ABL lança projeto sobre curiosidades da língua portuguesa

ABL lança projeto sobre curiosidades da língua portuguesa

Por Agência Brasil

A Academia Brasileira de Letras (ABL) lançou nessa segunda-feira (26), em seu portal, o projeto Novas Palavras, que oferece ao público curiosidades sobre palavras e termos da língua portuguesa, revelando seus significados, derivações e categorias gramaticais.

“O projeto consiste no aprofundamento do que vem sendo produzido pelo setor de lexicografia e lexicologia, o cuidado com as palavras, e na divulgação do trabalho”, disse à Agência Brasil o presidente da ABL, Marco Lucchesi. Segundo o professor, a academia tem um setor importante, dirigido pelo acadêmico Evanildo Bechara, que tem entre suas atribuições o arcabouço ortográfico da língua portuguesa, com base nas instruções de Bechara a um corpo seleto de filólogos.

Lucchesi informou que agora a ABL teve a ideia de dar maior visibilidade a essas novas palavras por meio de seu site, que se tornou, com a pandemia do novo coronavírus, “uma grande janela de sociabilidade e de comunicação, enquanto não se encontram meios de conter e mitigar a pandemia”.

Antena sensível

Palavras como Covid, que não faziam parte do vocabulário do brasileiro antes da pandemia, estarão explicadas no projeto. De acordo com Lucchesi, o que se pretende é manter uma espécie de antena sensível, que capte alguma relevância específica, porque são palavras novas que, não necessariamente, foram criadas do nada e estavam ou pertenciam a alguma família, situação ou franja semântica.

“A academia vai trazer à tona um pouco da história dessas palavras e dar um determinado contorno e precisão para os meios de comunicação, as escolas que se interessem, sobre a melhor forma de se pronunciar aquela palavra e significação de que a palavra é portadora”, afirmou Lucchesi.

Ele disse que isso se aplica também a palavras que ganharam um novo sentido e lembrou que a vida das palavras é marcada por um sentimento de tempo, que é a diacronia, e um sentimento de permanência, que é a sincronia. “Mas, na verdade, tudo tem o seu movimento. Às vezes, pequenas diferenças que estão em franjas semânticas ou neologismos, a academia colocará um pouco essa história no site.

A instituição já tem o serviço ABL Responde, que tira dúvidas sobre expressões e questões ortográficas, de modo geral. No momento, a Comissão de Lexicografia e Lexicologia está elaborando o Dicionário Machado de Assis, que deverá ficar pronto em um ano. “A academia está empenhada em cuidar do que os seus estatutos dizem, que é o cultivo da língua e da literatura nacionais”, concluiu Lucchesi.

Acesso

O projeto poderá ser acessado por meio de um link próprio, que será definido e alimentado toda semana. Os termos escolhidos são palavras ou expressões que passaram a ter uso corrente na língua portuguesa.

Segundo a assessoria de imprensa da ABL, na página, será possível encontrar informações sobre a categoria gramatical da palavra, as palavras derivadas, definição, abonações, informações complementares e referências bibliográficas. O interessado poderá ainda pesquisar sobre as palavras anteriores disponibilizadas no portal.

Censo: Busca por curso superior mudou em 10 anos

Censo: Busca por curso superior mudou em 10 anos

Por Correio Braziliense

Entre 2009 e 2019, o Brasil mudou o perfil de dominação completa do curso de administração entre os estudantes universitários, com mais de 800 mil matrículas anuais. Ao longo da década, o curso cedeu espaço para o de direito. Segundo dados do Censo da Educação Superior, divulgado nessa sexta-feira (23), o cenário deve mudar em breve, tendo pedagogia como a queridinha do ensino superior brasileiro.

Os dados revelam, desde 2016, pedagogia lidera o ranking de novas matrículas de alunos ingressantes e, em 2019, ano de que trata a nova edição do censo, passou a liderar também o número de matrículas nos anos de conclusão do curso – com 47% de retenção, ao comparar os 124 mil formandos de 2019, frente os 263 mil ingressantes de 2016.

Ao longo das diferenças anuais, é possível ver como cursos como psicologia e engenharia civil tiveram crescimento expressivo ao longo desta década, o “boom” de engenharia de produção e como, após um hiato entre os cursos mais procurados, educação física se destaca entre as licenciaturas.

