Por Glynner Brandão
Pernambuco conta atualmente com 20 pontos críticos de exploração sexual de crianças e adolescentes. É o que mostra um mapeamento da Polícia RodoviáriaFederal (PRF). Na noite desta segunda-feira, três deles, no Grande Recife, serão fiscalizados por integrantes da CPI da Exploração Sexual Infanto-juvenil da Câmara Federale pelo Núcleo de Operações Especiais da PRF. Os resultados da operação, porém, só serão conhecidos nesta terça-feira. Essa é a segunda visita da CPI ao estado em menos de um mês. A primeira ocorreu em setembro. O grupo que está percorrendo as regiões mais críticas do país para tentar coibir o aliciamento já esteve no Rio Grande do Norte, no Ceará e na Paraíba.
Hoje, o estado tem 2,2 mil quilômetros de rodovias federais e sete mil de estradas estaduais. O desafio ainda é articular melhor o trabalho realizado pela Polícia Rodoviária com as ações feitas pelos estados e municípios. Pelo raio-x da polícia, a maioria dos pontos de exploração funciona em postos de combustível com churrascaria, que recebem grande número de pessoas, e em boates às margens das rodovias. As áreas críticas ficam entre os municípios de Salgueiro e Petrolina e no trecho da BR-101 que liga Goiana ao litoral sul do estado, cruzando o Grande Recife.
Nos últimos anos, porém, o mapa da exploração tem mudado. Os pontos de aliciamento estão migrando das rodovias federais para dentro das cidades e para as PEs, o que, na prática, exige um esforço conjunto com o Departamento de Estradas de Rodagem e a Polícia Militar. Nas 14 rodovias federais do estado, o agravante é o baixo número de policiais fazendo o serviço de inteligência, cerca de dez apenas. A equipe é a mesma que combate o tráfico, o roubo de cargas e o contrabando, crimes que encabeçam a lista dos mais comuns nas rodovias federais, de acordo com a PRF.
“Nosso efetivo é carente. Mas, há dez anos, fazemos um trabalho sistemático de combate à exploração sexual. O nosso efetivo é orientado a observar os pontos de exploração. Pernambuco é o estado do Nordeste que mais reduziu o número de pontos vulneráveis nos últimos anos”, acrescenta o inspetor da PRF, Éder Rommel. A CPI está analisando o Fundo Estadual da Criança e do Adolescente. O mesmo acontecerá com o do Recife em breve. Atualmente, pela Constituição do Estado, 1% do orçamento deve ser usado em programas de proteção de crianças e adolescentes.
“A meta é verificar se a arrecadação está aquém do ideal e como o orçamento está sendo aplicado”, diz o deputado federal Paulo Rubem (PT), relator de orçamento da CPI. A Comissão Parlamentar de Inquérito é formada por 26 deputados federais e foi criada em abril. Até 2014, as conclusões vão ser levadas à presidente Dilma Rousseff.