É um modo eficaz de espantar a tristeza e, o principal, é o que nos faz humanos”, completou.

A mobilidade é o grande desafio das cidades contemporâneas, em todas as partes do mundo, ressaltou: “Já tivemos a ilusão que resolveríamos nossos problemas de carro, mas isso não ocorre mais. A saída é andar”, disse.

Calçadas do Recife

Atualmente, no Recife, 70% das pessoas usam as calçadas e 30% utilizam o carro para se locomover. Segundo estudos realizados em São Paulo, a frota no Recife em 2020 vai duplicar.

“Andar a pé é um modal, que deve vir combinado a outros, e a calçada é a via principal da cidade. É vital que haja mais opções para as pessoas se deslocarem de um lugar para o outro”, acentuou Cunha. “Se a gente quiser salvar a cidade e sair dos engarrafamentos temos que voltar a andar. É, inclusive, uma forma de não morrermos de raiva”, declarou.

Para o engenheiro Luiz Helvécio, a situação das calçadas na capital pernambucana está caótica e os pedestres correm riscos diariamente. “Há uma estatística feita em São Paulo afirmando que a segunda causa de problemas ortopédicos são as calçadas. Então, é um assunto que tem que ser resolvido. O uso inadequado, como o estacionamento de um automóvel impossibilitando a passagem do pedestre é outra questão que faz com que quem esteja passando nessas áreas corra perigo”, declarou.

Fonte: Portal Mobilize

Conheça os 10 semáforos do Recife mais demorados para o pedestre

 

Dia muundial do pedestre - Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press

No dia mundial do pedestre, um alerta para a falta de priorização nas travessias. Um exemplo matemático: o tempo dos semáforos.Acompanhe o levantamento feito pelo repórter Glynner Brandão.
Ranking

Semáforo 137 (16h30 às 19h30)
Onde: Avenida Herculano Bandeira
Tempo para os pedestres: 23”
Tempo para os veículos: 5’37”
Fluxo diário de veículos: 57 mil
Número de semáforos da via: 3

Avenida Abdias de Carvalho (6h às 9h)
Tempo para os pedestres: 18”
Tempo para os veículos: 1’59”
Fluxo diário de veículos: 56 mil
Número de semáforos da via: 10

Avenida Cruz Cabugá (6h às 9h30)
Tempo para os pedestres: 22”
Tempo para os veículos: 1’53”
Fluxo diário de veículos: 21 mil
Número de semáforos da via: 9

Av. Agamenon Magalhães (16h30 às 20h30)
Tempo para os pedestres: 22”
Tempo para os veículos: 1’53”
Fluxo diário de veículos: 81 mil
Número de semáforos da via: 15

Avenida Norte (6h às 9h30)
Tempo para os pedestres: 24”
Tempo para os veículos: 1’51”
Fluxo diário de veículos: 53 mil
Número de semáforos da via: 21

Avenida Recife (6h30 às 9h)
Tempo para os pedestres: 18”
Tempo para os veículos: 1’47”
Fluxo diário de veículos: 54 mil
Número de semáforos da via: 21

Avenida Boa Viagem (6h às 10h)
Tempo para os pedestres: 19”
Tempo para os veículos: 1’41”
Fluxo diário de veículos: 29 mil
Número de semáforos da via: 28

Av. Conselheiro Rosa e Silva (6h às 9h30)
Tempo para os pedestres: 21”
Tempo para os veículos: 1’39”
Fluxo diário de veículos: 21 mil
Número de semáforos da via: 19

Av. Mascarenhas de Morais (10h às 20h30)
Tempo para os pedestres: 20”
Tempo para os veículos: 1’35”
Fluxo diário de veículos: 56 mil
Número de semáforos da via: 24

Avenida Conde da Boa Vista (16h30 às 19h30)
Tempo para os pedestres: 22”
Tempo para os veículos: 1’33”
Fluxo diário de veículos: 12 mil
Número de semáforos da via: 7

Fonte: CTTU

Zonas verdes no lugar das vagas de estacionamento nas zonas azuis

 

estacionamentos verdes - arte- mobilidade verde

Imaginem se mais de duas mil vagas de Zona Azul no centro do Recife dessem lugar a espaços de convivência para o pedestre ou espaços para ciclovias. A ideia da criação de zonas verdes em São Paulo tem o objetivo de melhorar a harmonia nos ambientes urbanos. Confira a reportagem publicada no Portal Mobillize sobre a iniciativa do Instituto Mobilidade Verde.

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A partir de segunda-feira (12) os paulistanos poderão experimentar usos alternativos para espaços públicos normalmente utilizados como estacionamentos de carros. As chamadas “zonas verdes” são faixas do asfalto que serão isoladas e ocupadas com jardins, praças, praias, cafés, palcos artísticos e outros usos criativos.

