Portões serão abertos mais cedo no segundo dia de provas do Enem

Portões serão abertos mais cedo no segundo dia de provas do Enem

Por Pedro Marra

Com a proximidade da segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, candidatos voltam a se planejar para a maratona de provas, aplicadas no domingo. Em Pernambuco, mais de 312 mil candidatos se inscreveram no exame e 151.535 faltaram no primeiro dia do exame. Ao todo, os estudantes terão cinco horas para resolver 90 questões. Metade da prova envolve matemática, enquanto as demais 45 questões são dedicadas às ciências da natureza: biologia, química e física.

Os portões serão abertos mais cedo, às 11h30 para evitar aglomeração, e fechados para a prova às 13h. O horário de término é às 18h30. Informações sobre os locais dos exames podem ser acessadas na Página do Participante, no site do Enem. O site também traz dados como o número de inscrição, a data e o horário em que a prova será realizada.

Com o sonho de cursar cinema e audiovisual na Universidade de Brasília (UnB), Davi Pieri, 18, se formou no ensino médio no fim de 2020. Ele conta que está confiante para responder as quetsões mais complexas primeiro. “Vou começar pelas que envolvem mais cálculo (matemática, física) para não respondê-las estando cansado, o que pode me custar errar algumas coisas bobas. Tenho focado nos conteúdos mais básicos, como porcentagem, potenciação, proporção e regra de três. Costumo assistir a uma aula sobre o assunto e, depois, resolver pelo menos cinco questões sobre.”

Preparação

Cálculos sobre proporção, porcentagem e regra de três devem ser alguns dos temas dominantes da prova de matemática, confirma o professor de matemática do Instituto Prime Educ Cristoffer Silva, que lecionou no curso gratuito #Aprova+. “A geometria com suas áreas e volumes (quando falamos da espacial) é uma das matérias mais pedidas nesses últimos anos. Para alunos com dificuldades, a orientação é fazer as edições passadas e relacionar a matemática com o cotidiano”, completa.

Sobre as prioridades na hora de responder a prova, ele aconselha: “Muitos textos virão e, se você não estiver focado, preparado, no fim, vai se cansar e deixar passar aquelas questões mais fáceis. Então, falamos para os alunos começarem a fazer a prova pelas mais fáceis, depois, as intermediárias, e deixar as difíceis para o fim”.

Logística

Como medida de segurança contra a disseminação do novo coronavírus, o número de estudantes por sala é reduzido, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), e os candidatos só podem realizar a prova com uso de máscaras de proteção. Aqueles com sintomas de covid-19 e de outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer. É preciso comunicar ao Inep pela Página do Participante, para terem direito à reaplicação. No primeiro dia de aplicação, em 17 de janeiro, o exame registrou recorde nas abstenções: 51,5%. Nesta edição, o Enem terá uma versão impressa e uma digital, para 96 mil candidatos, que farão as provas em 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

Enem 2020 tem novidades em acessibilidade

Enem 2020 tem novidades em acessibilidade

Por Agência Brasil

Leitor de tela, redação em braile e correção especial das provas de participantes autistas e surdocegos são algumas das novidades do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 em termos de acessibilidade. As medidas somam-se a outras que vêm sendo adotadas pelo exame ao longo do anos, como videoprova em Língua brasileira de Sinais (Libras) e provas com textos e imagens ampliados. 

Ao todo, segundo o Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), cerca de 47 mil participantes com alguma deficiência ou transtorno fizeram a inscrição no Enem 2020 e solicitaram atendimento especializado.

O leitor de tela e a redação em braile são demandas antigas de pessoas com alguma deficiência visual, de acordo com o integrante da Organização Nacional de Cegos do Brasil Lucas de Castro Rodrigues. “O leitor de tela traz autonomia. O candidato mexe no computador por si próprio. Escuta quantas vezes quiser, controla velocidade e volume de voz. O leitor dá total controle da prova ao participante”, diz.

Antes do leitor de tela, a opção para esses estudantes era contar com o auxílio para leitura, opção que segue disponível para os candidatos que assim solicitaram. A leitura é feita por profissionais capacitados para ler textos e para descrever imagens. A desvantagem, segundo Rodrigues, é que o candidato depende desse profissional, que pode, por exemplo, estar cansado no dia de aplicação.

