Estado ganha mais 50 pontos da Operação Quadrantes

 

Uma das novidades apresentadas nesta semana pela Secretaria de Defesa Social (SDS) durante a apresentação do Decreto Governamental foi a duplicação dos pontos da Operação Quadrante. O número pulou de 50 para 100. Agora, são 70 no Grande Recife e 30 nas cidades do interior do estado. Antes, apenas Recife, Jaboatão dos Guararapes e Olinda contavam com mapeamento semelhante. A partir do dia 1º de agosto, os municípios de Arcoverde, Belo Jardim, Cabrobó, Carpina, Caruaru, Floresta, Garanhuns, Goiana, Gravatá, Limoeiro, Ouricuri, Palmares, Pesqueira, Petrolina, Salgueiro, Santa Cruz do Capibaribe, Santa Maria da Boa Vista, Serra Talhada, Surubim e Vitória de Santo Antão passarão a ter o novo esquema de policiamento que é feito por um viatura com dois policiais militares ou uma dupla motorizada num raio de 1,5 a 2,5 quilômetros quadrados.

Além disso, a Secretaria de Defesa Social (SDS) recorrerá à jornada extra para reforçar a segurança nos 12 principais corredores viários da Região Metropolitana do Recife (RMR). A partir de 1º de agosto, avenidas como Agamenon Magalhães, 17 de Agosto, Conselheiro Aguiar e Rosa e Silva contarão com rondas exclusivas, feitas sempre por dois policiais em viaturas ou sobre motos. A novidade foi anunciada pelo secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, e faz parte de um pacote de novas estratégias para reduzir o número de ocorrências em regiões consideradas violentas. Até o fim do ano serão investidos R$ 78 milhões neste tipo de serviço, valor 32% maior do que o gasto no ano passado, quando foram aplicados R$ 59 milhões. “Já contamos com serviço semelhante, porém feito pelos policiais dos batalhões. Agora, o militar do efetivo ordinário poderá ser utilizado em outras localidades que precisem de mais segurança”, contou o diretor-geral de Operações do Polícia Militar, o coronel Paulo Cabral.

Adolescentes são exploradas sexualmente no Aníbal Bruno

 

Aos olhos dos agentes penitenciários e de policiais militares se desenvolve um esquema perverso. Atoladas em dívidas e ameaçadas de morte, famílias de bairros pobres levam as filhas adolescentes para serem exploradas sexualmente por detentos do Complexo Prisional Professor Aníbal Bruno. A promessa da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) de acabar com os abusos não foi cumprida. Dois meses após denúncia feita pelo Diario de Pernambuco, o Ministério Público cobrou medidas severas. A Seres, no entanto, informou que o recadastramento dos visitantes não foi concluído por falta de funcionários, nem sequer a confecção de novas carteiras de acesso para evitar a entrada de meninas com documentos falsos. O caso foi enviado à Organização dos Estados Americanos (OEA).

Durantes os dias de visita, as filas no presídio são gigantescas e muitas adolescentes entram com documentos falsos (ALCIONE FERREIRADPD.A PRESS)
Durantes os dias de visita, as filas no presídio são gigantescas e muitas adolescentes entram com documentos falsos

Carteiras originais, que seriam roubadas, são vendidas para as adolescentes por até R$ 100. Elas trocam as fotos e plastificam novamente. Também, com aparente facilidade, conseguem carteiras de acesso em dias de visita íntima, quartas-feiras e sábados. Agentes penitenciários são investigados por facilitação do esquema. No final dos programas, as meninas recebem, em média, R$ 30. “Recentemente, aconteceu um novo caso: uma mãe desesperada por saber que a filha estava no interior do presídio. Informou aos agentes, mas eles não deram atenção. Quando a adolescente saiu, a mãe passou mal. O estado continua omisso”, criticou o conselheiro tutelar Geraldo Nóbrega.

