Conheça os critérios de correção da redação do Enem

Conheça os critérios de correção da redação do Enem

Por Agência Brasil

No domingo (17), milhões de estudantes de todo o país farão a primeira prova da edição impressa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. Além de responder às questões objetivas de linguagens e ciências humanas, os participantes farão a prova de redação, a única parte subjetiva do exame. Com critérios específicos de correção, a redação pode ser o diferencial na nota dos estudantes. 

“A primeira coisa é que a prova não vai ter grandes mudanças na redação”, diz o professor e fundador do Laboratório de Redação, Adriano Chan. Na prova, os estudantes devem, a partir do tema proposto e dos textos motivadores – que não podem ser copiados – escrever um texto em prosa do tipo dissertativo-argumentativo. Os participantes devem defender uma tese, ou seja, uma opinião a respeito do tema proposto, apoiada em argumentos consistentes. Devem também elaborar uma proposta de intervenção social para o problema apresentado no desenvolvimento do texto.

“É um equívoco o aluno acreditar que precisa saber bem do tema. Tem que saber ler bem o que está na proposta, identificar os desafios que estão na proposta em relação ao tema principal. Isso é muito importante. Não é achar qualquer problema, mas um problema dentro do universo proposto e relacionar esse desafio com o conteúdo adquirido e aprendido”, afirma Chan.

“A estrutura não muda, o que vai alterar é a argumentação que o estudante vai ter que construir em função do tema. Eu acredito que quando o aluno conhece bem a estrutura da redação, o tema que vier ele vai conseguir fazer”, diz a professora Tatiana Nunes Câmara, de língua portuguesa e produção textual do Colégio Mopi.

Para os professores, os estudantes devem, na reta final para a aplicação do exame, treinar a escrita, em papel, como será feito no dia da prova, usando máscara de proteção facial, item obrigatório este ano por causa da pandemia do novo coronavírus. “[Com as aulas sendo realizadas de forma remota], geralmente o estudante tem de entregar a redação digitada e não está treinando a questão do exercício motor de escrever a redação. É importante que o aluno faça o treino da escrita no papel, até para que não seja pego de surpresa em relação ao tempo”.

“Escrever de máscara é diferente. Recomendo treinar a redação de máscara, contando o tempo”, acrescenta Tatiana. “Seria interessante agora revistar as redações que fizeram e foram corrigidas pelos professores, para que possam dar uma olhada na estrutura e nas orientações. Acho que também vale a pena observar temas que as pessoas têm falado ou assuntos que estão mais em voga, fazer uma espécie de retomada desses enfoques temáticos”, sugere.

Correção

Para ajudar no preparo para a prova, os estudantes podem acessar a cartilha da redação do Enem 2020, divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Na cartilha, estão detalhados os critérios de correção da redação e como é feita essa correção. Estão disponíveis também exemplos de redação que tiraram a nota máxima, nota 1 mil, na edição do Enem de 2019.

Este ano, o Inep divulgou também, de forma inédita, as apostilas de capacitação dos corretores de redação, elaboradas para a edição de 2019. Assim, é possível saber o que os corretores levam em consideração na hora de atribuir notas às provas.

As redações do Enem são avaliadas em cinco competências, cada uma vale 200 pontos: demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa; compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa; selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; e elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Cada prova passa por dois corretores. Caso haja uma diferença de mais de 100 pontos em relação à nota total da prova ou de mais de 80 pontos em relação a alguma das competências, o texto passa, então, por um terceiro corretor. Se a diferença persistir, a prova é avaliada por uma banca composta por três professores, que atribuirá a nota final do participante.

Motivos para a nota zero

Para participar de programas como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas em instituições públicas de ensino superior, e o Programa Universidade para Todos (ProUni), que concede bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior, é necessário não ter tirado zero na redação. A redação receberá nota zero se apresentar uma das características a seguir:

• fuga total ao tema;

• não obediência ao tipo dissertativo-argumentativo;

• extensão de até sete linhas manuscritas, qualquer que seja o conteúdo, ou extensão de até dez linhas escritas no sistema Braille;

• cópia de texto(s) da Prova de Redação e/ou do Caderno de Questões sem que haja pelo menos oito linhas de produção própria do participante;

• impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação, em qualquer parte da folha de redação;

• números ou sinais gráficos sem função clara em qualquer parte do texto ou da folha de redação;

• parte deliberadamente desconectada do tema proposto;

• assinatura, nome, iniciais, apelido, codinome ou rubrica fora do local devidamente designado para a assinatura do participante;

• texto predominante ou integralmente escrito em língua estrangeira;

• folha de redação em branco, mesmo que haja texto escrito na folha de rascunho; e

• texto ilegível, que impossibilite sua leitura por dois avaliadores independentes.

