O metrô do Recife e a privada

 

Estação Werneck do metrô, Linha Centro, Recife - Foto Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press
Estação Werneck do metrô, Linha Centro, Recife – Foto Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press

A paralisação do metrô, no último final de semana, a partir de uma decisão dos próprios funcionários do sistema que se recusaram a trabalhar por causa da falta de segurança, chama atenção para um grave problema no transporte público: o vandalismo das torcidas dos times pernambucanos. Os trens e as estações do sistema foram alvo de ataques de vândalos. Até pedras foram arremessadas contra os veículos. Pelo menos dessa vez, não lançaram nenhuma privada. Em maio do ano passado, uma pessoa morreu ao ser atingida por privada lançada da arquibancada no estádio do Arruda.

Não por acaso, a violência das torcidas tem trazido intranquilidade aos trabalhadores do metrô. E não apenas a eles, os ônibus também são alvo da fúria de torcedores nos dias de jogo. A Avenida Conde da Boa Vista, por exemplo, tem sido um verdadeiro saco de pancadas. E quem responde por isso? A propagação da violência encontra espaço, onde a punição é artigo de luxo.

Uma vez ouvi de um consultor em trânsito, que segurança não é um problema do transporte público, mas sim uma questão de polícia. Parece lógico, mas não há como a polícia estar presente em todas as estações, paradas, ônibus e trens. É impossível garantir esse tipo de segurança. As empresas também precisam oferecer segurança própria e dispor de uma forma mais eficaz para se comunicar com a polícia, sempre que necessário.

No final de semana passado, a Secretaria de Defesa Social (SDS) chegou a apresentar um plano de segurança com 68 policiais para fazer a segurança no metrô e não foi suficiente.O Sindicato dos Metroviários chamou atenção para o fato dos policiais não terem sido posicionados nas estações. Isso talvez possa ser melhorado, mas o fato é que há uma insegurança no sistema não apenas para os trabalhadores, mas também para os usuários. A mudança só será sentida quando a punição passar a ser encarada na medida da responsabilidade de quem a pratica, assim como a prisão dos que lançaram a privada matando uma pessoa.

Calçadas com ou sem camelôs ?

 

Policiamento para impedir camelôs na Avenida Conde da Boa Vista Foto Júlio Jacobina DP/D.A.Press
Policiamento para impedir camelôs na Avenida Conde da Boa Vista Foto Júlio Jacobina DP/D.A.Press

Em se tratando do Recife, a pergunta pode até parecer descabida, afinal somos a terra dos mascates. Mas o fato é que a ocupação dos espaços públicos há muito tempo já ultrapassou a barreira do razoável. Em alguns pontos da cidade, o pedestre precisa pedir licença para passar em um espaço que é essencialmente seu. Tratar do comércio informal na cidade é uma tarefa, no mínimo, inglória para o Controle Urbano. Mas pior do que ter o trabalho e o desgaste na remoção é permitir a fixação.

Em 2008, quando a Avenida Conde da Boa Vista foi “requalificada” a um custo de R$ 14 milhões com a instalação do corredor central de ônibus, as calçadas foram todas refeitas com tijolos intertravados para facilitar a acessibilidade. Na ocasião, todos os ambulantes foram retirados da avenida e relocados para vias transversais. Não precisou de muito tempo para que os camelôs voltassem a ocupar o corredor, cuja artéria é o principal acesso ao Centro da cidade. A Conde da Boa Vista foi novamente tomada e as transversais continuaram ocupadas.

A cada ano, o número de ambulantes na cidade só aumenta. Além do problema social é inegável a facilidade que eles encontram para se apropriar de um pedaço da calçada que passa a ser seu. A retirada do comércio informal das calçadas é um alívio para o pedestre. A área do passeio parece maior e mais limpa. A falta de espaço, além do incômodo é também mais inseguro.

O desafio do poder público, agora, é dar melhores condições para o setor informal. O projeto dos shoppings populares é uma alternativa, principalmente por estarem projetados em áreas próximas ao corredor central. A expectativa, no entanto, era que a ação ocorresse após a entrega dos centros de compra, mas o município decidiu se antecipar e uma das razões é que o número de ambulantes já ultrapassou os que foram cadastrados em 2013. E para quem chegou depois, o recado é que não há nada para eles. É preciso ir atrás de outra freguesia. Talvez a própria Conde da Boa Vista depois que a poeira baixar.

