SDS diz que homicídios de mulheres reduzem no Recife

Do Diario de Pernambuco

A rotina de Camila*, 23 anos, virou um inferno desde que deixou a casa em que vivia com o ex-companheiro, há quatro meses. Sem aceitar o fim do relacionamento de três anos, o comerciante Alberto* passou a persegui-la e ameaçá-la de morte. Ontem, a recepcionista resolveu tomar uma atitude. Procurou uma delegacia para denunciar o caso. “Ele disse que vai acabar com a minha vida. Tenho medo de sair de casa”, relatou. Com o Boletim de Ocorrência nas mãos, Camila agora espera punição ao ex-companheiro. Nem todas têm coragem. Na contramão do aumento das denúncias que chegam às delegacias, a Secretaria de Defesa Social (SDS) apontou que a taxa de homicídios de mulheres no Recife caiu à metade desde 2007, ano em que foi criado o Pacto pela Vida.

Segundo o levantamento, a taxa de mortes por cada 100 mil habitantes era de 8,8%, mas caiu para 4,4%. Por mês, a média era de 67 mortes. Agora, é de 35. A gestora do Departamento de Polícia da Mulheres, Lenise Valentim, acredita que as campanhas têm dado resultado. Não à toa, informou, as vítimas estão procurando mais as delegacias para denunciar os abusos cometidos pelos maridos, namorados ou ex-companheiros. “Uma das principais armas é o trabalho de prevenção”, disse. Ontem, uma nova campanha foi lançada: “Basta de Violência contra as Mulheres”. Até fevereiro de 2013, cartazes, adesivos e material audiovisual vão chamar a atenção para que as vítimas procurem apoio dos órgãos competentes.

Camila*, 23, foi à delegacia denunciar o ex-companheiro que a ameaçou (BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS)

Camila teme pela vida e fez denúncia. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A.Press

Nos 11 primeiros meses deste ano, 192 mulheres foram assassinadas. No mesmo período de 2011, foram 250. Uma queda de 24%. “A mulher não é uma propriedade do marido. Aos poucos, elas têm percebido isso. Temos buscado oferecer todo o auxílio às vítimas, mas é preciso que elas denunciem”, afirmou a secretária da Mulher, Cristina Buarque. Atualmente, há nove delegacias especializadas no combate à violência contra o sexo feminino. O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, garantiu que outras cinco vão entrar em funcionamento no próximo ano. Serão contemplados os municípios de Ouricuri, Afogados da Ingazeira, Ipojuca, Surubim e Cabo de Santo Agostinho. “O trabalho do Pacto pela Vida fez com que conseguíssemos ficar abaixo do patamar de cinco vítimas a cada 100 mil habitantes”, declarou Damázio.

Entre janeiro e novembro de 2011, o Departamento de Polícia da Mulher expediu 4.752 pedidos de medidas protetivas em favor das vítimas de violência doméstica. Neste ano, no mesmo período, já foram contabilizadas 4.940 solicitações. Apesar de ser um aumento de pouco mais de 3%, a SDS comemorou. As medidas protetivas consistem em garantir a integridade física da mulher, afastando o agressor do lar e exigindo, por exemplo, o seu distanciamento de locais onde a ex-companheira estiver. Ele fica obrigado, judicialmente, a não se aproximar entre 100 e 500 metros. Se o acusado tiver uma profissão em que seja exigida a utlização de armas, ele poderá ainda ter o porte suspenso.

* Os nomes são fictícios

 

Estatísticas

Redução de 24% em relação ao ano anterior

Novembro foi o mês de maior queda: 65%

Desde 2007, houve redução de 30,3% na taxa feminina de CVLIs no estado

Na capital, a redução ficou em 50%

Na RMR, a queda foi de 33,6%

Enfrentamento à violência (balanço dos últimos seis anos)

Criação de seis núcleos de Abrigamento e da Rede de Casas-Abrigo para proteger as mulheres em situação de violência doméstica, sob risco de morte

Entre 2009 e 2012, o serviço atendeu 142 mulheres e abrigou outras 220 e seus filhos, totalizando 393 crianças e adolescentes abrigados