Veja os temas das redações de anos anteriores: 

Enem 2009: O indivíduo frente à ética nacional

Enem 2010: O trabalho na construção da dignidade humana

Enem 2011:  Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado

Enem 2012: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI

Enem 2013:  Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil

Enem 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil

Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Enem 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil e Caminhos para combater o racismo no Brasil – Neste ano houve duas aplicações regulares do exame.

Enem 2017: Desafios para formação educacional de surdos no Brasil

Enem 2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet

Enem 2019: Democratização do acesso ao cinema no Brasil

Enem 2020

Ao todo, cerca de 5,8 milhões de estudantes estão inscritos no exame. O Enem 2020 terá uma versão impressa, nos dias 17 e 24 de janeiro, e uma digital, realizada de forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

As medidas de segurança adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus serão as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, o álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.

Quem for diagnosticado com covid-19, ou apresentar sintomas dessa ou de outras doenças infectocontagiosas até a data do exame, não deverá comparecer ao local de prova e sim entrar em contato com o Inep pela Página do Participante, ou pelo telefone 0800-616161, e terá direito a fazer a prova na data de reaplicação do Enem, nos dias 23 e 24 de fevereiro.

Diretor à frente do Enem morre de Covid-19 poucos dias antes da prova

Diretor à frente do Enem morre de Covid-19 poucos dias antes da prova

Por Correio Braziliense

Após pedidos não atendidos de entidades estudantis e órgãos públicos pelo adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o falecimento do diretor responsável pelas equipes envolvidas no exame, a poucos dias antes do primeiro dia de aplicação de provas, acende um alerta para os riscos de se aplicar um teste durante a pandemia.

Carlos Roberto Pinto de Souza, diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) desde agosto de 2019, morreu na tarde dessa segunda-feira (11) em Curitiba (PR).

Segundo apuração do jornal Folha de São Paulo, a causa da morte dele, aos 59 anos, foram complicações decorrentes da Covid-19. O diretor estava se tratando da doença desde dezembro em Curitiba.

O Inep divulgou uma nota de pelo falecimento do diretor sem mencionar a causa da morte. Confira na íntegra:

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) manifesta profundo pesar pelo falecimento de Carlos Roberto Pinto de Souza, diretor de Avaliação da Educação Básica do órgão desde agosto de 2019. O diretor faleceu na tarde desta segunda-feira, 11 de janeiro, em Curitiba (PR).

Carlos Roberto tinha doutorado em Altos Estudos Militares e foi Comandante do Centro de Comunicação e Guerra Eletrônica do Exército Brasileiro. À frente da Diretoria de Avaliação da Educação Básica, coordenou as equipes envolvidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), entre outros. O diretor participou ativamente da concepção do Enem Digital e do Novo Saeb, principal projeto a que se dedicava nos últimos meses.

A presidência do Inep, em nome de todos os seus colaboradores, agradece o trabalho desempenhado com dedicação, entusiasmo, responsabilidade e senso ético pelo diretor Carlos Roberto. Seu nome estará registrado na história do Inep.

 

Professores dão dicas para lidar com a ansiedade às vésperas do Enem

Professores dão dicas para lidar com a ansiedade às vésperas do Enem

Por Agência Brasil

Lidar com a ansiedade antes de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ficou ainda mais complicado este ano, em meio à pandemia do novo coronavírus. Por isso, professores recomendam que os estudantes descansem, alimentem-se bem e que separem com antecedência tudo que precisarão levar no dia do exame.