Outro recurso novo é a redação escrita e corrigida no Sistema Braile. De acordo com o Inep, na aplicação, o participante pode utilizar material próprio, como máquina Perkins, reglete, punção, soroban ou cubaritmo e folhas brancas para fazer a redação. Rodrigues explica que essa escrita também traz maior autonomia. A alternativa, que também segue disponível, é que o participante dite a redação em voz alta para que seja transcrita em papel por um profissional capacitado.

Para Rodrigues, a medida é positiva e auxilia candidatos que dominam o braile. Mas, como essa não é uma realidade entre todas as pessoas com deficiência visual, para que a prova seja ainda mais inclusiva ele defende que haja a possibilidade que os candidatos digitem eles mesmos a redação no computador.

Banca especial

Outra mudança nesta edição é que participantes autistas e surdocegos terão banca especial para correção de suas provas. De acordo com o Inep, o exame recebeu a inscrição de 1.676 candidatos que solicitaram atendimento especializado por autismo e de 134, por surdocegueira.

“Esse olhar permite que a sociedade venha a enxergar essa população da maneira como ela merece ser enxergada, como pessoas, cidadãos que pagam impostos e que estão ali para poder incluir e somar. O Enem é uma prova pela qual eles vão se capacitar para uma faculdade e vão ser, na minha opinião, profissionais que só têm a somar para a sociedade inteira”, diz a  presidente da Associação Integrada Mães de Autistas da Paraíba, Elaine Araújo.

Elaine explica que cada indivíduo com autismo é diferente e tem diferente grau de acometimento. “Há aquele indivíduo que vai precisar de mais tempo. Há aquele indivíduo que vai precisar de uma tradução melhor do que está propondo aquela questão. Não é que sejam incapazes, mas há métodos para eles entenderem. Vão precisar dessa empatia da banca para poder analisar e ver que cada um é diferente. Nós somos seres diferentes e eles têm isso como um estigma. As pessoas precisam realmente entender e averiguar cada situação para poder sim dar a essa pessoa a chance de realizar uma prova e de se sair bem nessa prova, para mim isso é pura empatia”, afirma.

Ela conta ainda que se emocionou com o tema da redação deste anoO estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira. “É necessário que a sociedade e esses jovens que vão entrar em faculdades e em profissões tão diferenciadas tenham esse entendimento de algo tão cotidiano, de pessoas que são estigmatizadas por terem síndromes, transtornos, doenças mentais. Tem que ter respeito e empatia. Achei de uma relevância que me deixou emocionada”.

Inclusão

Apesar das medidas adotadas, de acordo com Rodrigues, o Enem não é uma prova totalmente inclusiva, até mesmo porque a exclusão vem desde muito antes na vida das pessoas com alguma deficiência. “O Enem é uma prova bastante excludente. Isso é bastante difundido, não só entre as pessoas com deficiência, mas entre todas as minorias, porque a gente sofre defasagem em todo o ensino básico. Não só no ensino, mas em várias outras áreas”, acrescenta.

A estudante Júlia Dias do Anjos, 18 anos, é uma das candidatas com baixa visão que está fazendo o Enem. Ela solicitou auxílio para leitura e prova ampliada e ficou satisfeita com o atendimento. Ela conta, no entanto, que é exceção, que entre outros amigos cegos ou com baixa visão é uma das poucas que fez a prova. A falta de disponibilidade de materiais de estudo voltado especificamente para esses estudantes e a falta de incentivo são, segundo ela, alguns dos principais entraves.

“Tenho muitos amigos com baixa visão e cegueira. Eu não sei se eles têm medo de não ter os recursos [de acessibilidade]. Eu sempre falo para prestarmos o exame e ninguém se manifesta, sempre falava na escola e as pessoas não se interessavam. Isso me deixa muito triste”, diz, e acrescenta: “Tem gente que não é incentivada. A minha mãe sempre fala: se você acha que pode fazer, você está apta a isso. Vá e faça. Não tenha medo. Se é uma coisa que tem vontade, vá e faça”.

Júlia quer cursar biomedicina ou matemática. “Infelizmente, o que me deixa mais preocupada é que falam que geralmente os laboratórios das universidades não são preparados para quem tem baixa visão. Mas quem sabe isso não mudou? Ou, então, eu passo a fazer a diferença porque o mundo, a gente o adapta”.