O promotor da Vara de Execuções Penais, Marcellus Ugiette, destacou a superlotação e a falta de agentes como o principal fator para o descontrole. “Mesmo com a reforma que custou R$ 26 milhões, as três unidades que formam o complexo permanecem muito acima do limite de vagas”, pontuou. Segundo ele, a exploração sexual também acontece por dívida de entorpecentes. “A droga ainda é um mal dentro das unidades prisionais. Já recebi mulheres na minha sala dizendo que precisam se prostituir para pagar as dívidas”, contou o promotor.

O esquema

  • De acordo com as denúncias, famílias endividadas e ameaçadas de morte estariam sendo obrigadas a levar as filhas, irmãs ou parentes de até 18 anos para serem exploradas sexualmente no Complexo Professor Aníbal Bruno. Há também registros de garotos abusados sexualmente
  • Pessoas ligadas aos presos do Aníbal Bruno seriam responsáveis por repassarem, a R$ 100, carteiras de identidade originais – geralmente roubadas. As adolescentes retiram as fotos e colocam as delas. Outro grupo, supostamente com auxílio de agentes penitenciários, fornece carteiras de acesso para dias de visita
  • Geralmente às quartas-feiras – dia de visita íntima – ou aos sábados, as adolescentes são acompanhadas pelos aliciadores até a unidade prisional. Na portaria, apresentam os documentos e entram com facilidade. No final do programa, recebem cerca de R$ 20 a R$ 30

 

Com informações do repórter Raphael Guerra, do Diario de Pernambuco

 

Autoridades colombianas vieram conhecer o Pacto pela Vida

Se o governador Eduardo Campos e o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, já estufavam o peito quando falavam do programa Pacto pela Vida, criado em 2007 para reduzir o índice de criminalidade no estado, agora terão um motivo a mais. É que uma comissão formada por cinco autoridades da Província de Antioquia, na Colômbia, veio ao Recife para conhecer o modelo do Pacto pela Vida. A equipe participa nesta quinta-feira, às 14h, da reunião de monitoramento do Plano Estadual de Segurança, que em maio completou cinco anos. O encontro vai ser realizado na Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado (Seplag), na rua da Aurora.

Nos últimos cinco anos, o Recife teve uma redução na taxa de homicídios acima dos 40%. Superior à queda na violência registrada por projetos modelo de segurança pública, tais como Nova York (EUA), após os primeiros quatro anos do programa Tolerância Zero, e Bogotá (Colômbia), depois de quatro anos do programa Segurança Cidadã. O Pacto pela Vida obedece a valores estabelecidos desde o início do governo, seguindo uma estratégia definida com o objetivo de alcançar a redução da criminalidade e da insegurança pública em Pernambuco.

 

“Até agora, já conseguimos mais de 12% de redução. Esse mês de julho, por exemplo, deve ser o melhor da história do Pacto pela Vida. Nos 17 primeiros dias, conseguimos 30,28% de redução. Foram registrados 115 homicídios. Este número pode chegar até 259 e mesmo assim vamos atingir a meta. Atualmente, a média de assassinatos no estado é de 37 para cada 100 mil habitantes. Antes do Pacto, era de 57. Nossa meta, até 2014, é de que a média seja reduzida para 26. Tenho um grande diferencial que é uma política bem feita, bem estruturada. Estamos melhores que Bogotá, uma localidade de referência na segurança. Isso porque temos recursos próprios para investir, diferente de alguns outros estados do Brasil”, relatou Wilson Damázio em entrevista ao Diario de Pernambuco na semana passada.

 

Membros da Comissão que estão no Recife:

Felipe Barrera é Secretário de Educação, economista e tem estudos em educação pelo BID, empresariado e governo na Espanha;

Mauricio Correa é Secretário de Infraestrutura. Arquiteto urbanista, especializado em gestão empresarial para arquitetura;

Tomás Mejía é Secretário de Produtividade e Competitividade. Engenheiro administrativo, especializado em análise econômica na França;

Juan López é Diretor Executivo da Agência para a Cooperação e Investimento de Medellín;

Ana Santiago é Economista na Divisão de Educação do BID.