Recife faz 5,4 km de ciclofaixas em dois anos. A meta é 76 km em 4

 

Ciclofaixa da Rua da Aurora, no Recife - Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Ciclofaixa da Rua da Aurora, no Recife – Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

Depois do sucesso da ciclofaixa de lazer no Recife, que dispõe de 35,6km de rota e um batalhão de monitores para garantir a segurança dos ciclistas de fim de semana, ainda não se pode dizer o mesmo das ciclofaixas de todos os dias. O município dispõe atualmente de 33 km de rotas cicláveis. Dessas, 5,4 km foram implantadas pela atual gestão, que tem meta de chegar a 76 km. Na prática, foram implantados em dois anos menos de 10% do previsto.

Uma avaliação feita pela Associação Metropolitana dos Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) ressalta não apenas a demora na instalação de mais rotas na cidade, mas também o problema de criar traçados que não obedecem o caminho natural do ciclista. Um relatório feito pela Ameciclo aponta que a ciclofaixa do bairro de Campo Grande, por exemplo, termina e recomeça em trechos interrompidos para evitar conflitos com as vagas de automóveis nas ruas. Por causa disso, há trechos em que a ciclofaixa acaba e o ciclista se depara com uma contramão.

A análise feita pela Ameciclo não chega a surpreender, mas apenas reforça o poder que o automóvel tem no espaço urbano, até mesmo quando está parado. O Plano de Mobilidade do Recife, que foi enviado para ser votado na Câmara, na gestão passada, voltou para o executivo e até hoje não foi votado. Nele, estavam previstos 400 km de rotas cicláveis na cidade em até duas décadas. No atual ritmo iremos precisar de 160 anos para chegar aos 400km.

Um novo olhar para o transporte integrado fora dos terminais

 

Terminal da Macaxeira - Foto - Hélder Tavares DP/D.A.PressA estudante Thâmara Morais, 23 anos, nasceu no mesmo ano em que foram inaugurados os dois primeiros terminais integrados do Recife: PE-15 e Macaxeira. Sete anos anos antes dela nascer, o modelo do sistema integrado já havia sido idealizado.

A estudante Thâmara Morais faz duas integrações  por dia Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
A estudante Thâmara Morais faz duas integrações por dia Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

É graças a esse sistema de integração que Thâmara e um universo de quase um milhão de usuários paga apenas uma passagem por dia para se deslocar para qualquer município da Região Metropolitana do Recife. O modelo do SEI, uma criação genuinamente pernambucana, se tornou referência no país. Trinta anos depois, no entanto, especialistas discutem a necessidade de modernizar o sistema com integrações fora dos muros dos terminais.

Para chegar de sua casa na Várzea para a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde está concluindo o curso de Serviço Social, Thâmara faz duas integrações. Ao entrar no sistema pelo metrô, na estação Ipiranga, ela paga a tarifa de R$ 1,60. Na estação Barro, ela pega o ônibus até o terminal da Macaxeira e de lá a linha Barro/Macaxeira Várzea. “Às vezes demora mais de uma hora por causa do trânsito. Mas prefiro do que pagar duas passagens”, explicou.

Terminal Pelópidas Silveira, na PE-15, inaugurado em 2009 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Terminal Pelópidas Silveira, na PE-15, inaugurado em 2009 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press

A premissa básica do SEI de inclusão social permitindo uma única tarifa para o sistema é sua maior conquista. Mas outro fator começa a pesar e é determinante para atrair novos usuários: o tempo. Para o professor de engenharia da UFPE, Maurício Andrade, o SEI está falhando nesse quesito. “As pessoas estão perdendo muito tempo nas integrações e há um nível muito alto de desconforto”, afirmou.

A doméstica Maria do Carmo Queiroz, 51 anos, pega três ônibus por dia. Ela reconhece a vantagem de pagar só uma passagem, mas gostaria de encurtar as viagens. “Se pudesse ser pelo menos dois ônibus para chegar onde trabalho, seria melhor. Perco quase duas horas por dia para ir e voltar”, criticou.

O professor Maurício Andrade defende a criação de linhas diretas dentro do SEI com o objetivo de reduzir as integrações. “Para um determinado público, o tempo é mais relevante .Talvez esteja na hora de criar alternativas de linhas diretas, mesmo que o preço seja maior. A pesquisa de origem e destino que será feita poderá identificar se há demanda para esse tipo de serviço”, apontou.