Como professora, o que estou passando para os meus alunos é o que a gente conseguiu estudar, nós estudamos até sexta-feira (8). A partir de agora é organizar a caneta, a máscara, o álcool em gel. Olhar o seu Cartão de Confirmação da Inscrição para ver onde vai fazer a prova. Verificar se conhece o lugar, se sabe como chegar. Se organizar para a prova, para não deixar para a última hora”, diz a professora de português da Escola Estadual Amélio de Carvalho Baís, de Campo Grande (MS), Letícia Cintra.

De acordo com o coordenador pedagógico do ProEnem, Leandro Vieira, uma forma de tentar driblar a ansiedade é se sentir minimamente preparado. Então, além de separar os itens para levar no dia do exame, a semana pode ser voltada para a revisão de conteúdo. “Fazer provas anteriores, rever provas de anos anteriores, assuntos que mais caem pode gerar confiança nos alunos”, diz. No site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) estão disponíveis todas as provas aplicadas e os respectivos gabaritos.

Vieira recomenda também que os estudantes tenham uma estratégia para fazer a prova. Isso ajuda a chegar no dia e saber como conduzir o exame, sem perder tempo. “A gente vê muitos alunos que chegam para o dia da prova e acabam ficando muito nervosos, muito ansiosos e acabam não conseguindo se concentrar naquele momento. Importante que vá para a prova sabendo por onde vai começar”, diz.

A dica do professor é começar pela redação, pois é a única prova que não é possível resolver de maneira rápida. Ele recomenda que os estudantes dediquem cerca de uma hora para essa prova e que, em seguida, resolvam as questões com que têm mais afinidade, para garantir o acerto das questões fáceis. Neste domingo (17) serão aplicadas as provas de redação, linguagens e ciências humanas. No dia 24, os candidatos farão as provas de matemática e ciências da natureza.

Para o professor de história do CEL Intercultural School, Rômulo Braga, a principal dica é não se comparar com os demais candidatos. Segundo ele, de formas diferentes, a pandemia causou impacto em todos os estudantes do país. “Não dá para usar a mesma métrica do ano passado. As coisas estão inconstantes e incertas. Não é saudável se adiantar e ficar ansioso em relação aos resultados. Este ano, todos terão resultados diferentes, alguns um pouco para mais e outros para menos. Ainda virão outras aplicações do Enem mesmo em 2021”, diz.

Pandemia

O ano de 2020 não foi como os demais, nem para os estudantes, nem para os professores. Escolas e cursinhos preparatórios tiveram que se adaptar. “Foi um ano extremamente cansativo”, diz Vieira. “Foi um ano de vários testes, de tentativa e erro, daquilo que funcionava ou não funcionava no dia a dia. Realmente foi um ano cansativo para os professores e acho que esse cansaço também se refletiu nos alunos. A gente tem um Enem que nunca foi tão tarde. O Enem normalmente é no começo de novembro, então, são praticamente três meses a mais de estudos do que eles estão acostumados”, acrescenta.

“Às vezes minha vontade era pular da tela para dentro da casa do aluno, para falar com ele, para motivá-lo a abrir a câmera, para trocar de roupa, sair do pijama”, diz Braga. “A maior desvantagem é a falta de contato. Aquele aluno que está desmotivado, mas que se motiva com a presença de outros, com a presença de um professor que ele gosta muito, tudo isso foi evitado”.

Já Letícia Cintra precisou de fato ir à casa de estudantes para evitar que eles abandonassem os estudos. “Não perdemos ninguém, porque a  escola fez uma busca ativa. Se o estudante ficava 15 dias sem acessar o conteúdo, a gente ia atrás dele, ia à casa do aluno para levar atividade”, afirma. Ela conta que precisou também adaptar os próprios horários porque havia alunos que só tinham acesso à internet no fim do dia, quando os pais chegavam em casa com celular. “Atendia aluno às vezes até as 23h. Atendia aos sábados e domingos”.

Em um ano em que ter acesso à internet fez diferença, as desigualdades ficaram mais evidentes. De acordo com levantamento feito pela plataforma de bolsas de estudos e vagas no ensino superior Quero Bolsa, 77,8% dos estudantes que se inscrevem no Enem têm internet em casa e smartphone ou computador. Eles têm, portanto, a conexão e o aparelho para conseguir acessar o material desenvolvido para ensino a distância. Já os demais  22,8%, por falta de infraestrutura, não conseguem assistir às aulas online. Os dados são do questionário socioeconômico do Enem 2019.

