Duas mortes e nenhuma segurança nas agências bancárias

Mais um assalto a banco em Pernambuco. Dessa vez com o registro de duas mortes. Um policial militar e um dos suspeitos do crime morreram após a troca de tiros numa agência em Rio Formoso. Onde estão as medidas de segurança para evitar ataques a essas instituições? Qual vai ser a resposta do governo para essa onda sem freio de violência nos bancos?

Ninguém consegue mais estar tranquilo dentro de um banco. Quem entra numa agência já pensa em sair logo para não topar de frente com uma quadrilha que teima em desafiar a polícia e comete crimes cada dia mais ousados. Confira abaixo matéria publicada no Diario de Pernambuco desta quinta-feira sobre o caso que assustou o município da Mata Sul do estado.

Corpo do suposto assaltante foi levado para o IML. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press

“Onde este mundo vai parar, meu Deus?” Essa era a frase que um policial repetia, com as mãos sobre o rosto, à beira de uma estrada próxima a Rio Formoso, na Mata Sul do estado. Às 15h de ontem (quarta-feira), ele e pelo menos mais seis homens choravam a notícia da morte de um companheiro de farda. Antônio Carlos de Lima, 43, foi submetido a uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos ocasionados por um tiroteio, durante uma tentativa de assalto a uma agência do Bradesco, no centro do município. O incidente, ocorrido pela manhã, também tirou a vida de um dos criminosos envolvidos. O corpo de Vanclécio da Silva, 42, só foi retirado da calçada em frente ao banco às 14h, sob os olhares curiosos e amedrontados da população.

A ação da quadrilha foi bem planejada. Homens seguiram o gerente da agência de sua residência, em Barreiros, até Rio Formoso, cerca de 20km. No banco, três deles obrigaram o funcionário e os clientes que aguardavam na porta a entrar na agência. As pessoas ficaram trancadas numa sala. Os demais bandidos ficaram do lado de fora. Eles estavam armados com quatro revólveres calibre 38 e uma pistola .40, armas que foram apreendidas pela polícia. A movimentação suspeita, inclusive com a abertura do banco antes do horário normal (10h), chamou a atenção de pessoas que passavam pela área. Inaugurado no segundo semestre de 2012, o Bradesco se localiza na praça central do município.

“Quando perceberam que havia algo estranho, acionaram a polícia e duas viaturas vieram. Os bandidos começaram a disparar e houve a troca de tiros”, contou o capitão Ramos Lima, comandante do policiamento da região. Durante o tiroteio, Vanclécio da Silva tentou se proteger, correndo para entrar na agência. Ainda na calçada, entretanto, levou um tiro nas costas e morreu. Outros dois bandidos, cujos nomes ainda não foram divulgados pela polícia, ficaram feridos e foram encaminhados para o Hospital Dom Helder Câmara. Um deles, atingido apenas por estilhaços de vidro, já recebeu alta e foi preso. O outro, em estado mais delicado, continua internado, sob custódia, no Hospital da Restauração.

“A insegurança tomou conta de Rio Formoso desde 2011. Agora, já é comum ter assalto por aqui. Já foi na loja de celulares, nos correios, no mercadinho, na lotérica”, lamentou uma jovem. A investigação da tentativa de assalto ficará sob a responsabilidade da Delegacia de Repressão ao Roubo. O delegado Mauro Cabral foi até Rio Formoso, mas só irá se pronunciar sobre o caso depois de terminar o registro da ocorrência na capital. (Tiago Cisneiros)

 

Assassino da alemã Jennifer Kloker condenado a 26 anos de prisão

Três anos depois, o Caso Jennifer, como ficou conhecido o assassinato da turista alemã Jennifer Marion Nadja Kloker, teve um desfecho. Na noite dessa quarta-feira, o júri de São Lourenço da Mata, formado por cinco mulheres e dois homens, decidiu pela condenação de Alexsandro Neves dos Santos, último réu a ser julgado e apontado como autor dos disparos que mataram a jovem. O juiz José Wilson Soares determinou a pena de 26 anos em regime fechado. A defesa já adiantou que vai recorrer.

Alexsandro Neves é apontado como autor dos disparos (ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS)

O crime ocorreu naquele município na terça-feira de carnaval de 2010. Há dois meses, os demais participantes foram julgados: Delma Freire, Pablo e Ferdinando Tonelli e Dinarte Dantas. Em um julgamento que durou quase dez horas, Alexsandro voltou atrás no depoimento dado à polícia e negou ter atirado em Jennifer, apontando Pablo, companheiro da vítima, como o autor dos disparos. Na ouvida, ele disse, ainda, que foi contratado pelos Tonelli para aplicar o golpe do seguro do carro, o que teria justificado sua ida ao local do homicídio.

A defesa de Alexsandro, representada pelo advogado Armando Gonçalves, baseou sua tese no fato de que em menos de dois minutos seria impossível praticar o crime. Esse é o tempo que o carro onde a alemã foi conduzida para o local do crime ficou parado na BR-408, segundo o GPS instalado no veículo. O Ministério Público de Pernambuco, no entanto, provou que a perícia apontou que o crime poderia ter sido praticado em 49 segundos.

Em dezembro, Delma Freire foi condenada a 32 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha e homicídio duplamente qualificado, além de fraude processual. Pablo e Ferdinando receberam, cada um, 25 anos e seis meses de prisão, pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha. Dinarte foi condenado a 14 anos pelos mesmos crimes, mas foi beneficiado pela delação premiada ao contribuir com as investigações da polícia e responde em liberdade.

Do Diario de Pernambuco.