Também defensor de modernizar o sistema, o diretor de planejamento do Grande Recife, Maurício Pina, sugere a integração fora dos terminais. “A essência do SEI deve ser mantida, mas devemos aproveitar o potencial tecnológico existente hoje e que não havia naquela época para que as integrações também possam ser feitas fora dos terminais”, afirmou.

 

Avenida Conde da Boa Vista funciona como um terminal de integração com passagem
Avenida Conde da Boa Vista funciona como um terminal de integração com passagem

Especialista em mobilidade o engenheiro Germano Travasso, que é um dos pais do modelo do SEI, explica que o sistema já previa a integração temporal. “o SEI previa integrações entre linhas convencionais. Para tal, era necessário consolidar primeiro a macro estrutura do sistema, os Corredores Estruturais, e só então promover integrações temporais entre as linhas remanescentes. Seria inadequado promover integrações generalizadas com a rede atual de linhas, cheia de irracionalidades. Caso venha a ser feito, aumentará as ineficiências e, consequentemente o valor das tarifas pagas pelos usuários”, afirmou.

Uma das estações do BRT em Obras - Foto - Nando Chiappetta
Uma das estações do BRT em Obras – Foto – Nando Chiappetta

Trinta anos e não ficou pronto

Os técnicos que idealizaram o SEI há 30 anos imaginaram uma metrópole cortada por sete radiais (vias verticalizadas) cruzando com quatro perimetrais (vias horizontais) e nas interseções os terminais integrados. Na década de 1990, foram construídos os sete primeiros terminais de integração dos 25 previstos. Na década seguinte, outros seis foram entregues, totalizando 13 em 20 anos.

Nos últimos dez anos, sete outros equipamentos foram inaugurados e outros cinco ainda estão em obras com previsão para este ano, depois de vários adiamentos. “Não se pode negar os investimentos que foram feitos nestes últimos anos para o transporte público depois de um longo período de abandono”, apontou Maurício Pina.

Mas há outras intervenções que também foram esquecidas. Das quatro perimetrais previstas até hoje há apenas a primeira. As perimetrais 2,3 estão com os projetos na prefeitura do Recife e a 4ª perimetral  localizada na BR-101 está com o estado. A obra chegou a ser licitada, mas  as obras não foram iniciadas.

Estudo medirá qualidade do transporte público na RMR

 

Terminal Pelópidas Silveira, na PE-15, inaugurado em 2009 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Terminal Pelópidas Silveira, na PE-15, inaugurado em 2009 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press

No momento em que se discute o aumento da tarifa de ônibus na Região Metropolitana do Recife, há outro ponto, talvez o mais importante, que não pode ser esquecido: a qualidade do serviço. Além da pesquisa de origem/destino, que será licitada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano para nortear futuros investimentos, também será feito, a partir de março, um diagnóstico da qualidade do sistema.

O Recife será a primeira capital brasileira contemplada com o estudo da Corporação Andina de Fomento (CAF), uma ONG latino-americana que pesquisará junto ao usuário os pontos positivos e negativos de toda a cadeia. Serão analisados 17 atributos, incluindo tempo de espera, segurança, condições das paradas e terminais, atendimento dos profissionais, condições dos veículos e segurança.

Eliseu Bandeira elogia a estrutura do Terminal Pelópidas, mas reclama da demora Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Eliseu Bandeira elogia a estrutura do Terminal Pelópidas, mas reclama da demora Foto – Bernardo Dantas DP/D.A.Press

A pesquisa, que já foi feita em Buenos Aires, Argentina, irá contemplar agora o Recife e Lima (Peru). “Essa pesquisa estava prevista para ser feita em Bogotá (Colômbia), mas conseguimos trazê-la para o Recife. Será importante termos esse retrato nos 14 municípios da RMR”, ressaltou Maurício Pina, diretor de Planejamento do Grande Recife.

Terminal de Sítio Novo, em Olinda foi improvisado em paradas de ônibus. Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Terminal de Sítio Novo, em Olinda foi improvisado em paradas de ônibus. Foto – Bernardo Dantas DP/D.A.Press

Não é difícil imaginar as respostas dos usuários. Sempre haverá o que melhorar, mas há situações piores que outras. O Diario visitou, ontem, três tipos de terminais de ônibus na RMR. No corredor Norte/Sul, por onde passa o BRT, visitamos o Pelópidas da Silveira, inaugurado em 2009. As instalações não estão entre as maiores críticas, mas sim o longo tempo de espera. “Os ônibus são bons e aqui tem BRT. A demora poderia ser menor”, diz Eliseu Bezerra, 55 anos.

