ÁGUAS E VINHOS DO VALE DE SÃO FRANCISCO // O MAR DO SERTÃO

Na última reportagem da série Rotas PE, o Rio São Francisco é o protagonista do sucesso do turismo crescente na região, regado à produção de vinho

Petrolina

Petrolina é um polo na rota das águas e vinhos do Sertão de Pernambuco. Sexto maior PIB do estado, gerado principalmente pela fruticultura irrigada, a cidade garante ao turista a infraestrutura necessária para quem quer aproveitar o mar que o Rio São Francisco forma nas diversas ilhas e balneários. A cidade tem diversos pontos de travessias para as ilhas de Massangano, Amélia, Maroto e Rodeadouro.

Essa última é a principal atração turística e mais movimentada delas. As ilhas funcionam para o público das 8h as 18h, por conta do horário dos barcos. A principal forma de acesso é pela Travessia do Almirzão, na estrada de Tapera. Custa R$ 5 por pessoa (ida e volta). Chegando na Ilha do Rodeadouro, o turista encontra água calma em piscinas formada por pedras, mas também áreas de correnteza (não é recomendado banho nessa parte, por isso possui bóias de proteção para que quem estiver no banho não passe sem intenção).

A estrutura de bares garante o desejo de ficar o dia inteiro na ilha. Tem petisco, refeição, cerveja gelada, banho de rio e sol. Muito sol. Um comerciante brincou, com um fundo de verdade: “Faz sete anos que tenho esse bar e nunca vi chuva aqui. Chuva de verdade, nunca teve”, disse Antônio Silva, da barraca do Toinho. Outra opção, mais afastada do centro de Petrolina e com menos agitação, o balneário de Pedrinhas é garantia de cenário para aproveitar o dia. Fica a 30 quilômetros da área central da cidade e também possui estrutura de bares e restaurantes no estilo “pé na areia”. Como não precisa de travessia, o acesso por rodovias atrai turistas e moradores que querem dar uma esticada no horário de lazer.

A água calma do local também favorece os passeios de barco. Se o objetivo for curtir o rio e o visual, a Ilha do Fogo é a boa pedida. Fica literalmente embaixo da ponte Petrolina-Juazeiro, uma área recém liberada para o público. Resume-se a zonas de banho sem as grandes opções de bares e restaurantes, mas tem algo que se diferencia das demais ilhas: a dica é alugar um barco (há muitas opções) e remar até o meio do rio para esperar o pôr do sol, dentro da água. É arrebatador. O acesso é por cima da ponte, a pé (não é permitida a entrada de carros). Apesar de não necessitar de travessia de barco, a ilha possui acesso limitado a fins de semana e feriados, das 7h às 18h.

A gastronomia sertaneja, com base na carne do bode ou do carneiro, é um prato literalmente fácil em Petrolina. O Bodódromo, praça da cidade com oferta de bares e restaurantes com o carneiro e o bode como carro-chefe, é o destino certo para comer e “esquentar” para a noite. Picanha de carneiro, acompanhada de baião de dois cremoso, vinagrete e macaxeira frita é o grande anfitrião. Cada bar/restaurante tem o seu horário de funcionamento, mas todos estão abertos para almoço e fecham quase todos a meia noite. Vale muito incluir no roteiro da viagem. A nova orla da cidade também tem sido bastante movimentada.

Santa Maria da Boa Vista

Banhada pelo Rio São Francisco, a cidade vem despertando para o potencial do ecoturismo. Trilhas pela caatinga e caminhadas no relevo de rochas e encostas do Velho Chico são opções de lazer na cidade. As corredeiras de água são uma atração à parte, além dos mirantes para admirar a beleza do rio. O Monte Carmelo é um bom lugar na cidade para fazer um pacote completo de entretenimento. O turista percorre a trilha do Carmelo (mata seca) até o mirante de mesmo nome. De lá do alto, dois presentes: o primeiro é o pequeno santuário em homenagem a Virgem Maria. O segundo é a vista do Velho Chico: dá para ver áreas de água calma, agitada, corredeiras, ilhas e o contraste do seco da terra e a imensidão do rio. O banho, no pé do Serrote, só valida o prazer de visitar esse lugar. Está aí a explicação para o “Boa Vista” do nome da cidade. É, de verdade, uma região de contemplação. Nada é cobrado para ter acesso ao rio e as trilhas nas comunidades e vilas, mas os moradores fazer o apelo de não deixar lixo no local.