Enem 2020

O Enem começou a ser aplicado no último domingo (17) e segue no próximo dia 24. No primeiro dia de aplicação, o exame teve uma abstenção recorde de 51,5%. Do total de 5.523.029 inscritos para a versão impressa do Enem, 2.842.332 faltaram às provas. Nesta edição, o Enem terá uma versão impressa e uma digital, realizada de forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

As medidas de segurança, adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus, serão as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, o álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.

Os candidatos que tiverem sintomas de covid-19 e de outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer aos locais de prova. Devem comunicar ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pela Página do Participante. Esses candidatos terão direito à reaplicação nos dias 23 e 24 de fevereiro.

Veja as novidades do Enem 2020 em termos de acessibilidade:

• Atendimentos específicos agora fazem parte do atendimento especializado.

• Participantes com cegueira, surdocegueira, baixa visão ou visão monocular poderão solicitar recurso para uso de leitor de tela.

• Três guias-intérpretes farão atendimento ao participante surdocego.

• Tempo adicional de 60 minutos para participantes lactantes que solicitarem atendimento especializado no sistema de inscrição, desde que comprovem a necessidade, conforme previsto em edital, e levem o lactente e o acompanhante no dia da aplicação.

• Participantes com doenças infectocontagiosas deverão entrar em contato com o Inep para comprovação de sua condição e não deverão comparecer ao local de provas. Poderão realizar a prova na reaplicação.

• Participantes autistas e surdocegos terão banca especial para correção de suas provas.

• O participante que escrever sua redação em braile terá suas provas corrigidas no Sistema Braile.

• O participante transexual/travesti que não solicitou ou teve sua solicitação pelo nome social indeferida poderá escolher o banheiro que deseja utilizar no dia da aplicação.

Portões serão abertos mais cedo no segundo dia de provas do Enem

Primeiro dia de provas do Enem abriu margem para novas batalhas judiciais

Por Mateus Salomão

A pandemia da Covid-19 impôs ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) desafios de logística e biossegurança não vistos nas edições anteriores. No entanto, na avaliação de estudantes, o primeiro dia de provas não cumpriu com o prometido. Para o advogado especialista em gestão pública municipal Carlos Magno Bracarense, a situação abre margem para uma nova fase de batalhas judiciais.

O especialista ressalta que os alunos que se sentirem prejudicados pelo descumprimento das medidas de segurança, como no caso de risco de contaminações, ou que se sentem lesados, caso não tenham os pleitos atendidos pela reaplicação da prova, têm a possibilidade de recorrer à Justiça. Ele lembra que é trabalho do estudante reunir as provas que comprovem a alegação.

Assim, os candidatos poderão buscar órgãos de proteção coletiva, como a Defensoria Pública, ou entrar com ações individuais. “Se houve, de certa forma, um descumprimento do próprio protocolo apresentado pela entidade aplicadora, isso embasa e pode dar sustentação a novos pedidos (na Justiça)”, afirma.

Carlos Magno destaca que os procedimentos de biossegurança prometidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e garantidos no edital sustentaram a realização do exame mesmo após disputas judiciais e denúncias. Dessa forma, situações de descumprimento “resvalam no órgão organizador e podem arranhar, sim, a imagem do instituto, o que poderia ter sido evitado com uma decisão pelo adiamento da prova”.

Novo capítulo de batalhas judiciais se iniciou esta semana

Nesta quarta-feira (20), a Associação Brasileira dos Estudantes de Educação a Distância (ABE-EAD) entrou com Ação Civil Pública em que pede abertura de formulário na Página do Participante para que os inscritos na aplicação do último domingo (17/1), mas que foram impedidos de realizar o certame, manifestarem interesse na reaplicação das provas em 23 e 24 de fevereiro de 2021.

“É de gritante injustiça e atentória às prerrogativas fundamentais do Estado Democrático de Direito, não possibilitar aos participantes nova possibilidade de realização da prova do Enem”, argumenta o advogado Gabriel Mourão Kazapi. Ele ressalta que participantes foram impedidos de entrar na sala, assim, a possibilidade de obter um resultado no Enem e adentrar no ensino superior foram afetadas pelo despreparo do Estado.

Na segunda-feira (18), a Defensoria Pública da União (DPU) entrou com pedido pelo adiamento do segundo dia de prova do Enem, agendado para o próximo domingo (24), “em razão de ter sido fundamentado em um contexto fático distinto da realidade, por conta da alteração da verdade dos fatos pelos réus, e pela comprovação de que não conseguiram cumprir os protocolos sanitários que eles mesmos estabeleceram”.

