Em meio aos 175 homens que fazem parte da antiga Rocam, apenas duas mulheres pilotam as motos da Companhia Independente de Policiamento com Motocicletas (CIPMotos) da PM. Conhecidos pela abordagem diferenciada, esses militares passam por um curso de motopatrulhamento antes de irem às ruas. Os homens e mulheres da tropa são submetidos aos mesmos testes.
Aos 45 anos, a cabo Rossiny Lucena, que já passou por vários batalhões, tem orgulho de atuar na Rocam. “Estou na polícia há 26 anos. Tenho sete anos de Rocam. Vou sentir muita falta quando eu sair da PM. Tenho duas filhas, uma de 16 anos e outra de 14. As duas dizem que querem ser da Rocam quando crescerem”, revela Rossiny, cheia de orgulho. Quando escutam uma voz feminina, as pessoas tomam um susto. “Alguns ficam olhando sem acreditar que estão sendo abordados por uma policial”, confessa Rossiny.
A soldado Eliude Anunciada Feitoza, 30, está na Rocam há um ano. Diferentemente de Rossiny ainda não recebeu o braçal tão ostentado pelos rocanianos. “Antes de chegar aqui, passei pelo 17º BPM, mas o que eu queria mesmo era a Rocam. Comecei a observar o trabalho deles e fiz de tudo para entrar. Agora estou me esforçando para receber o braçal. Para mim, é um orgulho fazer parte da Rocam”, destaca.
Uma parceria entre os comerciantes da orla de Boa Viagem e os porteiros dos edifícios da beira-mar pode ser a solução para reduzir o número de quiosques arrombados na avenida mais nobre do bairro. O anúncio foi feito pelo gestor do Ciods, coronel Ricardo Fentes, na reunião entre os barraqueiros, Polícia Militar e Prefeitura do Recife. Agora, porteiros dos prédio poderão acionar a polícia quando virem alguma movimentação perto das barracas. Os comerciantes estão se queixando dos constantes arrombamentos. Ao todo, 61 quiosques estão distribuídos em toda a extensão da Avenida Boa Viagem. Outra proposta que está em discussão é o fechamento de todas as janelas de vidro dos quiosques e o reforço do teto com madeira. A prefeitura já pediu para um arquiteto elaborar o projeto que será apresentado à Associação dos Barraqueiros de Coco da Cidade do Recife.
Estabelecimentos vêm sendo alvos contantes dos ladrões
Os arrombamentos, segundo os proprietários dos quiosques, acontecem geralmente entre as 2h e as 5h. “Estamos orientando os policiais a não só passarem de carro pela avenida, mas também descerem das viaturas e olharem dentro e ao redor das barracas. Algumas delas ficam em locais onde é difícil visualizar a movimentação. Para isso, também deslocamos policiais que faziam rondas em outras áreas para darem maior atenção à orla, mas sem comprometer a segurança dos outros locais”, afirmou o comandante do 19º Batalhão da Polícia Militar (BPM).
O comerciante Petrônio Soares, que tem um quiosque há seis anos, afirmou que só deixou de ser roubado quando colocou câmeras de filmagens e alarme. “Por várias vezes os criminosos levaram coisas da minha barraca, mas agora tomei as providências que devia e os roubos pararam. Mas a insegurança por aqui é muito grande”, destacou Soares. A vendedora Alessandra Bernardo disse que, em um ano, a barraca em que trabalha foi arrombada 11 vezes. “Durante o dia, a polícia vem, mas é na madrugada que os ladrões agem”, apontou.
Um ano e oito meses depois do atropelamento que matou a estudante Rafaela de Oliveira Amaral, 20 anos, na praia de Maracaípe, Litoral Sul do estado, o caso ainda não foi julgado. O próximo passo da investigação agora será uma reprodução simulada do momento em que o buggy atropelou Rafaela e os dois amigos, Jéssica Cavalcanti Pires e Felipe Oriá, que estavam com ela na praia no dia 9 de outubro de 2010. A reconstituição foi autorizada pela juíza da Vara Criminal de Ipojuca, Andréa Calado, e será feita pelo Instituto de Criminalística (IC). A ação acontecerá no dia 29 de junho, às 18h. Além dos peritos do IC, participarão de reprodução simulada as duas vítimas, o comerciante Leandro Meireles, motorista do buggy e que foi indiciado por homicídio doloso, além do delegado de Porto de Galinhas.
