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JURÍDICO | Ronnie Duarte

Advogado por vocação e compromisso

O presidente da OAB-PE, Ronnie Preuss Duarte é um apaixonado por Pernambuco e administra uma rotina onde o trabalho é visto de forma missionária

Para algumas pessoas, a profissão é algo que vai muito além do que o que se faz para garantir a seguridade dos próprios recursos financeiros. Ronnie Preuss Duarte, 44 anos, é uma delas. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Pernambuco, casado e pai de três filhos, tem na advocacia sua origem e propósito. É alguém longe de considerar uma quantidade exacerbada de trabalho como problema, mas sim como algo inerente à missão de sua vida. Pessoa a quem as palavras determinação, foco e dinamismo são facilmente identificadas.

O advogado foi um dos agraciados no prêmio Orgulho de Pernambuco de 2018. Nascido no dia 18 de abril de 1974, no Recife, ele passou a infância em colégios como o Bem-Me-Quer e Santa Maria, enquanto, nas férias, fazia companhia ao pai, advogado, no escritório e em audiências. Experiências que incutiram nele desde os oito anos o desejo de seguir o ofício do pai. “No seu escritório, meu pai fez uma mesinha pequena e dizia que era minha. Então, nunca cogitei em fazer outra coisa”, contou.

Talvez por isso afirme que as escolhas profissionais devam ser vocacionais e não por conveniência. “Nunca fiz advocacia pensando em ganhar dinheiro, nunca foi meu fim. Ele veio como uma consequência. Tenho prazer no que faço e vou morrer trabalhando. Aposentadoria para mim só se for por invalidez. Viajo, passo 10 dias e já fico com saudades. Sou muito ativo e nunca tirei um mês inteiro de férias. Para mim, meu trabalho não é trabalho”, revelou.

O caminho que levou Ronnie Duarte até a presidência da OAB, instituição com 38 mil advogados ativos, foi sedimentado pela trajetória nos locais onde atuou, a exemplo da Escola Superior de Arquitetura (ESA). “Na época, a entidade não era superavitária e conseguimos reverter esta dificuldade, fazendo com que ela passasse a ser autossuficiente. Além disso, iniciamos programas de pós-graduações recebendo premiação, inclusive, do Conselho Federal. Foi o maior plano de inclusão educacional nos ensinos pós-graduados de toda a história da OAB. Neste período, 3 mil alunos nas pós-graduações. Até hoje, são mais de 7 mil”.

Em decorrência destas e outras iniciativas, Ronnie foi convocado para assumir a Caixa de Assistência dos Advogados de Pernambuco (CAAPE), onde também desenvolveu ações diferenciadas como a inserção de auditoria, implantação de estacionamento, oferta de planos odontológicos com anuidade simbólica e ampliação de programas de vacinação.

“Em todos os lugares por onde passei, procurei deixar uma marca. E gosto de dizer sempre que o que mais valorizo na vida é o compromisso e a dedicação. Quem é comprometido e dedicado, em qualquer circunstância, vai conseguir um lugar de destaque. Sempre fui um dos primeiros a acordar e um dos últimos a dormir em tudo o que fiz. Se estou aqui na OAB, encaro isso com espírito missionário. Tento incutir nos meus filhos este senso de responsabilidade e compromisso em relação ao trabalho seja ele voluntário, como o nosso, ou remunerado. Ambos reclamam um idêntico grau de comprometimento”, afirmou.

Fã assumido do ramo da advocacia contencioso societário, ele acredita que a preferência se deva a uma série de fatores como, por exemplo, ser este um ambiente onde se consegue, por conta de particularidades técnicas, ter definição estratégica dos procedimentos congregando estratégias de atuação extrajudicial e judicial. “Talvez isto se deva também ao fato de eu ser extremamente competitivo. Sei, entretanto, perder. Se as coisas dão errado, aceito com tranquilidade desde que eu tenha feito o máximo possível. Tenho como virtude pessoal a resignação. Entro nas disputas querendo muito ganhar, mas pronto para perder. Nunca perdi noite de sono por revés profissional. A certeza de que fiz o possível me basta”, explica.

O espírito de competitividade e foco reflete-se também nos hobbies que adotou: tiro esportivo, squash e musculação. “Tenho um personal trainer há mais de 20 anos e procuro ir à academia no mínimo três dias por semana, chova ou faça sol. Faço também aula de violão mas nem gosto de dizer porque toco mal e canto mal (risos). Sou hiperativo e tenho, em alguma medida, déficit de atenção. Então, para mim, o tiro e a música são dois ambientes onde ou me desligo de tudo ou não consigo fazer nada”, contou.