Explorar a busca por determinados cursos ajuda a explicar o sistema de ensino e também o momento do Brasil. Os 10 cursos mais procurados passaram de concentrar 2,8 milhões para 4,1 milhões de universitários, um crescimento de 44%. Com a flexibilização e a abertura de novos centros universitários voltados ao ensino da medicina, por exemplo, o curso voltou ao top 10 em 2018, após sete anos ausente.

Outro importante retrato trazido pelo censo é a consolidação do ensino a distância, o que influencia fortemente, em especial, os cursos de licenciatura. Em 2019, houve mais matrículas (53,3%) nesse formato do que no tradicional. Os interesses pela linha de formação também são indicativo da força que certas disciplinas têm ou não têm no ensino de base.

Com exceção de matemática, a preferência pelas especializações de áreas humanas é facilmente perceptível – há três vezes mais matriculados em história do que em física e química. A barreira da língua estrangeira se apresenta na mesma dimensão, com apenas o inglês aparecendo no curso de letras, mas em ordem três vezes inferior ao curso voltado apenas ao português.

Fies: inscrições para vagas remanescentes são retomadas hoje

Fies: inscrições para vagas remanescentes são retomadas hoje

Por Agência Brasil

As inscrições para vagas remanescentes do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), referentes ao segundo semestre de 2020, serão retomadas hoje (26). De acordo com o Ministério da Educação (MEC), há cerca de 50 mil inscrições ainda não preenchidas nas edições de 2020 dos processos seletivos regulares do fundo.

As inscrições serão realizadas exclusivamente na página do Fies na internet. Nessa etapa, poderão se inscrever tanto os candidatos não matriculados em instituição de educação superior, como também os já matriculados, mas que buscam uma oportunidade para financiar a continuidade dos estudos.

Cursos

Segundo o MEC, hoje e amanhã (27) a oferta será exclusivamente para os cursos de áreas do conhecimento prioritárias, como cursos de Saúde, Engenharias, Licenciaturas e Ciência da Computação.

Já as inscrições de candidatos não matriculados em instituição de educação superior poderão ser realizadas até as 23h59 do dia 3 de novembro. “E para quem já está matriculado no curso, turno e instituição para a qual deseja se inscrever para tentar o financiamento, o prazo termina às 23h59 do dia 27 de novembro”, complementa a nota divulgada pelo MEC.

A centenas de pessoas que tentaram se inscrever para as vagas remanescentes acabaram gerando instabilidade no sistema eletrônico usado para a inscrição no Fies. Diante dessa situação, o MEC optou por prorrogar o cronograma do processo de ocupação dessas vagas.

O Fies é o programa do governo federal que facilita o acesso ao crédito para financiamento de cursos de ensino superior oferecidos por instituições privadas. Criado em 1999, ele é ofertado em duas modalidades desde 2018, por meio do Fies e do Programa de Financiamento Estudantil (P-Fies).

O primeiro é operado pelo governo federal, sem incidência de juros, para estudantes que têm renda familiar de até três salários mínimos por pessoa; o percentual máximo do valor do curso financiado é definido de acordo com a renda familiar e os encargos educacionais cobrados pelas instituições de ensino. Já o P-Fies funciona com recursos dos fundos constitucionais e dos bancos privados participantes, o que implica cobrança de juros.

Censo mostra que ensino a distância ganha espaço no ensino superior

Censo mostra que ensino a distância ganha espaço no ensino superior

Por Agência Brasil

O Censo da Educação Superior de 2019, divulgado nessa sexta-feira (23) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aponta que quatro a cada dez calouros no ensino superior optaram por se matricular em cursos de graduação a distância. O levantamento mostra que a educação a distância (EaD) tem ganhado cada vez mais espaço na educação superior, enquanto o ensino presencial tem reduzido as matrículas ano a ano.

Em 2009, as matrículas dos calouros em EaD representavam 16,1% do total. Em 2018, elas representavam 39,8% do total de estudantes que ingressaram nas instituições de ensino superior. No ano passado, eram 43,8%, o que equivale a cerca de 1,6 milhão do total de 3,6 milhões de novos estudantes.

Considerando apenas a rede privada, onde estão matriculados 76% do total de estudantes do ensino superior, a opção pela EaD foi ainda maior entre os calouros, chegando a pouco mais da metade dos alunos, 50,8%.

Já o ensino presencial teve redução. Passou de 60,1% das matrículas dos calouros em 2018 para 56,2%, em 2019. Em 2020, com a pandemia do novo coronavírus (covid-19), o número de ingressantes em EaD deve aumentar ainda mais, de acordo com o presidente do Inep, Alexandre Lopes.