Fora dos terminais do Sistema Estrutural Integrado (SEI), a situação é mais complicada. Em Jardim Brasil 2, Olinda, a estrutura tem pouco espaço para o usuário. “Os ônibus poderiam ser mais confortáveis. Não têm ar-condicionado. O terminal também não é bom”, avalia Rafael Martins, 25, estudante.

A cozinheira Rafaela Ferreira reclama da estrutura do Terminal de Sítio Novo Foto: Bernardo Dantas DP/D.A.Press
A cozinheira Rafaela Ferreira reclama da estrutura do Terminal de Sítio Novo Foto: Bernardo Dantas DP/D.A.Press

Mas há situações piores. Em Sítio Novo, Olinda, os ônibus ficam na rua. “O terminal é ruim, os ônibus são velhos e faz muito calor. Também demora muito”, reclama Rafaela Ferreira, 26, cozinheira.

A reunião que definirá o valor da passagem, no Conselho Superior de Transporte, está prevista para amanhã, às 8h. Mas o Ministério Público se reunirá hoje com o Grande Recife para pedir adiamento e maior discussão com a sociedade.

Saiba Mais

Conheça os 17 atributos que serão analisados na pesquisa da CAF

8 atributos (serviço):
–    Rapidez
–    Tarifa
–    Conforto
–    Segurança (acidente/ violência)
–    Confiabilidade
–    Intervalo
–    Desvios de rotas
–    Informações

2 atributos sobre o pessoal de operação:
–    Prudência na condução do veículo
–    Boa apresentação (asseio, uniforme)

4 atributos sobre as estações e paradas:
–    Higiene
–    Comodidade
–    Sistema de informações
–    Compra de bilhete de passagem

3 atributos sobre os veículos:
–    Comodidade (assento, iluminação)
–    Informação ao usuário no interior do veículo
–    Acessibilidade aos veículos

Fonte: Corporação Andina de Fomento

Região Metropolitana do Recife terá pesquisa de origem e destino

Engarrafamento Recife Foto - Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Engarrafamento Recife Foto – Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Foi há 18 anos que a Região Metropolitana do Recife teve a sua última pesquisa de origem/destino. Em 1997, quando foram coletados os dados, a frota da RMR era de menos de 500 mil veículos. Em menos de duas décadas o número de veículos cresceu quase três vezes. A pesquisa, no entanto, foi a principal base para a elaboração do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) de 2008, que estabeleceu as linhas dos investimentos que resultaram, por exemplo, nos dois corredores exclusivos de ônibus do sistema BRT. O Norte/Sul e o Leste/Oeste, ainda em implantação.

A ausência de uma nova pesquisa, que fornece o retrato dos diversos tipos de deslocamentos, sempre foi um ponto fora da curva no planejamento das obras de mobilidade. O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano anunciou, apóos quase duas décadas, que irá licitar o estudo até março. “Já recebemos sinal verde do governador e do secretário das Cidades, André de Paula. O termo de referência foi feito e esperamos que até o início do próximo semestre a pesquisa esteja concluída”, afirmou o presidente do Grande Recife, Francisco Papaleo.

A pesquisa foi uma das sugestões apresentadas pelo novo diretor de planejamento do Grande Recife, Maurício Pina, também professor de engenharia da UFPE. Ele sempre criticou a falta de dados de deslocamento para planejar as ações futuras. “Nós temos dois corredores de BRT, mas é provável que a RMR já necessite de mais transporte de maior capacidade, como o metrô e a pesquisa vai poder nos mostrar isso.”

Além do aumento da frota, também surgiram polos de tráfego que mudaram a lógica dos deslocamentos. Quem poderia prever o fenômeno de Suape ou o polo industrial de Goiana? “Teremos o Arco Metropolitano, os corredores de BRT, o ramal da Agamenon. Isso tudo mudo as formas de deslocamento”, ressaltou Francisco Papaleo.