Enem 2020

Ao todo, cerca de 5,8 milhões de estudantes estão inscritos no exame. O Enem 2020 terá uma versão impressa, nos dias 17 e 24 de janeiro, e uma digital, realizada de forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

As medidas de segurança adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus serão as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, o álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.

Quem for diagnosticado com covid-19, ou apresentar sintomas dessa ou de outras doenças infectocontagiosas até a data do exame, não deverá comparecer ao local de prova e sim entrar em contato com o Inep pela Página do Participante, ou pelo telefone 0800-616161, e terá direito a fazer a prova na data de reaplicação do Enem, nos dias 23 e 24 de fevereiro.

Inep antecipa em meia hora o acesso aos locais de provas do Enem

Inep antecipa em meia hora o acesso aos locais de provas do Enem

Por Agência Brasil

Responsável por organizar a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) decidiu que, este ano, o acesso aos locais de prova será liberado mais cedo que de costume. A medida visa a evitar aglomerações e a consequente disseminação do novo coronavírus. 

Em uma nota divulgada ontem (11), o instituto informou que os portões dos locais de aplicação dos testes serão abertos às 11h30 (horário de Brasília), e fechados às 13 h – meia-hora antes do início das provas.

Mais de 5,783 milhões de candidatos se inscreveram para participar do exame. As provas estão agendadas para 17 e 24 de janeiro (versão impressa), e  31 de janeiro e 7 de fevereiro (versão digital).

As datas, no entanto, estão sendo questionadas judicialmente por órgãos públicos e entidades que apontam o risco de candidatos e funcionários contraírem a covid-19 devido à reunião de pessoas em locais fechados.

Na sexta-feira (8), a Defensoria Pública da União (DPU) recorreu à Justiça Federal para tentar adiar a realização do exame. No mesmo dia, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) acionaram o Ministério Público Federal (MPF) com o mesmo propósito. Além disso, 50 entidades científicas divulgaram uma nota conjunta em que apontam a “necessidade urgente” de que a realização das provas do Enem sejam adiadas “para outro momento no qual os índices de transmissão e a capacidade de resposta dos serviços de saúde estejam dentro de níveis aceitáveis”. Entre as organizações signatárias estão a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco); a Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn).

Em resposta às críticas, o Ministério da Educação afirmou que regras específicas foram estabelecidas para reduzir as aglomerações nos locais de prova e, assim, garantir a segurança dos candidatos e funcionários que participarão do exame. Os principais procedimentos de segurança estão detalhados em dois editais publicados pelo Inep, o nº 54 e o nº 55 cuja observância é obrigatória.

Enem

Realizado anualmente desde 1998, o Enem tem o propósito de avaliar o desempenho escolar dos estudantes que concluem o ensino médio, mas muitas faculdades utilizam a nota dos participantes para selecionar seus novos alunos.

O exame conta com uma redação e 45 questões em cada prova das quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias. Ao todo, o Inep confirmou 5.783.357 inscrições para o Enem 2020.

Os desafios da reta final para o “Enem da pandemia”

Os desafios da reta final para o “Enem da pandemia”

Por Felipe Pessoa/Diario de Pernambuco

Ansiedade, expectativas, insegurança… Estas são palavras já presentes no cotidiano de quem pretende concorrer a uma vaga em universidades e faculdades. Com a pandemia, que mudou drasticamente a dinâmica de diversos setores da sociedade, incluindo a educação, incertezas ganharam força. Mesmo assim, 5,8 milhões de estudantes se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 e se preparam para fazer as provas do certame a partir do próximo domingo. A Covid-19 não foi obstáculo suficiente para desencorajar os feras de Pernambuco, que são 315.693 nesta edição, uma aumento de 14,6% em comparação aos 275.327 de 2019. Além da versão impressa, o Enem digital será aplicado pela primeira vez.

Em um contexto incomum, muitos estudantes tiveram que aprender a conviver com as limitações impostas pela pandemia. Yasmin Mariana, 19, aluna da rede estadual, viu em 2020 um ano complicado para focar nos estudos. “Perdi uma pessoa querida para a Covid-19, meu padrasto perdeu o emprego e minha mãe engravidou. Temos três crianças em casa. Então foi tudo uma correria, um cansaço enorme o tempo todo”, diz. Durante a preparação, a estudante não conseguiu acompanhar boa parte das aulas, realizadas remotamente. “Eu só tenho celular para estudar, aí ficou difícil”, afirma.