Os dados de 2020 serão divulgados apenas no ano que vem.

“Eu acho que a pandemia vai acelerar essa tendência de migração para o ensino a distância ou ensino híbrido [com aulas presenciais e remotas]. Isso serve também como um ponto de alerta, como um ponto de observação, para o Ministério da Educação como um órgão regulador”, disse.

Diferenças

Os resultados das avaliações do ensino superior divulgados na terça-feira (20) mostram que os estudantes que se formam em cursos a distância têm desempenho inferior aos estudantes dos cursos presenciais. Mostram também que o perfil desses estudantes é diferente. A maioria dos estudantes de EaD, por exemplo, trabalha, enquanto os de cursos presenciais, não.

“Os resultados têm sido próximos. Não dá para dizer que o curso é melhor ou pior. Também tem que explorar um pouco mais os resultados porque são realidades diferentes”, disse Lopes. “Em relação a qualidade, não dá para afirmar que o curso EaD seja de menor qualidade”, acrescenta.

Matrículas

Segundo o censo, o número total de estudantes matriculados no ensino superior no Brasil segue aumentando. Ao todo, 8,6 milhões de estudantes estão matriculados no ensino superior no Brasil. Em 2018, eram 8,4 milhões. A maior parte, 6,5 milhões, o equivalente a 76%, está matriculada em instituições privadas.

Considerando todas as matrículas, não apenas os calouros, a EaD, com 2,4 milhões de estudantes, representa 28,4% do ensino superior no Brasil. Já a educação presencial, 71,6%, com 6,2 milhões.

Formação de professores

O censo aponta que um a cada cinco estudantes matriculados no ensino superior está em curso de licenciatura, o que possibilita que atue posteriormente como professor. A maior parte desses futuros profissionais, 53,3%, está sendo formada a distância, em cursos EaD. As instituições particulares concentram a maior parte das matrículas desses alunos, 64%. Nessas instituições, a maioria, 73,5%, faz cursos EaD.

Pedagogia lidera a porcentagem de matrículas, com 48,3% dos futuros professores. Em seguida, estão educação física, com 9,1%; matemática, com 5,7%, e história, com 5,3%.

“Os resultados ressaltam a responsabilidade da educação superior em formar os docentes que atuarão na educação básica [etapa que vai do ensino infantil ao ensino médio]”, disse o ministro da Educação, Milton Ribeiro.

“Essa conexão entre as duas etapas de ensino se dá por meio do professor capacitado pela educação superior para ser o elemento central do desenvolvimento da educação básica. O professor é o grande protagonista da educação no Brasil”, ressalta o ministro.

Desistências

O Censo da Educação Superior mostrou que mais da metade dos estudantes, 59%, que ingressam no ensino superior em 2010 desistiram antes de terminar os estudos. Essa taxa foi um pouco maior, 63%, quando considerados apenas os cursos a distância.

Entre os futuros professores, as desistências daqueles que ingressaram em 2010 também são altas. Chegam a 75% dos estudantes que se formariam para lecionar física, por exemplo.

De acordo com o secretário de Educação Superior do MEC, Wagner Vilas Boas, a pasta está, em parceria com instituições de ensino, desenvolvendo formas de prever as evasões e evitar que elas aconteçam. O projeto será inicialmente implementado em instituições federais, mas será disponibilizado também às particulares.

A pasta aposta ainda na implementação do novo ensino médio, que vai permitir aos estudantes escolher trajetórias para aprofundar a formação. Isso fará com que conheçam melhor as áreas de estudo antes de optarem por um curso superior.

Metas

De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil precisa, até 2024, ampliar as matrículas, fazendo com que mais pessoas tenham acesso ao ensino superior no país. De acordo com o PNE, até 2024 a taxa bruta de matrícula na educação superior deve ser 50% e a taxa líquida, 33%, da população de 18 a 24 anos de idade. Atualmente, essas taxas são, respectivamente, 37,4% e 25,5%.

“Na minha visão, o PNE é um sonho, um objetivo, que colocamos lá em cima, nas estrelas, mas temos um foco para buscar os parâmetros do PNE, e o Ministério da Educação está envolvido de corpo e alma nessa busca”, disse o ministro Milton Ribeiro.

“Com mais escolaridade faremos essa transformação econômica e social tão cara ao nosso país”.