Para o coordenador no Nordeste da Agência Nacional de Transportes Públicos, César Cavalcanti, a pesquisa trará um diagnóstico. “Essas informações são fundamentais para o planejamento das ações futuras. As cidades estão completamente mudadas.”
Ainda segundo o especialista, é importante também saber como o pedestre e o ciclista estão se deslocando. “As políticas públicas para os meios de transporte não motorizados devem ter como instrumento esse público, quase sempre esquecido”, declarou.
Como era e como é o cenário da RMR

Veículos
1997 – Frota de veículos na RMR era de 489.476
2015 – Frota de veículos na RMR é de 1.229. 682

População
1997 – População da RMR era de 2,9 milhões (Censo de 1990)
2015 – População da RMR é de 3,6 milhões (Censo de 2010)

Obras de mobilidade previstas no PDTU de 2008
Corredor exclusivo de ônibus Norte/Sul
Corredor exclusivo de ônibus Leste/Oeste
Corredor exclusivo de ônibus na BR-101 (4ª Perimetral) não implantado
Arco Metropolitano (não implantado)
2ª e 3ª Perimetrais (não implantadas)

Fonte: IBGE e PDTU

 

Tarifa de ônibus no Recife poderá ficar em R$ 2,30 com IPCA de 6,6%

 

Ônibus que circulam no Grande Recife deverão sofrer reajuste nas passagens Foto - Roberto Ramos DP/D.A.Press
Ônibus que circulam no Grande Recife deverão sofrer reajuste nas passagens Foto – Roberto Ramos DP/D.A.Press

O aumento no valor das passagens de ônibus na Região Metropolitana do Recife em 2015 parece ser consenso entre governo e empresários do setor. Falta definir, no entanto, o percentual. Os empresários pedem reajuste de 24%, que elevaria a tarifa do anel A de R$ 2,15 para R$ 2,67.

Já o presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, Francisco Papaleo, empossado ontem no cargo, quer usar como base o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que ainda não foi divulgado, mas deverá ficar em torno de 6,6%. A passagem iria para R$ 2,29, podendo ter o valor arredondando pela Agência de Regulação de Pernambuco para R$ 2,30.

Essa margem elástica abre espaço para discussões e motiva um início de resistência. Em reunião realizada na noite de ontem, a Frente de Luta pelo Transporte Público marcou para a sexta-feira, às 8h, um protesto em frente à sede do Grande Recife, em Santo Antônio. O objetivo é impedir a realização de uma reunião do órgão sobre a tarifa. “Não será reajuste.É, na verdade, uma recomposição do IPCA, que já era uma prática no governo Eduardo Campos e que será mantida no governo de Paulo Câmara”, afirmou Papaleo.

Presente à posse do novo presidente do Grande Recife, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), Fernando Bandeira, pretende iniciar as conversas sobre o futuro reajuste ainda esta semana. “Nossa expectativa é de agilizar as discussões. Nós estamos com um déficit insustentável no sistema”, revelou.

Abrir as contas do sistema é o que o defende a Frente. De acordo com Pedro Josephi, integrante do grupo, há um total desconhecimento sobre a receita e despesa do setor. “Nós defendemos uma auditoria no sistema. Pretendemos acionar o MPPE para que os empresários mostrem as contas e justifiquem o aumento.”

Saiba mais:

Como é como pode ficar o valor da tarifa na RMR
Anel A (responde por 70% do sistema)
R$ 2,15 é a tarifa atual
R$ 2,67 é a tarifa proposta pelos empresários (24% de aumento)
R$ 2,30 é a tarifa pelo IPCA (em torno de 6,59%) defendida pelo governo

Conheça algumas cidades onde já houve reajuste
Rio de Janeiro
De R$ 3,00 para R$ 3,40 – aumento de 13,3%

São Paulo
De R$ 3,00 para R$ 3,50 – aumento de 16,7%

Salvador
De R$ 2,80 para R$ 3,00 – aumento de 7,1%

Conheça as desonerações do sistema de transporte em Pernambuco

IPVA PE – 1% sobre o valor do veículo
ISS – Reduziu de 5% para 2% sobre o faturamento
RST (Remuneração por Serviços Técnicos) – 5,5% sobre o faturamento
COFINS – 3% (cobrança suspensa, atualmente está em 0%)
PIS – 0,65% (cobrança suspensa, atualmente está em 0%)
CSLL – 12% (Contribuição Social sobre Lucro Líquido)
Contribuição social – reduziu 2% sobre o faturamento
Encargos sociais – 70% sobre o salário. Não houve redução

* Tributos incidentes sobre os insumos (pneus, peças e acessórios, combustível), ICMS, IPI, PIS, COFINS

Fonte: Urbana-PE

 

CTTU usa simulação para alterar rotas no Recife e encontrar melhor caminho

 