A iniciativa é do Instituto Mobilidade Verde, do grupo Design Ok e do movimento Gentilezas Urbanas do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo), com apoio dos escritórios de arquitetura Zoom e H2C

O objetivo, explica Lincoln Paiva, diretor do Mobilidade Verde, é promover o diálogo com a sociedade sobre as possibilidades de ocupação dos espaços públicos e o uso do solo urbano com equidade entre pedestres e veículos.

As “Zonas Verdes”, explica Paiva, foram inspiradas nos “parklets” criados em São Francisco (EUA), e surgem como forma de converter o espaço de estacionamento de automóvel na via pública em área recreativa temporária. A proposta inclui a instalação de áreas de lazer e convívio entre as pessoas em espaços anteriormente ocupados por carros, bem como em áreas que podem ativar determinadas ruas, bairros ou cidades.

Zona Azul x Zona Verde

“Em contraponto às áreas de Zona Azul – estacionamento rotativo pago, em áreas públicas –, estamos propondo para a cidade de São Paulo a criação das Zonas Verdes, que são pequenas áreas de lazer instaladas em espaços destinados ao estacionamento de carros e, assim, transformá-las em locais para os pedestres. Desta maneira, ruas e bairros ficarão mais humanos e amigáveis e se transformarão em locais de convívio e apreço do comércio local”, explica Lincoln Paiva.

O projeto Zonas Verdes está organizado em três etapas. A primeira consiste em apresentar o projeto durante o Festival de Design DW!, evento de quatro dias, para que os cidadãos possam conhecer o conceito das Zonas Verdes.

A segunda etapa ocorrerá durante a Bienal de Arquitetura, ocasião em que as Zonas Verdes ficarão montadas durante um mês. Neste período, o grupo irá convidar a sociedade, os institutos e o poder público para debater questões relevantes sobre mobilidade urbana e a possível implantação das Zonas Verdes na cidade.

Será apresentado um estudo desenvolvido pelo Instituto Mobilidade Verde com dados sobre o monitoramento das Zonas Verdes e a participação da sociedade. Este estudo será compartilhado com os cidadãos e o poder público da cidade de São Paulo.Como resultado, na terceira etapa espera-se que a Prefeitura de São Paulo inclua as Zonas Verdes nas políticas públicas para a cidade.

Objetivos do projeto “Zonas Verdes”

1. Debater com a sociedade e  dialogar  com o poder público as condições dos espaços urbanos, seus modos de uso e ocupação;

2. Estimular o desenvolvimento de políticas públicas que permitam a  implantação permanente das Zonas Verdes, tornando as ruas mais seguras, equitativas e humanas;

3. Discutir amplamente o papel da cidade voltada para as pessoas e os pedestres, bem como o uso do solo com equidade;

4. Aumentar o espaço público por pessoa na cidade, tornando ruas e  bairros mais humanos e amigáveis, ativando o convívio e o comércio local;

5. Discutir o espaço dos automóveis na cidade;

6. Estabelecer um canal de diálogo com a  sociedade para debater a forma de ocupação dos espaços e descobrir qual a maneira mais adequada de transformar a cidade em um espaço melhor, mais humano e gentil para todos.

Fonte: Portal Mobilize

Um novo olhar para as calçadas

Calçadas - Foto - Edvaldo Rodrigues DP/D.A.Press

Por

Tânia Passos

Mudar a concepção de calçadas estreitas e ocupadas com árvores, como a maioria dos passeios do Recife, sempre pareceu uma missão impossível. A discussão normalmente paira na impossibilidade de remover árvores ou ainda em desapropriar imóveis para alargar as calçadas. Até então, não havia se pensado em fazer um caminho bem mais curto. E por que não avançar o passeio para a faixa de rolamento dos carros?

Pois, é exatamente isso que está sendo estudado pelo Instituto da Cidade Pelópidas Silveira, a apartir de um estudo da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). A ideia de estreitar as vias para o carro em benefício do pedestre e do ciclista é uma medida politicamente correta, mas vai fazer muito barulho.

O alargamento dos passeios não ocorrerá em todas as vias. Cada rua, segundo a presidente do Instituto, Evelyne Labanca, terá uma solução diferenciada. O estudo da CTTU já aponta, inclusive, quais as vias poderão ter os estacionamentos públicos eliminados. Na verdade, a medida servirá para o aproveitamento eficiente do espaço, que hoje serve de estacionamento.

Então, na prática, não reduzirá as faixas que hoje sobram para os carros. Na maioria das ruas do Recife, as vias com até quatro faixas, só funcionam duas. Nesse caso, os motoristas nem teriam motivos para reclamar. Então, quando começa?

Pedestres lideram ranking de mortes em acidentes de trânsito em SP

 

Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press

Levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que 39% das mortes no trânsito notificadas no Estado foram de pedestres. Em comparação com o número de vítimas fatais de acidentes envolvendo veículos automobilísticos, motos e bicicletas, as vítimas de atropelamentos lideram o ranking de óbitos.