O defensor público João Paulo De Campos Dorini também pede que seja determinada a possibilidade de reaplicação das provas a todos os candidatos que se abstiveram. Ele inclui os inscritos que não puderam entrar nas salas, que não compareceram por medo de contaminação, por estar contaminado ou manifestavam sintomas da Covid-19.

Primeiro dia de provas registrou recorde de abstenções

Segundo o Ministério da Educação (MEC), 2.842.332 estudantes não compareceram ao primeiro dia de provas do Enem impresso, o que representa mais da metade dos inscritos (51,5%). Em 2019, o número registrado foi de 1.160.151, ou seja, 22,77% dos 5.095.388 inscritos.

Conheça os programas que utilizam as notas do Enem

Conheça os programas que utilizam as notas do Enem

Por Agência Brasil

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) poderá ser usado para acessar o ensino superior por meio de programas federais como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e o Programa Universidade para Todos (ProUni). As notas, tanto da versão impressa quanto da versão digital do Enem 2020, serão divulgadas no dia 29 de março.

O Sisu seleciona estudantes para vagas em instituições públicas de ensino superior. Para concorrer, os candidatos não podem ter tirado zero na prova de redação. O Sisu geralmente tem duas edições no ano. A primeira delas ocorre em janeiro. Neste ano, por causa da pandemia do novo coronavírus, o programa será adiado. Ainda não foi divulgada a data de realização do processo seletivo.

As próprias universidades públicas também estão cumprindo calendários diversos. Muitas instituições suspenderam as aulas para evitar a propagação do vírus, o que levou ao adiamento da conclusão dos semestres de 2020. De acordo com o painel de monitoramento do Ministério da Educação, pelo menos em nove instituições federais, o ano letivo de 2020 se estende para 2021.

Já o ProUni seleciona estudantes para bolsas de estudos em instituições privadas de ensino superior. As bolsas podem ser integrais, de 100% da mensalidade, ou parciais, de 50%. Para concorrer às bolsas integrais, o estudante deve comprovar renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até 1,5 salário mínimo. Para as bolsas parciais, a renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos por pessoa. É preciso também não ter zerado a redação do Enem e ter obtido, no mínimo, 450 pontos na média das notas das provas.

A primeira edição do ProUni deste ano, para que não ocorresse atraso na seleção, usou as notas do Enem 2019. Ainda não foram divulgadas as informações da próxima edição.

A nota pode também ser usada para obter financiamento pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que oferece financiamento a condições mais atrativas que as disponíveis no mercado.

Além dos processos seletivos conduzidos pelo governo federal, as instituições de ensino públicas e privadas têm liberdade para usar as notas em processos seletivos próprios. Os candidatos podem checar nas instituições onde têm interesse em estudar quais são os critérios adotados.

Instituições de ensino estrangeiras também utilizam as notas do Enem em processos seletivos. Atualmente, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) tem convênio com 51 instituições de ensino em Portugal. Cada instituição define as regras e os pesos para uso das notas. A lista das instituições está disponível no portal do Inep.

Por causa do adiamento do exame, que estava inicialmente marcado para outubro e novembro de 2020, algumas instituições de ensino optaram por realizar apenas processos seletivos próprios para que os calendários do ano letivo não fossem impactados. Esse é o caso, por exemplo, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que anunciaram que não utilizarão o exame devido à incompatibilidade das datas. No caso da Unicamp, a instituição iniciará o semestre em 15 de março, antes da divulgação dos resultados, no dia 29.

Enem 2020

O Enem começou a ser aplicado no último domingo (17) e segue no próximo dia 24. No primeiro dia de aplicação, o exame teve uma abstenção recorde de 51,5%. Do total de 5.523.029 inscritos para a versão impressa do Enem, 2.842.332 faltaram às provas. Nesta edição, o Enem terá uma versão impressa e uma digital, realizada de forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

As medidas de segurança adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus serão as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, o álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.

Os candidatos que tiverem sintomas de covid-19 e de outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer aos locais de prova. Devem comunicar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pela Página do Participante. Esses candidatos terão direito à reaplicação, nos dias 23 e 24 de fevereiro.