Trânsito congestionado na Avenida Abdias de Carvalho Foto Ivan Melo Especial Dp/D.A.Press
Trânsito congestionado na Avenida Abdias de Carvalho Foto Ivan Melo Especial Dp/D.A.Press

Para evitar que as ruas se transformem em laboratórios urbanos, uma importante ferramenta que está em uso pelos técnicos da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) é o simulador de tráfego. A tecnologia permite, por meio de um software, analisar os impactos na circulação antes que se mude qualquer placa do lugar. Atualmente, os técnicos estão trabalhando na simulação de intervenções em seis pontos da cidade, entre eles, Casa Forte e Ilha do Leite. Mas há lugares como Parnamirim, onde os técnicos já lavaram as mãos. O que fazer em ruas saturadas em todos os lados?

Avenida Leonardo Cavalcanti, em Casa Forte, terá trânsito alterado Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Avenida Leonardo Cavalcanti, em Casa Forte, terá trânsito alterado Foto – Bernardo Dantas DP/D.A.Press

A tecnologia é eficaz à medida em que ajuda na criação de cenários possíveis. A CTTU fez uso dela pela primeira vez na Via Mangue. No local, foram feitas 20 simulações que identificaram problemas graves de congestionamento na pista Leste, prevista para fazer a circulação no sentido Zona Sul/Centro. A orientação foi de não abrir a pista para o tráfego e até hoje ela está sem uso. No caso da Via Mangue, a obra já estava pronta. O ideal é que a simulação seja feita antes das intervenções.

Técnicos da CTTU trabalham com simulador para melhorar trânsito no Recife Foto; Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Técnicos da CTTU trabalham com simulador para melhorar trânsito no Recife Foto; Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Cada cenário analisado amplia ou reduz as possibilidades de melhoria no tráfego. Outro desafio da equipe é trabalhar apenas com a logística.“Temos aumento do tráfego, temos pontes e rios e o desafio de mudar sem obras. No Parnamirim não há simulação que melhore o cenário existente”, avaliou a gerente de planejamento de mobilidade da CTTU, Sandra Barbosa.

Um dos nós a desatar fica no bairro de Casa Forte. A Rua Leonardo Cavalcanti, que desemboca na Avenida 17 de Agosto, recebe um grande fluxo e trava na saída. Os técnicos identificaram a necessidade de ampliar de duas para quatro faixas a saída da via nas imediações da Praça. “Não vamos intervir na praça, mas vamos fazer algumas modificações no gelo baiano para ampliar a capacidade de fluidez”, revelou Sandra Barbosa. “Também estamos criando outras opções de circulação para os motoristas evitarem a Leonardo Cavalcanti”, revelou.

Na Ilha do Leite, a simulação apontou a necessidade de inverter o trânsito na Rua Frei Matias Teves com a Estrada de Israel. “O trânsito ficará mais organizado, mas não houve um aumento da velocidade. Ainda estamos trabalhando outras simulações”, explicou o técnico Cristiano Resende, da Imtraff, empresa de consultoria de Belo Horizonte, em parceria com a CTTU.

Recife poderá ganhar faixa diagonal de pedestre na Conde Boa Vista

 

Cruzamento da Conde da Boa Vista com a Gervásio Pires poderá receber a faixa diagonal Foto Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Cruzamento da Conde da Boa Vista com a Gervásio Pires poderá receber a faixa diagonal Foto Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Uma ideia que surgiu no Canadá, na década de 1940, está aos poucos sendo retomada para facilitar a travessia de pedestre em cruzamentos. A faixa diagonal que liga os quatro lados de um cruzamento foi adotada em Tóquio, no Japão e em São Paulo. Um projeto piloto poderá ser implantado no Recife, em 2015. A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) estuda a possibilidade de trazer o modelo para o cruzamento da Avenida Conde da Boa Vista com a Rua Gervásio Pires. A proposta é reduzir o tempo de travessia de uma esquina à outra.

O local escolhido pela CTTU leva em conta o grande fluxo de pedestre. Segundo a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, a implantação do modelo será feita a partir dos resultados da experiência em São Paulo. “A faixa diagonal poderá resultar em um projeto piloto na Conde da Boa Vista. Vamos avaliar as vantagens do modelo para decidirmos sobre a implantação no Recife em até 60 dias”, revelou.

