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TURISMO | Juliana Britto

Com os ventos soprando a favor

Catamaran Tours se tornou uma referência em passeio por cartões postais de Recife e empresários pretendem implementar novidades no Litoral Norte

Era só uma jangada, que virou duas, viraram três… Depois, era só um barco, que virou dois, viraram vários. A conexão com o mar é realmente algo inexplicável, mas há quem entenda por vivência. Não a vivência de quem se acostuma, mas pela vivência de quem escolhe viver. Juliana Britto, empresária que toca com os irmãos Marcos e Mauro o projeto Catamaran Tours, viu o projeto de família ser o escolhido como vencedor na categoria turismo do Grande prêmio Orgulho de Pernambuco. Veio a questão: “Você entende o poder que é o Catamaran?”, perguntaram. “Às vezes, acho que não”, respondeu Juliana. A história veio à cabeça. “Logo em 2018, no aniversário de 30 anos do Catamaran. Trinta anos de quando meus pais Júlio e Solange vendiam um apartamento em São Paulo para abrir uma pousadinha em Nova Cruz, no litoral Norte, e começar tudo. Que presente.” É um prêmio para a história de família, para o amor, para o mar e para Pernambuco.

O Catamaran Tours é um lugar mágico, à beira das águas no bairro de São José no Recife. É tipo um complexo de restaurante, espaço de eventos, um recente lounge bar e o tradicional passeio de catamarã, tudo dentro de uma atmosfera com um astral que nem com os mais complexos e especializados analistas de mercado conseguiriam implantar em um local.
Juliana explica que são os frequentadores que fazem aquele clima acontecer. “A gente só trabalha para que seja um lugar especial, sem protocolos e sem formalidades”, resume modestamente. Parece simples. Na prática, o espaço ocupa com disposição o calendário turístico do estado por simplesmente 365 dias do ano. Sem parar. Não há um só dia que o turista pernambucano diga que “não se tem o que fazer por aqui”. A casa se garante para que essa frase jamais seja mencionada em nosso solo. E sempre fazendo mais um pouco a cada dia. Cada santo dia é pensado para que as pessoas conheçam o nosso estado pelas águas. Resultado: poucas coisas têm tanto a cara de Pernambuco como o Catamaran Tours.

A idade, na verdade, crava a chegada da maturidade. O ano dos 30 serviu mais uma vez para inovar, melhorar e concretizar um grande sonho: a volta para casa. Surgiam em 1988 as primeiras experiências turísticas do Catamaran. Júlio Britto, ao lado da esposa, a paulista Solange, construiu uma pequena pousada, na praia de Nova Cruz, no Litoral Norte. Júlio faleceu há 17 anos e o negócio por lá parou desde então. A sede se transferiu para o centro e a base do Litoral Norte “virou um apoio para manutenção e guardar os barcos e catamarãs”, explica Juliana.

Por enquanto. Já está em fase de obras o projeto para reinaugurar a antiga sede, um projeto amplo, moderno e que promete chacoalhar o turismo do Litoral Norte. O projeto da primeira sede vai voltar pelo pai de Juliana que apostava no lugar quando era só um sonho de se conectar com o mar, pelo menino que escolhia um barquinho em vez de um carrinho; pelo adolescente que ensaiou a construção de um barquinho aos 14 anos; pelo jovem que na faculdade de engenharia mecânica construiu com amigos um barco campeão de regatas. Vai voltar pelo homem que viu o algo a mais para a pousada de Nova Cruz e que se tornaria o orgulho de Pernambuco: “Por que não um passeio de jangada pela Ilha de Itamaracá?”

Patrícia Monteiro
Especial para o Diario
local@diariodepernambuco.com.br

“A gente só trabalha para que seja um lugar especial, sem protocolos e sem formalidades”

Juliana Britto

Empresária

O Recife por um outro ângulo

Catamarãs circulam pelos rios e mares do litoral pernambucano e atraem turistas,
diariamente, todo o ano

O primeiro catamarã veio em 1994. Um barco que existe até hoje, batizado de Lago Azul. Foi ele que, em 1995, inaugurou o passeio da Ilha de Itamaracá. Era para ser um serviço extra da pousada, algo despretensioso. Por razões óbvias, a demanda apareceu. Na mesma época, o serviço já chegava ao Recife, com embarque de passageiros no Marco Zero. A proposta já era oferecer uma forma de conhecer a cidade a partir de um ângulo diferente, através dos rios e em um restaurante flutuante durante a noite.

“A gente via a movimentação das pessoas, que frequentavam a Casa de Banhos no outro lado do rio, onde fica o parque das esculturas. Foi um passo para entrarmos com o catamarã para mostrar esse olhar do Recife a partir da água”, lembra Juliana. O passeio do Recife, no Marco Zero, foi um divisor de águas para a empresa. Com o sucesso, em 2006, foi a vez da Praia dos Carneiros, no Litoral Sul, receber um tour fixo. Já o passeio com saída no Cabo de Santo Agostinho, em Suape, é mais recente, iniciado em 2010. O início da atividade no centro coincidiu com a revitalização do Recife Antigo, bairro histórico da capital, o que deu força ao projeto, já que a área passou a contar com o funcionamento de muitos bares e projetos de lazer movimentando as ruas do bairro.

No início e por muito tempo toda a família Britto atuava no negócio. Júlio ficava na administração, a esposa cantava e tocava violão, os filhos, Marcos, Mauro e Juliana, vendiam os ingressos, atendiam os clientes e operavam o barco. Ainda assim, todos continuavam morando em Maria Farinha, onde o único catamarã que ficava à disposição dos hóspedes durante a semana e de quinta a sábado, partia, no fim da tarde, para o Recife, oferecendo os passeios na capital. “Tudo na cara e na coragem”, ressalta Juliana.

Hoje, o negócio é protagonista no turismo de Pernambuco. “Aumenta a responsabilidade”, confessa. “Quero sempre defender e ser um instrumento para alavancar o nosso estado como destino turístico. É minha maior missão, que me faz não deixar um dia os passeios sem funcionar ou algum cliente sem ser atendido. Eu coloco na minha cabeça que eu tenho que realizar, porque não me permito saber que um turista deixou o passeio de catamarã para um dia da viagem e voltar para casa sem ele. O dia que ele for, ele vai ter”, garante com a certeza de quem entende aonde as águas podem levar o Recife, ao patamar de rios como uma atração nos padrões de cidades turísticas reconhecidas por explorarem com qualidade os passeios de barco, a exemplo de Buenos Aires, na Argentina, e Paris, na França. Todo dia é pensado incansavelmente como um passo para essa meta.