Atualmente, seis mulheres e 13 crianças e adolescentes estão abrigadas em Pernambuco

Reforma de quatro delegacias especializadas (Recife, Jaboatão dos Guararapes, Caruaru e Petrolina) e implantação de outras cinco (Surubim, Paulista, Garanhuns, Goiana e Cabo de Santo Agostinho)

Em 2011, as delegacias especializadas registraram 10.044 ocorrências. Em 2012, o número registrado até 30 de novembro foi 9.404

Como denunciar

Ouvidoria da Mulher – (81) 3183.2963

Fontes: Secretarias de Defesa Social e da Mulher

 

Mortes violentas no Nordeste sobem 5,5% em um ano

As mortes por causas violentas no Brasil (homicídios, acidentes de trânsito e quedas acidentais) somaram 111.546 em 2011, crescimento de 1,3% em relação ao ano anterior. Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, as mortes aumentaram 5,5% e 6,9%, respectivamente. As mortes por causas externas “são no Brasil o terceiro principal grupo de causa de óbitos na população em geral e a primeira entre os jovens de 15 a 24 anos”, segundo as Estatísticas do Registro Civil 2011, divulgadas nesta segunda-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mortes violentas cresceram no Brasil. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A.Press

“Cabe destacar que esse é um fenômeno que abrange todos os estados. Ressalte-se também que os percentuais de mortes violentas entre as mulheres jovens, apesar de menores que os observados entre homens, são bastante expressivos”, diz o estudo . O IBGE ressalta as proporções de mortes violentas ocorridas em via pública (37%) e no domicílio (13,7%).

Houve elevação também de 38,1% entre as mortes de natureza ignorada em comparação a 2010. “Apesar do percentual ser de 1,4% do total de óbitos, o crescimento em relação a 2010 foi expressivo, o que é um alerta para cartórios, familiares e estabelecimentos de saúde e demais entidades envolvidas na produção das informações sobre mortes”, diz o instituto.

A pesquisa indica que 68,1% das mortes (natural, violenta e ignorada) ocorreram em hospitais e 20,6%, em residências. Quando é feita a análise pela causa da morte, 35,3% daquelas consideradas violentas ocorreram em hospitais. Além disso, 38,5% das mortes com natureza ignorada ocorreram em unidades hospitalares.

Na avaliação do IBGE, a redução do sub-registro de mortes no Brasil é “o principal desafio” para qualificar as estatísticas do país. “Ao contrário dos nascimentos, em que há possibilidade de recuperação do evento ao longo do tempo, os óbitos têm poucos registros extemporâneos.”

A pesquisa constatou ainda que o problema do sub-registro, seja de crianças ou adultos, é mais comum nas regiões Norte e Nordeste. Comparando os valores do total de mortes registradas em cartório durante o ano de 2011 com as estimativas do IBGE, pode-se observar que, apesar dos registros, os níveis de sub-registro ainda são altos em algumas regiões.

Dados sobre crimes foram divulgados pelo IBGE. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A.Press

Segundo os técnicos do instituto, o percentual de sub-registro de mortes no país era 16,3% em 2001, declinando para 11,8%, em 2006, e 6,2%, em 2011. No Norte e Nordeste, chegaram a 20,6% para ambas as regiões, em 2011. Roraima (40,1%) e Maranhão (44,3%) foram os estados com as taxas mais elevadas no ano passado em cada região, respectivamente.

Em contrapartida, no Sudeste e Sul, a cobertura é considerada plena; e no Centro-Oeste, a subnotificação é baixa (3,9%). A maior parte do sub-registro ocorre entre as mortes de menores de 1 ano de idade. “A subnotificação dos óbitos resulta da desigualdade de acesso a determinados bens e serviços, especialmente os relacionados com a saúde, fatores culturais e socioeconômicos
e com as grandes distâncias entre as comunidades locais e os cartórios, normalmente presentes em áreas de maior densidade populacional.”

Os técnicos do instituto consideram o sub-registro “um fator limitador para o uso dos dados da pesquisa Estatísticas do Registro Civil no cálculo direto de importantes indicadores demográficos relacionados com a mortalidade, tal como a mortalidade infantil”.