Professores dão dicas para o segundo dia de provas do Enem

Professores dão dicas para o segundo dia de provas do Enem

Por Agência Brasil

Resolver questões de anos anteriores, revisar conteúdos estudados durante o ano e relaxar um pouco são algumas das dicas de professores entrevistados pela Agência Brasil para os estudantes que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (24). No segundo dia de aplicação da versão impressa do exame, os candidatos resolverão questões de matemática e de ciências da natureza.

“Neste momento, quando se fala em exatas, a grande dica é fazer as provas anteriores. Pegar as duas últimas provas e ter calma”, diz o diretor-geral do Colégio e Curso Progressão e professor de matemática, Leonardo Chucrute. “O Enem não quer colocar pegadinha para o candidato. O que ele está cobrando é aquilo mesmo. Acredite no que a prova está pedindo, é aquilo mesmo, é o que você sabe fazer. O que falo para o candidato é, mantenha a calma, você está preparado, você estudou, acredite em você”.

Segundo Chucrute, com base na prova do último domingo (17), primeiro dia de aplicação do Enem, a expectativa é que o exame tenha menos textos longos e que os enunciados sejam mais objetivos.

“Não é o momento de querer aprender conteúdos novos, de tirar o atraso, porque isso pode gerar tensão e cansaço desnecessários nesta reta final. Importante revisar e focar nos conteúdos que mais caíram nas provas”, diz o gerente executivo de Avaliações e Conteúdo Digital do SAS e professor de química, Caê Lavor. Na página do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) estão disponíveis as provas e os gabaritos dos anos anteriores do Enem.

A expectativa de Lavor é que o Enem mantenha o padrão dos conteúdos das últimas edições. “Será uma prova que repete os padrões do Enem. Tanto no conteúdo quanto na abordagem de problemas e conteúdos que são relevantes para o dia a dia dos alunos, que são relevantes para o cotidiano. O Enem cobra problemas e situações práticas, conteúdos que têm aplicação no dia a dia, conteúdos muito técnicos não costumam ser cobrados”.

Razão, proporção, porcentagem, regra de três são, segundo os professores, conteúdos recorrentemente cobrados na prova de matemática. Em biologia, o conteúdo destacado é ecologia; em física, mecânica, que envolve aceleração, velocidade e troca de energia; e, em química, físico-química, que engloba cálculo químico e aplicações práticas das reações químicas.

Na hora da prova

Segundo o professor e coordenador de matemática do sistema COC by Pearson, Luiz Fernando Duarte, o estudante deve começar pelas questões com as quais tem mais afinidade. “Deve começar pela situação em que se sente mais forte, com o que tiver mais facilidade, para começar com mais confiança. Deve ser aí o ponto de partida”, diz.

“Em uma leitura cuidadosa é possível identificar as questões que podem ser resolvidas mais rapidamente. Isso significa fazer um bom número de questões e ter mais tempo para fazer questões com exigência maior”, orienta. Segundo Duarte, um tempo médio para a resolução das questões é de três minutos para cada. Uma técnica recomendada é que os candidatos leiam com atenção os enunciados, que grifem as partes mais importantes, que podem ajudar na resolução.

Ao todo, os estudantes terão cinco horas para resolver 90 questões. “Tivemos o caso de um aluno, ainda que ele estava fazendo a prova apenas como treineiro, que passou cerca de 30 minutos em uma questão e não conseguiu concluir a prova. Deixou de resolver questões elementares que só de passar o olho conseguiria resolver”, conta o professor de matemática do Centro de Educação de Tempo Integral (CETI) Augustinho Brandão, de Cocal dos Alves (PI), Raimundo Alves de Brito. “O estudante tem que saber identificar aquelas questões que certamente consegue resolver”, acrescenta.

Respirar

Em um ano atípico como o ano letivo de 2020, com a suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia do novo coronavírus e, agora, com a realização do exame com uma série de medidas de biossegurança, os estudantes enfrentam uma ansiedade ainda maior. “A gente nem sabe como pedir, está todo mundo muito agitado, mas eu pediria calma. A prova está difícil para todo mundo, a situação é essa para todo mundo. É preciso calma e concentração para fazer a prova”, recomenda Brito.

Ele conta que enfrentou uma série de dificuldades ao longo do ano, com internet escassa no município, por vezes, estudantes não conseguiam sequer acessar um vídeo de três minutos. “Foi muito difícil, foi um ano horrível. A gente conseguiu mais ou menos cumprir a carga horária, mas as aulas ficam muito deficitárias. Estamos esgotados. A gente consegue sentir que não funcionou como a gente queria”, diz o professor.