Do total de 5.394 mortes por acidentes de trânsito notificadas no Estado em 2011, 2.114 foram de pedestres, 1.721 de motociclistas, 1.273 de passageiros de veículos automobilísticos e 286 de ciclistas. Entre os tipos de colisões mais fatais estão, respectivamente, a de pedestres com automóveis, ônibus e veículos motorizados de duas ou três rodas.

Em relação a 2010, quando foram notificados 1.968 óbitos por atropelamentos no Estado, o número de mortes registrados no Estado foi 9% maior em 2011. O número de internações de pedestres também apresentou aumento, passando de 10.155 em 2010 para 10.548 em 2011. Em relação às internações, o número de vítimas de atropelamentos é menor somente ao de motociclistas.

“Quando o pedestre é atingido por um veículo, toda a energia do impacto é transferida para a vítima, que não possui dispositivos de segurança, como cinto de segurança, estofados, air bags, barras de proteção, entre outros, para minimizar a energia liberada após a batida. Mesmo motocicletas ou bicicletas são capazes de causar mortes por conta desta transferência de energia. Além disso, por ser muito frágil quando exposto aos acidentes com outros veículos, o corpo humano fica vulnerável a traumas graves que podem comprometer funções vitais”, diz Gustavo Feriani, supervisor médico do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgência (Grau) da Secretaria.

Dez dicas para evitar os acidentes com pedestres

A Secretaria de Saúde sugere algumas dicas para evitar atropelamentos. O Mobilize comenta algumas dessas sugestões.

1. Atravesse a rua sempre na faixa de pedestre
A sugestão é óbvia, mas nem sempre cumprida. O problema é que nem sempre a faixa existe, ou às vezes está mal conservada ou não é dotada de rampas de acessibilidade. E faltam semáforos de pedestres. No entanto, mesmo com semáforo e faixa, não dê mole para o azar: alguns motoristas ainda não respeitam seres caminhantes.

2. Use viadutos, pontes ou passarelas para atravessar grandes avenidas e estradas
Passarelas deveriam ser melhor cuidadas pelas autoridades para estimular a travessia. Algumas se transformam em “banheiros públicos” ou depósitos de lixo. Quanto aos viadutos, alguns deles, como o Pacaembu, em S. Paulo, não têm calçadas. Daí fica muito difícil e perigoso caminhar nesses locais.

3. Não deixe as crianças sozinhas na hora de atravessar
No Brasil, crianças não podem ir à escola sozinhas? Atenção motoristas: as crianças tem prioridade. Os carros devem parar e esperar que elas passem.

4. Tenha cuidado com as crianças que brincam em áreas de circulação de veículos
Vale o conselho anterior: crianças têm prioridade. Carros, motos e bicicletas devem parar e esperar que elas passem. Em ruas residenciais, se a velocidade permitida não ultrapassasse nunca os 20 ou 30 km/h, as crianças teriam mais segurança para brincar.

5. Respeite os limites de velocidade
Se possível, reduza a velocidade a 40 km quando estiver dentro de uma cidade. E, em alguns trechos residenciais e proximidades de escola, tire o pé e circule a 20 km ou 30 km por hora. Fica mais fácil parar e evitar acidentes.

6. Respeite as faixas de pedestres e os sinais de trânsito
Parece óbvio, mas não é. E algumas faixas de pedestres não são visíveis para os motoristas. Atenção autoridades: é preciso sinalizar – à distância – a aproximação de uma faixa de pedestres: placas, sinalização de piso e luminosos são indicados para os pontos mais perigosos.

7. Sempre olhe para os dois sentidos antes de iniciar a travessia
Atenção pedestre: olhe mesmo porque há motoristas, motociclistas e ciclistas que insistem em circular na contramão.

8. Não dirija alcoolizado
Óbvio, mas o conselho vale também para motociclistas e ciclistas.

9. Não ande na via destinada para o trânsito de veículos
Atenção autoridades: em alguns locais é impossível andar na calçada, isso quando existe calçada.

10. Mesmo quando o trânsito estiver parado, tenha cuidado com as motos que trafegam pelos corredores
Comentário: pelo Código Brasileiro de Trânsito, as motos não poderiam andar pelos corredores entre os carros. Por que as autoridades não impedem essa prática?

11. Um ponto adicional, agora para as autoridades
Semáforos para pedestres devem ser programados para pessoas comuns, não para atletas velocistas. Nem todo mundo pode atravessar as ruas correndo, como coelhos acuados, como diz o arquiteto e professor Alexandre Delijaicov. Idosos, por exemplo. E o Brasil está se tornando um pais de velhinhos. Os carros podem esperar.

Fonte: Secretaria de Saúde de SP (Via Portal Mobilize)