Aberta a votação do Educador Nota 10; professora do Recife é finalista

Aberta a votação do Educador Nota 10; professora do Recife é finalista

Está aberta até a próxima terça-feira (27) a votação popular para o Prêmio Educador Nota 10, por meio do “Esse Projeto é 10”. A professora Mirtes Ramos dos Santos Melo, da rede municipal de ensino do Recife, é a única representante pernambucana finalista na principal premiação da educação básica brasileira. O trabalho “Projeto Aprendizagens das Crianças: maravilhamento e experiências” concorreu com outros 4 mil de profissionais de todo o país.

O projeto foi criado a partir do cotidiano da professora e das experiências e vivências com crianças de 2 e 3 anos da Creche Municipal João Eugênio, localizada no bairro da Iputinga. O prêmio é o maior e mais importante do país na área educacional, que reconhece e valoriza professores de educação infantil ao ensino médio; coordenadores e gestores de escolas públicas e privadas. Ao todo, são 10 finalistas, mas apenas o trabalho do Recife é sobre educação infantil. Outros cinco são voltados ao ensino fundamental; três são do ensino médio e um, de gestão.

Mirtes Ramos diz que buscou realizar um trabalho onde os estudantes de 2 e 3 anos fossem protagonistas das atividades por meio de interações com os colegas de turma e os adultos. “Fiz várias instalações construídas com objetos simples e ao longo de um ano, como rolos de papel, panelas, lençóis, as flores do jambeiro da escola, frutas, caixas, sacos de dudu cheios com água. Uma caixa grande, por exemplo, pode ser explorada pela criança em movimentos de entrada e saída. A observação dela se cabe ou não dentro da caixa e, assim o estudante começa vivenciar conceitos de medida, conceitos de dentro, fora, textura, lateralidade”, conta.

Segundo a educadora, as crianças têm uma curiosidade muito grande na primeira infância e dar liberdade a elas para criar e brincar é fundamental para o bom desenvolvimento. “E o mais importante é que o aluno crie e realize sendo feliz. A gente precisa organizar espaços que dê autonomia a eles para explorarem o mundo.”

O trabalho de Mirtes Ramos é inspirado no do pedagogo italiano Loris Malaguzzi, que, após a Segunda Guerra Mundial, criou o projeto Reggio Emília, implantado na cidade italiana de mesmo nome e que coloca a criança como protagonista na construção do seu conhecimento. Foi este educador quem constituiu um princípio de ensino em que não existem as disciplinas formais e que todas as atividades pedagógicas se desenvolvem por meio de projetos, que surgem através de sugestões dos próprios alunos, sendo desenvolvidos em diferentes linguagens.

O educador italiano sistematizou assim a Pedagogia da Escuta. A abordagem de Reggio Emilia se vincula a tudo o que a linguagem visual pode apresentar. A capacidade criadora da Reggio Emilia já foi avaliada pela Revista norte-americana Newsweek como a melhor do mundo. Serviu como fonte de inspiração ou apoio para a Educação Infantil de países como Suécia, Dinamarca, Nova Zelândia, Espanha e Estados Unidos.

Educador Nota 10

O Prêmio Educador Nota 10 foi criado em 1998 pela Fundação Victor Civita e desde 2014, realiza a premiação em parceria com a Abril, Globo e Fundação Roberto Marinho. Tem o patrocínio da Fundação Lemann, SOMOS Educação e BDO e conta com o apoio da Nova Escola e Unicef.

Finalista

Mirtes Ramos já dedicou 38 anos à vida escolar, sendo 15 deles na rede do Recife. Quando ainda era aluna do magistério aos 14 anos, assumiu uma sala de aula do jardim de infância pela primeira vez. Mesmo sem saber, o pai foi um grande incentivador de todo seu amor pela literatura e pela profissão. “Mesmo não tendo posses ele trazia para casa os livros que encontrava na rua e contava muitas histórias para mim”, recorda a professora.

Esse amor deu frutos e em 2017 com o projeto “Vou contar uma história pra tu”, Mirtes foi a grande vencedora da 10ª Edição do Prêmio Professores do Brasil, Região Nordeste na categoria Educação Infantil: Creche. O projeto de leitura, que tinha como objetivo estimular o gosto pela leitura das crianças, não só transformou a vida dos pequenos estudantes, mas também de seus familiares, com pais voltando à sala de aula após anos. “As crianças são minha grande fonte de inspiração, pela energia e alegria e me ensinam diariamente a ver o mundo de outra forma”, diz.