Lavor concorda. “É um momento de manter a calma. Sei que é difícil. Muitas vezes, o estudo desenfreado e a busca de conhecimento agora criam tensão. Estudar poucas coisas, manter a calma e pensar que este momento vai ser importante para que sejam definidos os próximos passos, a universidade, mas este momento não define quem a gente é”, diz.

Ele chama a atenção para algo fundamental: a respiração. Uma dica é toda vez que o estudante se perceber nervoso, notar a respiração acelerada, parar e apenas respirar, até que ela desacelere. “Identificar a respiração pode ajudar a ter mais atenção plena. A estar presente no momento. Escutar o barulho da respiração por dez segundos”.

Enem 2020

O Enem começou a ser aplicado no último domingo (17) e segue no próximo (24). No primeiro dia de aplicação, o exame teve abstenção recorde de 51,5%. Do total de 5.523.029 inscritos para a versão impressa do Enem, 2.842.332 faltaram às provas. Nesta edição, o Enem terá uma versão impressa e uma digital, realizada de forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

As medidas de segurança adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus serão as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, o álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.

Os candidatos que tiverem sintomas de covid-19 e de outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer aos locais de prova. Devem comunicar ao Inep pela Página do Participante. Esses candidatos terão direito à reaplicação, nos dias 23 e 24 de fevereiro.

Portões serão abertos mais cedo no segundo dia de provas do Enem

Parlamentares cobram do MEC explicações quanto à biossegurança do Enem

Por Correio Braziliense

Na noite dessa segunda-feira (18), parlamentares da Comissão Externa de acompanhamento do Ministério da Educação (Comex/MEC) enviaram ofício ao presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, em que questionam os procedimentos que serão adotados para garantir a reaplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O primeiro dia de aplicação das provas ocorreu nesse domingo (17), mas foi cercado de polêmicas. Houve registros de aglomeração, denúncia por descumprimentos de protocolos de segurança e impedimento de estudantes de realizar a prova por lotação das salas.

“Urge, assim, que a reaplicação do exame seja viabilizada a todos os estudantes prejudicados pela falta de espaço físico adequado, e que o Inep disponibilize, de forma ampla e transparente, dados e informações sobre a questão. Pedimos, assim, que o Inep envide esforços para responder este ofício de forma imediata”, afirma o documento da comissão.

A deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP), que assina o ofício com outros sete parlamentares, considera que o Inep não cumpriu com as medidas de segurança sanitária com as quais havia se comprometido publicamente e em reunião da Comex/MEC. A parlamentar ressalta que o que está sendo visto é resultado da falta de planejamento da pasta.

“O Inep precisa garantir o quanto antes que todos os alunos que foram impedidos de realizarem o exame, seja porque estavam contaminados, seja porque não puderam entrar em salas que já estavam lotadas, que possam participar do Enem na data de reaplicação ou que eles tenham outra data”, afirma. “Nós vamos lutar por isso politicamente dentro da Câmara dos Deputados, mas também judicialmente se for preciso”.

A Frente Parlamentar Mista da Educação, que reúne sanadores e deputados federais, lançou uma nota pública em que afirma ser necessário acompanhar e mapear todos os estudantes que não conseguiram fazer as provas no domingo (18), principalmente aqueles de baixa renda e com acesso mais dificultado à educação.

“É necessária uma resposta rápida quanto à reaplicação da prova dos alunos que foram impedidos, explicando detalhadamente os critérios para reaplicação. Outro fator muito relevante é a análise dos dados de abstenção neste ano, comparando-o com os das edições anteriores para se entender o real impacto da manutenção do calendário da prova em um momento tão delicado do ponto de vista da saúde pública”, diz o texto.

O deputado federal e secretário geral da Frente Parlamentar Mista da Educação, Professor Israel Batista (PV-DF), critica a reaplicação em apenas uma leva, o que contraria os pedidos dos parlamentares. Além disso, também pede explicações quanto ao descumprimento das medidas de segurança.

“Nós estamos enviando ao presidente do Inep, Alexandre Lopes, um ofício cujo assunto é a reaplicação da prova para os estudantes que foram impedidos de realizar o Enem em função da lotação das salas e as medidas que serão adotadas no próximo domingo”, afirma.

Contatado pela reportagem, o Inep não se manifestou.