No último dia 12 de dezembro, o presidente da OAB-PE recebeu a Medalha do Mérito José Mariano, da Câmara de Vereadores do Recife, considerada a mais alta comenda concedida pela Casa. A honraria foi proposta pelo vereador André Régis e é atribuída aos cidadãos que se destacaram nas atividades culturais, políticas, científicas e sociais. “Foi uma honra muito grande não apenas por provir da Câmara, mas por ter sido iniciativa do vereador André Régis, parlamentar por quem nutro pessoal admiração. Sou apaixonado pela minha cidade e de um tempo em que as condições de segurança permitiam que, ainda muito jovem, aos 11 anos, pudesse transitar muito pelo Centro, que sempre me encantou. Então, esta homenagem é motivo de alegria e nos despedimos da gestão com chave de ouro”, destacou.

PERNAMBUCO
O encantamento pela cidade estende-se a todo o estado de Pernambuco, que considera uma verdadeira pintura em diversos ambientes. Afirma gostar de trechos da zona urbana do Recife, da confluência dos rios, do Recife Antigo, centro histórico, praias, litoral Sul e Norte. “Conheço o mundo inteiro e nunca vi praias tão bonitas quanto em Noronha. Enquanto cidadão, lamento apenas que não tenhamos políticas consistentes e efetivas de promoção do turismo. É necessário, por parte da administração pública, um olhar diferenciado e uma política de curto, médio e longo prazo que não identificamos aqui. Além disso, destaco o nosso povo, extremamente acolhedor, trabalhador, resiliente. Antes de tudo um forte, como diria Euclides da Cunha”, finalizou.

“Nunca fiz advocacia pensando em
ganhar dinheiro, nunca foi meu fim. Ele veio como uma consequência”

Ronnie Duarte

Advogado

Teologia

Nem todos sabem, mas Ronnie, depois de advogado, cursou dois anos de Teologia. Ele conta a história: “Não tenho vocação religiosa. Depois que voltei do mestrado em Lisboa, entretanto, travei contato com o professor Paulo Otero, um dos maiores juristas da Europa e uma das melhores pessoas que conheci na vida. Conheço muita gente que, publicamente, tem um discurso moralista, religioso, mas no ambiente privado comporta-se de maneira completamente antagônica ao que prega.
E ele era rigorosamente coerente. Isso me despertou para um processo de conversão. Sempre, entretanto, fui muito racional e a fé para mim era difícil porque você não consegue a construção de uma lógica que te incuta este sentimento. Ele tem um ponto de partida que não é racionalmente explicável. Então, fui fazer teologia para me aprofundar na fé. Precisei desistir por questões de logística e agenda”..

Trajetória Profissional

Neste mês, Ronnie recebeu a Medalha do Mérito da Câmara José Mariano

O curso superior foi concluído na Universidade Católica de Pernambuco em 1996. Depois, Ronnie cursou pós-graduação na UFPE em Direito Processual Civil (1999) e mestrado em Ciências Jurídicas/Direito Processual Civil em Lisboa (2001), onde morou por um ano. Lecionou Direito Civil nas pós-graduações de entidades como Universidade Mackenzie e Escola Superior da Magistratura. O afastamento da vida acadêmica aconteceu quando assumiu a diretoria da Escola Superior de Advocacia da OAB (ESA) e, simultaneamente, o mesmo cargo na Escola Judiciária Eleitoral (TRE).

Foi em sua gestão que teve início a primeira pós-graduação da casa, a primeira de todos os TREs com alunos de quatro estados. Foi, ainda, desembargador eleitoral por dois mandatos e vogal da Junta Comercial por quatro anos. Atualmente cumprindo os últimos dias como presidente da OAB-Pernambuco, Ronnie também atua como sócio do Duarte Advogados Associados (em sociedade com o irmão Frederico Duarte e com Vinícius Pimentel), em Boa Viagem. O escritório, com cinco advogados e estagiários, possui aproximadamente 400 processos no histórico, com maior ênfase no contencioso civil e consultoria estratégica. É também autor de vários livros publicados no Brasil e em Portugal. De autoria própria, Teoria da Empresa à Luz do Novo Código Civil (2004), dedicado à memória de Urbano Vitalino Filho, e Os Direitos Processuais Fundamentais (2007). De coautoria, contabiliza 10 títulos.