A ausência de aulas presenciais foi um complicador para Marina Pedrosa, 17. “Acredito que consegui me adaptar o máximo possível ao modelo remoto, mas senti falta da interação com meus amigos e professores pessoalmente, o que às vezes me deixava desmotivada”, diz a aluna, que estuda na rede privada.

A professora de linguagens do Colégio Núcleo e doutora em letras pela UFPE, Rita Kramer, lembra das adaptações necessárias ao longo do ano. “Saber como o conhecimento está chegando ao estudante já é um desafio quando estamos perto dele, e online isso se acentua. Mas com a realização de um enorme número de atividades e o estímulo à interação, conseguimos trazer os estudantes para o engajamento que desejávamos”, conta.

O estudante Phillipe Joseph, 18, da rede particular, classifica os meses de pandemia como “um processo de luta contra distrações” no qual conseguiu manter o foco nos estudos. “A partir das experiências com os simulados, eu entendi o que eu devo fazer na prova e o que não devo”, revela.

De olho em uma vaga no curso de medicina, Fernando Pessoa, 17, também estudante de escola privada, afirma que teve que trabalhar duro para manter o foco nas aulas e atividades, mas ressalta que os exercícios que realizou ajudaram a treinar a concentração. Ele optou por fazer a prova digital, que será aplicada para 101,1 mil feras, de maneira experimental. “Na hora das provas, eu particularmente não tenho problemas de concentração isso devido ao treino. O colégio proporcionou muitos simulados e através dos resultados que obtive estou me sentindo confiante para o dia da prova”, conta.

Já a Maria Eduarda Ferreira, 17, da rede estadual, teve dificuldades em casa. “Eu tinha a necessidade de ouvir música para me concentrar nos estudos e nos simulados. Mas como não posso ter esse privilégio no Enem, vou tentar buscar meu foco de outra maneira”, afirma.

Confiança

Alguns estudantes encontraram novas maneiras de se sentirem mais seguros com os conteúdos. Depois de meses tentando manter a rotina de preparação, Pedro Augusto, 16, candidato a uma vaga no curso de direito, teve que montar uma estratégia para não se prejudicar no exame, mesmo com as incertezas do calendário de aulas da rede pública. “Pretendo manter o foco me acalmando, porque (a prova) será um momento bem mais complicado do quejá é normalmente”, revela.

Para a professora Rita Kramer, o autocontrole é fundamental para que os estudantes obtenham um bom resultado no exame. “Num momento como esse, tão decisivo da vida, é normal ficar ansioso, mas alimentar pensamentos assim pode atrapalhar a construção feita o ano todo. Por isso, é preciso ter muita calma e atenção para ler a prova com cautela”, afirma. “Cada um deve conhecer bem seus limites e buscar lidar com eles para ter o seu melhor desempenho. Não há uma fórmula única.”

Família

Professor de redação do Colégio Núcleo, Anderson Ferreira destaca que a participação da família, principalmente no contexto atual, é muito importante para os alunos. “As instituições precisam estar em comunhão com as famílias, para que todo mundo acompanhe, conduza e apoie de perto”, explica.

Um Enem, duas modalidades

  • Pela primeira vez desde que foi criado, em 1998, o Enem vai ser realizado em duas categorias: presencial e remota
  • Em ambos os formatos, os estudantes terão dois finais de semana para responder às questões
  • No primeiro dia serão aplicadas 45 questões de linguagens e códigos, a redação e 45 perguntas de ciências humanas
  • No segundo dia haverá 45 perguntas de ciências da natureza e 45 questões de matemáticade
  • As provas da modalidade impressa serão nos dias 17 e 24 de janeiro
  • Os portões serão fechados às 13h, com o exame começando às 13h30
  • As avaliações digitais acontecem nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro
Enem terá regras para evitar contágio pelo novo coronavírus

Enem terá regras para evitar contágio pelo novo coronavírus

Por Agência Brasil

Os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 devem estar atentos às regras para evitar o contágio pelo novo coronavírus. As medidas que devem ser adotadas tanto na aplicação do Enem impresso quanto do Enem digital estão previstas nos editais dos exames, e o descumprimento poderá levar inclusive à eliminação dos candidatos.