O acidente na praia de Maracaípe, uma das mais baladas do estado e destino de muitos jovens nos finais de semana, aconteceu por volta das 20h do dia 9 de outubro de 2010. De acordo com as testemunhas ouvidas pela polícia na época, o veículo estava em alta velocidade na areia e com os faróis apagados. Rafaela, Jéssica e Felipe estavam conversando sentados na areia quando foram atingidos. Rafaela não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Felipe e Jéssica foram socorridos e passaram vários dias internados. Rafaela morava em Pau Amarelo, Paulista e cursava o terceiro período de Ciências Contábeis na UFPE.
Por Anamaria Nascimento com fotos de Annaclarice Almeida
Rosimere (*), 37 anos, é alta e está sempre bem vestida. Gosta de usar joia de ouro e manter o cabelo arrumado. Está presa há dois anos e oito meses na Colônia Penal Feminina do Recife, mas não perde a feminilidade. Já matou sete pessoas, comandava o tráfico de uma comunidade carente do Recife e foi detida por chefiar um grupo de extermínio. “Só ando armada e no salto. Nenhum homem mexe comigo. Nós, mulheres, temos muito mais disposição e atitude para o crime”, revela. A frieza de Rosimere se assemelha aos detalhes confessados por Elize Matsunaga, 30 anos, que matou e esquartejou o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, 42, herdeiro da Yoki Alimentos, em São Paulo, em um crime que chocou o país.
Ao lado de Rosimere, durante entrevista para o Diario, estava Raika (*), 38 anos, também na antiga Bom Pastor. Filha de portugueses e de classe média alta, liderava uma quadrilha de assalto a bancos e arrombamento de cofres. Tem orgulho da posição que passou a ocupar após 20 anos de “trabalho” no grupo. “Consegui chegar onde estou porque é característica da mulher saber articular, planejar”, enfatiza.
Raika e Rosimere não estão sozinhas. De acordo com tese defendida na UFPE, a presença de mulheres em posição de liderança no mundo do crime é crescente. Na pesquisa, a psicóloga e professora da instituição Luciana Ribeiro descreve o perfil das criminosas, apontando que as conquistas femininas também podem ser percebidas em grupos de extermínio, nas bocas e fumo e nas quadrilhas de assalto a banco. Segundo a pesquisadora, elas querem mostrar que podem tanto quanto o homem. “A grande mudança é que, antes, elas ingressavam no crime por causa dos namorados ou maridos bandidos. A configuração atual é outra. Elas são chefes de quadrilha e agem por conta própria”.
O estudo aponta que as mulheres criminosas planejam mais os atos ilícitos e avaliam os ganhos e dificuldades da investida. “Foi possível perceber que, entre as mulheres mais velhas, havia uma grande habilidade e experiência nas práticas. Por outro lado, há uma baixa aceitação desse tipo de conduta nos espaços sociais onde elas convivem, por isso, muitas mantêm segredos”, pontua Luciana Ribeiro. Ainda de acordo com a pesquisadora, outra característica marcante entre as encarceradas é usar a fragilidade como forma de manipulação. “Nunca confessei um crime. Tento seduzir dizendo que não sei de nada”, diz Rosimere. “Mandamos. Mas na hora do interrogatório, negamos tudo”, completa Raika. Dados do Ministério da Justiça mostram que histórias como as de Rosimere e Raika não são pontuais e nem estão restritas ao estado. Entre 2005 e 2011, o número de mulheres encarceradas no país – por infrações que vão de furto e roubo simples a extorsão mediante sequestro – saltou de 2.006 para 6.072, um crescimento de mais de 200%. No estado, há 1.750 mulheres presas. (*) nomes fictícios
OBS: Veja matéria completa na edição do Diario de Pernambuco desta terça-feira.