“Em decorrência da baixa cobertura desses registros em um número significativo de unidades da Federação, ainda é necessário o emprego de técnicas alternativas de modelagens demográficas para a construção dos diversos indicadores relacionados com esta componente demográfica”, esclarecem.

 

Da Agência Brasil

Aprovada redução de pena para crimes como furto e estelionato

Da Agência Câmara

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou proposta que reduz as penas dos crimes contra o patrimônio cometidos sem violência, como furto e estelionato. Entre outras medidas, a proposta reduz os limites da pena para o furto simples, que passam a ser reclusão de seis meses a dois anos ou multa. Atualmente, essas penas variam de um a quatro anos e multa. A medida está prevista no Anteprojeto 3/12, da Subcomissão Especial de Crimes e Penas, que analisa punições previstas no Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) para diversos crimes. A subcomissão apresentou dez anteprojetos, sendo que nove já foram aprovados pela CCJ.

O objetivo é “restabelecer a proporção entre as penas e as gravidades dos delitos”, conforme afirmou o relator, deputado Alessandro Molon (PT-RJ). “Agravamos as penas dos crimes que têm violência, como crimes contra a vida, e reduzimos as penas dos delitos sem violência, como o furto simples”, explicou. Molon acredita que, dessa forma, será possível evitar que a cadeia continue a ser uma “pós-gradução do crime”, ao abrigar pessoas que cometeram pequenos delitos juntamente com criminosos piores.

Furto qualificado
Para o furto qualificado, o anteprojeto estabelece pena de reclusão de um a cinco anos e multa, se o crime é cometido com abuso de confiança, mediante fraude ou destreza ou ainda com invasão de residência. Atualmente, a punição para esses casos é reclusão de dois a oito anos e multa.

A proposta da CCJ também aumenta em 1/3 a pena para o furto qualificado caso ele seja de bem público. Por outro lado, o juiz poderá reduzir a pena se, por exemplo, a coisa furtada for de pequeno valor.

Estelionato
Em relação ao estelionato, o juiz poderá deixar de aplicar a pena se o criminoso for réu primário e se o prejuízo for de pequeno valor. No geral, a pena para estelionato é reclusão de um a cinco anos e multa.

Já quem deixar de repassar à previdência social, dentro do prazo, as contribuições recolhidas dos contribuintes poderá ser punido com reclusão de um a quatro anos e multa. A pena atual é reclusão de dois a cinco anos e multa.

TV Câmara
Segurança pública - Armas - Violência
Roubo com arma falsa terá a mesma punição para quem assalta com arma de verdade.

Roubo
O anteprojeto inclui na lei punição para quem roubar utilizando arma de fogo falsa. A pena para esses casos será a mesma para o roubo, ou seja, reclusão de quatro a dez anos e multa.

A pena será aumentada de 1/3 à metade caso o roubo seja de bem do patrimônio de ente federado, autarquia, fundação, sociedade de economia mista, empresa pública, concessionário de serviço público ou entidade de assistência social.

O juiz poderá, no entanto, reduzir a punição de 1/6 à metade, se considerar as circunstância da ação e a conduta e os antecedentes da pessoa que cometeu o crime.

Dano
O anteprojeto classifica como dano simples o desaparecimento de um bem alheio, além da destruição, da inutilização e da deterioração já previstas na legislação. A punição para quem fizer desaparecer coisa alheia será detenção de um a seis meses ou multa.

Em outro ponto, o projeto estabelece que a interceptação de sinal de televisão por assinatura e sua distribuição a fim de obter lucro será punida com reclusão de um a cinco anos e multa. A proposta inclui essa medida no Código Penal.

Extinção da punibilidade
A punibilidade poderá ser extinta se a vítima de crime cometido sem violência ou ameaça grave pedir a interrupção do processo penal. Também haverá extinção se o dano for reparado ou a coisa, restituída pelo criminoso até o recebimento da denúncia.

Essas hipóteses, porém, não se aplicam aos crimes contra o patrimônio público.

Tramitação
O texto será encaminhado à Mesa Diretora da Câmara e poderá ser votado diretamente pelo Plenário. No entanto, nada impede a Mesa de distribuí-lo para alguma comissão se assim considerar necessário.