Alguns esportes radicais podem ser realizados no São Francisco, como canoagem e rafiting. Descendo ou subindo o rio, por exemplo, dá para percorrer seis ilhas, algumas à margem de áreas de plantas frutíferas. Um registro: não se prenda a almoçar no centro da cidade. No caminho para o Monte do Serrote, obrigatoriamente você passará pelo Bistrô da Penha, uma casa simples onde a própria Maria da Penha Silva recebe os seus clientes e amigos. Ela, inclusive, orienta os turistas a passarem no bistrô para fazerem os pedidos antes de irem ao banho ou as trilhas do São Francisco. Na volta, é apostar no sucesso da casa: galinha de capoeira (caipira), que acompanha farofa, arroz e vinagrete. O preço: R$ 40 e serve até cinco pessoas.

Lagoa Grande

Produtora de uvas e vinhos de nível internacional, a cidade passou a atrair os olhares de turistas e dos investidores que estão prontos para levar a produção local para o Brasil e para o mundo. As vitivinícolas, inclusive, oferecem o serviço de visitação e o passeio é um evento à parte. É muito interessante conhecer os parreirais de uvas estrangeiras adaptadas ao clima local e ainda mais entender a importância da agricultura irrigada, que permite um lugar seco, de alta insolação o ano inteiro, sem chuvas, produzir duas ou três grandes safras no ano.

São mais de 20 mil toneladas de uvas e sete milhões de litros de vinho saindo deste solo semiárido, à beira do Rio São Francisco. Dentro da vinícola, o passeio garante conhecer a plantação, a produção, envase, a história do vinho, degustar e comprar o produto “na fonte”. A vitivinícola Santa Maria, por exemplo, tem um ponto extra. A casa oferece dois tipos de visita. Uma primeira é mais curta, para conhecer parte dos mais de 150 hectares plantados com 16 variedades de uvas vitiviníferas (somente para produção de vinho e não para consumo in natura).

O local foi cenário da minissérie Amores roubados, exibida pela Rede Globo. É possível entrar nos parreirais de uvas de vinho branco e tinto. Em seguida, o passeio vai até a adega (fábrica), onde é exibido o processo produtivo. Já a segunda opção acompanha o primeiro passeio e, como a fazendo fica à margem do São Francisco, os visitantes seguem para um passeio de catamarã com degustação de espumantes e parada para banho. De volta à fazenda, é servido um almoço com culinária regional e degustação de vinhos. O cenário de calmaria do Velho Chico, água clara e taça na mão é um passeio e tanto. Vale para amigos, casais e família. O primeiro custa cerca de R$ 10. O mais longo, R$ 170. Ambos terminam na lojinha da casa.

Orocó

Com o Velho Chico à disposição todos os dias, a cidade tem balneários privados com infraestrutura de bar, restaurante e música que movimentam os fins de semana. Não se cobra nada para entrar nesses espaços, mas o consumo é exigência para quem tiver interesse de conhecê-los.

Um destaque: o balneário Estação do Sol, pertinho do centro (um quilômetro). É como uma fazenda, com ilhas e pedras no Rio São Francisco, que vale cada minuto no banho. As pedras fazem a tarefa de dividir as águas e permite o turista escolher a aventura que deseja.

Tem áreas de água calma, áreas de correntezas suave e forte e também uma parte de água completamente parada. O detalhe positivo é que dá para se permitir ser levado pela correnteza, justamente porque o fim dela leva a uma grande piscina de água “morta”. Visita mais que obrigatória. O balneário tem bar que oferece bebidas, refeições e petiscos. Carro-chefe: peixe para duas pessoas, acompanhado de batata doce ou macaxeira fritas. R$ 45 e serve duas pessoas.

Outra opção é o balneário Águas Belas. Lugar calmo e com opção de piscinas para quem não curte muito o banho de rio. Todos os fins de semana, o restaurante do local oferece o prato do dia para os clientes. Também não cobra entrada, apenas a consumação no local. Curiosidade, as plantas com frutas atraem muitos animais, tanto aves como macacos para o local. Crianças adoram.

Em todos os balneários, é possível contratar barqueiros para fazerem o passeio pelo Rio São Francisco. A cidade, por sinal, tem 60 ilhas de diversos tamanhos para contemplação no passeio que pode terminar no mirante da Serra do Ocoró, palco perfeito para o pôr do sol.