A máscara de proteção facial será item obrigatório nesta edição do Enem. Além de precisar apresentar um documento oficial original com foto e de ter uma caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente, quem não estiver de máscara não poderá fazer a prova.

Dentro de sala, os estudantes deverão permanecer com a máscara durante toda a realização do exame. O edital prevê que a máscara deve ser usada da maneira correta, cobrindo o nariz e a boca. Caso isso não seja feito, o participante será eliminado. Os candidatos poderão levar máscaras para trocar durante a aplicação, seguindo a recomendação de especialistas da área de saúde.

O equipamento de proteção poderá ser retirado apenas para a identificação dos participantes, para comer e beber. Toda vez que retirarem a máscara, os participantes não devem tocar na parte frontal dela, e devem, em seguida, higienizar as mãos com álcool em gel próprio ou fornecido pelo aplicador. As mãos devem ser higienizadas também quando os participantes forem ao banheiro e no decorrer do exame.

Outra regra é o distanciamento social. As salas, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), estarão dispostas de forma a assegurar a distância entre os participantes.

Quem for diagnosticado com covid-19 ou apresentar sintomas da doença, ou de outra infectocontagiosa até a realização do exame deve comunicar o Inep pela Página do Participante e pelo telefone 0800 616161. Esses candidatos terão direito de participar da reaplicação do Enem nos dias 23 e 24 de fevereiro.

Pandemia

A realização das provas em um momento de aumento de dos casos e das mortes por covid-19 em todo o país preocupa professores, estudantes, autoridades e especialistas. “É um risco grande mobilizar milhões de pessoas em um momento desses”, diz o professor titular de epidemiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Medronho. Em todo o país, cerca de 5,8 milhões de estudantes estão inscritos para fazer o Enem, de acordo com o Inep.

Segundo Medronho, as medidas anunciadas ajudam a controlar a transmissão, mas não há um cenário completamente seguro. “Garantia não há. O ideal é suspender o exame. Mas, posso dizer que vai minimizar de forma razoável o risco”, diz.

De acordo com Medronho, os participantes podem também se proteger evitando aglomerações nos portões do local exame, mantendo um distanciamento de pelo menos 1,5 metro das pessoas ao redor, mesmo antes de entrar na prova. Devem também, mesmo que não seja obrigatório, levar máscaras para trocar ao longo do exame. “Recomendo que levem duas máscaras e que na metade da prova troque pela máscara nova. Com isso, estarão protegendo a si mesmos e protegendo os colegas”, orienta.

Pedidos de adiamento

Com o agravamento da pandemia, surgiu nas redes sociais um novo movimento pedindo o adiamento do Enem. O Brasil bateu a marca de 200 mil pessoas mortas pela covid-19. O número diário de óbitos ultrapassou a marca de 1 mil por dia.

Na sexta-feira (8), a Defensoria Pública da União apresentou novo pedido de tutela de urgência para o adiamento das provas do Enem. As provas, de acordo com o pedido, devem ser adiadas “até que possa ser feito de maneira segura, ou ao menos enquanto a situação não esteja tão periclitante quanto agora”.

Mais de 40 entidades científicas, entre elas a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), assinaram nota conjunta pedindo também o adiamento das provas. “É necessário adiar o Enem e é urgente que secretarias estaduais de Educação coordenem planejamentos para garantir as condições pedagógicas e sanitárias para que todos os estudantes participem do Enem. Esse exame existe para incidir na redução das desigualdades do acesso ao ensino superior e não pode servir para ampliar desigualdades ou, o que é inaceitável, se tornar espaço vetor de uma pandemia”, diz a nota.

Inep

Inep decidiu manter o exame, para garantir que os estudantes tenham acesso ao ensino superior e possam continuar a formação. Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou que a autarquia preparou-se para fazer o exame em um contexto de pandemia. “Temos a segurança [de] que a prova deve ser feita e que as condições de aplicação são adequadas, são as que precisam ser tomadas.”

O Enem 2020 será aplicado na versão impressa nos dias 17 e 24 de janeiro e, na versão digital, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.