 

Os bastidores do julgamento do Caso Jennifer

Delma Freire entrando na sala do júri. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press

Severina Maria, 57 anos, trabalha como servente no Fórum de São Lourenço da Mata. Nesta semana, ela esteve em um lugar no qual muita gente gostaria de estar. Serviu água e café para os réus condenados pela morte da alemã Jennifer Kloker e passeou livremente no salão do júri para onde os olhos de muitos pernambucanos estavam voltados durante os quatro dias de julgamento.

Severina serviu água e café aos condenados. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press

“Gosto muito do meu trabalho. Tenho muito prazer em fazer o que faço. Me dou bem com todo mundo, inclusive com a juíza. Esses dias levei água e café para os réus e Delma sempre me agradecia quando eu a servia”, revelou a servente que, por muitas vezes, seguiu com a bandeja de água e café para os jurados, juíza, promotores, advogados e os quatro acusados.

Equipe de saúde trabalhou durante o julgamento. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press

Na porta do fórum, durante os quatro dias de julgamento, uma ambulância da Prefeitura de São Lourenço ficou de plantão para atender as pessoas que passassem mal.A equipe formada pela enfermeira Maria José Barbosa, pela técnica em enfermagem Graça Cabral e pelo motorista Ailton de Souza atendeu jornalistas, funcionários e até mesmo a acusada Delma Freire.

“Quando eu chego no posto de saúde e até na minha casa todo mundo fica perguntando como é o comportamento dos acusados. Perguntam o que acontece aqui dentro do fórum e querem saber como é o comportamento das pessoas. Mas não me sinto privilegiada por estar aqui dentro, Estou apenas fazendo o meu trabalho”, revelou Graça.

Padre Pedro acompanhou todo o julgamento. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press

“Ela é uma mulher muito fria e calculista. Seria capaz de fazer tudo o que fez novamente.” Essa foi a impressão do padre Pedro Jorge, da paróquia de Santo Antônio, no bairro de Tiúma, em São Lourenço da Mata. Interessado em estudar direito civil e canônico, o padre acompanhou os quatro dias de julgamento e disse ter ficado impressionado com o comportamento da mulher condenada a 32 anos de prisão pela morte da ex-nora.

 

Advogados dos condenados do Caso Jennifer irão recorrer

Mal a sentença havia sido anunciada pela juíza Marinês Marques Viana, os advogados dos quatro condenados pela morte de Jennifer Kloker já se articulavam quanto aos recursos que vão impetrar nos próximos dias na Justiça. José Carlos Penha, que defende Delma Freire, por exemplo, afirmou que ficou surpreso por ela também ter sido condenada por fraude processual e formação de quadrilha. Na visão dele, esses dois crimes não foram praticados por sua cliente.

“A pena pelo homicídio já havia sido elevada de 12 para 30 anos. Acredito que foi alta, por isso, vou recorrer. Vou pedir ainda pela absolvição dos outros dois crimes. Não há provas que apontem que Delma tentou fraudar o curso das investigações, nem que formou uma quadrilha”, argumentou Penha. Antes de deixar o fórum, o advogado destacou que está muito triste porque o colega de profissão Washington Barros abandonou o caso após Delma assumir que foi a mentora intelectual do assassinato da turista alemã. “Fiquei só, mas não desisti”, disse.

A defesa de Ferdinando e Pablo Tonelli afirmou que deve ir ao Complexo Aníbal Bruno conversar com seus clientes e decidir sobre o futuro deles. “Temos dois dias para embargar a decisão judicial e cinco dias para entrar com recursos”, explicou o advogado Rodrigo Almendra.

Já a defesa de Dinarte Medeiros informou que houve omissões na sentença e que, por isso, vai solicitar embargo. O advogado José Félix Santos, no entanto, não apontou que falhas teriam sido observadas. “Vamos também entrar com pedido de apelação da pena. Ele pegou mais de 14 anos de prisão, mas deveria ter sido condenado a no máximo oito anos”.