Em São Paulo, os primeiros números revelam uma economia de tempo na travessia do pedestre. No cruzamento das ruas Riachuelo com a Cristóvão Colombo, no Largo São Francisco, o pedestre economiza 28 segundos na travessia, que antes era feita em duas etapas e demorava 89 segundos. Para implantar o modelo, o tempo dos semáforos também é modificado, uma vez que todo o tráfego fica interrompido em todas as direções, ao mesmo tempo.

Cruzamento com faixa diagonal em São Paulo - Ilustração/Divulgação CET
Cruzamento com faixa diagonal em São Paulo – Ilustração/Divulgação CET

De acordo com o urbanista César Barros, as faixas diagonais aumentam a importância do pedestre, mas ainda não o transforma em protagonista. “Seria mais seguro para o pedestre a passagem em nível, uma vez que obriga o carro a reduzir a velocidade. A faixa diagonal traz mais importância para o pedestre, mas não significa necessariamente mais segurança.”

Para um dos coordenadores da Associação Metropolitana dos Ciclistas do Grande Recife Daniel Valença, as faixas diagonais ampliam o espaço de travessia. “A gente observa que as pessoas já fazem o cruzamento de forma desordenada. É uma forma de regulamentar uma atitude que já ocorre na prática e pode trazer mais segurança, uma vez que hoje não há fiscalização nas conversões feitas pelos motoristas”, detalhou.

Saiba mais

-Iniciativa foi na década de 1940 do engenheiro Henry Barnes

-O sistema foi usado pela primeira vez no Canadá

-O modelo caiu em desuso para privilegiar o tráfego de veículos

-A ideia é garantir mais conforto e segurança nas travessias

– pedestre economiza tempo na travessia

-São Paulo e Tóquio já adotaram as faixas diagonais

Outras experiências já importadas

Faixa azul para o ônibus no Recife - Foto - CTTU/Divulgação
Faixa azul para o ônibus no Recife – Foto – CTTU/Divulgação

A troca de experiências na engenharia de tráfego é sempre bem-vinda. Tudo pode ser copiado, desde que sejam feitos estudos para a realidade local. De acordo com a presidente da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Taciana Ferreira, pelo menos duas experiências adotadas em São Paulo e Rio de Janeiro foram implantadas no Recife.

De São Paulo, copiamos a experiência das faixas exclusivas do lado direito da via. O modelo BRS (Bus Rapid Service) é mais prático e fácil de ser implantado e permite que o carro possa fazer a conversão para entrar em algum estabelecimento ou residência ou ainda acessar um cruzamento. No Recife, o modelo ganhou o nome de Faixa Azul. O município projetou 12 corredores de faixas exclusivas.

Já os monitores de tráfego, os amarelinhos, foram inspirados no Rio de Janeiro. Eles ajudam a ordenar o trânsito, mas não têm automomia para aplicar multas. No Recife, cerca de 450 monitores de tráfego já foram contratados pelo município e trabalham para tentar ordenar o trânsito da cidade.

A era dos carros elétricos no Recife

 

Carro elétrico nas ruas do Recife Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press
Carro elétrico nas ruas do Recife Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press

Por

Rosália Vasconcelos

Entra em operação, no próximo dia 15, o sistema de compartilhamento de carros elétricos do Recife, primeira cidade brasileira a receber o Car Sharing. No primeiro mês o projeto funciona em fase de teste e apenas três veículos movidos à bateria serão colocados nas ruas. Eles poderão ser retirados em três estações localizadas nas ruas do Apolo (no prédio do Porto Digital) e Bione (em frente ao Cesar), ambas no Bairro do Recife, e na Rua do Lima, em Santo Amaro.

De acordo com a gerente de projetos do Porto Digital, Cidinha Gouveia, nessa fase inicial foram selecionados 20 usuários para utilizar o compartilhamento dos carros elétricos. “A cada mês vamos permitir que mais 20 pessoas usem o sistema, até que em março abrimos para toda a população”, explica. A medida é necessária para que o Porto Digital possa avaliar o sistema e reajustar detalhes.

Para quem for utilizar o carro elétrico pela primeira vez, terá que fazer o cadastro pessoalmente no escritório do Porto Digital para receber instruções e assinar um termo de responsabilidade, para eventuais cobranças por danos ou multas. Em seguida, será necessário baixar o aplicativo Porto Leve, dispositivo que vai permitir a retirada do veículo nas estações de compartilhamento.

