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INDÚSTRIA E SUCROALCOOLEIRO | Daniela Petribu

A saga de quem está em permanente aprendizado

Daniela Petribu foi convidada há 19 anos para assumir um cargo nos negócios da família e hoje é presidente da Usina Petribu

Há 18 anos, durante uma festa de família, Daniela Petribu aceitou um convite que mudaria completamente sua vida. Seu tio, Jorge Petribu, pediu que ela assumisse um cargo nos negócios da família, a Usina Petribu. O que era, em princípio, um cargo gerencial foi evoluindo. Hoje ela é presidente da usina. Ao longo desse tempo, acumulou experiência e notoriedade no que faz, tanto que o trabalho é reconhecido não somente dentro, mas fora da empresa. Daniela foi condecorada com o Grande Prêmio Orgulho de Pernambuco na categoria Indústria e Sucroalcooleiro.

Perseverança e determinação marcam a trajetória da administradora que, ao assumir o cargo mudou-se do Recife, onde tinha apartamento próprio, para Carpina, na Zona da Mata Norte, onde fica a Petribu. O marido e os dois filhos a acompanharam. “Nessa época (no início da trajetória na empresa), eu não entendia nada dos negócios da família. Não era uma assunto que conversávamos. A gente vinha no fim de semana para a Usina e os Natais também eram aqui”, explica ela, que no começo assumiu um cargo na Irca, a fábrica de ração da família. Um ano depois ela foi efetivamente para Petribu.

“Eu sempre trabalhei me envolvendo muito no trabalho. Fui tentando organizar do meu jeito, mas sem mudar o processo. Toda vez que eu achava que tinha que mudar, conversava com Jorge e ele ia me orientando”, lembra Daniela, que na usina passou pelas áreas financeira, contábil, administrativa, de tecnologia, almoxarifado, departamento pessoal, recursos humanos, entre outras. “Todas as áreas vieram para mim. Ele (Jorge) foi me testando. Ia dando certo e ele me dava outra área. Criou uma superintendência e depois uma diretoria”, explica. Somente no fim de 2014, quando Jorge passou cinco meses fora do Brasil, foi que Daniela assumiu o cargo de diretora-presidente da usina.

No dia a dia de trabalho, Daniela gosta muito de aprender e sempre está estudando. Ela mesma se considera alguém que “pergunta muito”. “Peço para me ensinarem. Eu gosto de aprender porque é muito ruim você ouvir uma coisa e ter que aceitar porque não sabe. Eu quero saber”, ressalta, com a humildade de quem reconhece que há limitações. “Lógico que não tenho pretensão de achar que vou saber de tudo”. Exemplo disso foi no fim da safra deste ano, quando pediram que ela dirigisse um caminhão. “Eu nunca tinha dirigido. Aí fui treinar para entender as marcha”.

Para a presidente da Petribu, quem trabalha em usina “nunca vai morrer de tédio”. “Todos os dias tem um problema diferente. Eu procuro ter uma inteligência emocional boa. Pelo menos é o que as pessoas dizem”.Sobre o reconhecimento no Grande Prêmio Orgulho de Pernambuco, a gestora se diz feliz. “Não sei quem indiciou, mas só o fato de ter sido lembrada (para a votação) me deixou bastante feliz”. Segundo ela, muitas pessoas fizeram campanha quando souberam que ela era uma das concorrentes. “Teve gente que me ligou, inclusive funcionários e amigos dizendo que iam votar em mim. Achei isso muito interessante”, diz. “Vai fazer 19 anos que estou na Petribu, sendo quatro como diretora-presidente. É um trabalho difícil, por se tratar de uma atividade bastante complexa. Mas nós temos tentado trazer cara moderna na gestão, com indicadores de desempenho e meritocracia”.

Patrícia Monteiro
Especial para o Diario
local@diariodepernambuco.com.br

“Fui tentando organizar o trabalho sem mudar o processo. Sempre pedia orientação quando queria modificar alguma coisa na usina”

Daniela Petribu

Presidente da Usina Petribu

Passado e futuro juntos

Indústria de alimentos, Usina Petribu tem investido em tecnologia e modernização com a meta de se tornar uma
das melhores do mundo

Com uma projeção de produzir 1,3 milhões de cana-de-açúcar moída na safra 2018/2019, que está em andamento e termina no início do ano que vem, além de 2,8 milhões de toneladas de açúcar, a Usina Petribu deve ter um ano de 2019 melhor que 2018. Além disso, até o fim da safra a empresa deve lançar dois novos produtos no mercado, sendo um deles um novo tipo de açúcar refinado.

“2018 tem sido um ano desafiador porque o preço (do açúcar) está muito baixo, e tivemos um problema recorrente, que é a questão do clima. Tivemos um ano bastante seco e estávamos esperando uma safra maior”, diz Daniela.

“No campo, às vezes você faz o trabalho certo, mas se a chuva não vem o resultado não é o esperado”, acrescenta. A expectativa é de que 2019 seja melhor pelo enxugamento do mercado. “Deve haver uma diminuição na oferta de açúcar e isso tem reflexo no preço. Além disso, muitas usinas acabaram migrando (neste ano), concentrando na produção de álcool, principalmente no Centro-Sul”.

Atualmente, a Petribu tem 16 marcas. A empresa também faz o ensacamento de açúcar de marcas próprias vinculadas a grandes redes varejistas, a exemplo do Walmart, Makro, Grupo Pão de Açúcar, entre outros. “Também exportamos açúcar VHP bruto para os Estados Unidos, para que lá eles façam o refino e o ensacamento. E comercializamos o açúcar refinado e ensacado para o mercado mundial”, explica.De acordo com a diretora, a Usina Petribu é a mais moderna entre as instaladas no estado. “Tanto que neste ano fomos a indústria que teve o melhor rendimento dentre as usinas do estado”, diz, afirmando que no quesito eficiência a empresa obteve a segunda colocação. Além disso, a gestão está sendo focada em indicadores, metas e resultados. “Não podemos controlar aquilo que não medimos. A parte de certificação que a gente vem conquistando, que a gente fez, a FSC22000, de eficiência alimentar, fez com que mudássemos processos internos”.

“Temos mexido muito com processo e padronização. Faz as pessoas saírem da zona de conforto e pararem de dizer: ‘ah, mas isso sempre foi feito assim’. Somos indústria de alimentos e empresa moderna”, ressalta, destacando que a Petribu pretende estar entre as melhores do ramo no mundo. “Não queremos uma fábrica de açúcar de 20 anos atrás. Queremos modernização, tecnologia. Acabar com a síndrome de Gabriela, de ‘eu nasci assim, vou morrer assim’”.