Do Diario de Pernambuco

 

De 2009 para 2010, taxa de homicídios de jovens cresce 14%

Da Agência Brasil

Três adolescentes a cada grupo de mil morrem no país antes de completar 19 anos, revela o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA). A taxa cresceu 14% de 2009 para 2010. A estimativa, se não houver queda no índice nos próximos anos, é que 36.735 jovens de 12 a 18 anos sejam mortos, possivelmente por arma de fogo, até 2016. A maioria das vítimas é homem e negro*.

Calculado pelo Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o IHA passou de 2,61 mortes por grupo de mil jovens para 2,98. Os dados, referentes a municípios com mais de 100 mil habitantes, foram divulgados nesta quinta-feira pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, pelo Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) e pela organização não governamental Observatório de Favelas, no Rio.

 


Com base em indicadores do Ministério da Saúde de 2010, o LAV constatou que o homicídio é a principal causa de morte dos adolescentes e equivale a 45,2% do total de óbitos nessa faixa etária. Na população geral, as mortes por homicídios representam 5,1% dos casos. O dado inclui mortes em conflito com a polícia, conhecidas como auto de resistência.

“Continua o contraste entre a tendência de redução dos homicídios na população brasileira, em geral e o aumento dos homicídios contra os adolescentes”, destacou o coordenador do estudo, o sociólogo Ignácio Cano. Segundo ele, o cenário é de extrema vulnerabilidade para jovens expostos a uma maior incidência de mortes precoces e violentas.

Alguns fatores, como gênero e raça, aumentam a possibilidade de um jovem ser morto. Em 2010, a chance de um adolescente do sexo masculino ser assassinado era 11,5 vezes maior que a de jovens do sexo feminino. Se o indivíduo for preto ou pardo, a possibilidade aumenta quase três vezes em relação ao branco.

Entre as regiões, correm mais risco os jovens do Nordeste, onde o IHA é 4,93, bem superior ao nacional (2,98). Estima-se que, entre 2010 e 2016, ocorram 13.094 assassinatos de adolescentes na região. O Norte (3,62) está em segundo lugar, seguido do Sul (3,19). Já o Sudeste tem a menor a taxa (2,01), mas a maior população, o que pode significar 12.475 jovens mortos no período.

Realizado em 283 municípios com mais de 100 mil habitantes, o levantamento mostra que as cidades com o IHA mais alto estão concentradas nos estados de Alagoas (9,07), da Bahia (7,86) e do Espírito Santo (6,54), que também estavam no topo do ranking em 2009. O menor índice foi identificado em São Paulo (0,94), cuja capital também é a menos letal para adolescentes.

O município mais violento é Itabuna (BA), que registra 10,59 homicídios em cada grupo de mil jovens. Em seguida vêm Maceió, com 10,15, Serra (ES), com 8,92, Ananindeua (PA) com 8,89, e Salvador, com 8,76.

“O Nordeste se consolida como maior polo de preocupação no país, sendo que Maceió e Salvador [por serem as capitais mais violentas] causam a maior preocupação”, destacou Ignácio Cano.

Para reduzir o índice de assassinatos de adolescentes, são necessárias medidas de combate à violência letal, inclusive com controle de armas de fogo e munição, sugere o levantamento. A probabilidade de um jovem ser morto com revólver ou pistola é seis vezes maior do que a de ser morto por qualquer outro meio.

 

Mais de 120 mil denúncias de violação de direitos de crianças e adolescentes recebidas pelo Disque 100

De janeiro a novembro deste ano, 77% das denúncias registradas por meio do Disque 100 são relativas a violação de direitos humanos de crianças e adolescentes. Foram 120.344 denúncias. As meninas correspondem a mais da metade (57%) das vítimas, principalmente na faixa etária de 8 a 14 anos. Além disso, 61% desses registros são relacionados a crianças e adolescentes pretos e pardos.

Segundo números divulgados nessa segunda-feira pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), responsável pelo serviço de denúncias por telefone, nos noves meses deste ano foram registrados, ao todo, 155.336 casos, relacionados também à violação de direitos de idosos, de pessoas com deficiência, entre outros.

Para a ministra da SDH, Maria do Rosário, a elevada incidência de denúncias ligadas a crianças e adolescentes é explicada, em parte, pela vulnerabilidade dessa população diante dos agressores. Ela acredita que o aumento do número de denúncias tenha ligação com o fato de o serviço ter sido lançado em 2003, com o monitoramento exclusivo da violência contra crianças e adolescentes.