[ FICA A DICA
PETROLINA

 

  • Vale Conhecer 
  1. Ilha do Rodeadouro
  2. Ilha Amélia
  3. Ilha do Massagano
    Horário de visitação: 8h às 18h (precisam de travessia, feita na Travessia do Almirzão, na estada de Tapera)
    Duração média de visitação: fica por decisão dos turistas, mas tem que estar dentro do horário de visitação
  4. Ilha do Fogo
    Horário de Visitação: Aos fins de semana e feriados, das 7h às 18h
  5. Balneário das Pedrinhas
    Acesso: Estrada das Pedrinhas (ao lado do 72º BIMTZ)
    Horário de Visitação: Finais de semana e feriados

 

  • Onde Comer? 
  1. Bode e carneiro 
    No Bodódromo: Restaurante Ângelo , Isaias, Monjopina , Bode do Geraldo, Bode do Curaçá e Restaurante Papa’s II
  2. Peixe
    Restaurante Maria do Peixe – orla, Restaurante Temático,  Carranca Gulosa – Estrada da Tapera, Restaurante Cabana Coisa D’Agua – Ilha do Rodeadouro, Barraca do Toinho – Ilha do Rodeadouro, Barraca Rio Doce – Ilha do Rodeadouro, Barraca do Laurindo – Ilha do Rodeadouro, Barraca de Seu Né- Ilha do Rodeadouro, Barraca Santa Barbara – Ilha do Rodeadouro, Restaurante Batata – Ilha do Rodeadouro, Moqueca Nordestina – Ilha do Rodeadouro, Restaurante Sonho de Verão – Ilha do Rodeadouro, Barraca do Everaldo – Ilha do Rodeadouro, Barraca do Sarney – Ilha do Rodeadouro

 

  • Onde se hospedar? 
  1. Quality Hotel Petrolina
  2. Ibis Petrolina
  3. Hotel Costa do Rio Reis Palace Hotel
  4. Velho Chico Plaza Hotel
  5. Orla Guest House
    *A rede hoteleira da cidade é bastante ampla em conforto e preço. Recomenda-se a pesquisa

 

SANTA MARIA DA BOA VISTA

 

  • Vale a pena conhecer 
  1. Ilhas fluviais
  2. Mirantes (ver o pôr do sol)
  3. Monte Carmelo

 

  • Lazer 
  1. Esportes radicais
  2. Trilhas na caatinga
  3. Banhos no Rio

 

  • Onde comer? 
  1. Bistrô da Penha
    (87) 99934.0421

 

LAGOA GRANDE

 

  • Vale conhecer 
  1. Adega Bianchetti Tedesco – Vinhos Bianchetti
    87 3991.2019/ 87 9619.0040
  2. Vitivinícola Lagoa Grande – Vinhos Garziera/Fazenda Garibaldina
    (87) 3869.9667
  3. Fazenda Planaltino/Vitivinícola Santa Maria/ vinhos RioSol
    (87) 3869.9410 / 3869.9385
  4. Botticelli – Vinícola do Vale do São Francisco, na Fazenda Milano
    (87) 3860-1536 e (81) 3252-8912 | www.botticelli.com.br
  5. Miolo – Vinícola Ouro Verde – BR 235, Km 40, Santana do Sobrado, Casa Nova
    Informações: (74) 3536-1132 e flavio.durante@miolo.com.br

 

  • Lazer 
  1. Opção turismo
    www.opcaoturismo.tur.br
    Sábados e domingos 9h as 15h
    (87) 3862.1616/(87)3031.8886

 

  • Onde se hospedar 
  1. Lagoa Grande dispõe de serviços populares de alimentação e hospedagem e conta com infraestrutura completa em cidades próximas, como Petrolina, a 50 quilômetros de distância.

 

OROCÓ

 

  • Vale conhecer 
  1. Mirante da Serra do Orocó
  2. Mirante da Serra Linda
  3. Conjunto de ilhas
  4. Igrejas

 

  • Lazer 
  1. Balneário Estação do Sol
    Funcionamento: sexta, sábado e domingo – 9h às 17h
  2. Balneário Águas Belas
    Funcionamento: 10h às 18h

 

  • Onde se hospedar

A cidade fica a 140 quilômetros de Petrolina, onde há maior infraestrutura de receptivo ao turista