De volta à Polícia Federal (PF) desde janeiro deste ano, o delegado Alessandro Carvalho, que foi secretário de Defesa Social do governo Paulo Câmara, participou ontem dos cumprimentos dos mandados da Operação Torrentes, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria Geral da União (CGU). A investigação apontou que funcionários da Casa Militar direcionavam contratos para a aquisição de bens destinados às vítimas das enchentes ocorridas na Mata Sul do estado nos anos de 2010 e 2017 a grupos empresariais em troca de contrapartidas financeiras. As duas enchentes deixaram milhares de pessoas desabrigadas e causaram mais de 20 mortes.
Os investigadores descobriram também indícios de superfaturamento e não execução de contratos. Em função da quantidade de doações recebidas, a suposta quadrilha teria simulado a compra de algo que já tinha à disposição, como água mineral. Alessandro assumiu a Secretaria de Defesa Social em dezembro de 2013, ainda no governo Eduardo Campos, após a saída de Wilson Damázio. Carvalho foi o responsável pela segurança pública do estado até outubro do ano passado, quando pediu para deixar o cargo. Após sair da SDS, ele ainda passou cerca de dois meses como assessor especial do governador Paulo Câmara, mas depois voltou à PF, onde fez carreira.
O principal alvo da Operação Torrentes foi a Casa Militar, que fica no Palácio do Campo das Princesas. O local amanheceu cercado por policiais federais. Entre os presos e detidos para prestar depoimentos ontem estiveram 11 militares, a maioria oficiais de alta patente, e 24 civis, muitos deles empresários. Dos militares levados à sede da PF, no Cais do Apolo, quase todos foram comandados por Alessandro Carvalho. A notícia da participação de Carvalho na operação tem sido bastante comentada ainda nesta sexta-feira. “Ele participou da operação que prendeu gente que trabalhava com ele. Esse é o papel da polícia, prender quem está agindo fora da lei”, disse um servidor da SDS.