“Não tenho nenhuma dúvida que, no Brasil de hoje, temos que estar dedicados à proteção das crianças para que elas não sofram violência”, disse, lembrando que o governo federal começa a pagar, mensalmente, os recursos da expansão do Brasil Carinhoso. A ação integra o Plano Brasil sem Miséria e complementa a renda das famílias extremamente pobres de forma que todos os integrantes superem o patamar de renda de R$ 70 mensais.

“Dessa forma, estamos alcançando em termos de renda mais 8,1 milhões de crianças no país, que estão saindo da situação de miséria extrema. Aliamos a renda e o atendimento para enfrentarmos a violência”, disse.

A secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Angélica Goulart, destacou que, para enfrentar o problema, o governo federal está trabalhando para fortalecer os conselhos tutelares pelo país. A partir de março de 2013, os conselhos receberão novos equipamentos, como carros, computadores com acesso à internet, celulares e impressoras.

“Inicialmente, 500 conselhos vão receber os equipamentos para poder aplicar melhor as medidas de proteção a todas as crianças e adolescentes”, disse, acrescentando que a medida será estendida, progressivamente, a outros conselhos tutelares. Ao todo, essas unidades somam 5.900 no país.

Foram registradas entre janeiro e novembro deste ano 21.404 denúncias de violação de direitos dos idosos, o que corresponde a 13,8% do total; 7.527 denúncias relacionadas aos direitos das pessoas com deficiência, representando 4,8% do total; 2.830 contra a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), ou 1,8% do total; 489 contra população em situação de rua (0,3%) e 1.603 contra outras populações em situação de vulnerabilidade, que engloba quilombolas, indígenas, ciganos entre outros (1,8%).

Desde maio de 2003, quando o Disque 100 passou a ser operado pelo governo federal, foram recebidas 396.693 denúncias. O serviço funciona 24 horas, todos os dias da semana, incluindo domingos e feriados. A ligação é gratuita e pode ser feita de qualquer telefone em todo o território nacional.

As denúncias de violações de direitos humanos são examinadas e encaminhadas para os órgãos responsáveis, entre eles o Ministério Público, as defensorias públicas nos estados e os conselhos estaduais do idoso, para apuração e providências.

A partir do ano que vem, o Disque 100 vai registrar denúncias de tortura em prisões.

 

Da Agência Brasil

Amiga de Delma assiste ao julgamento e consegue conversar com a acusada

Já que nenhum familiar de Delma Freire está acompanhando o julgamento dela e dos outros três acusados pela morte da alemã Jennifer Kloker, uma antiga conhecida da mulher apontada pela polícia como mentora do crime tem sido a única amiga a acompanhar o júri popular. A mulher que preferiu não ter o nome revelado chegou a conversar com Delma e Pablo no primeiro dia do julgamento. “Falei com os dois, mas foi muito rápido”, revelou.

 

Nesta terça-feira, a amiga fiel da ex-sogra da alemã, foi uma das primeiras a chegar ao fórum. Ficou na porta esperando autorização para entrar e mais uma vez ver Delma e Pablo. “Não dizer os motivos pelos quais Roberta (filha de Delma) e Neidinha (mãe de Delma) não vieram ao julgamento”, detalhou. Além da mãe, que mora no bairro do Barro, no Recife, Delma tem vários familiares no bairro de Afogados, Mangueira e Jardim São Paulo, mas nenhum deles está acompanhando o julgamento. Roberta Freire mora na Itália e atualmente cria o filho que Jennifer teve com Pablo.

 

Acompanhe cobertura ao vivo do julgamento no especial do Caso Jennifer no portal do Diariodepernambuco.com.br

 

Delma deve confessar crime durante julgamento do Caso Jennifer Kloker

“Estou doida para que tudo isso acabe logo. Não vejo a hora de terminar essa agonia.” Essas foram as palavras ditas por Delma Freire a um funcionário da Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima, nesse domingo, dia que antecedeu o início do julgamento dela e das outras quatro pessoas acusadas de envolvimento na morte da alemã Jennifer Kloker, ocorrida em fevereiro de 2010. Depois de negar durante toda a fase de investigação que tivesse envolvimento com a morte da ex-nora, Delma estaria decidida, agora, a assumir que foi a mentora do crime que renderia a ela e ao filho uma apólice de R$ 1,2 milhão do seguro de vida da jovem.