Para usar o carro elétrico será necessário fazer um plano mensal no valor de R$ 30, a ser debitado no cartão de crédito. Além desse valor, o usuário paga uma taxa extra de R$ 20 por cada corrida de 30 minutos. Caso o motorista ultrapasse esse tempo, será cobrado R$ 0,75 por cada minuto adicional. As estações funcionam das 8h às 18h e o carros poderão ser devolvidos até as 19h.

Assim como funciona com as bicicletas compartilhadas, o aplicativo Porto Leve mostra as estações do projeto e o usuário precisa indicar a estação de origem para que o sistema verifique se há carros disponíveis naquele local. Também será preciso informar o destino, para garantir que haja vaga quando for devolver o carro. Cada estação conta com duas vagas exclusivas para os veículos elétricos. Segundo Cidinha Gouveia, além dessas vagas, ainda serão disponibilizadas áreas especiais nas vias públicas para os carros do Porto Leve.

“Se o motorista da reserva optar em oferecer carona para um usuário também cadastrado no sistema, o valor será dividido pelos dois”, explica Gouveia. Segundo ela, o compartilhamento de rota será possível porque antes da retirada do carro o usuário informará em qual estação devolverá o automóvel. O próprio sistema, gerenciado à distância pela Serttel, verificará se há outra pessoa interessada na rota e o motorista precisará esperar até 15 minutos pelo caroneiro. Cada veículo contará com um chip que vai se comunicar com o sistema de controle, informando quando o carro for retirado.

O modelo ZD, da empresa chinesa Zhidou, tem capacidade para duas pessoas, é automático e roda até 100 km com a bateria totalmente carregada. Para utilizar o carro, é preciso ter idade superior a 18 anos e possuir carteira de habilitação válida, além de cartão de crédito.

Em março de 2015, o sistema ganhará outras três novas estações de compartilhamento, na Prefeitura do Recife, Casa da Cultura e Praça do Derby. Para 2015, a ideia também é implantar estações no Shopping RioMar e no Aeroporto Internacional dos Guararapes, favorecendo turistas que vêm ao Recife a negócios, já que eles também poderão ser mensalistas.

“Esperamos que, com a consolidação da ideia, o poder público veja seu valor e resolva expandi-la, como aconteceu com o aluguel de bicicletas que hoje já tem mais de 70 estações”, pontua o diretor do Porto Digital, Francisco Saboya.

O compartilhamento de carros elétricos faz parte do Porto Leve, projeto que desenvolve soluções para a mobilidade urbana do Porto Digital. “É uma forma de incentivar o compartilhamento do veículo para diminuir a quantidade de carros nas ruas e, assim, contribuir com a preservação ambiental”, afirma o Diretor Executivo do Porto Digital, Leonardo Guimarães.

Na Europa, cada exemplar do car sharing retira entre seis e nove veículos tradicionais das ruas. A experiência também mostra que, comparado a um carro particular, os veículos sustentáveis gastam 4,5 vezes menos em cada quilômetro rodado. Alimentados por energia limpa, ainda evitam a utilização de combustíveis fósseis e contribuem para a redução da poluição atmosférica.

O CARRO
Passado todo esse processo, basta ligar o veículo, cuja direção não é hidráulica. “É como um carro automático. Não há marcha, apenas freio e acelerador. Mas a principal diferença é mesmo o silêncio. Por se tratar de um carro elétrico, parece que está desligado”, conta Cidinha Gouveia, Gerente de Projetos do Porto Digital. Os carros, 100% elétricos, são equipados com ar condicionado e demoram seis horas para serem carregados. Cada exemplar alcança até 60 km/h.

Principais vantagens do sistema de compartilhamento de carros elétricos:

•Evitar a necessidade de aquisição e manutenção de carro próprio;
•Racionalizar o uso do carro, reduzindo distâncias percorridas (experiências de outros países mostraram redução de cerca de 4,5 vezes do custo por quilômetro, em comparação com veículos particulares);
•Favorecer uma mobilidade mais inteligente (o usuário usa os meios mais adequados de transporte para cada viagem);
•Cada carro de car sharing, num sistema amplo, evita entre 6 e 9 carros particulares;
•Incentivar adesão de outros modos mais sustentáveis (transporte público, caminhar e bicicleta);
•Redução do trânsito e do congestionamento associado;
•Liberação de espaço de estacionamento;
•Menor consumo de combustível;
•Redução das emissões de CO2;
•Eficiência energética;
•Melhoria no impacto meio ambiental;
•Redução da poluição local: ruído e emissões de poluentes locais;
•Uso de fontes de energia diferentes ao petróleo no setor transporte