“Delma disse que vai confessar tudo diante da juíza. Ela conta que quer terminar logo com a essa história. Delma contou que espera com a confissão dela diminuir as penas (condenações) de Pablo e Ferdinando para que eles deixem a prisão em breve e voltem logo para a Itália, onde estão os negócios de Ferdinando e o filho que Pablo teve com Jennifer”, contou uma fonte do blog, que pediu sigilo. O pensamento da ex-sogra de Jennifer indica que ela tem certeza de que todos os acusados serão condenados pelo assassinato da alemã.

Expectativa é a de que Delma Freire confesse o crime. Foto: Reprodução/Diariodepernambuco.com.br

Além de Delma, Pablo e Ferdinando, serão julgados também o irmão de Delma, Dinarte Dantas de Medeiros, e Alexsandro Neves dos Santos. Esse último, que atirou na turista, foi apresentado a Delma por Dinarte, único que responde em liberdade. Os presos deixarão as unidades prisionais onde cumprem pena escoltados por agentes penitenciários. O julgamento será no Fórum Paulo André Dias da Silva, em São Lourenço da Mata, município onde aconteceu o crime.

Diferentemente da primeira vez que o julgamento foi marcado, a irmã de Jennifer, Erika Kloker, não deve vir ao Brasil. Quem também não irá acompanhar o desfecho do enredo é Roberta Freire, filha de Delma. Roberta, que está criando o filho de Jennifer, mora na Itália e não vem ao Recife desta vez. Você pode acompanhar toda a cobertura do julgamento pelo portal do Diariodepernambuco.com.br, por aqui pelo blog e ainda pelo meu twitter, a conta é @wagner__oliver.

 

 

Agentes da Polícia Federal pedem o fim do inquérito policial

Da Agência Brasil (texto e fotos)

Policiais federais pediram na manhã deste domingo, na capital federal, mudanças nos processos de investigações criminais e o fim do inquérito policial. Para simbolizar a reivindicação, eles usaram um balão inflável no formato de um elefante branco, de quase três metros de altura, onde está escrita a expressão “inquérito policial”.

“No mundo todo, somos o único país que trata a questão criminal com esse instrumento. Será que somos os únicos certos ou será que estamos ultrapassados? Isso tem que acabar. Polícia tem que investigar, relatar e passar os fatos para o Ministério Público. Polícia não tem que julgar”, defendeu o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (Sinpol/DF), Jonas Leal.

Durante todo o dia, um grupo de agentes ficou em frente à Torre de TV, uma das principais atrações turísticas da cidade, para iniciar a campanha na capital federal. Nos próximos dias, os moradores de Brasília poderão se deparar com o balão, que será instalado em diferentes locais da cidade. O elefante branco já passou pelas capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Agentes federais relataram que o inquérito tem sido usado em ações corruptas. Segundo eles, o processo facilita o objetivo de pessoas que têm interesse em retardar o julgamento de crimes ou ainda esconder as investigações. “As consequências do inquérito são sempre a impunidade e corrupção”, disse Leal.

O presidente do Sinpol/DF acrescenta que o procedimento representa pouca qualidade na apuração dos fatos. Ele lembra que, durante o inquérito, não existe direito de defesa das partes acusadas. “É só inquisitório, só pergunta. O acusado só pode apresentar a defesa quando chega à Justiça”, disse o policial, destacando que, até o caso chegar aos tribunais, o acusado pode ficar preso por dias sem que exista comprovação de seu envolvimento no crime.

“Não seria mais prático fazer o relatório e entregar para o Ministério Público que avalia e manda para o Judiciário? Teria mais celeridade. Nos Estados Unidos, as coisas chegam a ser julgadas no mesmo dia. Aqui, você chega às delegacias e tem pilhas de inquéritos acumuladas ao longo de meses”, criticou Leal.